Potifar (dedicado a Ra, Deus egípcio) era comandante da guarda pessoal de Faraó. Faraó era o nome genérico dado ao monarca do Egito, de forma que não se sabe, ao certo, qual dos reis seria este. Muitos historiadores calculam que talvez tenha sido Sesostris III, que reinou de 1878 a 1843 a.C. (1 Reis 6:1 e Êxodo 12:40, que indicam a entrada de José no Egito ter-se dado ao redor de 1877 a.C. ).
A população do Egito antigo, era composta de três classes: os guerreiros, os sacerdotes, e o povo em geral. 0 Faraó era o comandante supremo do exército, e seus oficiais gozavam de grandes riquezas e privilégios. Os sacerdotes constituíam famílias e viviam bem, sendo bem ricos os que se encontravam em posição superior. O resto da população era, na sua maioria, pobre ou paupérrima, vivendo em situação de grande subserviência aos mais privilegiados.
Potifar, devido à sua alta posição, deveria ter uma grande fortuna que precisava ser administrada com habilidade. As famílias ricas como as dele habitavam em mansões de dois ou três andares, com lindos jardins e pátios, cercavam-se de objetos lindos como vasos de alabastro, pinturas, tapeçarias, e móveis trabalhados a mão. As refeições eram servidas em vasilhas e pratos de ouro, e os ambientes eram iluminados com candeeiros de ouro.
Os servos ou escravos, como José, trabalhavam em baixo e a família ocupava os ambientes superiores. O SENHOR, porém, era com José: ele era formoso de porte e aparência, e tudo o que ele fazia o SENHOR prosperava em suas mãos. Isto foi notado por Potifar, que rapidamente o promoveu à posição mais alta entre os seus serviçais: a de mordomo. A benção do SENHOR estava com toda a casa de Potifar, por amor a José, e Potifar confiou a ele a administração de toda a sua fortuna.
Mas a mulher de Potifar cobiçou José e repetidamente procurou seduzi-lo, mas ele não se deixou enredar. Ele explicou-lhe que, se fizesse o que a mulher queria, estaria traindo a grande confiança que Potifar tinha nele, pois lhe dera plena autoridade em sua casa sobre tudo, menos ela, por ser sua mulher: seria não só uma grande maldade, mas um pecado contra Deus.
Vemos que, em tudo isto, José estava servindo a Deus. 0 Egito era uma terra tão idólatra quanto Canaã ou a Caldéia. Nessa terra, José manteve o testemunho do Deus vivo e verdadeiro, e um nível moral alto. Quando essa mulher o incitou à imoralidade, ele disse: meu senhor entregou tudo nas minhas mãos menos a senhora - sua esposa.
É de se observar o alto conceito que José tinha do casamento, uma instituição dada por Deus para toda a humanidade. Quando uma pessoa começa a desprezar os votos feitos em seu casamento, ele também despreza a Deus. Quem rompe seus votos matrimoniais, geralmente não hesitará em ser infiel a outros quando lhe convém. As pessoas divorciadas por terem elas próprias sido infiéis, tendem também a afastar-se de Deus. José tinha um elevado propósito na vida, pois seu desejo era ser fiel a Deus.
A mulher do seu senhor tentou seduzir José uma última vez, quando nenhum dos homens da casa estavam dentro, e agarrou José pela veste. Aflito, ele desvencilhou-se e fugiu, deixando a veste em suas mãos. Novamente recusada, o que ela considerou rejeição levou-a ao ódio, e chamando os homens da sua casa falsamente acusou José de tentar agredi-la e de ter fugido quando ela gritou, deixando sua veste com ela, que ela usou como prova.
Quando seu senhor ouviu o que a mulher lhe disse, acreditou, e se encheu de indignação contra José. Foi um grande erro, pois José lhe trazia grande prosperidade, e sem dúvida ele conhecia sua integridade.
José foi então tomado e entregue na casa do cárcere (esta é a primeira vez que a prisão, como castigo, é mencionada na Bíblia) num lugar em que os presos do rei estavam confinados. Na qualidade de capitão da guarda (capítulo 37:36), que seria uma parte exército encarregada do policiamente interno, Potifar ainda tinha José sob seu controle. A prisão era usada para confinar os que faziam trabalhos forçados e os que desagradavam ou ofendiam aos seus senhores ao ponto de serem castigados dessa forma. Ficavam ali por tempo indeterminado, sem direito a julgamento, à mercê dos seus senhores. O Faraó era a autoridade suprema e podia, se quisesse, decidir o destino de cada um.
José já tinha perdido tudo o que tinha adquirido desde que fora vendido como escravo, só porque tinha sido fiel ao seu senhor. Contudo o SENHOR estava com ele. A experiência de José nos recorda a passagem em Hebreus, "toda disciplina, com efeito, no momento não parece ser motivo de alegria, mas de tristeza; ao depois, entretanto, produz fruto pacífico aos que têm sido por ela exercitados, fruto de justiça (Hebreus 12:11). Mais tarde veremos o fruto pacífico revelado na vida deste jovem.
Este episódio nos mostra que nem todos têm um preço pelo qual poderão ser comprados: Satanás gosta de dizer que têm, mas têm havido muitos que não se deixaram comprar: José foi um deles.
O SENHOR, portanto, lhe mostrou benignidade: fez com que o carcereiro visse José com bons olhos, e deu-lhe autoridade sobre todos os presos na casa do cárcere. Assim José ficou responsável por todos eles.
Seria o desejo de Deus que José fosse para a prisão? Veremos a resposta nos capítulos a seguir.
1 E José foi levado ao Egito, e Potifar, eunuco de Faraó, capitão da guarda, varão egípcio, comprou-o da mão dos ismaelitas que o tinham levado lá.
2 E o SENHOR estava com José, e foi varão próspero; e estava na casa de seu senhor egípcio.
3 Vendo, pois, o seu senhor que o SENHOR estava com ele e que tudo o que ele fazia o SENHOR prosperava em sua mão,
4 José achou graça a seus olhos e servia-o; e ele o pôs sobre a sua casa e entregou na sua mão tudo o que tinha.
5 E aconteceu que, desde que o pusera sobre a sua casa e sobre tudo o que tinha, o SENHOR abençoou a casa do egípcio por amor de José; e a bênção do SENHOR foi sobre tudo o que tinha, na casa e no campo.
6 E deixou tudo o que tinha na mão de José, de maneira que de nada sabia do que estava com ele, a não ser do pão que comia. E José era formoso de aparência e formoso à vista.
7 E aconteceu, depois destas coisas, que a mulher de seu senhor pôs os olhos em José e disse: Deita-te comigo.
8 Porém ele recusou e disse à mulher do seu senhor: Eis que o meu senhor não sabe do que há em casa comigo e entregou em minha mão tudo o que tem.
9 Ninguém há maior do que eu nesta casa, e nenhuma coisa me vedou, senão a ti, porquanto tu és sua mulher; como, pois, faria eu este tamanho mal e pecaria contra Deus?
10 E aconteceu que, falando ela cada dia a José, e não lhe dando ele ouvidos para deitar-se com ela e estar com ela,
11 sucedeu, num certo dia, que veio à casa para fazer o seu serviço; e nenhum dos da casa estava ali.
12 E ela lhe pegou pela sua veste, dizendo: Deita-te comigo. E ele deixou a sua veste na mão dela, e fugiu, e saiu para fora.
13 E aconteceu que, vendo ela que deixara a sua veste em sua mão e fugira para fora,
14 chamou os homens de sua casa e falou-lhes, dizendo: Vede, trouxe-nos o varão hebreu para escarnecer de nós; entrou até mim para deitar-se comigo, e eu gritei com grande voz.
15 E aconteceu que, ouvindo ele que eu levantava a minha voz e gritava, deixou a sua veste comigo, e fugiu, e saiu para fora.
16 E ela pôs a sua veste perto de si, até que o seu senhor veio à sua casa.
17 Então, falou-lhe conforme as mesmas palavras, dizendo: Veio a mim o servo hebreu, que nos trouxeste para escarnecer de mim.
18 E aconteceu que, levantando eu a minha voz e gritando, ele deixou a sua veste comigo e fugiu para fora.
19 E aconteceu que, ouvindo o seu senhor as palavras de sua mulher, que lhe falava, dizendo: Conforme estas mesmas palavras me fez teu servo, a sua ira se acendeu.
20 E o senhor de José o tomou e o entregou na casa do cárcere, no lugar onde os presos do rei estavam presos; assim, esteve ali na casa do cárcere.
21 O SENHOR, porém, estava com José, e estendeu sobre ele a sua benignidade, e deu-lhe graça aos olhos do carcereiro-mor.
22 E o carcereiro-mor entregou na mão de José todos os presos que estavam na casa do cárcere; e ele fazia tudo o que se fazia ali.
23 E o carcereiro-mor não teve cuidado de nenhuma coisa que estava na mão dele, porquanto o SENHOR estava com ele; e tudo o que ele fazia o SENHOR prosperava.
Gênesis capítulo 39