Munido das cartas de salvo-conduto do rei e escoltado por chefes do exército e cavaleiros, Neemias foi até Jerusalém, apresentando-se aos governadores pelo caminho.
Dois inimigos de Israel, ao saberem que ele tinha ido para procurar o bem dos israelitas, se desagradaram imensamente. Eram o horonita Sambalate e o "servo" amonita Tobias.
Sambalate era originário de Horonaim, uma cidade moabita, e ocupava uma posição de autoridade em Samaria, antiga capital do reino das dez tribos de Israel. Os moabitas, descendentes do filho mais velho de Ló, eram perenes inimigos dos israelitas.
Tobias era amonita: os amonitas eram descendentes do segundo filho de Ló e também foram grandes inimigos dos israelitas. Tobias usava sua grande influência para se opor aos judeus.
Três dias após sua chegada em Jerusalém, sem ter revelado a ninguém o que pretendia fazer, Neemias fez um reconhecimento do muro da cidade e das suas portas, à noite, com uma pequena escolta. Ele tomou cuidado para não atrair atenção, e manter segredo sobre os seus planos para despistar os seus inimigos.
Neemias conseguiu assim ver pessoalmente os muros fendidos e as portas queimadas, e o entulho. Conhecendo o problema em primeira mão, ele estava em melhores condições para resolvê-lo.
Só depois de feita a inspeção, e de ter avaliado o trabalho a fazer, foi que ele convocou os judeus, os nobres, os magistrados e os mais que faziam a obra, para uma reunião. Nela ele os exortou a reedificar o muro para acabar com a vergonha em que se encontravam, e contou como a mão de Deus lhe fora favorável e o próprio rei o havia estimulado em sua missão de reedificar o muro e a cidade de Jerusalém.
Todos aqueles líderes do povo então exclamaram "levantemo-nos e edifiquemos!" e prontamente se lançaram com as mãos à obra.
Mas os seus inimigos Sambalate e Tobias, aos quais se juntou também outro, Gesém, o arábio, procuraram desanimá-los com zombaria e desprezo, e a falsa acusação de estarem querendo se rebelar contra o rei.
Sempre que iniciamos um trabalho na obra de Deus encontramos aqueles que procuram nos desanimar, às vezes ridicularizando o nosso objetivo, ou procurando nos convencer que somos incapazes.
Neemias não se deixou intimidar e replicou com firmeza que ele e os seus companheiros se empenhariam na edificação à qual o Deus dos céus, a quem serviam, daria sucesso, mas que eles três nada tinham a ver com isso: eles não tinham parte, nem justiça, nem memória em Jerusalém.
Temos em seguida uma lista detalhada dos que desenvolveram a obra de reconstrução do muro e o que fizeram. Seu nomes ficaram registrados através dos séculos nestas páginas. Pouco ou nada sabemos a respeito de cada um salvo a maneira em que cada um cooperou para que o muro fosse reconstruído, com as portas.
Jerusalém era uma cidade grande para a época, e precisava de várias portas porque várias estradas convergiam nela. O muro de cada lado dessas portas pesadas de madeira era mais elevado e grosso para agüentar as portas e acomodar os soldados encarregados de protegê-las contra ataques. Algumas portas ficavam entre duas torres para maior segurança.
Em tempos de paz as portas eram lugar de grande atividade, com reuniões das câmaras municipais, e feiras livres para compra e venda de mercadorias, mantimentos e objetos domésticos. A construção do muro da cidade e das suas portas representava não somente uma prioridade militar de defesa mas também um incentivo ao comércio.
Observamos que:
O sumo sacerdote Eliasibe e os demais sacerdotes são os primeiros a serem mencionados. Eles não deixaram que a sua vocação espiritual no templo os impedisse de "baixarem" para o trabalho braçal envolvido na reconstrução. A Porta das Ovelhas era a porta usada para trazer ovelhas para dentro da cidade para os sacrifícios no templo. Neemias convocou os sacerdotes para consertá-la com a respectiva parte do muro, respeitando a área que mais interessava a eles e ao mesmo tempo enfatizando a prioridade da adoração. Apropriadamente, os sacerdotes também consagraram a Porta das Ovelhas e duas torres, chamadas Meá (Cem) e Hananael (Dado Graciosamente por Deus).
avia um mercado de peixes junto à Porta do Peixe, onde vinha dar a estrada principal por onde vinham os comerciantes de Tiro, do mar da Galiléia e de outras regiões de pescaria para vender os seus produtos
Os nobres da cidade de Tecoa se recusaram a colaborar. Foram os únicos aqui mencionados que não apoiaram a obra de reconstrução do muro. Freqüentemente encontramos, mesmo no trabalho de Deus, aqueles que se acham superiores ao trabalho pesado. É melhor, às vezes, não tomar conhecimento deles. A sua falta de cooperação será sempre lembrada pelos demais que trabalharam.
Por outro lado, alguns homens bem colocados na sociedade são mencionados como tendo trabalhado no muro : Uziel, filho de Haraías, um dos ourives; Hananias, filho de um dos boticários; Refaías, filho de Hur, maioral da metade de Jerusalém; Salum, filho de Haloés, maioral da outra meia parte de Jerusalém, ele e suas filhas.
As filhas de Salum se notabilizaram por ajudarem seu pai neste trabalho próprio para homens: era uma emergência nacional. Quase todos se dedicaram à tarefa voluntariamente, colaborando da melhor forma que podiam.
Neemias soube fazer com que cada um visse a importância e o significado do que fazia dentro deste grande projeto, assim assegurando trabalho de alta qualidade e satisfação pessoal de todos.
As portas nos dizem:
1. A porta das Ovelhas: foi por onde Cristo entrou em Jerusalém (João 5:2). Ele é o Cordeiro de Deus.
2. A porta do Peixe: "Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens" (Mateus 4.19). Ele procurou os Seus discípulos.
3. A porta Velha: "Ponde-vos nos caminhos, e vede, e perguntai pelas veredas antigas, qual é o bom caminho, e andai por ele; e achareis descanso para a vossa alma" (Jeremias 6:16). O Senhor Jesus disse: "Eu sou o caminho …"
4. A porta do Vale: "Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte, não temeria mal algum, porque tu estás comigo" (Salmo 23:4). A sombra da morte não traz temor ao cristão.
5. A porta do Monturo: "Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça" (1 João 1:9). O sangue de Cristo nos purifica.
6. A porta da Fonte: "Quem crê em mim, como diz a Escritura, rios de água viva correrão do seu ventre." (João 7:38). O Espírito Santo habita no crente quando ele se converte e nasce de novo.
7. A porta das Águas: "Vós já estais limpos pela palavra que vos tenho falado" (João 15:3). A Palavra de Deus nos lava, como água.
8. A porta dos Cavalos: "Sofre, pois, comigo, as aflições, como bom soldado de Jesus Cristo" (2 Timóteo 2.3). Os cavalos eram usados pelos soldados na guerra. O crente é um soldado de Cristo.
9. A porta Oriental: era a primeira porta a ser aberta, no nascer do sol, indicando o fim da noite. O crente espera também o raiar do dia quando o Senhor Jesus voltará para levá-lo consigo.
10. A porta de Mifcade (revista, registro): "todos devemos comparecer ante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o que tiver feito por meio do corpo, ou bem ou mal" (2 Coríntios 5:10). Cada crente receberá um galardão correspondente ao que fez pelo seu Senhor aqui na terra.
Capítulo 2:
...
9 Então, vim aos governadores dalém do rio e dei-lhes as cartas do rei; e o rei tinha enviado comigo chefes do exército e cavaleiros.
10 O que ouvindo Sambalate, o horonita, e Tobias, o servo amonita, lhes desagradou com grande desagrado que alguém viesse a procurar o bem dos filhos de Israel.
11 E cheguei a Jerusalém e estive ali três dias.
12 E, de noite, me levantei, eu e poucos homens comigo, e não declarei a ninguém o que o meu Deus me pôs no coração para fazer em Jerusalém; e não havia comigo animal algum, senão aquele em que estava montado.
13 E, de noite, saí pela Porta do Vale, para a banda da Fonte do Dragão e para a Porta do Monturo e contemplei os muros de Jerusalém, que estavam fendidos, e as suas portas, que tinham sido consumidas pelo fogo.
14 E passei à Porta da Fonte e ao viveiro do rei; e não havia lugar por onde pudesse passar a cavalgadura que estava debaixo de mim.
15 Então, de noite, subi pelo ribeiro e contemplei o muro; e voltei, e entrei pela Porta do Vale, e assim voltei.
16 E não souberam os magistrados aonde eu fui nem o que eu fazia; porque ainda até então nem aos judeus, nem aos nobres, nem aos magistrados, nem aos mais que faziam a obra tinha declarado coisa alguma.
17 Então, lhes disse: Bem vedes vós a miséria em que estamos, que Jerusalém está assolada e que as suas portas têm sido queimadas; vinde, pois, e reedifiquemos o muro de Jerusalém e não estejamos mais em opróbrio.
18 Então, lhes declarei como a mão do meu Deus me fora favorável, como também as palavras do rei, que ele me tinha dito. Então, disseram: Levantemo-nos e edifiquemos. E esforçaram as suas mãos para o bem.
19 O que ouvindo Sambalate, o horonita, e Tobias, o servo amonita, e Gesém, o arábio, zombaram de nós, e desprezaram-nos, e disseram: Que é isso que fazeis? Quereis rebelar-vos contra o rei?
20 Então, lhes respondi e disse: O Deus dos céus é o que nos fará prosperar; e nós, seus servos, nos levantaremos e edificaremos; mas vós não tendes parte, nem justiça, nem memória em Jerusalém.
Capítulo 3:
1 E levantou-se Eliasibe, o sumo sacerdote, com os seus irmãos, os sacerdotes, edificaram a Porta do Gado, a qual consagraram, e levantaram as suas portas; e até a Torre de Meá consagraram e até a Torre de Hananel.
2 E, junto a ele, edificaram os homens de Jericó; também, ao seu lado, edificou Zacur, filho de Inri.
3 E a Porta do Peixe edificaram os filhos de Hassenaá, a qual emadeiraram, e levantaram as suas portas com as suas fechaduras e os seus ferrolhos.
4 E, ao seu lado, reparou Meremote, filho de Urias, filho de Coz; e, ao seu lado, reparou Mesulão, filho de Berequias, filho de Mesezabel; e, ao seu lado, reparou Zadoque, filho de Baaná.
5 E, ao seu lado, repararam os tecoítas; porém os seus nobres não meteram o seu pescoço ao serviço de seu senhor.
6 E a Porta Velha repararam-na Joiada, filho de Paséia; e Mesulão, filho de Besodias; estes a emadeiraram e levantaram as suas portas com as suas fechaduras e os seus ferrolhos.
7 E, ao seu lado, repararam Melatias, o gibeonita, e Jadom, meronotita, homens de Gibeão e Mispa, que pertenciam ao domínio do governador daquém do rio.
8 Ao seu lado, reparou Uziel, filho de Haraías, um dos ourives; e, ao seu lado, reparou Hananias, filho de um dos boticários; e fortificaram a Jerusalém até ao Muro Largo.
9 E, ao seu lado, reparou Refaías, filho de Hur, maioral da metade de Jerusalém.
10 E, ao seu lado, reparou Jedaías, filho de Harumafe, e defronte de sua casa; e, ao seu lado, reparou Hatus, filho de Hasabnéias.
11 A outra porção reparou Malquias, filho de Harim, e Hassube, filho de Paate-Moabe, como também a Torre dos Fornos.
12 E, ao seu lado, reparou Salum, filho de Haloés, maioral da outra meia parte de Jerusalém, ele e suas filhas.
13 A Porta do Vale, reparou-a Hanum e os moradores de Zanoa; estes a edificaram e lhe levantaram as portas com fechaduras e os seus ferrolhos, como também mil côvados do muro, até à Porta do Monturo.
14 E a Porta do Monturo, reparou-a Malquias, filho de Recabe, maioral do distrito de Bete-Haquerém; este a edificou e lhe levantou as portas com as suas fechaduras e os seus ferrolhos.
15 E a Porta da Fonte reparou-a Salum, filho de Col-Hozé, maioral do distrito de Mispa; este a edificou, e a cobriu, e lhe levantou as portas com as suas fechaduras e os seus ferrolhos, como também o muro do viveiro de Selá, ao pé do jardim do rei, mesmo até aos degraus que descem da Cidade de Davi.
16 Depois dele, edificou Neemias, filho de Azbuque, maioral da metade de Bete-Zur, até defronte dos sepulcros de Davi, e até ao viveiro artificial, e até à casa dos varões.
17 Depois dele, repararam os levitas, Reum, filho de Bani, e, ao seu lado, reparou Hasabias, maioral da metade de Queila, no seu distrito.
18 Depois dele, repararam seus irmãos: Bavai, filho de Henadade, maioral da outra meia parte de Queila;
19 ao seu lado, reparou Ezer, filho de Jesua, maioral de Mispa, outra porção, defronte da subida para a casa das armas, à esquina.
20 Depois dele, reparou com grande ardor Baruque, filho de Zabai, outra medida, desde a esquina até à porta da casa de Eliasibe, o sumo sacerdote.
21 Depois dele, reparou Meremote, filho de Urias, filho de Coz, outra porção, desde a porta da casa de Eliasibe até à extremidade da casa de Eliasibe.
22 E, depois dele, repararam os sacerdotes que habitavam na campina.
23 Depois, repararam Benjamim e Hassube, defronte da sua casa; depois deles, reparou Azarias, filho de Maaséias, filho de Ananias, junto à sua casa.
24 Depois dele, reparou Binui, filho de Henadade, outra porção, desde a casa de Azarias até à esquina e até ao canto.
25 Palal, filho de Uzai, reparou defronte da esquina e a torre que sai da casa real superior, que está junto ao pátio da prisão; depois dele, reparou Pedaías, filho de Parós,
26 e os netineus, que habitavam em Ofel, até defronte da Porta das Águas, para o oriente, e até à torre alta.
27 Depois, repararam os tecoítas outra porção, defronte da torre grande e alta e até ao Muro de Ofel.
28 Desde a Porta dos Cavalos, repararam os sacerdotes, cada um defronte da sua casa.
29 Depois deles, reparou Zadoque, filho de Imer, defronte de sua casa, e, depois dele, reparou Semaías, filho de Secanias, guarda da Porta Oriental.
30 Depois dele, reparou Hananias, filho de Selemias, e Hanum, filho de Zalafe, o sexto, outra porção; depois deles reparou Mesulão, filho de Berequias, defronte da sua câmara.
31 Depois dele, reparou Malquias, filho de um ourives, até à casa dos netineus e mercadores, defronte da Porta de Mifcade, e até à câmara do canto.
32 E, entre a câmara do canto e a Porta do Gado, repararam os ourives e os mercadores.