O terceiro discurso de Bildade é o menor no livro de Jó. Ele pode ter chegado ao fim dos seus argumentos e decidiu que não havia sentido em continuar a discussão. Não disse nada de novo, mas comentou brevemente sobre a grandeza de Deus e a insignificância do homem.
Disse que Deus é grandioso, e domínio, o temor e o poder pertencem a Ele, que pode ver tudo. Aos seus olhos a lua não tem brilho nem as estrelas pureza, e o homem é apenas um verme, um vermezinho, e não pode ser justo ou puro diante de Deus .
Jó começou sua resposta por sarcasticamente repreender Bildade por ser inclemente: mesmo se não mais tivesse força ou sabedoria como Bildade dizia, não teria sido ajudado, sustentado ou aconselhado pelas suas palavras. Elas não tinham qualquer valor para ninguém na prática e seus comentários em nada esclareciam Jó.
Os amigos de Jó eram incapazes de transformar seu conhecimento em conselhos úteis, porque os seus preconceitos os faziam tendenciosos. Teriam sido mais úteis se tentassem primeiro compreender plenamente a sua situação. Compaixão produz melhores resultados do que críticas ou acusações.
Jó primeiro reforçou a declaração Bildad sobre a grandeza de Deus em outros aspectos mais próximos deles. Jó disse que "os mortos tremem": não cria na aniquilação total do ser humano após a morte, mas tinha certeza da sua existência após a morte, e do temor de Deus que virá sobre os mortos.
Ele se referiu também aos "que habitam debaixo das águas”: como foi dito no contexto da morte, antes e depois, esta poderia ser uma expressão figurada para as almas mortas. A destruição do corpo não é o fim, "não existe cobertura" para aqueles que querem desaparecer (Abadom é uma palavra hebraica significando “Destruição”). O Seol, o lugar em que se encontram as almas dos mortos, está nu perante Deus.
Jó em seguida demonstrou um conhecimento notável da criação de Deus, muito mais precisa do que as noções que vieram a predominar na Idade Média, influenciadas pelas teorias da origem do universo dos filósofos pagãos. É um grande erro pensar que a Escritura, inspirada pelo Espírito de Deus, é ignorante quanto aos fatos cosmológicos. Pelo contrário, embora não escrita na nossa linguagem científica moderna, ela é totalmente precisa.
Jó mencionou o espaço vazio, o nada, e o fato de que a Terra ( planeta) paira nele: um retrato poético da posição da Terra e do movimento do sistema solar. Sobre o espaço vazio Deus estende o norte: é o norte magnético que atrai as agulhas das bússolas para orientar navegantes – já teriam eles bússolas naqueles dias?
Então deu uma descrição do ciclo de evaporação e precipitação, e da densidade das nuvens capaz de ligar as massas de gotículas de água sem se romper com o seu peso. A impossibilidade de o olho humano contemplar o céu, "a face do trono de Deus", é descrita como um encobrimento por nuvens.
O "limite circular sobre a superfície das águas, onde a luz e as trevas se confinam" provavelmente se refere ao ciclo de luz e sombra sobre a superfície do planeta. Como o nosso mundo gira em torno do seu eixo, a luz do sol e da sombra da sua ausência fazem o dia e a noite circularem como um "limite circular. Aproximadamente três quartos da superfície do nosso planeta é coberta por água, logo não é de surpreender que é chamado de "superfície das águas". Jó provavelmente estaria vivendo próximo do mar e contemplava a mudança do dia para noite, depois novamente o dia.
O céu é a morada de Deus, invisível ao olho humano. A "colunas do céu tremem" poderia ser uma expressão idiomática significando "todos os seres inteligentes no céu estão com medo. " Este espanto acontece quando são repreendidos por seu Criador. É perfeitamente compreensível e saudável e nos dá um exemplo do "temor de Deus".
Outra interpretação é que, em harmonia com o que se segue, Jó estava usando uma figura de linguagem para uma tempestade assustadora que se formava sobre o mar. Deus tem controle sobre a natureza, que Ele criou, e o Seu poder é visto nestas tempestades (“rahab” no hebraico, que se traduz “fanfarrão”) que também se dissolvem de acordo com as Suas regras. Seus discípulos testemunharam o Seu poder quando o Senhor Jesus "repreendeu o vento, e disse ao mar: Cala-te, aquieta-te. E cessou o vento, e fez-se grande bonança" ao longo do mar da Galiléia (Marcos 4:39).
Deus adornou os céus pelo Seu Espírito: as mais bonitas fotos que podemos ver contêm as cores do nascer e do pôr do sol, ou de nuvens permeadas pelos raios do sol. Frequentemente nos perguntamos por que encontramos tantas coisas lindas na criação. Aqui está a resposta: porque a criação foiadornada pelo Seu Espírito. O homem não pode chegar perto de imitar a sua beleza.
O versículo 13b é traduzido literalmente como "a serpente fugitiva foi formada pela Sua mão”. Se Jó quer dizer uma serpente, algumas das quais são inegavelmente muito bonitas, ou alguma constelação no céu como pensam alguns comentaristas, tanto um como outro atesta a grandeza de Deus.
Depois de chamar nossa atenção à grandeza de Deus e à beleza e ao poder revelados em Sua criação para nos admiramos, Jó exclama " e quão pequeno é o sussurro que dele, ouvimos! Mas o trovão do seu poder, quem o poderá entender?” Jó conhecia a Deus como Criador, Jó O compreendeu como Redentor, mas Jó ainda não entendia como Deus como Sustentador e Aquele que o amava podia permitir que tantas coisas más acontecessem com ele. Na verdade, essas eram apenas as orlas dos seus caminhos, como ele disse.
Jó capítulo 25
1 Então respondeu Bildade, o suíta:
2 Com Deus estão domínio e temor; ele faz reinar a paz nas suas alturas.
3 Acaso têm número os seus exércitos? E sobre quem não se levanta a sua luz?
4 Como, pois, pode o homem ser justo diante de Deus, e como pode ser puro aquele que nasce da mulher?
5 Eis que até a lua não tem brilho, e as estrelas não são puras aos olhos dele;
6 quanto menos o homem, que é um verme, e o filho do homem, que é um vermezinho!
Jó capítulo 26
1 Então Jó respondeu:
2 Como tens ajudado ao que não tem força e sustentado o braço que não tem vigor!
3 como tens aconselhado ao que não tem sabedoria, e plenamente tens revelado o verdadeiro conhecimento!
4 Para quem proferiste palavras? E de quem é o espírito que saiu de ti?
5 Os mortos tremem debaixo das águas, com os que ali habitam.
6 O Seol está nu perante Deus, e não há coberta para o Abadom.
7 Ele estende o norte sobre o vazio; suspende a terra sobre o nada.
8 Prende as águas em suas densas nuvens, e a nuvem não se rasga debaixo delas.
9 Encobre a face do seu trono, e sobre ele estende a sua nuvem.
10 Marcou um limite circular sobre a superfície das águas, onde a luz e as trevas se confinam.
11 As colunas do céu tremem, e se espantam da sua ameaça.
12 Com o seu poder fez sossegar o mar, e com o seu entendimento abateu a Raabe.
13 Pelo seu sopro ornou o céu; a sua mão traspassou a serpente veloz.
14 Eis que essas coisas são apenas as orlas dos seus caminhos; e quão pequeno é o sussurro que dele, ouvimos! Mas o trovão do seu poder, quem o poderá entender?