Ciro como instrumento de Deus – versículos 1 a 13
Tendo apresentado o rei Ciro dos persas, no fim do capítulo anterior, como Seu pastor que cumprirá toda a Sua vontade, o Senhor passa agora a dirigir-se a ele pessoalmente, dizendo que é o Seu ungido. Notemos o significado dos nomes e qualificações deste rei gentio:
O seu nome, Ciro, é “sol” no idioma persa. O sol é símbolo de justiça (Malaquias 4:2, Mateus 13:43).
Foi “ungido” pelo Senhor para a missão de livrar o Seu povo judeu – como Jesus é o Messias (“Ungido”) que redimiu os pecadores (Daniel 9:25,26).
Como “pastor” irá livrar Israel do seu exílio e dos seus inimigos – como o Senhor Jesus é o supremo Pastor dos Seus remidos (1 Pedro 5:4).
Os nomes e títulos atribuídos a ele nunca foram designados por Deus a qualquer outro monarca dos gentios. Ele foi um protótipo do Senhor Jesus Cristo.
O Senhor promete dar-lhe a vitória sobre as nações, principalmente a Babilônia, removendo todos os obstáculos às suas conquistas, e dar-lhe os tesouros da escuridão dos lugares secretos contendo enormes quantias de riquezas escondidas.
Ainda dirigindo-se a Ciro, o Senhor se identifica como o único Deus verdadeiro, que o cinjirá por causa de Seu povo, e para que todo o mundo saiba que só Ele é o Senhor. Ciro será o libertador de Israel, livrando os judeus do cativeiro e restaurando o remanescente. Isto o Senhor fará para que se saiba em todo o mundo que Ele é o Senhor, o único Deus verdadeiro.
Em seguida, o Senhor relata alguns aspectos positivos e negativos do mundo, para demonstrar a Ciro Sua soberania divina sobre toda a Sua criação.
Os persas acreditavam em dois princípios coexistentes, praticamente considerados como deuses: de um lado Ormuzd, o bem, simbolizado pela luz, e do outro, Ahriman, o mal, simbolizado pela escuridão. Ambos estariam eternamente em conflito no teatro do mundo. Na medida em que Ciro prosseguia em suas campanhas militares, traria o bem para Israel e o mal para as nações vencidas.
Não temos provas que Ciro cria nessa filosofia, mas o Senhor declara que Ele tem o controle supremo dos acontecimentos, bons ou maus: “Eu formo a luz, e crio as trevas; eu faço a paz, e crio o mal; eu sou o Senhor, que faço todas estas coisas” (versículo 7). Suas palavras devem ser entendidas tendo em conta o contexto. O Senhor está falando com Ciro, a quem havia nomeado e fortalecia "para subjugar as Nações" e dar libertação para o Seu povo terrestre.
Por conseguinte, a referência imediata não é ao mal do pecado, mas ao prosseguimento da guerra com suas consequentes calamidades. Estas Ciro iria infligir sobre os poderes dos gentios para angariar a paz que ele, como instrumento escolhido de Deus, traria sobre Israel.
As condições do ideal de Justiça abundante (ou justiça) e salvação (ou libertação) descritas aqui são aquelas que resultariam, em pequena escala, da intervenção de Ciro em nome de Israel. Sua realização completa será no Reino Milenial.
“Ai daquele que contende com o seu Criador! ” O mal virá sobre quem questionar o direito de Senhor em usar um gentio para redimir Judá. Ele é como um caco de barro entre outros. É como se a argila questionasse o oleiro sobre o que fazia, o filho questionasse seus pais sobre a sua geração, ou uma panela de barro zombasse do seu fabricante.
Foi o Senhor, o Santo de Israel, que fez a terra, criou o homem, estendeu os céus e promulgou as leis da natureza. Ele despertou Ciro em justiça, vai endireitar todos os seus caminhos, libertar seus cativos e construir a cidade de Jerusalém gratuitamente. Embora a reconstrução da cidade tenha sido realmente realizada posteriormente através do Decreto de Artaxerxes (Neemias 2:8), foi a liderança de Ciro que primeiro lançou as bases para este projeto, permitindo que os judeus retornassem da Babilônia.
O Senhor é o único Salvador
No versículo 14 a mensagem do Senhor passa do futuro imediato com Ciro para a perspectiva então distante do que será realizado no próximo dia da restauração de Israel. Este duplo ponto de vista é uma característica frequente das profecias do antigo testamento, nas passagens sucessivas, como aqui, ou mesmo em seu pronunciamento.
Os antigos inimigos de Israel um dia virão a ele com presentes e tributos, reconhecendo que o Senhor dos judeus é o Deus verdadeiro e que não há nenhum outro. Deus é misterioso nas suas relações e orienta os assuntos das nações contrariando as expectativas naturais e de uma maneira impossível de ser discernida por mera inteligência humana. Israel ficará surpreendido ao encontrar as nações que andaram em trevas pagãs e alienação de Deus fazer súplicas a Ele, reconhecendo que o Senhor está com elas e reconhecendo que este é o único Deus. É como se dissessem: "Verdadeiramente Tu agiste de forma maravilhosa, além da nossa maior compreensão." É por isso que se aproximarão de Deus como "Salvador". Ele vai ser reconhecido como o Salvador dos gentios bem como de Israel, universalmente, no estabelecimento do Reino milenar.
O ocorrido, bem como o ótimo relacionamento com Deus, fará com que o remanescente de Israel salvo louve a Deus por seus inescrutáveis juízos e Seus caminhos ainda por descobrir. Os fabricantes e adoradores de falsos deuses serão envergonhados, enquanto Israel, salvo pelo Senhor, nunca terá ocasião para envergonhar-se após a segunda vinda do Messias. A nação restaurada nunca irá apostatar novamente.
Foi o Senhor Deus que criou os céus e formou a terra. Não há outro (Leia João 1:1-5, Colossenses 1:16, Hebreus 1:10). Ele destinou a terra para ser habitada pelos homens e revelou-se aos homens em linguagem clara e compreensível. Ele não a criou caoticamente, nem se comunicou caoticamente. Na verdade e na justiça revelou-se ser o Deus absoluto e Supremo.
O Senhor convoca os gentios, carregando seus ídolos e rezando aos deuses inexistentes, para produzir provas que seus ídolos podem prever o futuro, como Ele fez. Somente Ele pode fazer tal coisa, sendo o único Deus e Salvador.
Finalmente os gentios são convidados para vir até Ele para a salvação, pois todo joelho se dobrará e toda língua O confessará (Romanos 14:11, Filipenses 2:9-11). Isto será cumprido no milênio. Então os homens reconhecerão o Senhor Jesus como sendo a única fonte de justiça e poder. Todos os Seus inimigos virão a Ele em contrição, e Israel será justificado para a Sua glória, não a dos ídolos.
1 Assim diz o Senhor ao seu ungido, a Ciro, a quem tomo pela mão direita, para abater nações diante de sua face, e descingir os lombos dos reis; para abrir diante dele as portas, e as portas não se fecharão;
2 eu irei adiante de ti, e tornarei planos os lugares escabrosos; quebrarei as portas de bronze, e despedaçarei os ferrolhos de ferro.
3 Dar-te-ei os tesouros das trevas, e as riquezas encobertas, para que saibas que eu sou o Senhor, o Deus de Israel, que te chamo pelo teu nome.
4 Por amor de meu servo Jacó, e de Israel, meu escolhido, eu te chamo pelo teu nome; ponho-te o teu sobrenome, ainda que não me conheças.
5 Eu sou o Senhor, e não há outro; fora de mim não há Deus; eu te cinjo, ainda que tu não me conheças.
6 Para que se saiba desde o nascente do sol, e desde o poente, que fora de mim não há outro; eu sou o Senhor, e não há outro.
7 Eu formo a luz, e crio as trevas; eu faço a paz, e crio o mal; eu sou o Senhor, que faço todas estas coisas.
8 Destilai vós, céus, dessas alturas a justiça, e chovam-na as nuvens; abra-se a terra, e produza a salvação e ao mesmo tempo faça nascer a justiça; eu, o Senhor, as criei:
9 Ai daquele que contende com o seu Criador! o caco entre outros cacos de barro! Porventura dirá o barro ao que o formou: Que fazes? ou dirá a tua obra: Não tens mãos?
10 Ai daquele que diz ao pai: Que é o que geras? e à mulher: Que dás tu à luz?
11 Assim diz o Senhor, o Santo de Israel, aquele que o formou: Perguntai-me as coisas futuras; demandai-me acerca de meus filhos, e acerca da obra das minhas mãos.
12 Eu é que fiz a terra, e nela criei o homem; as minhas mãos estenderam os céus, e a todo o seu exército dei as minhas ordens.
13 Eu o despertei em justiça, e todos os seus caminhos endireitarei; ele edificará a minha cidade, e libertará os meus cativos, não por preço nem por presentes, diz o Senhor dos exércitos.
14 Assim diz o Senhor: A riqueza do Egito, e as mercadorias da Etiópia, e os sabeus, homens de alta estatura, passarão para ti, e serão teus; irão atrás de ti; em grilhões virão; e, prostrando-se diante de ti, far-te-ão as suas súplicas, dizendo: Deus está contigo somente; e não há nenhum outro Deus.
15 Verdadeiramente tu és um Deus que te ocultas, ó Deus de Israel, o Salvador.
16 Envergonhar-se-ão, e também se confundirão todos; cairão juntos em ignomínia os que fabricam ídolos.
17 Mas Israel será salvo pelo Senhor, com uma salvação eterna; pelo que não sereis jamais envergonhados nem confundidos em toda a eternidade.
18 Porque assim diz o Senhor, que criou os céus, o Deus que formou a terra, que a fez e a estabeleceu, não a criando para ser um caos, mas para ser habitada: Eu sou o Senhor e não há outro.
19 Não falei em segredo, nalgum lugar tenebroso da terra; não disse à descendência de Jacó: Buscai-me no caos; eu, o Senhor, falo a justiça, e proclamo o que é reto.
20 Congregai-vos, e vinde; chegai-vos juntos, os que escapastes das nações; nada sabem os que conduzem em procissão as suas imagens de escultura, feitas de madeira, e rogam a um deus que não pode salvar.
21 Anunciai e apresentai as razões: tomai conselho todos juntos. Quem mostrou isso desde a antigüidade? quem de há muito o anunciou? Porventura não sou eu, o Senhor? Pois não há outro Deus senão eu; Deus justo e Salvador não há além de mim.
22 Olhai para mim, e sereis salvos, vós, todos os confins da terra; porque eu sou Deus, e não há outro.
23 Por mim mesmo jurei; já saiu da minha boca a palavra de justiça, e não tornará atrás. Diante de mim se dobrará todo joelho, e jurará toda língua.
24 De mim se dirá: Tão somente no senhor há justiça e força. A ele virão, envergonhados, todos os que se irritarem contra ele.
25 Mas no Senhor será justificada e se gloriará toda a descendência de Israel.
Isaías capítulo 45