O SENHOR deu a Moisés, como uma das suas últimas incumbências oficiais antes de morrer e passar para o além, a eliminação dos midianitas que se encontravam na terra de Moabe. Esses haviam se afastado do território ao sul de Canaã, onde vivera Jetro, o sogro de Moisés, e aliando-se aos moabitas, caído em idolatria com eles.
Preparando esta nova geração de israelitas para os combates que tinham à frente para conquistar sua terra, o SENHOR enviou mil homens de cada tribo (um entre cinqüenta combatentes do seu exército) para uma expedição punitiva. Os midianitas foram escolhidos como alvo, porque haviam se juntado aos moabitas, para alugar os serviços de Balaão para amaldiçoar os israelitas, e seguido o seu conselho para seduzir os homens de Israel com idolatria e licenciosidade. Vinte e quatro mil israelitas haviam morrido por causa de uma praga que lhes veio em conseqüência (capítulo 25:9).
Os midianitas tipificam o mundo: o servo de Deus deve separar-se espiritualmente do mundo de hoje. Virá o dia em que os que introduzem heresias e corrupção dentro da igreja serão punidos, assim como a serpente que enganou a humanidade será lançada no lago de fogo e enxofre.
A punição que o SENHOR ordenou era severa, para cumprir o que Ele comandara ao fim da praga: "afligireis os midianitas e os ferireis" (capítulo 25:17). Finéias, filho do sacerdote Eleazar, que aparecera como figura decisiva naquele episódio, também seguiu nesta expedição, levando os instrumentos sagrados e as trombetas para soar o comando, indicando que era uma guerra espiritual.
Os reis dos midianitas foram executados, com todos os homens adultos, e com eles Balaão, que tanto mal havia originado com seus conselhos. É um juízo sobre os gentios, antes da entrada na terra prometida. Da mesma forma haverá o julgamento de Cristo sobre as nações gentias antes do milênio, quando Israel finalmente entrará na posse permanente da terra prometida.
"Porém os filhos de Israel levaram presas as mulheres dos midianitas e as crianças" : a palavra porém assinala um desvio do que teria sido o perfeito cumprimento da missão. Deus lhes deu uma vitória perfeita, pois nenhum dos combatentes israelitas perdeu a vida (versículo 49), mas eles falharam por não eliminar completamente aquele povo idólatra.
Talvez por achar que era uma crueldade, ou possivelmente por ter apreciado a religião permissiva e costumes libertinos dos midianitas, eles pouparam suas mulheres e as crianças, levando-os para o acampamento de Israel junto com seus animais e o despojo, depois de destruírem suas cidades e todos os seus acampamentos. Só a destruição completa do povo e dos seus haveres poderia apagar para sempre a sua cultura perniciosa.
Sabendo disso, Moisés, que havia saído ao seu encontro com Eleazar e todos os maiorais do povo, ficou indignado contra os oficiais do exército, e lembrou-lhes que as mulheres entre os midianitas, longe de ser inocentes, foram justamente quem haviam seduzido os israelitas ao pecado.
Deus havia tirado o povo de Israel do Egito em uma só noite, mas levou quarenta anos para tirar o Egito do povo. E mesmo assim, depois de terem sido engodados pela idolatria, os israelitas se envolveram com as midianitas, levando-as para o seu acampamento. Isso é o problema do mundanismo: não é errado estarmos no mundo, pois é aqui que Deus nos colocou, mas o que realmente importa é saber se o mundo está em nós, em nossos corações e em nossas vidas. Esta experiência do povo de Israel nos mostra a necessidade de nos separarmos espiritualmente do mundo, andando na luz da Palavra de Deus e em comunhão com nosso Salvador, o Senhor Jesus Cristo.
Moisés, em seguida, ordenou que matassem a todos salvo as crianças do sexo feminino e as meninas e as jovens ainda virgens (que representavam menor perigo de contaminação). As crianças do sexo masculino foram mortas provavelmente para não colocarem em perigo a herança dos filhos de Israel, crescendo no meio dos israelitas.
Foi a atitude de indiferença ao pecado que fez com que o povo de Israel mais tarde perdesse a terra depois de tê-la conquistado. Quando percebemos que estamos sendo envolvidos pelos desejos e pelas ambições do mundo, devemos também eliminá-los por completo, não deixando resíduos (de que gostamos) que possam mais tarde nos afastar da comunhão de Cristo e dos caminhos retos de Deus.
Todos os soldados, as cativas sobreviventes, as vestes e os objetos utilizados na guerra, bem como o despojo tiveram que ser purificados: as pessoas com a água misturada com as cinzas da novilha vermelha (capítulo 19), os objetos mediante fogo e água.
O despojo, que compreendia pessoas, animais e objetos, foi dividido em duas partes iguais, das quais uma foi distribuída entre os soldados, e a outra por toda a congregação. Da parte destinada aos soldados, uma dentre cada quinhentas pessoas ou animais capturados deviam ser tributados ao Senhor, sendo entregues ao sacerdote Eleazar para a oferta ao SENHOR.
Da parte destinada ao povo, uma dentre cada cinqüenta pessoas e animais deveriam ser dados aos levitas. O cálculo foi feito assim:
Espécie |
Total |
Soldados |
Povo |
Eleazar |
Levitas |
---|---|---|---|---|---|
Ovelhas |
675.000 |
337.500 |
337.500 |
675 |
6.750 |
Gado |
72.000 |
36.000 |
36.000 |
72 |
720 |
Jumentos |
61.000 |
30.500 |
30.500 |
61 |
610 |
Mulheres |
32.000 |
16.000 |
16.000 |
32 |
320 |
Os oficiais do exército declararam a Moisés que não haviam perdido sequer um deles e de seus soldados. Em gratidão, ofereceram ao SENHOR todos os objetos de ouro e jóias que haviam achado, objetos bem trabalhados, pesando ao todo, em ouro, 16.750 siclos, ou seja, 188 quilos em nossa medida, uma quantidade enorme. Moisés e Eleazar depositaram todo esse tesouro no tabernáculo, como memorial para os filhos de Israel perante o SENHOR.
1 E falou o SENHOR a Moisés, dizendo:
2 Vinga os filhos de Israel dos midianitas; depois, recolhido serás ao teu povo.
3 Falou, pois, Moisés ao povo, dizendo: Armem-se alguns de vós para a guerra e saiam contra os midianitas, para fazerem a vingança do SENHOR nos midianitas.
4 Mil de cada tribo entre todas as tribos de Israel enviareis à guerra.
5 Assim, foram dados dos milhares de Israel mil de cada tribo: doze mil armados para a peleja.
6 E Moisés os mandou à guerra, de cada tribo mil, a eles e a Finéias, filho de Eleazar, o sacerdote, à guerra com os utensílios santos e com as trombetas do alarido na mão.
7 E pelejaram contra os midianitas, como o SENHOR ordenara a Moisés; e mataram todo varão.
8 Mataram mais, além dos que já foram mortos, os reis dos midianitas, a Evi, e a Requém, e a Zur, e a Hur, e a Reba, cinco reis dos midianitas; também a Balaão, filho de Beor, mataram à espada.
9 Porém os filhos de Israel levaram presas as mulheres dos midianitas e as suas crianças; também levaram todos os seus animais, e todo o seu gado, e toda a sua fazenda.
10 E queimaram a fogo todas as suas cidades com todas as suas habitações e todos os seus acampamentos.
11 E tomaram todo o despojo e toda presa de homens e de animais.
12 E trouxeram a Moisés e a Eleazar, o sacerdote, e à congregação dos filhos de Israel os cativos, e a presa, e o despojo, para o arraial, nas campinas de Moabe, que estão junto do Jordão, em Jericó.
13 Porém Moisés e Eleazar, o sacerdote, e todos os maiorais da congregação saíram a recebê-los fora do arraial.
14 E indignou-se Moisés grandemente contra os oficiais do exército, capitães dos milhares e capitães das centenas, que vinham do serviço daquela guerra.
15 E Moisés disse-lhes: Deixastes viver todas as mulheres?
16 Eis que estas foram as que, por conselho de Balaão, deram ocasião aos filhos de Israel de prevaricar contra o SENHOR, no negócio de Peor, pelo que houve aquela praga entre a congregação do SENHOR.
17 Agora, pois, matai todo varão entre as crianças; e matai toda mulher que conheceu algum homem, deitando-se com ele.
18 Porém todas as crianças fêmeas que não conheceram algum homem, deitando-se com ele, para vós deixai viver.
19 E, vós, alojai-vos sete dias fora do arraial; qualquer que tiver matado alguma pessoa e qualquer que tiver tocado algum morto, ao terceiro dia e ao sétimo dia, vos purificareis, a vós e a vossos cativos.
20 Também purificareis toda veste, e toda obra de peles, e toda obra de pêlos de cabras, e todo objeto de madeira.
21 E disse Eleazar, o sacerdote, aos homens de guerra que partiram à peleja: Este é o estatuto da lei que o SENHOR ordenou a Moisés.
22 Contudo, o ouro, a prata, o cobre, o ferro, o estanho e o chumbo,
23 toda coisa que pode suportar o fogo fareis passar pelo fogo, para que fique limpa; todavia, se expiará com a água da separação; mas tudo que não pode suportar o fogo, o fareis passar pela água.
24 Também lavareis as vossas vestes ao sétimo dia, para que fiqueis limpos; e, depois, entrareis no arraial.
25 Falou mais o SENHOR a Moisés, dizendo:
26 Toma a soma da presa dos prisioneiros, de homens e de animais, tu e Eleazar, o sacerdote, e os cabeças das casas dos pais da congregação;
27 e divide a presa em duas metades, entre os que, hábeis na peleja, saíram à guerra, e toda a congregação.
28 Então, para o SENHOR tomarás o tributo dos homens de guerra que saíram a esta guerra; de cada quinhentos, uma alma, tanto dos homens como dos bois, dos jumentos e das ovelhas.
29 Da sua metade o tomareis e o dareis ao sacerdote Eleazar, para a oferta alçada do SENHOR.
30 Mas, da metade dos filhos de Israel, tomarás de cada cinqüenta, um, tanto dos homens como dos bois, dos jumentos e das ovelhas, de todos os animais; e os darás aos levitas que têm cuidado da guarda do tabernáculo do SENHOR.
31 E fizeram Moisés e Eleazar, o sacerdote, como o SENHOR ordenara a Moisés.
32 Foi, pois, a presa, o restante do despojo, que tomaram os homens de guerra, seiscentas e setenta e cinco mil ovelhas;
33 e setenta e dois mil bois;
34 e sessenta e um mil jumentos;
35 e das mulheres que não conheceram homem algum deitando-se com ele, todas as almas foram trinta e duas mil.
36 E a metade, a parte dos que saíram à guerra, foi em número de trezentas e trinta e sete mil e quinhentas ovelhas.
37 E das ovelhas foi o tributo para o SENHOR seiscentas e setenta e cinco.
38 E foram os bois trinta e seis mil; e o seu tributo para o SENHOR, setenta e dois.
39 E foram os jumentos trinta mil e quinhentos; e o seu tributo para o SENHOR, sessenta e um.
40 E houve de almas humanas dezesseis mil; e o seu tributo para o SENHOR, trinta e duas almas.
41 E deu Moisés a Eleazar, o sacerdote, o tributo da oferta alçada do SENHOR, como o SENHOR ordenara a Moisés.
42 E da metade dos filhos de Israel, que Moisés separara da dos homens que pelejaram
43 (A metade para a congregação foi, das ovelhas, trezentas e trinta e sete mil e quinhentas;
44 e dos bois, trinta e seis mil;
45 e dos jumentos, trinta mil e quinhentos;
46 e das almas humanas, dezesseis mil.),
47 desta metade dos filhos de Israel, Moisés tomou um de cada cinqüenta, tanto de homens como de animais, e os deu aos levitas, que tinham cuidado da guarda do tabernáculo do SENHOR, como o SENHOR ordenara a Moisés.
48 Então, chegaram-se a Moisés os capitães que estavam sobre os milhares do exército, os tribunos e os centuriões,
49 e disseram a Moisés: Teus servos tomaram a soma dos homens de guerra que estiveram sob a nossa mão, e nenhum falta de nós.
50 Pelo que trouxemos uma oferta ao SENHOR, cada um o que achou: vasos de ouro, cadeias, manilhas, anéis, arrecadas e colares, para fazer propiciação pela nossa alma perante o SENHOR.
51 Assim, Moisés e Eleazar, o sacerdote, tomaram deles o ouro; sendo todos os vasos bem trabalhados.
52 E foi todo o ouro da oferta alçada, que ofereceram ao SENHOR, dezesseis mil e setecentos e cinqüenta siclos, dos tribunos e dos centuriões
53 (pois os homens de guerra, cada um tinha tomado presa para si).
54 Tomaram, pois, Moisés e Eleazar, o sacerdote, o ouro dos tribunos e dos centuriões e o trouxeram à tenda da congregação por lembrança para os filhos de Israel perante o SENHOR.
Números capítulo 31