Todos os israelitas haviam se instalado em suas cidades, após o término do muro de Jerusalém, mas todos se reuniram na praça, em frente da porta das Águas do muro no primeiro dia do sétimo mês.
Pediram então ao escriba Esdras que trouxesse o Livro da Lei de Moisés, que o Senhor dera a Israel. É a primeira vez que Esdras o sacerdote e escriba é mencionado no livro de Neemias.
Esdras havia ido da Babilônia a Jerusalém 13 anos antes de Neemias (458 a.C. Veja Esdras 7) e era provavelmente mais velho do que Neemias. Enquanto Neemias era o líder político Esdras era o líder religioso, como sacerdote, mas em virtude de ser escriba era também advogado, tabelião, professor e especialista em assuntos da lei. Os escribas estavam entre as pessoas mais cultas da sociedade judaica daquele tempo.
Sem dúvida os judeus gostariam de voltar a ter plena soberania nacional como nos tempos antigos, mas estavam agora submetidos ao rei da Pérsia, e ele não lhes permitiria ter rei próprio. A solução mais sábia foi a de ter estes dois líderes, ambos os quais eram fiéis ao Senhor Deus de Israel e aprovados pelo rei da Pérsia.
Atendendo ao pedido do povo, Esdras imediatamente se preparou e, com treze acompanhantes subiu numa plataforma elevada num lugar mais alto, para que todos pudessem vê-lo. A manhã ainda estava raiando, presumindo-se portanto que o povo havia se congregado no dia anterior e falado com ele à noite.
Quando Esdras abriu o Livro, na presença dos homens, mulheres e de todos os que podiam entender, o povo todo se levantou e Esdras louvou o Senhor, o grande Deus. Todo o povo ergueu as mãos e respondeu: "Amém! Amém!" e adoraram o SENHOR, prostrados, rosto em terra.
A reunião assim começou com louvor e adoração. Era um bom exemplo para seguir em nossas reuniões dedicadas ao estudo da Palavra de Deus. Mas não é costume agora erguer as mãos para dizer "Amém" nem prostrar com o rosto em terra para adorar o SENHOR. Dizemos "Amém" na posição em que nos encontramos, e o louvor e a adoração é geralmente feita em pé, na maioria das vezes cantando hinos apropriados.
O Senhor Jesus nos ensinou que "os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade, porque o Pai procura a tais que assim o adorem" (João 4:23) - a atitude física revela respeito mas pode tomar diversas formas: o essencial éque os adoradores o façam sinceramente, sem hipocrisia.
Em seguida Esdras começou a ler o Livro em voz alta, para que todos pudessem ouvir. Ele havia colocado entre o povo treze levitas para que explicassem o que ele estava lendo e instruíssem assim o povo. Deduzimos que ele teria feito pausas entre as frases para que elas fossem explicadas pelos levitas.
Muitas vezes em nossos dias um estudo bíblico é feito em forma de palestra, um monólogo em que o preletor procura antecipar as dúvidas dos ouvintes e as esclarece. Muito mais eficaz é o estudo bíblico em que existe a oportunidade para ouvir as perguntas dos que se encontram presentes e explicar pessoalmente o que a Bíblia diz. Assim fez Esdras com a ajuda dos levitas, pois o auditório era muito grande.
Era um estudo bíblico feito em equipe, e durou a manhã toda, até o meio dia. Todos permaneceram em pé, e o povo ouvia com atenção a leitura do Livro da Lei.
A maioria do povo, fora os levitas, provavelmente nunca tinha tido a oportunidade de ler a Palavra de Deus - não existiam cópias abundantes de fácil aquisição como as temos hoje em dia. Talvez muitos nunca tinham podido ouvir alguém ler o Livro da Lei, menos ainda explicar.
O resultado foi que, terminada a leitura, o povo estava chorando, ao perceber o quanto individualmente e coletivamente ele havia se afastado dos padrões que Deus havia estabelecido em Sua lei. Então Neemias, Esdras e os levitas declararam ao povo que não chorasse, pois esse dia era consagrado ao SENHOR seu Deus.
Neemias ordenou a todos que fossem embora e se alimentassem do melhor que tivessem e repartissem com os que não tivessem trazido nada. Um ingrediente importante da festa era repartir, dando aos carentes a oportunidade de celebrar também. Quando celebramos uma festa e convidamos outros a participarem conosco, sentimos mais alegria, pois "mais bem-aventurada coisa é dar do que receber" (Atos 20:35).
Tendo o dia sido consagrado ao seu Senhor, a alegria do SENHOR os fortaleceria. Os levitas o apoiaram, tranqüilizando o povo e dizendo que não ficassem tristes porque este era um dia santo, ou seja, dedicado inteiramente a Deus.
A alegria do Senhor nos fortalece. O apóstolo Paulo escreveu: "Posso todas as coisas naquele que me fortalece" (Filipenses 4:13) e um pouco atrás, no versículo 4, ele ordenou "Regozijai-vos, sempre, no Senhor; outra vez digo: regozijai-vos". O regozijo é a fonte da força, e a Palavra de Deus nos faz regozijar. Se o estudo da Palavra de Deus não nos dá alegria, alguma coisa está errada.
A primeira epístola de João foi escrita com o propósito de nos trazer alegria: "Estas coisas vos escrevemos, para que o vosso gozo se cumpra" (1 João 1:4). Deus não quer que tenhamos apenas um pouco de alegria: Ele deseja que nos regozijemos muito ao ler e estudar a Sua palavra. Ela deve nos encher de gozo. Também devemos sentir grande alegria ao irmos a uma reunião onde vamos estudar a Palavra de Deus juntos.
O povo obedeceu e celebrou com grande alegria aquele dia, porque agora compreendia as palavras que lhe foram explicadas.
No dia seguinte, Esdras se reuniu apenas com os chefes das famílias, os sacerdotes e os levitas, para estudarem as palavras da Lei. Foi então que descobriram que o SENHOR havia ordenado através de Moisés que os israelitas deveriam morar em tendas, ou cabanas, numa festa de uma semana que deveria ser realizada a partir do dia 16 do sétimo mês que estava se iniciando. Era a chamada Festa das Cabanas.
Um estudo cuidadoso das Escrituras sempre exige respostas a duas perguntas: o que devo fazer com o conhecimento que agora adquiri? Que mudança devo fazer em minha vida? Convém descobrir de que maneira aquilo que aprendemos terá um bom efeito sobre nós.
Os que estavam naquela reunião imediatamente decidiram cumprir com o mandamento concernente à Festa das Cabanas: anunciaram em todas as suas cidades e em Jerusalém que o povo se preparasse para celebrar condignamente a festa, buscando o material necessário para fazer as cabanas, conforme estava escrito na lei (Levítico 23:37-40).
O povo prontamente obedeceu, e foi buscar ramos de árvores com os quais eles mesmos construíram cabanas nos seus terraços, nos seus pátios, nos pátios do templo e na praça da porta das Águas e na da porta de Efraim. E ouve muita alegria entre o povo.
Neemias nos informa que desde os tempos de Josué (sucessor de Moisés) o povo nunca mais havia habitado assim (em tendas). Essa festa fora instituída por Deus "para que saibam as vossas gerações que eu fiz habitar os filhos de Israel em tendas, quando os tirei da terra do Egito" (Levítico 23:43). Durante todos os dias da festa.
Dia a dia, durante os sete dias da festa, o Livro da Lei de Deus era lido, provavelmente por Esdras, ou em rodízio por ele e pelos escribas que o acompanhavam. No oitavo dia houve uma reunião solene, como demandava o ritual da festa.
1 E chegado o sétimo mês, e estando os filhos de Israel nas suas cidades, todo o povo se ajuntou como um só homem, na praça, diante da Porta das Águas; e disseram a Esdras, o escriba, que trouxesse o livro da Lei de Moisés, que o SENHOR tinha ordenado a Israel.
2 E Esdras, o sacerdote, trouxe a Lei perante a congregação, assim de homens como de mulheres e de todos os sábios para ouvirem, no primeiro dia do sétimo mês.
3 E leu nela, diante da praça, que está diante da Porta das Águas, desde a alva até ao meio-dia, perante homens, e mulheres, e sábios; e os ouvidos de todo o povo estavam atentos ao livro da Lei.
4 E Esdras, o escriba, estava sobre um púlpito de madeira, que fizeram para aquele fim; e estavam em pé junto a ele, à sua mão direita, Matitias, e Sema, e Anaías, e Urias, e Hilquias, e Maaséias; e à sua mão esquerda, Pedaías, e Misael, e Malquias, e Hasum, e Hasbadana, e Zacarias, e Mesulão.
5 E Esdras abriu o livro perante os olhos de todo o povo; porque estava acima de todo o povo; e, abrindo-o ele, todo o povo se pôs em pé.
6 E Esdras louvou o SENHOR, o grande Deus; e todo o povo respondeu: Amém! Amém! —,levantando as mãos; e inclinaram-se e adoraram o SENHOR, com o rosto em terra.
7 E Jesua, e Bani, e Serebias, e Jamim, e Acube, e Sabetai, e Hodias, e Maaséias, e Quelita, e Azarias, e Jozabade, e Hanã, e Pelaías, e os levitas ensinavam ao povo na Lei; e o povo estava no seu posto.
8 E leram o livro, na Lei de Deus, e declarando e explicando o sentido, faziam que, lendo, se entendesse.
9 E Neemias (que era o tirsata), e o sacerdote Esdras, o escriba, e os levitas que ensinavam ao povo disseram a todo o povo: Este dia é consagrado ao SENHOR, vosso Deus, pelo que não vos lamenteis, nem choreis. Porque todo o povo chorava, ouvindo as palavras da Lei.
10 Disse-lhes mais: Ide, e comei as gorduras, e bebei as doçuras, e enviai porções aos que não têm nada preparado para si; porque esse dia é consagrado ao nosso Senhor; portanto, não vos entristeçais, porque a alegria do SENHOR é a vossa força.
11 E os levitas fizeram calar todo o povo, dizendo: Calai-vos, porque este dia é santo; por isso, não vos entristeçais.
12 Então, todo o povo se foi a comer, e a beber, e a enviar porções, e a fazer grandes festas, porque entenderam as palavras que lhes fizeram saber.
13 E, no dia seguinte, ajuntaram-se os cabeças dos pais de todo o povo, os sacerdotes e os levitas, a Esdras, o escriba, e isso para atentarem nas palavras da Lei.
14 E acharam escrito na Lei que o SENHOR ordenara pelo ministério de Moisés que os filhos de Israel habitassem em cabanas, na solenidade da festa, no sétimo mês.
15 Assim, o publicaram e fizeram passar pregão por todas as suas cidades e em Jerusalém, dizendo: Saí ao monte e trazei ramos de oliveira, e ramos de zambujeiros, e ramos de murtas, e ramos de palmeiras, e ramos de árvores espessas, para fazer cabanas, como está escrito.
16 Saiu, pois, o povo, e de tudo trouxeram e fizeram para si cabanas, cada um no seu terraço, e nos seus pátios, e nos átrios da Casa de Deus, e na praça da Porta das Águas, e na praça da Porta de Efraim.
17 E toda a congregação dos que voltaram do cativeiro fez cabanas e habitou nas cabanas; porque nunca fizeram assim os filhos de Israel, desde os dias de Josué, filho de Num, até àquele dia; e houve mui grande alegria.
18 E, de dia em dia, ele lia o livro da Lei de Deus, desde o primeiro dia até ao derradeiro; e celebraram a solenidade da festa sete dias e, no oitavo dia, a festa do encerramento, segundo o rito.