O Leviatã era uma espécie de grande criatura aquática, impossível de ser apanhada, pois o Senhor relacionou vários instrumentos de pesca que seriam incapazes de apanhar esta criatura terrível: um anzol, uma corda para amarrar a sua língua ou para enfiar através do seu nariz, ou um gancho para furar a sua queixada. Foi, portanto, um dos grandes monstros marinhos criados no quinto dia (Gênesis 1:21).
Sua descrição indica um monstro desconhecido hoje: sem medo, indomável, impossível de ser comercializado, incólume aos ataques humanos e terrível quando se defendia ou era despertado. Tendo Deus criado uma criatura assim, quem pode erguer-se diante d’Ele, que nada recebeu de ninguém e é dono de tudo quanto existe debaixo de todo o céu?
Deus prossegiu mencionando seus membros, sua grande força, as proporções graciosas da sua estrutura, sua cobertura exterior como uma couraça dupla impenetrável, sua boca forte como portas com dentes terríveis em volta, as suas escamas que aderiam inseparavelmente umas às outras, todas fechadas como por um selo apertado. Seus espirros brilhavam na luz (como a exalação das baleias), tinha olhos enormes.
Da sua boca saíam tochas, saltavam faíscas de fogo, e suas narinas fumegavam, seu hálito incendiava carvões com a chama da sua boca. Essas características são desconhecidas entre os animais históricos, embora figurem comumente nas descrições de dragões feitas nas tradições de muitas civilizações diferentes.
Tinha um pescoço muito forte que saltava diante dele espalhando o terror. A sua carne era firme, bem como o seu coração, que era como pedra. Quando se levantava, os mais valentes se atemorizavam e ficavam inconscientes. Não podia ser ferido pela espada, lança, dardo, arpão, armas de ferro ou bronze, setas, pedras lançadas com fundas ou flexas. Havia pontas agudas debaixo do seu ventre que deixavam marcas na lama. Fazia ferver a água profunda e no mar deixava um rastro brilhante ao passar. Nada se comparava a ele na terra, foi feito para nada temer e era o mais soberbo de todas as criaturas.
O leviatã foi mencionado por Davi no Salmo 104:26, dizendo que se movia no mar em seus dias, e que fora formado para nele folgar.
Já foi sugerido que poderia ter sido um crocodilo marinho grande, algo do tipo encontrado na Austrália hoje. Este tem muitas dessas características, mas o leviatã parece ter sido muito maior do que os crocodilos de hoje e dificilmente podemos achar que as suas proporções são graciosas. Os dragões tradicionais se assemelhavam mais e invariavelmente eram também capazes de produzir fogo e fumaça: um dragão (em figura) é mencionado em Isaías 27:1, 51:9, Ezequiel 29:3 e 32:2 (para representar Faraó) e Apocalipse 12, 13. 16 e 20 (para representar “a antiga serpente, que se chama O Diabo e Satanás”).
O fogo e a fumaça podem ter sido apenas uma figura de linguagem, dada a impressão recebida por quem via esse animal. Se assim for, há um monstro cujos ossos fossilizados têm sido encontrados em áreas do Mediterrâneo, que parece preencher melhor a descrição feita neste capítulo. É o plesiossauro, que crescia a tamanhos gigantescos. Era abundante nos mares e em alguns aspectos era gracioso como os golfinhos.
O plesiossauro
As descrições de todos estes animais feitas a Jó, começando por criaturas inofensivas e terminando com esses monstros refletem a glória, poder e majestade do próprio Senhor, a nenhum dos quais o pobre Jó podia mesmo imaginar corresponder.
1 Poderás tirar com anzol o leviatã, ou apertar-lhe a língua com uma corda?
2 Poderás meter-lhe uma corda de junco no nariz, ou com um gancho furar a sua queixada?
3 Porventura te fará muitas súplicas, ou brandamente te falará?
4 Fará ele aliança contigo, ou o tomarás tu por servo para sempre?
5 Brincarás com ele, como se fora um pássaro, ou o prenderás para tuas meninas?
6 Farão os sócios de pesca tráfico dele, ou o dividirão entre os negociantes?
7 Poderás encher-lhe a pele de arpões, ou a cabeça de fisgas?
8 Põe a tua mão sobre ele; lembra-te da peleja; nunca mais o farás!
9 Eis que é vã a esperança de apanhá-lo; pois não será um homem derrubado só ao vê-lo?
10 Ninguém há tão ousado, que se atreva a despertá-lo; quem, pois, é aquele que pode erguer-se diante de mim?
11 Quem primeiro me deu a mim, para que eu haja de retribuir-lhe? Pois tudo quanto existe debaixo de todo céu é meu.
12 Não me calarei a respeito dos seus membros, nem da sua grande força, nem da graça da sua estrutura.
13 Quem lhe pode tirar o vestido exterior? Quem lhe penetrará a couraça dupla?
14 Quem jamais abriu as portas do seu rosto? Pois em roda dos seus dentes está o terror.
15 As suas fortes escamas são o seu orgulho, cada uma fechada como por um selo apertado.
16 Uma à outra se chega tão perto, que nem o ar passa por entre elas.
17 Umas às outras se ligam; tanto aderem entre si, que não se podem separar.
18 Os seus espirros fazem resplandecer a luz, e os seus olhos são como as pestanas da alva.
19 Da sua boca saem tochas; faíscas de fogo saltam dela.
20 Dos seus narizes procede fumaça, como de uma panela que ferve, e de juncos que ardem.
21 O seu hálito faz incender os carvões, e da sua boca sai uma chama.
22 No seu pescoço reside a força; e diante dele anda saltando o terror.
23 Os tecidos da sua carne estão pegados entre si; ela é firme sobre ele, não se pode mover.
24 O seu coração é firme como uma pedra; sim, firme como a pedra inferior dumá mó.
25 Quando ele se levanta, os valentes são atemorizados, e por causa da consternação ficam fora de si.
26 Se alguém o atacar com a espada, essa não poderá penetrar; nem tampouco a lança, nem o dardo, nem o arpão.
27 Ele considera o ferro como palha, e o bronze como pau podre.
28 A seta não o poderá fazer fugir; para ele as pedras das fundas se tornam em restolho.
29 Os bastões são reputados como juncos, e ele se ri do brandir da lança.
30 Debaixo do seu ventre há pontas agudas; ele se estende como um trilho sobre o lodo.
31 As profundezas faz ferver, como uma panela; torna o mar como uma vasilha de ungüento.
32 Após si deixa uma vereda luminosa; parece o abismo tornado em brancura de cãs.
33 Na terra não há coisa que se lhe possa comparar; pois foi feito para estar sem pavor.
34 Ele vê tudo o que é alto; é rei sobre todos os filhos da soberba.
Jó capítulo 41