Joel (O Senhor [Jeová] é o seu Deus), era filho de Petuel (Visão de Deus). O escritor Joel não pode ser identificado com qualquer pessoa na Bíblia, embora haja algumas outras com esse nome. Esta é a única vez que o nome de seu pai, Petuel, é mencionado. Sua história pessoal, portanto, só é conhecida de seu livro. Calcula-se que Joel pode ter vivido entre 920 e 830 AC.
Há poucos eventos históricos cronológicos na profecia para indicar quando foi escrita. No entanto, existem algumas boas indicações:
Como tal, fornece um quadro para o fim dos tempos, chamado "O Dia do Senhor”, um termo que apresenta e define, e que a Escritura expande subsequentemente. Com essa profecia Deus dá o primeiro aviso para a humanidade sobre o fim desta era.
Uma grande desolação é prevista na primeira metade da profecia, até o capítulo 2:17, vindo depois a restauração, até o fim do livro.
A profecia é notável pela sua qualidade literária, pelo uso de uma praga de gafanhotos como uma imagem da entrada das tropas no grande e terrível dia do Senhor (Provérbios 30:27), e pela predição do derramamento do Espírito de Deus sobre toda a carne.
Parece que quando a profecia foi escrita a terra estava no meio de uma praga de gafanhotos tão grande como nunca se havia visto antes.
As perguntas feitas aos homens idosos pelo profeta lembram-nos que, à medida que envelhecemos, tendemos a dizer que nos velhos tempos as coisas eram melhores do que na atualidade! As respostas esperadas seriam negativas.
O profeta continua a dizer aos mais velhos para tomarem boa nota desta praga, a fim de transmitir a sua descrição para seus filhos e as gerações seguintes, porque era tão singular. Esta praga de gafanhotos, um evento natural por ali, era sem igual a qualquer outra praga já ocorrida.
Isso nos lembra das palavras do Senhor em Mateus 24:21: "porque haverá então uma tribulação tão grande, como nunca houve desde o princípio do mundo até agora, nem jamais haverá". Aqui está o paralelo, que nos fornece a chave para a profecia. O Dia do Senhor será inaugurado com a Grande Tribulação, após o arrebatamento da igreja, e será pior do que qualquer outra havida no passado ou mesmo das que houverem depois neste mundo. Serão uns poucos anos dramáticos e catastróficos, acima de qualquer experiência humana, conforme já está previsto na Bíblia, especialmente no livro do Apocalipse, ao fim dos quais Cristo virá estabelecer o Seu Reino.
Os gafanhotos no Oriente Médio são conhecidos por crescer e se multiplicarem no campo até o ponto em que não houver mais alimento. Então, como se fosse dado algum sinal, sobem para o ar em uma grande massa, uma nuvem de insetos vivos, e voam juntos, como uma nuvem levada pelo vento, até encontrarem novos campos verdes, provavelmente de culturas, onde descem para levar destruição total, repetindo em seguida esse procedimento.
A progressão do gafanhoto, no versículo 4: "... devorar ... pulular ... engatinhar ... consumir ..." provavelmente se refere às fases de desenvolvimento desse inseto: primeiro o adulto que, tendo comido tudo voa em um enxame até descer numa pastagem, depois seus filhotes engatinhando pelo chão e pululando como grilos, consumindo tudo até ficarem adultos. Pode-se entender também um enxame após outro.
A curto prazo é uma ilustração da iminente invasão de Judá por um exército do Norte (Assíria). Alguns comentadores acham que as quatro fases do gafanhoto tipificam os quatro impérios mundiais que dominaram sobre Israel, em sucessão: Babilônia, Medo-Pérsia, Grécia e Roma.
Há também um paralelo entre esses quatro bandos de gafanhotos e a abertura do período da Grande Tribulação. Naquele tempo, haverá quatro cavaleiros em sucessão: após uma falsa paz irrompe a guerra seguida por uma grande fome, e então, finalmente, surge o cavalo amarelo da morte (Apocalipse 6:8). O mundo estará totalmente devastado quando o Senhor Jesus Cristo voltar à terra para estabelecer o Seu Reino.
Entendemos que os gafanhotos tinham começado por consumir as vinhas e não haveria mais vinho para os bêbedos. É notável que, no início da queda da nação de Israel, os bêbedos são mencionados em primeiro lugar. Dois séculos depois, os bêbedos são novamente mencionados em profecias (Isaías 28:1,3 e Naum 1:10).
Durante os quarenta anos de peregrinação no deserto, entre outras coisas, Israel não tinha provado o vinho, nem bebida forte "para que soubésseis que eu sou o Senhor vosso Deus" (Deuteronômio 29:6). Consumiram vinho quando entraram na sua terra, mas parece que evitavam a embriaguez bebendo-o novo, como suco de uva ou misturado com água ou leite (por exemplo, Cantares 5:1).
Freqüentemente somos alertados hoje que a maioria dos acidentes de trânsito que ocorrem nas nossas estradas, resultando em ferimentos graves e morte, são causados por algum indivíduo que está embriagado. Famílias inteiras têm sido arruinadas por causa do alcoolismo, mas é promovido em anúncios, nos meios de comunicação considera-se engraçado e até é moda embebedar-se. Mas os bêbedos não herdarão o Reino de Deus (1 Coríntios 6:10).
Já desde o seu início, a embriaguez começou a desgastar os alicerces da nação de Israel. Este é o único pecado mencionado por Joel. Não mencionou a idolatria, o grande pecado de afastar-se de Deus, que finalmente derrubou o país de Israel. Em seu tempo, o povo da nação de Judá onde estava ainda fazia uma profissão de adorar a Deus.
Schofield escreve em suas notas de estudo:
De acordo com o método usual do Espírito na profecia, mostra-se que alguma circunstância local tem significado espiritual, e isso é feito na oportunidade de uma profecia de longo alcance (por exemplo, Isaías 7:1-14, onde a invasão pela Síria e a incredulidade de Acaz dão oportunidade para a grande profecia do versículo 14).
Aqui em Joel se mostra como uma praga de insetos devoradores tem um significado espiritual (Joel 1:13, 14) e se torna uma oportunidade para iniciar a profecia do dia do Senhor, ainda não cumprida. Esta é mais desenvolvida em Joel 2, onde os gafanhotos literais são deixados para trás, e o futuro Dia do Senhor enche a cena.
O quadro todo é do fim da era atual, dos "tempos dos gentios" (Lucas 21:24); da batalha de Armagedom (Apocalipse 16:14; 19:11-21); do reajuntamento de Israel (Romanos 11:26) e da bênção do reino.
É notável que Joel, vindo no início da profecia escrita (836 aC), dá a visão mais completa da consumação de todas as profecias escritas. A ordem dos acontecimentos é:
A invasão da Palestina vinda do norte, por poderes gentíos mundiais liderados pela Besta e o falso profeta (Joel 2:1-10).
O exército do Senhor e a destruição dos invasores (Joel 2:11; Ap 19:11-21).
O arrependimento de Judá na terra (Joel 2:12-17).
A resposta de Jeová (Joel 2:18-27).
O derramamento do Espírito nos "últimos dias" (judeus) (Joel 2:28, 29).
O retorno do Senhor em glória e a formação do reino (Joel 2:30-32 e Atos 15:15-17) mediante o reajuntamento da nação e o julgamento das nações (Joel 3:1-16).
A total e permanente bênção do reino (Joel 3:17-21, Zacarias 14:1-21).
1 Palavra do Senhor, que foi dirigida a Joel, filho de Petuel.
2 Ouvi isto, vós anciãos, e escutai, todos os moradores da terra: Aconteceu isto em vossos dias, ou nos dias de vossos pais?
3 Fazei sobre isto uma narração a vossos filhos, e vossos filhos a transmitam a seus filhos, e os filhos destes à geração seguinte.
4 O que a locusta cortadora deixou, a voadora o comeu; e o que a voadora deixou, a devoradora o comeu; e o que a devoradora deixou, a destruidora o comeu.
5 Despertai, bêbedos, e chorai; gemei, todos os que bebeis vinho, por causa do mosto; porque tirado é da vossa boca.
Joel capítulo1, versículos 1 a 5