Os judeus reclamavam que era inútil servir a Deus: não ganhavam nada quando obedeciam aos seus preceitos, e por ficarem se lamentando diante do SENHOR dos exércitos.
Eles viam os que praticavam o mal prosperando e escapando do castigo, e por isso os consideravam felizes. Em outras palavras, estavam considerando como bênçãos a saúde, a prosperidade material e a aparente falta de punição daqueles que praticavam o mal, portanto não viam vantagem em se sacrificarem para obedecer às ordenanças de Deus.
É semelhante a outra reclamação mencionada antes na profecia, de que Deus não faz justiça porque "todos os que fazem o mal são bons aos olhos do SENHOR, e Ele se agrada deles" (cap. 2:17). O SENHOR se sente ofendido com essas atitudes porque essas palavras usadas contra Ele são agressivas.
Há duas coisas a considerar aqui: a razão para servir a Deus e a natureza das bênçãos de Deus.
Eles tinham um motivo egoísta para servir a Deus: esperavam ser recompensados com isso. Deduzimos pela expressão "andar de luto diante do SENHOR dos exércitos" que não tinham prazer em servi-lo. Como as recompensas não lhes vinham de imediato, sem dúvida sua tristeza aumentava. Se sua motivação tivesse sido o amor a Deus, ou mesmo o temor dEle, sua atitude seria muito diferente.
Hoje em dia há muitos que fazem as ações que consideram próprias do serviço a Deus pelo mesmo motivo: ir à igreja, executar rituais, mesmo fazer doações de caridade. Eles não têm prazer nisso e, como esses judeus, vão ficar desapontados porque não lhes advirá algum benefício imediato.
A natureza das bênçãos de Deus também estava sendo mal entendida. A nação de Israel recebia bênçãos materiais, e recebia paz e prosperidade em troca da sua lealdade ao SENHOR seu Deus.
No entanto, as bênçãos de Deus a nós que O tememos e amamos são de muito maior valor e duram muito mais do que boa saúde e riqueza material nesta vida. Assim lemos no Salmo 73:23-27: "estou de contínuo contigo; tu me seguraste pela mão direita. Guiar-me-ás com o teu conselho e, depois, me receberás em glória. A quem tenho eu no céu senão a ti? E na terra não há quem eu deseje além de ti. A minha carne e o meu coração desfalecem; mas Deus é a fortaleza do meu coração e a minha porção para sempre. Pois eis que os que se alongam de ti perecerão; tu tens destruído todos aqueles que, apostatando, se desviam de ti."
Provações e tribulações, não boa saúde e prosperidade, são parte da nossa vida aqui de quem teme a Deus e confia no Senhor Jesus, como Ele mesmo sofreu durante o Seu ministério na terra. Nossa herança e recompensa estão esperando por nós no céu.
Entre aquele povo havia alguns que realmente temiam a Deus. Por causa do sentimento que compartilhavam para com Ele, eles se juntavam e falavam uns com os outros e gozavam a comunhão entre si. Isto nos lembra muito do povo de Deus em nosso tempo, que faz parte da igreja de Cristo.
A igreja de Cristo nada tem a ver com os prédios de tijolos e pedra, ou com as instituições humanas que se chamam de igrejas, mas é composta de todas as pessoas desde o tempo de Cristo que, porque têm o temor de Deus, vieram ao Senhor Jesus e O receberam como seu Senhor e Salvador pessoal.
Por causa da sua fé em comum, eles se ajuntam em grupos locais para desfrutar da comunhão uns com os outros e para instrução, apoio mútuo e crescimento "para templo santo no Senhor, no qual também vós juntamente sois edificados para morada de Deus no Espírito" (Efésios 2:21-22).
Cada grupo local é uma igreja de Deus, tem vida própria, debaixo da supremacia de Cristo; nasce e também pode morrer: não há garantia de perpetuidade.
A igreja local pode morrer por causas naturais: por exemplo, se não sobrar ninguém após a morte ou transferência de localidade dos seus membros. Pode também morrer por causas espirituais: envenenada por heresias, contaminada por alianças com o mundo ou estrangulada por regulamentos e tradições humanas.
Voltando aos fiéis do tempo de Malaquias, lemos que "o SENHOR atenta e ouve; e há um memorial escrito diante dele, para os que temem ao SENHOR e para os que se lembram do seu nome."
Aprendemos a respeito dos livros de Deus em alguns lugares das Escrituras. Nomes de pessoas são neles escritos, e parece haver a possibilidade de nomes serem apagados. É certo que Deus nunca esquece e Ele não precisa de um livro para ajudar a Sua memória. Podemos pensar que isto é uma figura de linguagem, mas é certamente possível e mesmo provável que algum registro seja mantido no Céu para o uso das Suas criaturas quando cumprem os Seus decretos. Entendemos melhor quando é chamado de livro, com o que estamos acostumados.
Somente os nomes daqueles que temiam ao SENHOR e que honravam o Seu nome foram escritos no livro. Isso nos lembra Apocalipse 20:12-15, onde está profetizado que muitos livros serão abertos diante do Grande Trono Branco mas somente um Livro da Vida.
Nesse julgamento, o fato de ter o nome inscrito no Livro da Vida salvará uma pessoa do lago de fogo: esta é a morte ou perdição eterna, sem outra oportunidade para reconciliação com Deus. Quem for condenado será julgado segundo as suas obras escritas nos livros, indicando que é possível que haja diferentes graus de severidade na sua punição.
O memorial escrito na presença do SENHOR no tempo de Malaquias diz respeito às obras dos que temiam o SENHOR, a quem Ele ouvia com atenção. Eles foram salvos, porque "o SENHOR terá compaixão deles como um pai tem compaixão do filho que lhe obedece". Isto nos lembra que os que são salvos pela fé em Cristo são também adotados por Deus como Seus filhos.
Os israelitas ansiavam pelo dia em que o SENHOR seu Deus cumpriria a Sua promessa aos patriarcas colocando Israel sobre todas as nações, debaixo do Seu controle. Eles esperavam a chegada do Messias a qualquer momento. Decerto é a esse dia que a profecia se refere, e é quando estes cujas obras estão no memorial, serão os ornamentos do Seu reino.
É uma maneira amável de dizer como os fiéis de Israel são preciosos para Deus. E os que pertencem à Sua igreja estarão ali também e reinarão com Ele. Na parábola do Senhor Jesus Cristo a igreja é representada por uma pérola de grande preço, tendo sido comprada pelo Seu próprio sangue.
O remanescente dos que temem ao SENHOR que estiverem vivos no início do Seu reino (o milênio) serão poupados "como um homem poupa a seu filho que o serve." Então "vereis outra vez a diferença entre o justo e o ímpio; entre o que serve a Deus e o que não o serve".
Naqueles dias DEUS distinguirá entre os que O temem e os que apenas satisfazem os seus próprios interesses, coisa que para nós é difícil. Deus o fará com justiça porque conhece o coração de cada um. O Senhor Jesus contou a parábola do joio e do trigo para ilustrar a situação.
No dia escolhido por Deus, em que haverá o julgamento dos vivos por ocasião da volta do Senhor Jesus para estabelecer o Seu reino, Ele vai separar os justos dos ímpios entre os que servem a Deus e os que não O servem. E todos vão saber.
13 As vossas palavras foram agressivas para mim, diz o SENHOR; mas vós dizeis: Que temos falado contra ti?
14 Vós dizeis: Inútil é servir a Deus; que nos aproveitou termos cuidado em guardar os seus preceitos e em andar de luto diante do SENHOR dos Exércitos?
15 Ora, pois, nós reputamos por bem-aventurados os soberbos; também os que cometem impiedade se edificam; sim, eles tentam ao SENHOR e escapam.
16 Então, aqueles que temem ao SENHOR falam cada um com o seu companheiro; e o SENHOR atenta e ouve; e há um memorial escrito diante dele, para os que temem ao SENHOR e para os que se lembram do seu nome.
17 E eles serão meus, diz o SENHOR dos Exércitos, naquele dia que farei, serão para mim particular tesouro; poupá-los-ei como um homem poupa a seu filho que o serve.
18 Então, vereis outra vez a diferença entre o justo e o ímpio; entre o que serve a Deus e o que não o serve.