Tendo sido completada a obra de reconstrução dos muros de Jerusalém, e colocadas as portas, Neemias não considerou ainda terminada a sua missão de reconstruir a cidade de que fora encarregado pelo rei Artaxerxes da Pérsia.
As habitações da cidade estavam em ruínas, havia poucos moradores e era necessário estabelecer um poder civil, definir os cidadãos com direito a moradia, e proteger a cidade contra a entrada de assaltantes e intrusos.
Foram nomeados os porteiros, os cantores e os levitas. Suas obrigações eram:
Os porteiros, levitas designados para essa tarefa, eram os guardas das portas da tesouraria, das portas do templo, e das portas dos muros de Jerusalém durante o dia. Sua obrigação era abrir as portas, manter vigilância sobre os que entravam e saíam, e fechar e travar as portas ao fim do seu dia de trabalho. Deles dependia a segurança daquilo que guardavam.
Os cantores (incluindo cantoras), em número de 245, também levitas, eram dedicados especialmente ao cântico acompanhado de instrumentos de música, em louvor e adoração a Deus, no templo e fora dele. A direção desse ministério fora primeiro introduzida pelo rei Davi (1 Crônicas 15:16, Neemias 12:45,46) e se fazia nas festas e cultos solenes do povo de Israel.
Os levitas (todos os descendentes de Levi, entre os quais estavam também os sacerdotes descendentes de Arão) eram propriedade do SENHOR e administravam o ministério no templo, sendo inclusive responsáveis pela guarda e administração do seu tesouro e de todos os seus objetos, e pelo ensino da lei ao povo. Neemias nomeou seu irmão Hanani, ou Hananias, para governar Jerusalém. Fora ele que havia levado a notícia sobre o mau estado da cidade a Neemias, o que motivou a sua ida até Jerusalém, como lemos no início deste livro. O critério para a escolha foi que ele era íntegro e temia a Deus mais do que a maioria dos homens.
Vemos aqui a prioridade de Neemias:
integridade de caráter: totalmente honesto, reto, incorruptível, irrepreensível na sua conduta. São qualidades essenciais para alguém em quem depositamos toda a nossa confiança.
máximo temor a Deus: aquele que está profundamente compenetrado da responsabilidade pelos seus atos diante de Deus. Ele será cuidadoso para que tudo o que faça seja justo e perfeito segundo os padrões que Deus nos dá.
Em seguida, Neemias tomou as seguintes providências:
ordenou que as portas não fossem abertas enquanto o sol não estivesse alto. Costumeiramente as portas das cidades eram abertas ao alvorecer, para permitir aos comerciantes entrarem e montarem suas barracas e bancas antes do povo sair das suas casas para vir olhar e comprar. Neemias decerto não queria que a cidade fosse encontrada despreparada para um ataque do inimigo, e dessa forma deu tempo para que a população toda estivesse de pé e alerta. Sem dúvida, também, haveria menos sombra, tornando mais difícil aos mal-intencionados de entrarem ou saírem da cidade às escondidas. Também os porteiros teriam mais tempo para se preparar para o trabalho de longas horas, atentos aos que iam e vinham.
definiu que antes de deixarem o serviço os porteiros deveriam fechar e travar as portas. Parece óbvio, mas muitas vezes coisas simples assim podem ser esquecidas ou deixadas para outros fazerem. É necessário definir claramente as responsabilidades para evitar mal-entendidos. Era de grande importância para a segurança da cidade.
designou moradores de Jerusalém para servirem como sentinelas, ficando alguns nos postos designados nos muros, outros em frente das suas casas. Assim as sentinelas nos muros ficariam em seus postos sempre, transmitindo alguma notícia aos que se encontravam em frente das suas casas, para que as necessárias providências fossem tomadas. O muro estava pronto, mas havia ainda muito trabalho pela frente. Neemias fez com que cada família se tornasse responsável pela proteção do setor do muro mais próximo da sua casa. Somos tentados a diminuir nossa vigilância e descansar sobre nossos feitos depois de terminar uma grande obra. Mas precisamos de continuar a servir e cuidar de tudo aquilo que Deus nos confiou. Dar seguimento após a conclusão de um projeto é tão importante quanto a sua execução.
reuniu os nobres, os oficiais e todo o povo para registrá-los. Os cidadãos foram todos catalogados, classificados por famílias. O seu trabalho foi facilitado pela existência de um registro genealógico dos que foram os primeiros a voltar, no tempo de Zorobabel, 93 anos antes, cuja lista ele copiou em seu livro. Esta genealogia é quase idêntica à que foi dada por Esdras em seu livro (capítulo 2), e possivelmente foi fornecida por ele próprio a Neemias, e as pequenas diferenças seriam correções feitas por ele. Dava-se muito valor às genealogias, porque era de vital importância a um judeu poder provar a sua descendência de Abraão, sendo assim parte do povo de Deus (Gênesis 12:1-3; 1 Gênesis 15; Êxodo 19:5, 6; Deuteronômio 11:22-28). Se a genealogia fosse perdida, a autenticidade da nacionalidade de um judeu seria posta em dúvida. Sua nacionalidade não dependia de onde havia nascido, mas de quem era descendente. Esse critério existe até hoje.
Alguns vieram de cidades vizinhas, mas não puderam provar que suas famílias eram descendentes de Israel. Entre os sacerdotes houve alguns que procuraram seus registros de família mas não encontraram.
Estes sacerdotes foram então considerados impuros para o sacerdócio e o governador (Hanani) determinou que fossem afastados e não comessem das ofertas santíssimas enquanto sua situação não fosse resolvida: quando houvesse um sacerdote para consultar o Urim e o Tumim eles saberiam a vontade de Deus a seu respeito.
O Urim (maldições) e o Tumim (perfeições) eram parte da vestimenta do sumo sacerdote, presume-se que eram duas pedras preciosas, colocadas dentro do peitoral de juízo, ficando sobre o seu coração quando entrava na presença do SENHOR (Êxodo 28:30). Através deles, Deus indicava a Sua vontade ao sacerdote, e, se houvesse a aprovação de Deus, que sabia se eram realmente israelitas e levitas, eles poderiam ser readmitidos ao sacerdócio.
Vemos a seguir uma relação das ofertas feitas em ouro, prata, utensílios e vestes para os sacerdotes, dando os seguintes totais:
Ouro: 328 k
Prata: 2.520 k
Bacias: 50
Vestes sacerdotais: 597
Encontramos uma lista parecida em Esdras 2:68-69, mas as diferenças indicam que se tratam de dois inventários diferentes.
Terminado o registro, os sacerdotes, levitas, porteiros, cantores, e os servidores do templo, alguns do povo e demais israelitas estabeleceram-se em suas próprias cidades.
1 Sucedeu mais que, depois que o muro fora edificado, eu levantei as portas; e foram estabelecidos os porteiros, e os cantores, e os levitas.
2 Eu nomeei a Hanani, meu irmão, e a Hananias, maioral da fortaleza, sobre Jerusalém, porque era homem fiel e temente a Deus, mais do que muitos;
3 e disse-lhes: Não se abram as portas de Jerusalém até que o sol aqueça; e, enquanto assistirem ali, fechem as portas, e, vós, trancai-as; e ponham-se guardas dos moradores de Jerusalém, cada um na sua guarda e cada um diante da sua casa.
4 E era a cidade larga de espaço e grande, porém pouco povo havia dentro dela; e ainda as casas não estavam edificadas.
5 Então, o meu Deus me pôs no coração que ajuntasse os nobres, e os magistrados, e o povo, para registrar as genealogias. E achei o livro da genealogia dos que subiram primeiro e assim achei escrito nele:
6 Estes são os filhos da província, que subiram do cativeiro, os transportados, que transportara Nabucodonosor, rei de Babilônia; e voltaram para Jerusalém e para Judá, cada um para a sua cidade;
7 os quais vieram com Zorobabel, Jesua, Neemias, Azarias, Raamias, Naamani, Mardoqueu, Bilsã, Misperete, Bigvai, Neum e Baaná; este é o número dos homens do povo de Israel:
8 foram os filhos de Parós, dois mil cento e setenta e dois.
9 Os filhos de Sefatias, trezentos e setenta e dois.
10 Os filhos de Ará, seiscentos e cinqüenta e dois.
11 Os filhos de Paate-Moabe, dos filhos de Jesua e de Joabe, dois mil oitocentos e dezoito.
12 Os filhos de Elão, mil duzentos e cinqüenta e quatro.
13 Os filhos de Zatu, oitocentos e quarenta e cinco.
14 Os filhos de Zacai, setecentos e sessenta.
15 Os filhos de Binui, seiscentos e quarenta e oito.
16 Os filhos de Bebai, seiscentos e vinte e oito.
17 Os filhos de Azgade, dois mil trezentos e vinte e dois.
18 Os filhos de Adonicão, seiscentos e sessenta e sete.
19 Os filhos de Bigvai, dois mil e sessenta e sete.
20 Os filhos de Adim, seiscentos e cinqüenta e cinco.
21 Os filhos de Ater, de Ezequias, noventa e oito.
22 Os filhos de Hasum, trezentos e vinte e oito.
23 Os filhos de Besai, trezentos e vinte e quatro.
24 Os filhos de Harife, cento e doze.
25 Os filhos de Gibeão, noventa e cinco.
26 Os homens de Belém e de Netofa, cento e oitenta e oito.
27 Os homens de Anatote, cento e vinte e oito.
28 Os homens de Bete-Azmavete, quarenta e dois.
29 Os homens de Quiriate-Jearim, Cefira e Beerote, setecentos e quarenta e três.
30 Os homens de Ramá e Geba, seiscentos e vinte e um.
31 Os homens de Micmás, cento e vinte e dois.
32 Os homens de Betel e Ai, cento e vinte e três.
33 Os homens doutra Nebo, cinqüenta e dois.
34 Os filhos do outro Elão, mil duzentos e cinqüenta e quatro.
35 Os filhos de Harim, trezentos e vinte.
36 Os filhos de Jericó, trezentos e quarenta e cinco.
37 Os filhos de Lode, Hadide e Ono, setecentos e vinte e um.
38 Os filhos de Senaá, três mil novecentos e trinta.
39 Os sacerdotes: os filhos de Jedaías, da casa de Jesua, novecentos e setenta e três.
40 Os filhos de Imer, mil e cinqüenta e dois.
41 Os filhos de Pasur, mil duzentos e quarenta e sete.
42 Os filhos de Harim, mil e dezessete.
43 Os levitas: os filhos de Jesua, de Cadmiel, dos filhos de Hodeva, setenta e quatro.
44 Os cantores: os filhos de Asafe, cento e quarenta e oito.
45 Os porteiros: os filhos de Salum, os filhos de Ater, os filhos de Talmom, os filhos de Acube, os filhos de Hatita, os filhos de Sobai, cento e trinta e oito.
46 Os netineus: os filhos de Zia, os filhos de Hasufa, os filhos de Tabaote,
47 os filhos de Queros, os filhos de Sia, os filhos de Padom,
48 os filhos de Lebana, os filhos de Hagaba, os filhos de Salmai,
49 os filhos de Hanã, os filhos de Gidel, os filhos de Gaar,
50 os filhos de Reaías, os filhos de Rezim, os filhos de Necoda,
51 os filhos de Gazão, os filhos de Uzá, os filhos de Paséia,
52 os filhos de Besai, os filhos de Meunim, os filhos de Nefusesim,
53 os filhos de Baquebuque, os filhos de Hacufa, os filhos de Harur,
54 os filhos de Bazlite, os filhos de Meida, os filhos de Harsa,
55 os filhos de Barcos, os filhos de Sísera, os filhos de Tama,
56 os filhos de Nesias, os filhos de Hatifa.
57 Os filhos dos servos de Salomão: os filhos de Sotai, os filhos de Soferete, os filhos de Perida,
58 os filhos de Jaala, os filhos de Darcom, os filhos de Gidel,
59 os filhos de Sefatias, os filhos de Hatil, os filhos de Poquerete-Hazebaim, os filhos de Amom.
60 Todos os netineus e os filhos dos servos de Salomão, trezentos e noventa e dois.
61 Também estes subiram de Tel-Melá, Tel-Harsa, Querube, Adom e Imer, porém não puderam mostrar a casa de seus pais e a sua linhagem, se eram de Israel:
62 os filhos de Delaías, os filhos de Tobias, os filhos de Necoda, seiscentos e quarenta e dois.
63 E dos sacerdotes: os filhos de Habaías, os filhos de Coz, os filhos de Barzilai, que tomara uma mulher das filhas de Barzilai, o gileadita, e se chamou do nome delas.
64 Estes buscaram o seu registro, querendo contar a sua geração, porém não se achou; pelo que, como imundos, foram excluídos do sacerdócio.
65 E o tirsata lhes disse que não comessem das coisas sagradas, até que se aprestasse um sacerdote com Urim e Tumim.
66 Toda essa congregação junta foi de quarenta e dois mil trezentos e sessenta,
67 afora os seus servos e as suas servas, que foram sete mil trezentos e trinta e sete; e tinham duzentos e quarenta e cinco cantores e cantoras.
68 Os seus cavalos, setecentos e trinta e seis; os seus mulos, duzentos e quarenta e cinco.
69 Camelos, quatrocentos e trinta e cinco; jumentos, seis mil setecentos e vinte.
70 E uma parte dos cabeças dos pais deram para a obra; o tirsata deu para o tesouro, em ouro, mil daricos, cinqüenta bacias e quinhentas e trinta vestes sacerdotais.
71 E alguns mais dos cabeças dos pais deram para o tesouro da obra, em ouro, vinte mil daricos; e, em prata, dois mil e duzentos arráteis.
72 E o que deu o resto do povo foi, em ouro, vinte mil daricos; e, em prata, dois mil arráteis; e sessenta e sete vestes sacerdotais.
73 E habitaram os sacerdotes, e os levitas, e os porteiros, e os cantores, e alguns do povo, e os netineus, e todo o Israel nas suas cidades.