Sitim estava na fronteira da terra de Canaã, junto ao rio Jordão.
Baal-Peor, ou Baal de Peor era o deus mais popular de todos os deuses dos povos daquela região, representado por um touro, símbolo de força e de fertilidade, considerado o deus das chuvas e das colheitas. Por ser tão popular, o nome Baal veio a ser freqüentemente usado de maneira genérica para todos os deuses da localidade.
Israel fora abençoado por Balaão porque, temendo o Deus verdadeiro, ele disse as palavras que o SENHOR mandou que falasse. Mas depois disso ele aconselhou a Balaque a infiltrar o arraial dos israelitas com mulheres moabitas, para que se casassem com israelitas e introduzissem a idolatria para afastá-los do SENHOR que os protegia (Números 31:16, Apocalipse 2:14).
O maior perigo que o povo de Israel tinha que enfrentar não eram os exércitos dos povos que habitavam a terra prometida, mas sim a tentação constante de se contaminar com as religiões e costumes dos cananeus. Através dos séculos, depois de entrar na terra prometida, o povo de Israel se deixou vencer vez após vez por esta tentação, sucumbindo afinal completamente, o que fez com que perdesse a terra e fosse disperso pelo mundo (Salmo 106:40-41).
A tentação surge do desejo de comer e beber, e levantar para divertir-se (1 Coríntios 10:7, Êxodo 32:6, 19), ou seja, a tentação da carne. Essa tentação se apresenta de diversas formas na área cristã, e é um dos maiores fatores no afastamento da sã doutrina e da fidelidade ao Evangelho de Cristo. Abrange as explorações religiosas nas igrejas, no rádio, na televisão, no chamado evangelho da prosperidade, nos cultos de louvor em que o que se cultua é apenas as emoções, com música instrumental ensurdecedora, chegando aos disparates do Toronto blessing, do comportamento insano, etc., para o aproveitamento financeiro de falsos pastores. É a corrupção religiosa. O que menos se encontra nesses meios é o ensino puro da Palavra de Deus.
Seguindo o conselho de Balaão, mulheres moabitas foram até o acampamento de Israel, praticaram a imoralidade com alguns de seus homens (1 Coríntios 10:8), e os levaram à idolatria.
Conforme já previra Balaão, a ira do SENHOR se acendeu novamente contra o povo por causa disso. Ele ordenou a Moisés que enforcasse publicamente todos os líderes do movimento de adoração a Baal. Moisés, por sua vez, convocou os juizes (os setenta - capítulo 11), e mandou que cada um matasse os homens sob sua responsabilidade que haviam sucumbido à idolatria em Baal-Peor. Era necessário tomar essa medida radical para eliminar a contaminação que se espalhava, como praga, pelo povo. O número era grande, pois morreram vinte e quatro mil, vinte e três mil em um só dia (1 Coríntios 10:8).
Enquanto o povo se lamentava diante do tabernáculo, o filho de um dos príncipes do povo trouxe uma midianita, filha do líder de uma das tribos midianitas (aliadas aos moabitas), e a levou para dentro de sua tenda, à vista de todos. Finéias, neto de Arão, prontamente foi atrás deles e os executou com uma lança. Este ato simbolizou a justa repulsa do sacerdócio verdadeiro, arônico, pela prática da idolatria pelo povo de Israel, assim fazendo expiação pela nação. O SENHOR se agradou da ação de Finéias, e sua ira contra o povo cessou.
Este foi o efeito da doutrina de Balaão sobre o povo de Israel. Nosso Senhor nos ensina, no livro do Apocalipse, que a mesma doutrina entra na igreja, e está na igreja de hoje (Apocalipse 2:14). Como acontecia com Israel naquele tempo, a igreja não pode ser molestada por agentes externos pois é protegida pelas mãos de Deus, mesmo quando perseguida e martirizada, mas pode ser subvertida pelo casamento com o mundo. Historicamente, a igreja de Pérgamo (muito casamento) representou a ocasião em que o mundo se uniu com a igreja. O mundo entrou numa torrente volumosa, e o diabo assumiu o controle. As perseguições violentas anteriores somente a haviam fortalecido, mas com a entrada do mundo ela perdeu toda a sua vida espiritual, como vemos mais tarde em Tiatira, Sardes e Laodicéia.
O SENHOR honrou Finéias dando-lhe a sua aliança de paz: o sacerdócio perpétuo a ele e à sua descendência, por causa do seu zelo em preservar a fidelidade ao seu Deus, ao ponto de destemidamente executar um príncipe de Israel que desafiava sua autoridade. Isso lhe foi imputado por justiça, de geração em geração, para todo o sempre (Salmo 106:31). É um bom exemplo para nós, que muitas vezes temos que enfrentar o mundo e agir de forma a desagradar os outros em nosso zelo para sermos fieis e servirmos ao nosso Deus. Finéias, servindo a Deus, patrioticamente salvou a sua nação (versículo 11). Deus se agrada em exercer a sua misericórdia para com muitos em troca da fidelidade de poucos.
Finéias fora zeloso por seu Deus, portanto ele recebeu uma aliança de sacerdócio perpétuo. Todo o crente em Cristo é também feito um sacerdote para servir a Deus em perpetuidade.
Por ter executado justiça, ele havia feito expiação pelo povo de Israel; portanto ele, e a sua descendência, foram destinados a fazer expiação pelo povo, mediante sacrifícios, em perpetuidade. Todo aquele que é salvo mediante a fé em Cristo tem o direito (e obrigação) de oferecer a Deus sacrifícios espirituais, em perpetuidade.
Os midianitas, como os israelitas, eram descendentes de Abraão, através de Midiã ("Briga"), o quarto filho de sua concubina e segunda esposa Quetura (Gênesis 25:2, 1 Crônicas 1:32), enquanto os moabitas eram descendentes de Ló (Gênesis 19:37). Moisés havia se casado com uma midianita, tendo vivido entre eles por quarenta anos. Compreende-se, então, que os israelitas e particularmente Moisés teriam simpatia por eles, embora fossem idólatras.
O SENHOR, entretanto, ordenou através de Moisés que o povo de Israel se tornasse inimigo dos midianitas, afligindo-os e ferindo-os por causa da sua conivência com os midianitas para levá-los à idolatria, e por causa do engano de Cosbi ("Enganadora"), a filha de seu chefe que fora executada em flagrante. Também nós devemos agir com firmeza contra tudo aquilo que nos tenta para o pecado mesmo que, por alguma razão, tenha a nossa simpatia.
1 E Israel deteve-se em Sitim, e o povo começou a prostituir-se com as filhas dos moabitas.
2 Estas convidaram o povo aos sacrifícios dos seus deuses; e o povo comeu e inclinou-se aos seus deuses.
3 Juntando-se, pois, Israel a Baal-Peor, a ira do SENHOR se acendeu contra Israel.
4 Disse o SENHOR a Moisés: Toma todos os cabeças do povo e enforca-os ao SENHOR diante do sol, e o ardor da ira do SENHOR se retirará de Israel.
5 Então, Moisés disse aos juízes de Israel: Cada um mate os seus homens que se juntaram a Baal-Peor.
6 E eis que veio um homem dos filhos de Israel e trouxe a seus irmãos uma midianita perante os olhos de Moisés e de toda a congregação dos filhos de Israel, chorando eles diante da tenda da congregação.
7 Vendo isso Finéias, filho de Eleazar, filho de Arão, o sacerdote, se levantou do meio da congregação e tomou uma lança na sua mão;
8 e foi após o varão israelita até à tenda e os atravessou a ambos, ao varão israelita e à mulher, pela sua barriga; então, a praga cessou de sobre os filhos de Israel.
9 E os que morreram daquela praga foram vinte e quatro mil.
10 Então, o SENHOR falou a Moisés, dizendo:
11 Finéias, filho de Eleazar, filho de Arão, o sacerdote, desviou a minha ira de sobre os filhos de Israel, pois zelou o meu zelo no meio deles; de modo que no meu zelo não consumi os filhos de Israel.
12 Portanto, dize: Eis que lhe dou o meu concerto de paz,
13 e ele e a sua semente depois dele terão o concerto do sacerdócio perpétuo; porquanto teve zelo pelo seu Deus e fez propiciação pelos filhos de Israel.
14 E o nome do israelita morto, que foi morto com a midianita, era Zinri, filho de Salu, maioral da casa paterna dos simeonitas.
15 E o nome da mulher midianita morta era Cosbi, filha de Zur, cabeça do povo da casa paterna entre os midianitas.
16 Falou mais o SENHOR a Moisés, dizendo:
17 Afligireis os midianitas e os ferireis,
18 porque eles vos afligiram a vós outros com os seus enganos com que vos enganaram no negócio de Peor e no negócio de Cosbi, filha do maioral dos midianitas, irmã deles, que foi morta no dia da praga no negócio de Peor.
Números capítulo 25