Os reis dos amorreus habitavam no lado ocidental do rio Jordão, para onde os israelitas atravessaram. Como o rio Jordão estava alagado, tanto eles como os reis dos cananeus julgavam que os israelitas teriam que esperar muito até que o rio baixasse o suficiente para atravessarem a vau, dando-lhes tempo de preparar sua defesa. O milagre que permitiu sua travessia a seco deixou-os desanimados e aflitos.
Desde que saíram do Egito, os israelitas não haviam circuncidado os seus filhos, como demandava a aliança abrâamica que lhes deu a terra de Canaã (Gênesis 17). Para que Deus cumprisse a sua promessa, eles precisavam cumprir a sua parte: o SENHOR mandou que Josué preparasse facas de pedra e circuncidasse todos os filhos de Israel antes de prosseguirem em sua conquista.
O opróbrio do Egito provavelmente se refere à humilhação dos hebreus ao sofrerem a escravidão do Egito, quando lhes parecia que Deus os havia esquecido e portanto a circuncisão perdera o seu significado. Agora era uma nova geração, livre e circuncidada, e o opróbrio do Egito foi "rolado" do povo: viraram uma nova página em sua história. Gilgal significa rolando.
Temos nisto uma advertência para nós: a velha natureza não pode herdar nem mesmo apreciar as bênçãos espirituais, nossa Canaã. A carne e o Espírito são opostos e lutam entre si (Gálatas 5:17). A circuncisão nos fala da mortificação dos feitos do corpo (Rom. 8:13), e as facas afiadas nos lembram a Palavra de Deus (Hebreus 4:12).
Em seguida os israelitas celebraram a páscoa, sendo o dia quatorze do primeiro mês daquele 41o° ano desde a sua saída do Egito.
No dia seguinte à páscoa, eles comeram do fruto da terra e o maná cessou. O maná, como o cordeiro da páscoa, era uma figura de Cristo, o pão que veio do céu, a sua carne (João 6:49-51) que sofreu a morte, dada para a remissão de muitos.
Da mesma maneira como o SENHOR havia aparecido a Moisés em uma sarça ardente, agora Ele apareceu a Josué, desta vez na forma de um homem com uma espada nua na mão. Josué, zeloso de sua posição de comandante dos israelitas, pediu que ele declarasse se era dos israelitas ou dos adversários. O homem respondeu que não era uma coisa nem outra, mas príncipe do exército do SENHOR.
Josué logo percebeu que era o próprio SENHOR, prostrou-se em adoração e pediu suas instruções. Como fez com Moisés, o SENHOR o instruiu a tirar as sandálias de seus pés, porque o lugar em que estava era santo. Tirar as sandálias era um sinal de profundo respeito, reverência. Não que o lugar, em si, fosse um santuário mas a sua santidade consistia na presença de Deus nele, naquele momento.
Hoje o santuário, ou templo de Deus, consiste no corpo de Cristo, os seus remidos, a igreja local (Efésios 2:20-22). Isto inclui o corpo de cada crente (1 Coríntios 6:19,20). Tenhamos profundo respeito e reverência pela presença de Deus em nossos corpos e na congregação dos santos, assim como o SENHOR o exigiu de Moisés e Josué na Sua presença (1 Coríntios 3:16,17, 11:22, 29, Romanos 12:1, Eclesiastes 5:1-3).
O acampamento de Israel estava defronte Jericó, logo esta cidade teria que ser tomada antes de prosseguirem em sua conquista da terra. Mas Jericó era uma cidade fortificada, cercada de muralhas altas, e preparada para se defender. Segundo as táticas militares daquele tempo seria necessário escalar as muralhas, com grande risco de vida, para abrir seus portões à força e permitir a entrada do exército israelita.
Os defensores estavam com grande vantagem por causa da sua posição em cima das muralhas. Era preciso um milagre para que fosse conquistada depressa e sem muita perda para os israelitas. E esse milagre foi realizado!
Antes de Josué preparar sua estratégia militar, o SENHOR lhe disse que tinha entregue em sua mão a Jericó, ao seu rei e aos seus valentes: a batalha estava ganha. Bastava-lhe apenas entrar na cidade, e o SENHOR explicou-lhe como derrubar as muralhas.
O número sete, da perfeição, aparece em todo o processo:
Sete sacerdotes
Sete trombetas de chifres de carneiros
Sete dias
Sete voltas no último dia.
Era necessária muita fé, e obediência, por parte de Josué e do povo para cumprirem à risca as instruções que o SENHOR lhes deu. Este método de derrubar muralhas era inaudito, e, sem dúvida, teriam que sofrer a zombaria dos defensores que acompanhavam suas caminhadas do alto das muralhas. Isto nos lembra que as vitórias espirituais são alcançadas mediante princípios que parecem tolos e inadequados aos olhos do mundo (1 Coríntios 1:17-29; 2 Coríntios 10:3-5).
Pela fé de Josué e do seu povo, as muralhas de Jericó caíram por completo depois de rodeadas sete dias (Hebreus 11:30). Ainda hoje existem escavações, abertas aos turistas, onde se vêem claramente que as altas muralhas de pedra, com dez metros de altura e sete de largura em alguns lugares, afundaram com seus alicerces. Foi mediante a fé que os heróis do Velho Testamento venceram o mundo que os rodeava (Hebreus 11). Também é Deus quem vence a batalha para nós contra o mundo, mediante a nossa fé (1 João 5:4).
Josué ordenou que todos os habitantes da cidade e todos os seus animais fossem destruídos totalmente ao fio da espada, e a cidade e tudo o que havia nela fossem queimados a fogo. Houve duas exceções:
Josué fez ainda o povo amaldiçoar diante do SENHOR quem se levantasse para reedificar essa cidade: ao por os alicerces morreria seu primogênito, e ao colocar as portas, seu caçula (ver 1 Reis 16).
A destruição de Jericó e a proibição de reconstruí-la seguiu o mandamento do SENHOR no que se refere à destruição das cidades em Canaã que faziam abominações a seus deuses (Deuteronômio 13:12-16, e 20:16-18).
O sucesso obtido confirmou a presença do SENHOR com Josué, e ele se tornou famoso em toda a terra: a notícia da queda de Jericó era assustadora, pois se tratava de uma fortaleza considerada inexpugnável pelos cananeus.
Capítulo 5:
1 E sucedeu que, ouvindo todos os reis dos amorreus que habitavam desta banda do Jordão, ao ocidente, e todos os reis dos cananeus que estavam ao pé do mar que o SENHOR tinha secado as águas do Jordão, de diante dos filhos de Israel, até que passamos, derreteu-se-lhes o coração, e não houve mais ânimo neles, por causa dos filhos de Israel.
2 Naquele tempo, disse o SENHOR a Josué: Faze facas de pedra e torna a circuncidar os filhos de Israel.
3 Então, Josué fez para si facas de pedra e circuncidou aos filhos de Israel em Gibeate-Haralote.
4 E foi esta a causa por que Josué os circuncidou: todo o povo que tinha saído do Egito, os varões, todos os homens de guerra, eram já mortos no deserto, pelo caminho, depois que saíram do Egito.
5 Porque todo o povo que saíra estava circuncidado, mas a nenhum do povo que nascera no deserto, pelo caminho, depois de terem saído do Egito, haviam circuncidado.
6 Porque quarenta anos andaram os filhos de Israel pelo deserto, até se acabar toda a nação, os homens de guerra, que saíram do Egito, que não obedeceram à voz do SENHOR, aos quais o SENHOR tinha jurado que lhes não havia de deixar ver a terra que o SENHOR jurara a seus pais dar-nos, terra que mana leite e mel.
7 Porém, em seu lugar, pôs a seus filhos; a estes Josué circuncidou, porquanto estavam incircuncisos, porque os não circuncidaram no caminho.
8 E aconteceu que, acabando de circuncidar toda a nação, ficaram no seu lugar no arraial, até que sararam.
9 Disse mais o SENHOR a Josué: Hoje, revolvi de sobre vós o opróbrio do Egito; pelo que o nome daquele lugar se chamou Gilgal, até ao dia de hoje.
10 Estando, pois, os filhos de Israel alojados em Gilgal, celebraram a Páscoa no dia catorze do mês, à tarde, nas campinas de Jericó.
11 E comeram do trigo da terra, do ano antecedente, ao outro dia depois da Páscoa; pães asmos e espigas tostadas comeram no mesmo dia.
12 E cessou o maná no dia seguinte, depois que comeram do trigo da terra, do ano antecedente, e os filhos de Israel não tiveram mais maná; porém, no mesmo ano, comeram das novidades da terra de Canaã.
13 E sucedeu que, estando Josué ao pé de Jericó, levantou os seus olhos, e olhou; e eis que se pôs em pé diante dele um homem que tinha na mão uma espada nua; e chegou-se Josué a ele e disse-lhe: És tu dos nossos ou dos nossos inimigos?
14 E disse ele: Não, mas venho agora como príncipe do exército do SENHOR. Então, Josué se prostrou sobre o seu rosto na terra, e o adorou, e disse-lhe: Que diz meu Senhor ao seu servo?
15 Então, disse o príncipe do exército do SENHOR a Josué: Descalça os sapatos de teus pés, porque o lugar em que estás é santo. E fez Josué assim.
Capítulo 6:
1 Ora, Jericó cerrou-se e estava cerrada por causa dos filhos de Israel: nenhum saía nem entrava.
2 Então, disse o SENHOR a Josué: Olha, tenho dado na tua mão a Jericó, e ao seu rei, e aos seus valentes e valorosos.
3 Vós, pois, todos os homens de guerra, rodeareis a cidade, cercando a cidade uma vez; assim fareis por seis dias.
4 E sete sacerdotes levarão sete buzinas de chifre de carneiro diante da arca, e no sétimo dia rodeareis a cidade sete vezes; e os sacerdotes tocarão as buzinas.
5 E será que, tocando-se longamente a buzina de chifre de carneiro, ouvindo vós o sonido da buzina, todo o povo gritará com grande grita; e o muro da cidade cairá abaixo, e o povo subirá nele, cada qual em frente de si.
6 Então, chamou Josué, filho de Num, os sacerdotes e disse-lhes: Levai a arca do concerto; e sete sacerdotes levem sete buzinas de chifre de carneiro diante da arca do SENHOR.
7 E disse ao povo: Passai e rodeai a cidade; e quem estiver armado passe adiante da arca do SENHOR.
8 E assim foi, como Josué dissera ao povo, que os sete sacerdotes, levando as sete buzinas de chifre de carneiro diante do SENHOR, passaram e tocaram as buzinas; e a arca do concerto do SENHOR os seguia.
9 E os armados iam adiante dos sacerdotes que tocavam as buzinas; e a retaguarda seguia após a arca, andando e tocando as buzinas.
10 Porém ao povo Josué tinha dado ordem, dizendo: Não gritareis, nem fareis ouvir a vossa voz, nem sairá palavra alguma da vossa boca, até ao dia em que eu vos diga: Gritai! Então, gritareis.
11 E fez a arca do SENHOR rodear a cidade, rodeando-a uma vez; e vieram ao arraial e passaram a noite no arraial.
12 Depois, Josué se levantou de madrugada, e os sacerdotes levaram a arca do SENHOR.
13 E os sete sacerdotes que levavam as sete buzinas de chifre de carneiro diante da arca do SENHOR iam andando e tocavam as buzinas; e os armados iam adiante deles, e a retaguarda seguia atrás da arca do SENHOR; os sacerdotes iam andando e tocando as buzinas.
14 Assim rodearam outra vez a cidade no segundo dia e tornaram para o arraial; e assim fizeram seis dias.
15 E sucedeu que, ao sétimo dia, madrugaram ao subir da alva e da mesma maneira rodearam a cidade sete vezes; naquele dia somente, rodearam a cidade sete vezes.
16 E sucedeu que, tocando os sacerdotes a sétima vez as buzinas, disse Josué ao povo: Gritai, porque o SENHOR vos tem dado a cidade!
17 Porém a cidade será anátema ao SENHOR, ela e tudo quanto houver nela; somente a prostituta Raabe viverá, ela e todos os que com ela estiverem em casa, porquanto escondeu os mensageiros que enviamos.
18 Tão-somente guardai-vos do anátema, para que não vos metais em anátema tomando dela, e assim façais maldito o arraial de Israel, e o turveis.
19 Porém toda a prata, e o ouro, e os vasos de metal e de ferro são consagrados ao SENHOR; irão ao tesouro do SENHOR.
20 Gritou, pois, o povo, tocando os sacerdotes as buzinas; e sucedeu que, ouvindo o povo o sonido da buzina, gritou o povo com grande grita; e o muro caiu abaixo, e o povo subiu à cidade, cada qual em frente de si, e tomaram a cidade.
21 E tudo quanto na cidade havia destruíram totalmente a fio de espada, desde o homem até à mulher, desde o menino até ao velho, até ao boi e gado miúdo e ao jumento.
22 Josué, porém, disse aos dois homens que tinham espiado a terra: Entrai na casa da mulher prostituta e tirai de lá a mulher com tudo quanto tiver, como lhe tendes jurado.
23 Então, entraram os jovens, os espias, e tiraram a Raabe, e a seu pai, e a sua mãe, e a seus irmãos, e a tudo quanto tinha; tiraram também a todas as suas famílias e puseram-nos fora do arraial de Israel.
24 Porém a cidade e tudo quanto havia nela queimaram-no a fogo; tão-somente a prata, e o ouro, e os vasos de metal e de ferro deram para o tesouro da Casa do SENHOR.
25 Assim, deu Josué vida à prostituta Raabe, e à família de seu pai, e a tudo quanto tinha; e habitou no meio de Israel até ao dia de hoje, porquanto escondera os mensageiros que Josué tinha enviado a espiar a Jericó.
26 E, naquele tempo, Josué os esconjurou, dizendo: Maldito diante do SENHOR seja o homem que se levantar e reedificar esta cidade de Jericó! Perdendo o seu primogênito, a fundará e sobre o seu filho mais novo lhe porá as portas.
27 Assim, era o SENHOR com Josué; e corria a sua fama por toda a terra.
Josué capítulo 5 e 6