O copeiro-chefe (também chamado mordomo) era um oficial da mais alta confiança do Faraó, e era responsável pela segurança do que ele comia e bebia, experimentando os alimentos para ter certeza que não estavam contaminados ou envenenados.
O padeiro-chefe era o chefe de cozinha, responsável pela preparação e qualidade das refeições, outra posição da mais alta responsabilidade.
O Faraó indignou-se contra eles: não sabemos o motivo, podendo ter sido uma simples indigestão. Ele tinha poderes ditatoriais arbitrários sobre todos os seus súditos, e, tendo perdido a confiança nestes dois, mandou-os para o cárcere onde José estava preso, na casa do comandante da guarda.
Lemos que Potifar era comandante da guarda, e provavelmente havia mais de um. Caso contrário, eles estariam presos, junto com José, em sua casa. Seja como for, José os servia, a mando do comandante.
Passado algum tempo, certa manhã José encontrou-os turbados; demonstrando interesse pelo seu bem-estar, José quis saber o motivo. Os dois disseram que haviam sonhado durante a noite, e José prontamente declarou que a Deus pertencem as interpretações dos sonhos. Ele não perdeu essa oportunidade de testemunhar do Deus verdadeiro.
Deus tem se comunicado através de sonhos, em certas ocasiões raras, durante o período do Velho Testamento até o nascimento do Senhor Jesus. Nesses sonhos Ele falou claramente, como ao Abimeleque (capítulo 20:3,6), ou através de figuras, como a Daniel (Daniel 7:2), ou através de símbolos, como agora lemos, ao copeiro-chefe e ao padeiro-chefe, que foram interpretados por homens de Deus, como José neste caso.
O copeiro-chefe contou seu sonho a José - vemos como ele havia ganho a sua confiança. José imediatamente interpretou seu sonho: ele estava em perfeita comunhão com Deus, e Deus lhe deu este dom especial de poder interpretar sonhos.
A mensagem do sonho era boa: o copeiro-chefe seria reabilitado após três dias. José aproveitou para solicitar que o copeiro-chefe se lembrasse dele quando as coisas corressem bem, e falasse ao Faraó para que o livrasse da prisão.
O padeiro-chefe se animou ao ouvir o bom prognóstico do seu colega, e por sua vez contou seu sonho a José. Mas a interpretação revelou que a mensagem para ele era trágica: após três dias ele seria morto por Faraó.
Aqui vemos outra vez a fidelidade de José, que deu a interpretação correta do sonho, embora penosa. É muito mais difícil dar notícias tristes do que as felizes. É muito mais agradável falar aos incrédulos sobre o amor de Deus, do que sobre a condenação eterna a que estão sujeitos se não crerem em Cristo!
As mensagens dos sonhos se cumpriram fielmente. Mas o copeiro-chefe esqueceu-se de José, e somente dois anos depois lembrou-se outra vez dele (capítulo 41:9-13).
Paralelamente a essa passagem lembramos que o Senhor Jesus foi crucificado entre dois malfeitores, um dos quais foi salvo, indo para o paraíso, e o outro morreu em seus pecados, ficando condenado à perdição eterna.
1 E aconteceu, depois destas coisas, que pecaram o copeiro do rei do Egito e o padeiro contra o seu senhor, o rei do Egito.
2 E indignou-se Faraó muito contra os seus dois eunucos, contra o copeiro-mor e contra o padeiro-mor.
3 E entregou-os à prisão, na casa do capitão da guarda, na casa do cárcere, no lugar onde José estava preso.
4 E o capitão da guarda pô-los a cargo de José, para que os servisse; e estiveram muitos dias na prisão.
5 E ambos sonharam um sonho, cada um seu sonho na mesma noite; cada um conforme a interpretação do seu sonho, o copeiro e o padeiro do rei do Egito, que estavam presos na casa do cárcere.
6 E veio José a eles pela manhã e olhou para eles, e eis que estavam turbados.
7 Então, perguntou aos eunucos de Faraó, que com ele estavam no cárcere da casa de seu senhor, dizendo: Por que estão, hoje, tristes os vossos semblantes?
8 E eles lhe disseram: Temos sonhado um sonho, e ninguém há que o interprete. E José disse-lhes: Não são de Deus as interpretações? Contai-mo, peço-vos.
9 Então, contou o copeiro-mor o seu sonho a José e disse-lhe: Eis que em meu sonho havia uma vide diante da minha face.
10 E, na vide, três sarmentos, e ela estava como que brotando; a sua flor saía, e os seus cachos amadureciam em uvas.
11 E o copo de Faraó estava na minha mão; e eu tomava as uvas, e as espremia no copo de Faraó, e dava o copo na mão de Faraó.
12 Então, disse-lhe José: Esta é a sua interpretação: os três sarmentos são três dias;
13 dentro ainda de três dias, Faraó levantará a tua cabeça e te restaurará ao teu estado, e darás o copo de Faraó na sua mão, conforme o costume antigo, quando eras seu copeiro.
14 Porém lembra-te de mim, quando te for bem; e rogo-te que uses comigo de compaixão, e que faças menção de mim a Faraó, e faze-me sair desta casa;
15 porque, de fato, fui roubado da terra dos hebreus; e tampouco aqui nada tenho feito, para que me pusessem nesta cova.
16 Vendo, então, o padeiro-mor que tinha interpretado bem, disse a José: Eu também sonhava, e eis que três cestos brancos estavam sobre a minha cabeça;
17 e, no cesto mais alto, havia de todos os manjares de Faraó, obra de padeiro; e as aves os comiam do cesto de sobre a minha cabeça.
18 Então, respondeu José e disse: Esta é a sua interpretação: os três cestos são três dias;
19 dentro ainda de três dias, Faraó levantará a tua cabeça sobre ti e te pendurará num madeiro, e as aves comerão a tua carne de sobre ti.
20 E aconteceu, ao terceiro dia, o dia do nascimento de Faraó, que fez um banquete a todos os seus servos; e levantou a cabeça do copeiro-mor e a cabeça do padeiro-mor, no meio dos seus servos.
21 E fez tornar o copeiro-mor ao seu ofício de copeiro, e este deu o copo na mão de Faraó.
22 Mas ao padeiro-mor enforcou, como José havia interpretado.
23 O copeiro-mor, porém, não se lembrou de José; antes, se esqueceu dele.
Gênesis capítulo 40