O Senhor, o Santo Criador e Rei de Israel é o único Salvador (Capitulo 43)
Neste capítulo o Senhor deixa para trás suas observações sobre o estado de cegueira, endurecimento, falta de arrependimento de Israel para revelar o Seu cumprimento da aliança com ele em termos de misericórdia no passado, presente e futuro e baseia tudo sobre Seu poder criador e Sua graça redentora. O amor de Deus não é sentimental, nunca é exercido em detrimento da Sua santidade, e nunca compromete a Sua justiça. O amor que castiga antecede o castigo.
A mudança de indignação justa para um consolo amoroso e reconfortante de promessas e garantias, é profundamente significativa. Seu propósito é demonstrar que a restauração não poderia ser realizada por quaisquer esforços meritórios por parte de Seu povo errante. Sua extrema necessidade só podia ser atendida pela graça Divina.
As garantias irrevogáveis de Deus e Suas promessas nesta passagem são duplamente preciosas para nós que nos firmamos no preenchimento do sacrifício expiador de Cristo, tendo Sua Pessoa sido ministrada a nós pelo Seu Espírito Santo.
O Senhor aqui assegura ao Seu povo que não precisa ter medo, porque foi Ele quem o criou, formou, remiu e chamou pelo Seu nome, e estará com ele na inundação e no incêndio.
Quando o Senhor diz, “eu te amo” (versículo 4), Ele está recordando um amor que existia muito tempo antes da apostasia e rebelião que inevitavelmente requeria Sua justa retribuição. Seu amor a este povo era evidente:
Nos Seus atos criativos e formativos: "o Senhor que te criou," um ato sobrenatural envolvido em seu plano predeterminado, "e que te formou," um processo sobrenatural, da mesma forma predeterminada e testemunhada no seu trato com os patriarcas e os descendentes de Jacó;
Em seu poder redentor: "Eu te remi"; como Ele o lembra constantemente que nada salvo a Sua força imediata lhe deu a libertação do Egito!
Em Sua convocação: "chamei-te pelo teu nome, tu és meu."
O chamar pelo nome, na fraseologia da Escritura, não é simplesmente dar um nome a alguém, mas transmite uma ternura que se deleita na posse do chamado: "ele chama pelo nome as suas ovelhas, e as conduz para fora. ” (João 10:3). Logo, a adição de "tu és meu." No capítulo 48:12 Deus chama Israel de "meu chamado".
Criação, redenção, vocação, todas são aplicáveis a cada um de nós, pois somos "criados em Cristo Jesus," “resgatados pelo Seu sangue," “chamados por meio de Sua graça."
O Senhor seu Deus, o Santo de Israel e seu Salvador dará o Egito como seu resgate, uma promessa que foi cumprida após o retorno dos judeus do cativeiro:
O Senhor recompensou Ciro o monarca persa por tê-los libertado, permitindo que ele e seu filho Cambises possuíssem o Egito e os reinos vizinhos. Seba era o grande distrito entre os rios Branco e o Nilo Azul, contíguo à Etiópia. A posse destas terras não era meramente um presente, foi o preço do resgate (um kopher, ou cobertura) do povo de Israel.
Porque Israel é precioso, honrado e amado, Deus lhe dará homens e povo para a sua vida como nação independente (conforme os detalhes nos versículos 5 a 7).
O Senhor convoca Israel e todas as nações a um teste de tribunal. Deixe-as apresentar quem dentre elas tem capacidade para anunciar tais profecias e mostrar o passado, apresentando suas testemunhas para confirmar suas palavras. O Senhor declara que o povo de Israel é a Sua testemunha e o Seu servo a quem escolheu: eles devem testemunhar por experiência própria que:
Ele é o único e verdadeiro Deus.
Nunca algum deus se formou no passado antes dEle nem haverá depois dEle, no futuro eterno.
Além dEle não há nenhum Salvador e Libertador
Seu comando e ação não podem ser contrariados.
O Senhor, o Redentor, o Santo de Israel, determinou, por causa de Israel, arrasar os nobres da Babilônia e os caldeus. Isso irá demonstrar que ele é o Senhor do seu povo Santo, criador e rei. Ele é o único que os trouxe através do mar Vermelho, destruindo os perseguidores egípcios ao mesmo tempo. Mas o êxodo do Egito pode ser esquecido quando comparado com o que Ele vai fazer agora. Os caldeus seriam “embarcados nos navios com que se vangloriavam” (versículo 14). A História antiga informa que eles navegavam tanto no rio Eufrates como no Golfo Pérsico, usando navios construídos pelos fenícios, tanto para o comércio como a guerra. Os navios da sua marinha, sobre os quais os babilônios exultavam, iriam ser degradados para o uso em sua fuga.
O Senhor fará um caminho através do deserto para o Seu povo retornar do cativeiro e publicar o Seu louvor. Na terra renovada, os lugares desolados terão abastecimento de água abundante, para a satisfação das criaturas do deserto. Mas estas bênçãos não devem ser concedidas apenas para o bem-estar do mundo animal e da humanidade. O objeto primordial é a honra do próprio Deus.
Os animais, na sua apreciação inconsciente da felicidade milenar, assim darão "honra" para Deus. Sobre Israel, Ele diz: "porei águas no deserto, e rios no ermo, para dar de beber ao meu povo, ao meu escolhido, esse povo que formei para mim, para que publicasse o meu louvor” (versículo 20). Que mudança da sua condição atual. Quão grandemente o próprio Senhor deve estar ansioso por esse dia!
Este efeito é exatamente o que é desejado para nós neste período presente, pois somos "a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as grandezas daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz” (1 Pedro 2:9). Quando a palavra “grandezas” é usada por Deus, ela é mais abrangente e se aplica a todos os Seus atributos, Seu poder, Sua graça, e tudo o que foi demonstrado na Pessoa de Seu Filho. A conduta de nossa vida e toda a nossa atividade devem ser dedicados a este, o maior de todos os objetivos.
Os versículos 22 a 24 revertem para dias anteriores ao cativeiro de Israel. O povo cansou-se de Deus e não O invocou. Faltavam holocaustos e sacrifícios, ofertas e incensos, pois seus corações estavam longe de Deus, mas deram-lhe trabalho com os seus pecados e cansaço com suas iniquidades.
Em absoluto contraste, nos três versículos seguintes, finais, o Senhor declara que é Ele quem apaga as transgressões do Seu povo por amor de Si próprio e não guardará a lembrança dos seus pecados. É o soberano ato da graça de Deus na morte de Cristo, quando Sua justiça lidou com o pecado, apagando-o pela Sua graça e amor.
Toda a história de Israel registra pecado e fracasso continuamente, voltando não somente até Abraão, mas para trás até Adão. E a mesma graça de Deus se aplica a nós, os gentios, também descendentes de Adão. O versículo 25 não é uma simples promessa aos judeus, mas aplica-se a toda a geração humana, conforme o apóstolo Paulo explica claramente em sua epístola aos Romanos.
1 Mas agora, assim diz o Senhor que te criou, ó Jacó, e que te formou, ó Israel: Não temas, porque eu te remi; chamei-te pelo teu nome, tu és meu.
2 Quando passares pelas águas, eu serei contigo; quando pelos rios, eles não te submergirão; quando passares pelo fogo, não te queimarás, nem a chama arderá em ti.
3 Porque eu sou o Senhor teu Deus, o Santo de Israel, o teu Salvador; por teu resgate dei o Egito, e em teu lugar a Etiópia e Seba.
4 Visto que foste precioso aos meus olhos, e és digno de honra e eu te amo, portanto darei homens por ti, e os povos pela tua vida.
5 Não temas, pois, porque eu sou contigo; trarei a tua descendência desde o Oriente, e te ajuntarei desde o Ocidente.
6 Direi ao Norte: Dá; e ao Sul: Não retenhas; trazei meus filhos de longe, e minhas filhas das extremidades da terra;
7 a todo aquele que é chamado pelo meu nome, e que criei para minha glória, e que formei e fiz.
8 Fazei sair o povo que é cego e tem olhos; e os surdos que têm ouvidos.
9 Todas as nações se congreguem, e os povos se reúnam; quem dentre eles pode anunciar isso, e mostrar-nos coisas já passadas? apresentem as suas testemunhas, para que se justifiquem; e para que se ouça, e se diga: Verdade é.
10 Vós sois as minhas testemunhas, do Senhor, e o meu servo, a quem escolhi; para que o saibais, e me creiais e entendais que eu sou o mesmo; antes de mim Deus nenhum se formou, e depois de mim nenhum haverá.
11 Eu, eu sou o Senhor, e fora de mim não há salvador.
12 Eu anunciei, e eu salvei, e eu o mostrei; e deus estranho não houve entre vós; portanto vós sois as minhas testemunhas, diz o Senhor.
13 Eu sou Deus; também de hoje em diante, eu o sou; e ninguém há que possa fazer escapar das minhas mãos; operando eu, quem impedirá?
14 Assim diz o Senhor, vosso Redentor, o Santo de Israel: Por amor de vós enviarei a Babilônia, e a todos os fugitivos farei embarcar até os caldeus, nos navios com que se vangloriavam.
15 Eu sou o Senhor, vosso Santo, o Criador de Israel, vosso Rei.
16 Assim diz o Senhor, o que preparou no mar um caminho, e nas águas impetuosas uma vereda;
17 o que faz sair o carro e o cavalo, o exército e a força; eles juntamente se deitam, e jamais se levantarão; estão extintos, apagados como uma torcida.
18 Não vos lembreis das coisas passadas, nem considereis as antigas.
19 Eis que faço uma coisa nova; agora está saindo à luz; porventura não a percebeis? eis que porei um caminho no deserto, e rios no ermo.
20 Os animais do campo me honrarão, os chacais e os avestruzes; porque porei águas no deserto, e rios no ermo, para dar de beber ao meu povo, ao meu escolhido,
21 esse povo que formei para mim, para que publicasse o meu louvor.
22 Contudo tu não me invocaste a mim, ó Jacó; mas te cansaste de mim, ó Israel.
23 Não me trouxeste o gado miúdo dos teus holocaustos, nem me honraste com os teus sacrifícios; não te fiz servir com ofertas, nem te fatiguei com incenso.
24 Não me compraste por dinheiro cana aromática, nem com a gordura dos teus sacrifícios me satisfizeste; mas me deste trabalho com os teus pecados, e me cansaste com as tuas iniqüidades.
25 Eu, eu mesmo, sou o que apago as tuas transgressões por amor de mim, e dos teus pecados não me lembro.
26 Procura lembrar-me; entremos juntos em juizo; apresenta as tuas razães, para que te possas justificar!
27 Teu primeiro pai pecou, e os teus intérpretes prevaricaram contra mim.
28 Pelo que profanei os príncipes do santuário; e entreguei Jacó ao anátema, e Israel ao opróbrio.
Isaías capítulo 43