A importância do capítulo 34 consiste no fato que ele determina com precisão as fronteiras da terra que o SENHOR deu a Israel como sua herança, além da que havia sido anteriormente dada às tribos de Rúbem, Gade e metade de Manassés. Esta terra lhe foi dada para sua posse perene, portanto pertence a Israel, não importando quem a ocupe ou a reclame para si.
O s seus limites são os seguintes:
SUL: desde o deserto de Zim, ao oeste, até as fronteiras de Edom, percorrendo estas até a extremidade sul do mar Morto (versículo 3). Os versículos 4 e 5 detalham diversos pontos de referência, no deserto de Zim:
subida de Acrabim (escorpiões), uma serra que contém uma passagem entre o sul do mar Morto e Zim.
Cades-Barnéia (lugar santo) uma área do deserto de onde os espias haviam sido enviados para avaliar a terra prometida, uns quarenta anos antes.
Hazar-Adar (aldeia de Adar), a oeste de Cades-Barnea.
o ribeiro do Egito separa os desertos de Zim e Sur, desaguando no Mediterrâneo.
OESTE: o mar Mediterrâneo (versículo 6).
NORTE: indo do mar Mediterrâneo na altura do monte Hor, o monte Hermom de hoje, passava pela entrada de Hamate (fortaleza, cidade e região atualmente no sul da Síria) até Zedade (declive, possivelmente uma cidade 105 quilômetros ao norte de Damasco), e seguia dali até Zifrom (perfume) e as suas saídas em Hazar-Enã (aldeia de fontes), duas cidades possivelmente 120 quilômetros a nordeste de Damasco (versículos 7 a 9).
LESTE: de Hazar-Enã, passando por Sefã (lugar sem árvores) e Ribla (frutífero) até o oriente de Aim, descendo este até o mar de Quinerete (Galiléia), pelo rio Jordão até o mar Morto.
A extensão da terra, segundo estas divisas, era bem maior do que a área que as tribos vieram a ocupar, mas durante os reinos dos reis Davi e Salomão quase toda a terra foi tomada, depois perdida para os gentios tempos depois. Contudo ela será toda ocupada pelo remanescente de Israel durante o reino milenar de Cristo (Ezequiel 47, 48).
Sendo a terra herança, nenhuma tribo podia reclamar para si a sua parte: Deus, o proprietário, era quem indicaria os limites da propriedade de cada uma. Para esse fim Ele explicou a Moisés o que deveria ser feito, claramente, e nomeou as pessoas que deveriam executar o seu mandado, uma vez que Moisés não estaria mais vivo quando isso ocorresse.
Estas pessoas eram Eleazar o sacerdote e Josué, e um príncipe, ou maioral, de cada tribo, cujos nomes estão no capítulo 34.
Os levitas formavam uma tribo à parte, dedicada ao serviço do SENHOR, retirada dentre o povo de Israel para substituírem os primogênitos, que pertencem a Deus (Números 3:12,13). Essa tribo não receberia terras como herança, pois o SENHOR era a sua porção e a sua herança (capítulo 18:20, 26:62; Deuteronômio 10:9; 18:1,2), mas receberia cidades para morar, e pastagens em torno delas para os seus rebanhos. As pastagens incluíam duas áreas em volta de cada cidade. Uma media 450 metros a partir dos muros da cidade em todas as direções, e a outra media outros novecentos metros além da primeira área.
As cidades seriam em número de quarenta e oito, das quais seis eram as chamadas cidades de refúgio. Cada tribo receberia território de extensão proporcional à sua população (capítulo 26:54), e daria cidades do seu território aos levitas na mesma proporção (versículo 8). Desta forma, os levitas e, entre eles, os sacerdotes, seriam espalhados no meio de todas as tribos para, imparcialmente, dar-lhes assistência, ensiná-las a lei e os caminhos de Deus, e conhecer os seus problemas.
Para que fossem acessíveis a todos, haveria três cidades de refúgio de cada lado do rio Jordão. Elas eram destinadas à proteção das pessoas que tivessem sido responsáveis, involuntariamente, pela morte de outras. Uma vez dentro de uma dessas cidades, o homicida culposo estaria seguro contra represália, fosse ele israelita ou estrangeiro. Após julgamento pela congregação, para confirmar que o homicídio não fora intencional, ele estaria livre da pena de morte desde que permanecesse dentro da cidade refúgio onde se houvesse acolhido, até a morte do sumo sacerdote. Só depois disto poderia ele voltar para casa. Ele corria risco de vida se saísse antes. Não era permitido o resgate (dinheiro, ou outra coisa qualquer) pela vida ou pela liberdade de um homicida.
O homicida doloso, porém, não tinha proteção e estava sujeito à morte pelo vingador de sangue, que era o parente mais próximo da vítima. O vingador de sangue tinha o direito de executar o assassino, se o achasse fora de uma cidade de refúgio, fosse ele homicida doloso ou apenas culposo. Se fosse doloso, o vingador de sangue tinha o dever de executá-lo, e para esse fim as autoridades da sua cidade tinham a responsabilidade de tirar o homicida de alguma cidade de refúgio onde tivesse se abrigado (Deuteronômio 19:12). Ninguém podia ser julgado culpado de homicídio intencional pela boca de uma só testemunha.
O homicídio, acidental ou intencional, profanava a terra e só podia ser expiado com a execução do assassino. As cidades de refúgio eram uma forma da misericórdia de Deus, permitindo que esta sentença de morte fosse suspensa, em certas condições, para os responsáveis por mortes acidentais. As cidades de refúgio eram símbolos da proteção do juízo de Deus, que o pecador tem em Cristo (Salmo 46:1; 142:5, Isaías 4:6; Êxodo 21:13; Deuteronômio 19:2-9; Romanos 8:1, 33, 34; Filipenses 3:9; Hebreus 6:18,19).
Cada tribo recebeu uma extensão de terra como herança sua, e dentro de cada tribo cada família tinha a sua. A herança passava aos filhos homens de geração em geração. Disso surgiu o problema da herança quando não havia filhos homens na família, que foi resolvido permitindo que, neste caso, as filhas tivessem direito à herança (capítulo 27:1-11). Mas agora surgiu outro problema: se uma herdeira se casasse com um homem de outra tribo, a herdade passaria a ser propriedade da tribo do marido, e esta mudança seria permanente no ano do jubileu (Levítico 25:10). A tribo a quem elas pertenciam teriam desta forma sua herança reduzida e a outra, a quem pertencia o marido, aumentada.
A solução que Moisés recebeu do SENHOR foi: as mulheres herdeiras poderiam casar-se apenas dentro da família da tribo de seu pai. As tribos israelitas deveriam se vincular à terra que receberam em herança.
O livro de Números abrange trinta e nove anos da história de Israel, e termina quando o povo estava acampado às margens do rio Jordão, prestes a entrar na terra prometida. Seu último versículo conclui o ministério público de Moisés. A seguir temos o livro de Deuteronômio, que transcreve o longo discurso de Moisés feito a partir do primeiro dia do mês undécimo, no ano quadragésimo do povo de Israel - durante poucos dias antes da sua morte. Neste discurso ele recapitula a peregrinação pelo deserto, bem como a lei que recebeu do SENHOR.
Estes livros nos dão alguns detalhes das vidas do povo de Deus durante sua experiência no deserto. Encontramos fracassos, rebeliões, reclamações, sofrimentos, e através desses exemplos tiramos lições valiosas para nossas próprias vidas à medida que percorremos o deserto desta vida.
Capítulo 34:
1 Falou mais o SENHOR a Moisés, dizendo:
2 Dá ordem aos filhos de Israel e dize-lhes: Quando entrardes na terra de Canaã, esta há de ser a terra que vos cairá em herança: a terra de Canaã, segundo os seus termos.
3 A banda do sul vos será desde o deserto de Zim até aos termos de Edom; e o termo do sul vos será desde a extremidade do mar Salgado para a banda do oriente,
4 e este termo vos irá rodeando do sul para a subida de Acrabim e passará até Zim; e as suas saídas serão do sul a Cades-Barnéia; e sairá a Hazar-Adar e passará a Azmom;
5 rodeará mais este termo de Azmom até ao rio do Egito; e as suas saídas serão para a banda do mar.
6 Acerca do termo do ocidente, o mar Grande vos será por termo; este vos será o termo do ocidente.
7 E este vos será o termo do norte: desde o mar Grande marcareis até ao monte Hor.
8 Desde o monte Hor, marcareis até à entrada de Hamate; e as saídas deste termo serão até Zedade.
9 E este termo sairá até Zifrom, e as suas saídas serão em Hazar-Enã; este vos será o termo do norte.
10 E por termo da banda do oriente marcareis de Hazar-Enã até Sefã.
11 E este termo descerá desde Sefã até Ribla, para a banda do oriente de Aim; depois, descerá este termo e irá ao longo da borda do mar de Quinerete para a banda do oriente.
12 Descerá também este termo ao longo do Jordão, e as suas saídas serão no mar Salgado; esta vos será a terra, segundo os seus termos em roda.
13 E Moisés deu ordem aos filhos de Israel, dizendo: Esta é a terra que tomareis em sorte por herança, a qual o SENHOR mandou dar às nove tribos e à meia tribo.
14 Porque a tribo dos filhos dos rubenitas, segundo a casa de seus pais, e a tribo dos filhos dos gaditas, segundo a casa de seus pais, já receberam; também a meia tribo de Manassés recebeu a sua herança.
15 Já duas tribos e meia tribo receberam a sua herança daquém do Jordão, de Jericó, da banda do oriente, ao nascente.
16 Falou mais o SENHOR a Moisés, dizendo:
17 Estes são os nomes dos homens que vos repartirão a terra por herança: Eleazar, o sacerdote, e Josué, filho de Num.
18 Tomareis mais de cada tribo um príncipe, para repartir a terra em herança.
19 E estes são os nomes dos homens: da tribo de Judá, Calebe, filho de Jefoné;
20 e, da tribo dos filhos de Simeão, Samuel, filho de Amiúde;
21 da tribo de Benjamim, Elidade, filho de Quislom;
22 e, da tribo dos filhos de Dã, o príncipe Buqui, filho de Jogli;
23 dos filhos de José, da tribo dos filhos de Manassés, o príncipe Haniel, filho de Éfode;
24 e, da tribo dos filhos de Efraim, o príncipe Quemuel, filho de Siftã;
25 e, da tribo dos filhos de Zebulom, o príncipe Elizafã, filho de Parnaque;
26 e, da tribo dos filhos de Issacar, o príncipe Paltiel, filho de Azã;
27 e, da tribo dos filhos de Aser, o príncipe Aiúde, filho de Selomi;
28 e, da tribo dos filhos de Naftali, o príncipe Pedael, filho de Amiúde.
29 Estes são aqueles a quem o SENHOR ordenou que repartissem a herança pelos filhos de Israel na terra de Canaã.
Capítulo 35:
1 E falou o SENHOR a Moisés nas campinas dos moabitas, junto ao Jordão, de Jericó, dizendo:
2 Dá ordem aos filhos de Israel que, da herança da sua possessão, dêem cidades aos levitas, em que habitem; e também aos levitas dareis arrabaldes ao redor delas.
3 E terão estas cidades para habitá-las; porém os seus arrabaldes serão para os seus gados, e para a sua fazenda, e para todos os seus animais.
4 E os arrabaldes das cidades que dareis aos levitas, desde o muro da cidade para fora, serão de mil côvados em redor.
5 E de fora da cidade, da banda do oriente, medireis dois mil côvados, e da banda do sul, dois mil côvados, e da banda do ocidente, dois mil côvados, e da banda do norte, dois mil côvados, e a cidade no meio; isto terão por arrabaldes das cidades.
6 Das cidades, pois, que dareis aos levitas haverá seis cidades de refúgio, as quais dareis para que o homicida ali se acolha; e, além destas, lhes dareis quarenta e duas cidades.
7 Todas as cidades que dareis aos levitas serão quarenta e oito cidades, juntamente com os seus arrabaldes.
8 E as cidades que derdes da herança dos filhos de Israel, do que tiver muito, tomareis muito; e, do que tiver pouco, tomareis pouco; cada um dará das suas cidades aos levitas, segundo a sua herança que herdar.
9 ¶ Falou mais o SENHOR a Moisés, dizendo:
10 Fala aos filhos de Israel e dize-lhes: Quando passardes o Jordão à terra de Canaã,
11 fazei com que vos estejam à mão cidades que vos sirvam de cidades de refúgio, para que ali se acolha o homicida que ferir a alguma alma por erro.
12 E estas cidades vos serão por refúgio do vingador do sangue; para que o homicida não morra, até que esteja perante a congregação no juízo.
13 E, das cidades que derdes, haverá seis cidades de refúgio para vós.
14 Três destas cidades dareis daquém do Jordão, e três destas cidades dareis na terra de Canaã; cidades de refúgio serão.
15 Serão de refúgio estas seis cidades para os filhos de Israel, e para o estrangeiro, e para o que se hospedar no meio deles, para que ali se acolha aquele que ferir a alguma pessoa por erro.
16 Porém, se a ferir com instrumento de ferro, e morrer, homicida é; certamente o homicida morrerá.
17 Ou, se a ferir com pedra à mão, de que possa morrer, e ela morrer, homicida é; certamente o homicida morrerá.
18 Ou, se a ferir com instrumento de madeira que tiver na mão, de que possa morrer, e ela morrer, homicida é; certamente morrerá o homicida.
19 O vingador do sangue matará o homicida: encontrando-o, matá-lo-á.
20 Se também a empurrar com ódio, ou com intento lançar contra ele alguma coisa, e morrer;
21 ou por inimizade a ferir com a sua mão, e morrer, certamente morrerá o feridor; homicida é; o vingador do sangue, encontrando o homicida, o matará.
22 Porém, se a empurrar de improviso, sem inimizade, ou contra ela lançar algum instrumento sem desígnio;
23 ou sobre ela fizer cair alguma pedra sem o ver, de que possa morrer, e ela morrer, e ele não era seu inimigo nem procurava o seu mal,
24 então, a congregação julgará entre o feridor e o vingador do sangue, segundo estas leis.
25 E a congregação livrará o homicida da mão do vingador do sangue, e a congregação o fará voltar à cidade do seu refúgio onde se tinha acolhido; e ali ficará até à morte do sumo sacerdote, a quem ungiram com o santo óleo.
26 Porém, se de alguma maneira o homicida sair dos termos da cidade do seu refúgio, onde se tinha acolhido,
27 e o vingador do sangue o achar fora dos termos da cidade do seu refúgio, se o vingador do sangue matar o homicida, não será culpado do sangue.
28 Pois deve ficar na cidade do seu refúgio, até à morte do sumo sacerdote; mas, depois da morte do sumo sacerdote, o homicida voltará à terra da sua possessão.
29 E estas coisas vos serão por estatuto de direito a vossas gerações, em todas as vossas habitações.
30 Todo aquele que ferir a alguma pessoa, conforme o dito das testemunhas, matarão o homicida; mas uma só testemunha não testemunhará contra alguém para que morra,
31 e não tomareis expiação pela vida do homicida, que culpado está de morte; antes, certamente morrerá.
32 Também não tomareis expiação por aquele que se acolher à cidade do seu refúgio, para tornar a habitar na terra, até à morte do sumo sacerdote.
33 Assim, não profanareis a terra em que estais; porque o sangue faz profanar a terra; e nenhuma expiação se fará pela terra por causa do sangue que se derramar nela, senão com o sangue daquele que o derramou.
34 Não contaminareis, pois, a terra na qual vós habitareis, no meio da qual eu habitarei; pois eu, o SENHOR, habito no meio dos filhos de Israel.
Capítulo 36:
1 E chegaram os cabeças dos pais da geração dos filhos de Gileade, filho de Maquir, filho de Manassés, das famílias dos filhos de José, e falaram diante de Moisés e diante dos maiorais, cabeças dos pais dos filhos de Israel.
2 E disseram: O SENHOR mandou dar esta terra a meu senhor por sorte em herança aos filhos de Israel; e a meu senhor foi ordenado pelo SENHOR que a herança do nosso irmão Zelofeade se desse a suas filhas.
3 E, casando-se elas com algum dos filhos das outras tribos dos filhos de Israel, então, a sua herança seria diminuída da herança de nossos pais e acrescentada à herança da tribo de quem forem; assim, se tiraria da sorte da nossa herança.
4 Vindo também o Ano do Jubileu dos filhos de Israel, a sua herança se acrescentaria à herança da tribo daqueles com quem se casarem; assim, a sua herança será tirada da herança da tribo de nossos pais.
5 Então, Moisés deu ordem aos filhos de Israel, segundo o mandado do SENHOR, dizendo: A tribo dos filhos de José fala bem.
6 Esta é a palavra que o SENHOR mandou acerca das filhas de Zelofeade, dizendo: Sejam por mulheres a quem bem parecer aos seus olhos, contanto que se casem na família da tribo de seu pai.
7 Assim, a herança dos filhos de Israel não passará de tribo em tribo; pois os filhos de Israel se chegarão cada um à herança da tribo de seus pais.
8 E qualquer filha que herdar alguma herança das tribos dos filhos de Israel se casará com alguém da geração da tribo de seu pai; para que os filhos de Israel possuam cada um a herança de seus pais.
9 Assim, a herança não passará de uma tribo a outra; pois as tribos dos filhos de Israel se chegarão cada uma à sua herança.
10 Como o SENHOR ordenara a Moisés, assim fizeram as filhas de Zelofeade.
11 Pois Macla, e Tirza, e Hogla, e Milca, e Noa, filhas de Zelofeade, se casaram com os filhos de seus tios.
12 Das famílias dos de Manassés, filho de José, elas foram mulheres; assim, a sua herança ficou na tribo da família de seu pai.
13 Estes são os mandamentos e os juízos que mandou o SENHOR pela mão de Moisés aos filhos de Israel nas campinas dos moabitas, junto ao Jordão, de Jericó.
Números capítulos 34 a 36