O decreto do faraó mandando que os egípcios jogassem no rio Nilo todas as crianças hebréias do sexo masculino que fossem nascendo, esteve em vigor por três anos, segundo as tradições orais dos hebreus.
A partir dos filhos de Jacó, os israelitas se dividiram em tribos, e, ao que parece, evitavam casamentos fora de cada tribo para não confundir as heranças. Lemos aqui de um homem da casa de Levi, que se casou com uma descendente de Levi. Ele era Anrão (amigo de Javê), neto de Levi e sua esposa era Joquebede (Javê é a sua glória) (capítulo 6:20). Antes do nascimento de Moisés eles tiveram dois filhos, Míriam (Maria, sua rebeldia) e Arão (montanha de força), antes do decreto acima mencionado ter sido promulgado.
Joquebede pôde esconder seu terceiro filho por três meses, mas depois entregou-o nas mãos de Deus: obedecendo ao decreto do faraó, colocou-o nos juncos à beira do rio Nilo, mas dentro de um cesto feito de papiro, tornado impermeável com betume e piche. A palavra para cesto encontrada aqui, no original hebraico é a mesma traduzida como arca no caso de Noé (as embarcações usadas no rio Nilo naquela época eram construídas da mesma forma que este cesto). Os juncos de papiro crescem até cinco metros de altura, são fáceis de colher, e um cesto assim feito e colocado entre eles estaria protegido do tempo e seria difícil de ver. Míriam, que tinha uns quinze anos de idade, ficou à distância observando o que haveria de acontecer.
É possível que quem achou o cesto era filha de Ramsés II, mas existem outras alternativas. As princesas egípcias, segundo entendem os estudiosos, não teriam por hábito descer ao rio Nilo para se banhar, pois tinham seus próprios banheiros privativos. Esta deve ter sido uma ocasião excepcional, totalmente imprevista por Joquebede: decerto se ela suspeitasse que a filha do faraó viria por ali, ela não teria colocado o cesto por perto. Mas atrás de tudo isto vemos a mão de Deus, que usou o ato de fé desta mãe hebréia para colocar o seu filho no palácio do faraó.
Às vezes, nós também nos sentimos cercados pelo mal e frustrados porque pouco podemos fazer para combatê-lo: como esta mulher, usemos os recursos de que dispomos, e confiemos em Deus para que use o nosso esforço, por pequeno que nos pareça, para enfrentar o mal.
A filha do faraó, evidentemente, não era cruel como ele. Ouvindo a criança chorar, embora reconhecendo que era um menino dos hebreus, teve compaixão dele, ouviu e aceitou a oferta de Míriam de encontrar uma ama-de-leite entre as hebréias.
Vemos também como Míriam corajosamente correu para falar com a filha do faraó quando viu seu irmãozinho em suas mãos, e lhe propôs achar uma ama. Com isto, a família novamente pode se reunir, agora sob a proteção da filha de Faraó, e recebendo pagamento dela. Muitas vezes Deus nos dá oportunidades inesperadas para servi-lo: é preciso estarmos atentos para nos aproveitarmos delas, sem temer as circunstâncias.
Moisés foi então criado inicialmente por sua mãe: sem dúvida ela lhe transmitiu um pouco da história do seu povo, e o conhecimento do seu Deus.
Quando o bebê era já grande, tendo atingido a meninice, Joquebede levou-o à filha do faraó, que o adotou, chamando-o Moisés (filho, ou extraído). Assim ele passou a ser membro da família real do Egito. É provável que sua mãe continuou sendo sua babá por muito tempo, no palácio, o que era muito importante para sua formação religiosa e para levá-lo a reconhecer os hebreus como seus irmãos (v.11).
A narrativa continua, no versículo 11, quando Moisés já era homem ou seja, tinha 40 anos de idade (Atos 7:23). Ele cresceu no meio da grandeza e luxo da corte do faraó, sendo instruído nas artes e ciências daquele povo, aperfeiçoando-se física e intelectualmente (Atos 7:22 - o Egito tinha nessa ocasião duas universidades, numa das quais ele se formou aos vinte anos - provavelmente na de Heliópolis. Durante os vinte anos seguintes , ele provavelmente foi oficial do exercito do faraó,: segundo uma tradição hebréia, ele liderou uma campanha militar contra a Etiópia, na qual adquiriu fama como um general de grande habilidade, donde ser declarado poderoso em obras nesta passagem bíblica).
Terminada a guerra na Etiópia, Moisés regressou à corte egípcia, onde recebeu condecorações, honras e riquezas. Mas por baixo deste exterior de personagem importante, herói nacional, membro da família real, sem dúvida havia uma inquietação secreta por saber que era um hebreu, e que seu povo estava sendo afligido pelos egípcios. Ele um dia resolveu sair do palácio para ver de perto o que estava acontecendo com o seu povo.
Ele testemunhou os seus labores penosos (v.11), e, sem dúvida, sentiu sobre seus ombros a responsabilidade de fazer algo por eles. Havia chegado a hora de lhes dar o seu apoio para que pudessem quebrar o seu jugo, recusando ser chamado filho da filha de faraó, preferindo ser maltratado junto com o povo de Deus a usufruir prazeres transitórios do pecado (Hebreus 11:24-25), certo de que Deus havia de abençoar a sua decisão, para o bem-estar do seu povo.
Ele não podia continuar indiferente à situação reinante. Ao sair um dia, ficou indignado ao ver um egípcio espancando um hebreu. Talvez sem refletir nas conseqüências, não vendo ninguém por perto, ele matou o egípcio e escondeu seu corpo na areia. Mas havia pelo menos uma testemunha: o hebreu que ele havia assim livrado.
No dia seguinte, ele presenciou uma briga entre dois hebreus e foi repreender o agressor. Este não só se mostrou insubordinado mas revelou que sabia que Moisés havia matado o egípcio. Moisés então percebeu que a notícia havia se espalhado.
O caso chegou aos ouvidos da suprema autoridade, o faraó, que logo procurou matar a Moisés; mas ele fugiu do Egito e foi para a terra de Midiã: ficava ao sul da península de Sinai. Ele possivelmente seguiu pelo mesmo caminho que, mais tarde, haveria de tomar à frente do povo de Israel para ir até o monte de Sinai.
Moisés, por causa do seu crime feito às escondidas (como ele pensava) foi obrigado a fugir para uma terra distante, e ficar no exílio pelos quarenta anos seguintes, estrangeiro em terra estranha, separado de seu lar e de sua família. No entanto, a Bíblia nos diz que pela fé ele abandonou o Egito: (quarenta anos mais tarde) ele não ficou amedrontado pela cólera do rei; antes permaneceu firme como quem vê aquele que é invisível (Hebreus 11:27): um grande progresso espiritual foi conseguido por ele durante o exílio.
Como acontecera com Jacó séculos antes (Gênesis 29:2) ele chegou a um poço onde havia bebedouros para os rebanhos. Ali encontrou as sete filhas do sacerdote de Midiã, chamado Reuel ou Jetro (capítulo 3:1): eram descendentes de Abraão por parte de Quetura (Gênesis 25:2) e ele servia ao Deus verdadeiro (capítulo 18:9-12).
Logo depois, vieram pastores e começaram a enxotá-las dali, mas Moisés se levantou e as defendeu (guerreiro egípcio, veterano em campanhas militares, Moisés não teve dificuldade em enfrentar um grupo de pastores). Depois deu água ao seu rebanho.
Ao saber do acontecido, Jetro o recebeu em casa como parte da família. Oportunamente deu-lhe uma das sua filhas, Zípora (fêmea de pássaro), e Moisés chamou seu primeiro filho Gérson (expulsão). Ali ele permaneceu por mais quarenta anos, apascentando ovelhas.
Era um aprendizado na arte de pastoreio, pois o SENHOR estava preparando Moisés para conduzir o povo de Israel depois de libertá-lo dos egípcios, como havia prometido (Gênesis 15:16, 46:3,4). O povo havia esperado por muito tempo para isto acontecer, mas Deus só o fez quando a hora certa havia chegado. A hora chegou quando morreu o Faraó que queria matar Moisés.
1 E foi-se um varão da casa de Levi e casou com uma filha de Levi.
2 E a mulher concebeu, e teve um filho, e, vendo que ele era formoso, escondeu-o três meses.
3 Não podendo, porém, mais escondê-lo, tomou uma arca de juncos e a betumou com betume e pez; e, pondo nela o menino, a pôs nos juncos à borda do rio.
4 E a irmã do menino postou-se de longe, para saber o que lhe havia de acontecer.
5 E a filha de Faraó desceu a lavar-se no rio, e as suas donzelas passeavam pela borda do rio; e ela viu a arca no meio dos juncos, e enviou a sua criada, e a tomou.
6 E, abrindo-a, viu o menino, e eis que o menino chorava; e moveu-se de compaixão dele e disse: Dos meninos dos hebreus é este.
7 Então, disse sua irmã à filha de Faraó: Irei eu a chamar uma ama das hebréias, que crie este menino para ti?
8 E a filha de Faraó disse-lhe: Vai. E foi-se a moça e chamou a mãe do menino.
9 Então, lhe disse a filha de Faraó: Leva este menino e cria-mo; eu te darei teu salário. E a mulher tomou o menino e criou-o.
10 E, sendo o menino já grande, ela o trouxe à filha de Faraó, a qual o adotou; e chamou o seu nome Moisés e disse: Porque das águas o tenho tirado.
11 E aconteceu naqueles dias que, sendo Moisés já grande, saiu a seus irmãos e atentou nas suas cargas; e viu que um varão egípcio feria a um varão hebreu, de seus irmãos.
12 E olhou a uma e a outra banda, e, vendo que ninguém ali havia, feriu ao egípcio, e escondeu-o na areia.
13 E tornou a sair no dia seguinte, e eis que dois varões hebreus contendiam; e disse ao injusto: Por que feres o teu próximo?
14 O qual disse: Quem te tem posto a ti por maioral e juiz sobre nós? Pensas matar-me, como mataste o egípcio? Então, temeu Moisés e disse: Certamente este negócio foi descoberto.
15 Ouvindo, pois, Faraó este caso, procurou matar a Moisés; mas Moisés fugiu de diante da face de Faraó, e habitou na terra de Midiã, e assentou-se junto a um poço.
16 E o sacerdote de Midiã tinha sete filhas, as quais vieram a tirar água, e encheram as pias para dar de beber ao rebanho de seu pai.
17 Então, vieram os pastores e lançaram-nas dali; Moisés, porém, levantou-se, e defendeu-as, e abeberou-lhes o rebanho.
18 E, vindo elas a Reuel, seu pai, ele disse: Por que tornastes hoje tão depressa?
19 E elas disseram: Um homem egípcio nos livrou da mão dos pastores; e também nos tirou água em abundância e abeberou o rebanho.
20 E disse a suas filhas: E onde está ele? Por que deixastes o homem? Chamai-o para que coma pão.
21 E Moisés consentiu em morar com aquele homem; e ele deu a Moisés sua filha Zípora,
22 a qual teve um filho, e ele chamou o seu nome Gérson, porque disse: Peregrino fui em terra estranha.
23 E aconteceu, depois de muitos destes dias, morrendo o rei do Egito, que os filhos de Israel suspiraram por causa da servidão e clamaram; e o seu clamor subiu a Deus por causa de sua servidão.
24 E ouviu Deus o seu gemido e lembrou-se Deus do seu concerto com Abraão, com Isaque e com Jacó;
25 e atentou Deus para os filhos de Israel e conheceu-os Deus.
Êxodo capítulo 2