Jó é o primeiro dos livros poéticos aparecem no Velho Testamento , e o mais antigo deles.
Como não há referências a acontecimentos históricos contemporâneos, não é possível saber a data exata em que os eventos mencionados no livro aconteceram. Mas a longa vida de Jó, que se aproximava dos 200 anos, a medida de sua riqueza em termos de gado em vez de ouro e prata, os instrumentos musicais (21:12) e as formas de dinheiro (42:11 ), o seu ofício sacerdotal dentro de sua família que incluía a oferta de sacrifícios, a falta de referência a Israel, à lei de Moisés ou ao tabernáculo, a unidade social do clã da família patriarcal, o fato dos caldeus no livro serem ainda nômades e não habitantes de cidade, o uso do nome caracteristicamente patriarcal de Shaddai ("o Todo Poderoso") para Deus, e o uso raro de Javé ( "o SENHOR" ), em conjunto indicam que Jó, um personagem histórico (Tiago 5:11), deve ter vivido durante ou mesmo antes da época de Abraão.
Não há nenhuma indicação na Bíblia sobre quem escreveu o livro, ou pistas textuais quanto à sua identidade . Pode ter sido escrito pelo próprio Jó ou pelo seu amigo Eliú, e preservado de geração em geração até que foi incorporado aos livros sagrados hebraicos. Alguns analistas sugerem mesmo que seja de autoria gentílica por causa do fundo cultural não hebraico do livro.
Provavelmente foi escrito depois dos eventos nele registrados, porque alguns não teriam sido conhecidos na época em que ocorreram, tais como aqueles no céu.
Por outro lado, o livro pode ter sido escrito um grande tempo depois dos eventos. Podem ter sido revelados mediante inspiração de Deus aos autores bíblicos como aconteceu com Moisés, que teve diálogos com o SENHOR cerca de sete séculos mais tarde (Êxodo 33:11), ou mesmo Davi ou Salomão, que viveram cerca de doze séculos mais tarde.
Há uma série de declarações no livro que apontam para conhecimentos científicos avançados tais como:
O livro começa por explicar o teste de Jó, seguido por um debate entre Jó e seus amigos, uma intervenção por Eliú, a revelação do SENHOR a Jó e termina com um epílogo que descreve o seu triunfo. Existem algumas importantes lições a serem aprendidas a partir do livro de Jó , embora não dê uma explicação completa para todo o sofrimento humano, mas, como Tiago escreve: "Ouvistes da paciência de Jó, e vistes o fim que o SENHOR lhe deu, porque o SENHOR é cheio de misericórdia e compaixão." ( Tiago 5:11 b).
Jó foi um homem que foi, provavelmente, exposto a uma variedade maior de catástrofes, em um só dia do que qualquer outra pessoa que já viveu . O SENHOR não as promoveu, mas deu a Satanás permissão e poder para desencadeá-las sobre o Jó, a fim de provar que a sua piedade era genuína e não dependia das bênçãos recebidas de Deus.
Jó morava na terra de Uz, também mencionada em Jeremias 25:20 e Lamentações 4:21, mas sua localização exata é incerta. Tinha pastagens abundantes e culturas (Jó 1:3), estava perto de um deserto (Jó 1:19), e suficientemente próximo dos sabeus e dos caldeus para sofrer as suas invasões (Jó 1:14-17). A maioria dos estudiosos acreditam que Uz estava localizada ao leste do rio Jordão, perto de Canaã (Israel de hoje), na terra de Edom (reino da Jordânia de hoje), que é adjacente a Midiã onde Moisés viveu durante quarenta anos e é concebível que Moisés obteve um relato do diálogo deixado por Jó ou Eliú naquela ocasião.
Jó era "íntegro e reto - tanto que temia a Deus e se desviava do mal”. O profeta Ezequiel (contemporâneo de Daniel) coloca outros dois homens, Noé e Daniel, ao lado de Jó como homens de justiça notória (capítulo 14:14,20). Este é o padrão que cada cristão é convidado a manter:
"purifiquemo-nos de toda a imundícia da carne e do espírito, aperfeiçoando a santidade no temor de Deus." (2 Coríntios 7:1);
"Toda Escritura é divinamente inspirada e proveitosa para ensinar, para repreender, para corrigir, para instruir em justiça; para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente preparado para toda boa obra." (2 Timóteo 3:16,17).
"Abstende vos de toda espécie de mal. "(1 Tessalonicenses 5:22).
"Vigiai, estai firmes na fé, portai-vos varonilmente, sede fortes." (1 Coríntios 16:13).
Jó foi abençoado com um número completo de filhos (7) e uma plenitude de filhas (3) e era o maior de todos entre os povos do Oriente, com um estoque enorme de animais e uma família muito grande. Sem dúvida, era uma pessoa muito importante em seu tempo.
Jó não só era ele próprio temente a Deus, e evitava fazer o mal, mas se preocupava com a salvação de seus filhos.
Seus filhos desfrutavam de uma boa vida como filhos de um pai muito rico, e organizavam festas em suas casas, cada um por sua vez, para as quais convidavam suas três irmãs para participar das celebrações, comendo e bebendo com eles.
Como o pai da família Jó se preocupava que, durante as festividades, os seus filhos poderiam ter pecado e amaldiçoado a Deus nos seus corações. Então, no final dos dias de festa mandava buscá-los e fazia com que se purificassem. De madrugada ele oferecia um holocausto em favor de cada um. Isso fazia regularmente.
O perigo de surgir conversa frívola ou mesmo sacrílega entre pessoas geralmente piedosas durante a alegria de uma festa está sempre presente, mesmo em nossos dias.
Em sua meditação vespertina sobre o dia de Natal, CH Spurgeon faz uma boa aplicação para nós:
"O que o patriarca fez no início da manhã, após as festas de família, é bom para o crente fazer para si mesmo antes de descansar esta noite. Em meio à alegria dos encontros das famílias é fácil escorregar para uma leviandade pecaminosa, e esquecer o nosso caráter declarado de cristãos. Não deveria ser assim, mas assim é, que os nossos dias de festividade são muito raramente dias de prazer santificado, mas muito frequentemente degeneram em alegria profana ... a gratidão santa deve ser um elemento tão purificador quanto o pesar. Coitados dos nossos pobres corações, que os fatos provem que a casa onde há luto é melhor do que a casa onde há banquete. . Venha crente, em que você pecou hoje? Você se envolveu mesmo com os outros em palavras ociosas e discursos descuidados? Então confesse o pecado, e voe para o sacrifício. O sacrifício santifica. O precioso sangue do Cordeiro que foi morto elimina a culpa, e expurga a desonra dos nossos pecados de ignorância e negligência" (“Manhã e noite”, CHS p.721 ).
1 Havia um homem na terra de Uz, cujo nome era Jó. Era homem íntegro e reto, que temia a Deus e se desviava do mal.
:2 Nasceram-lhe sete filhos e três filhas.
3 Possuía ele sete mil ovelhas, três mil camelos, quinhentas juntas de bois e quinhentas jumentas, tendo também muitíssima gente ao seu serviço; de modo que este homem era o maior de todos os do Oriente.
4 Iam seus filhos à casa uns dos outros e faziam banquetes cada um por sua vez; e mandavam convidar as suas três irmãs para comerem e beberem com eles.
5 E sucedia que, tendo decorrido o turno de dias de seus banquetes, enviava Jó e os santificava; e, levantando-se de madrugada, oferecia holocaustos segundo o número de todos eles; pois dizia Jó: Talvez meus filhos tenham pecado, e blasfemado de Deus no seu coração. Assim o fazia Jó continuamente.
Jó capítulo 1, versiculos 1 a 5