A Ceia do Senhor, ou seja, a reunião destinada a participar do pão e a beber do cálice em comunhão com outros irmãos e irmãs em memória do nosso Salvador, é feita conforme o mandado do Senhor Jesus aos seus discípulos: "Fazei isto em memória de mim". O pão é símbolo do Seu corpo e o cálice é símbolo do Seu sangue dados por Ele em resgate pelo nosso pecado.
Em 1 Coríntios 11:26 está esclarecido que todas as vezes que comermos desse pão e bebermos desse cálice, anunciamos a morte do Senhor, até que venha novamente. A reunião é, portanto, solene, pois estamos nos lembrando do sacrifício supremo feito por Cristo, o que nos leva a refletir no imenso preço que Ele pagou para nos livrar da condenação. Essa reflexão nos conduz ao louvor e à adoração, em voz alta ou silenciosa, mediante hinos apropriados e orações. O louvor e a adoração deverão ser expontâneos por parte de cada um, sob a direção do Espírito Santo, e mantida a devida ordem. Não creio que seria apropriado chamar isto de "tradicional": obedece à doutrina apostólica.
A realidade é que houve alterações e acréscimos através dos tempos nos usos e costumes das igrejas, tendo muitas transformado a Ceia do Senhor em um ritual formal e vazio, às vezes um simples apêndice a um culto, e feito restrições indevidas à participação dos crentes.
Como não existe um programa determinado pela Palavra de Deus para a reunião, que deve ser dirigida pelo Espírito Santo e pela Sua Palavra, qualquer inovação que esteja em conflito com essa direção é desobediência e pecado. Por outro lado, uma renovação com vistas a eliminar um ritual tradicional para voltar à celebração autêntica e à fiel observância da doutrina apostólica é muito saudável, e o Espírito Santo a tem promovido através dos tempos nas igrejas que procuram servir a Deus fazendo a Sua vontade.
A direção da igreja poderá promover reuniões com outras finalidades, com outro caráter, e estas serão realizadas da maneira e com o uso dos instrumentos que aqueles que as promoverem considerarem mais apropriados aos seus fins. Obviamente estas reuniões sempre estarão sujeitas a inovações que forem consideradas úteis para melhor alcançarem o seu objetivo.
Superficialmente, a Ceia do Senhor consiste de pão e cálice (do qual tomamos o conteúdo), conforme mandamento do Senhor Jesus: "E, tomando o pão e havendo dado graças, partiu-o e deu-lho, dizendo: Isto é o meu corpo, que por vós é dado; fazei isso em memória de mim. Semelhantemente, tomou o cálice, depois da ceia, dizendo: Este cálice é o Novo Testamento no meu sangue, que é derramado por vós."
O pão era pão asmo (sem fermento) que representa o corpo físico do Senhor Jesus isento de pecado, e o conteúdo do cálice era produto de uva, possívelmente mas não necessariamente suco puro, que representa seu sangue. Decerto um único pão e um único cálice representam melhor a unidade do Seu corpo e sangue (1 Coríntios 10:16-17).
Por outro lado, convém sempre separar o que é circunstancial do verdadeiro ensino bíblico. O Senhor Jesus serviu-se da comida (pão) e bebida (o conteúdo do cálice) usados na ceia da páscoa israelita como símbolos do Seu corpo e sangue. Também era costume dar-se aos que estavam de luto pão e o cálice da consolação (Jeremias 16:7). Entre os quatro cálices usados na páscoa, este era o que chamavam de "cálice de bênção" (1 Co.7:16).
A circunstância de se usar um só pão e um só cálice pode nos lembrar que o Senhor Jesus era uma única pessoa, mas o ensino bíblico é mais profundo:
Basicamente, portanto, na Santa Ceia comemos um alimento material que simboliza o alimento espiritual que Deus nos dá na pessoa do Senhor Jesus, em seu corpo humano, e tomamos uma bebida material que simboliza a Sua morte (sangue), na cruz do Calvário. O alimento material é chamado "pão" e a bebida material é chamada pelo seu receptáculo, "cálice".
Os que participam da Santa Ceia comem do "pão" e bebem do "cálice" (p.e. 1Cor.11:28), mas o símbolo está no seu conteúdo: o alimento e a bebida. Logo, se o receptáculo consiste de uma ou mais bandejas com pedacinhos de pão (ou outro alimento) e uma ou mais bandejas com copinhos de suco de uva (ou outra bebida), o símbolo não deixa de ser válido.
Em um grupo pequeno que se reúne para a Santa Ceia, um só pão e um só cálice servirão muito bem. Num grande grupo, uma quantidade maior será mais conveniente sem que nisso haja infração ao ensino bíblico.
Leia 1 Coríntios 11:17 a 34.
A Ceia do Senhor foi instituída por Ele para que a Sua morte seja anunciada até que Ele venha: o pão representa o Seu corpo dado por nós, e deve ser comido em memória dele; o cálice representa o Novo Testamento no seu sangue.
Quem tomar parte indignadamente, ou seja, profanando-a, torna-se culpado do corpo e do sangue do Senhor, sujeitando-se à condenação por não discernir o corpo do Senhor.
Deus nos julga pela maneira em que observamos a Ceia do Senhor. Na antiga igreja de Corinto, alguns dos seus membros estavam doentes e outros até haviam morrido por causa do que faziam. Eles não discerniam o corpo do Senhor. Hoje em dia há muitos métodos usados em sua realização, mas o que está sendo considerado aqui é se, na realidade, estamos discernindo o corpo de Cristo na Ceia do Senhor.
A Ceia do Senhor é a mais sublime expressão e o mais santo exercício da adoração cristã. Em Corinto ela havia baixado a um nível secular tão baixo, que era praticamente uma blasfêmia. Ela se seguia a uma refeição quando a igreja estava reunida, mas muitos entre os participantes estavam mal preparados, havia dissenções entre eles e até casos de embriaguês.
Em nossos dias, a Ceia do Senhor é geralmente uma reunião isolada das outras, o que elimina alguns dos males que foram apontados na igreja de Corinto. Contudo, podemos destacar certas atitudes que podem levar à sua profanação.
Divisões na igreja, infelizmente, são comuns, por assuntos de pouca relevância, por obstinação, por partidarismo ou por se fazer distinção de pessoas. Estas divisões às vezes se revelam na Ceia do Senhor: alguns chegando a recusar participar da Ceia com outros cristãos por causa dessas divisões. Paulo admite que por causa do surgimento de heresias, haverá manifestação contrária por parte dos cristãos sinceros, mas não se trata aqui de heresias. Controlar a Ceia do Senhor como se fosse nossa é uma profanação.
O mandamento é que cada um examine-se a si próprio: só ele, em toda a igreja, sabe o estado em que se encontra em relação ao seu Senhor, se confessou e obteve perdão pelos seus pecados diante de Deus e dos homens. Só assim ele pode vir para prestar a sua adoração.
A respeito de discernir o corpo do Senhor, têm havido discussões e heresias através dos séculos, mas tudo indica que é o reconhecimento da presença do Senhor Jesus na Ceia. Temos ali os símbolos para nos avivar a memória sobre o que Ele fez por nós, e assim proclamar a Sua morte até que volte para nos buscar. Os hinos, a adoração e a meditação, todos devem nos ajudar a ver a Sua augusta presença na sua igreja, o Seu corpo espiritual. Não cabe aqui qualquer atitude ou atividade que nos afastem dessa contemplação - seria uma profanação.
O remorso, segundo a definição de Houaiss, é "inquietação, abatimento da consciência que percebe ter cometido uma falta, um erro". O cristão provavelmente tem a consciência mais acurada do que o incrédulo, e está mais sujeito ao remorso. Mas já está remediado: "Se confessarmos (significa reconhecer) os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça" (1 João 1:9). O cristão sincero que, orgulhosamente, não quer confessar o seu pecado, continuará em falta até fazê-lo, sofrendo remorso e sentindo-se indigno de se aproximar do Senhor em Sua Ceia. Tendo o remédio disponível, ele sofre desnecessariamente... Mas não terá perdido a sua salvação, que ninguém poderá tirar dele, e o perdão resultante do sangue de Cristo continuará valendo.
Reunir-se para a Ceia do Senhor é um convite, que para nós se torna um mandamento, da parte do Senhor Jesus aos seus discípulos, que são todos aqueles que se converteram do seu pecado e O receberam como o seu Senhor e Mestre.
Não existem condições explícitas determinadas para que seja realizada por uma igreja, mas os supervisores de algumas igrejas estabelecem regras próprias para isso. Quanto aos participantes, antes de tomar dos símbolos que anunciam a morte de Cristo (o pão e o cálice) cada um deve examinar-se a si mesmo para certificar-se que não os está tomando indignamente. Note: examinar-se a si mesmo, não aos demais. Por outro lado, se um irmão ou irmã estiver em pecado, como em jugo desigual ou ódio, compete à direção da igreja procurá-lo para lhe dar a admoestação ou disciplina adequada. Mas isto já é outro assunto.
Certamente Deus pode fazê-lo, e o fez na igreja em Corinto (1 Coríntios 11:27-32).
Esse texto e o seu contexto nos esclarecem o que vem a ser tomar a Ceia do Senhor indignamente: havia crentes naquela igreja que se comportavam de forma descuidada e irreverente diante da Mesa do Senhor - havia dissensões, glutonaria e alguns chegavam até a se embriagar! Quem participa da Ceia indignamente torna-se "culpado do corpo e do sangue do Senhor", e está sujeito à disciplina de Deus, cuja severidade poderá ser sentida na forma de enfermidade ou mesmo de morte.
Compete ao crente examinar-se a si mesmo (não o seu irmão) para então tomar do pão e do cálice. Não é uma questão de merecimento pessoal, pois nenhum de nós tem isso, e somente nos aproximamos de Deus por causa do merecimento que nos é dado pelo seu Filho. Por outro lado, devemos ter confessado e abandonado os nossos pecados para que sejam perdoados, restituído aquilo que tomamos indevidamente dos outros, perdoado aos que nos ofenderam, e nos desculpado àqueles a quem ofendemos.
Se continuarmos a viver em pecado, é mentira de nossa parte participarmos dos emblemas da morte do nosso Salvador, que foi realizada para nos livrar dele. Se não nos examinarmos e nos livrarmos do pecado, o julgamento virá, pois Deus disciplina os Seus filhos na terra, para que não sejam depois julgados com o mundo. Alguns são até retirados daqui, como já disse alguém: "é possível para um santo (em Cristo) estar apto para ir ao céu, sem estar apto para ficar para dar bom testemunho na terra".
Reunir-se para a Ceia do Senhor é um convite, que para nós se torna um mandamento, da parte do Senhor Jesus aos seus discípulos, que são todos aqueles que se converteram do seu pecado e O receberam como o seu Senhor e Mestre. Antes de tomar dos símbolos que anunciam a morte de Cristo (o pão e o cálice) cada um deve examinar a si mesmo (não os outros) para certificar-se que não os está tomando indignamente.
A conduta da igreja local é determinada pelos seus anciãos (ou presbíteros), que zelam pelo seu rebanho e um dia prestarão conta do que fazem ao Supremo Pastor, o Senhor Jesus Cristo (Hebreus 13:17, 1 Pedro 5:1-4). Negar a participação na Ceia do Senhor a um visitante que confessa Jesus Cristo como seu Senhor e Salvador e está em comunhão com outra igreja de Deus é coisa séria.
Simplesmente o fato de ter se transferido para a comunhão de outra igreja não prejudica o vínculo com o Senhor Jesus ou com outras igrejas. Mas poderá haver outras considerações, não mencionadas aqui, como o motivo por que o ex-membro deixou a comunhão da sua igreja. Se, por exemplo, foi por ser devasso, ou avarento, ou idólatra, ou maldizente, ou beberrão, ou roubador, o mandamento é que a igreja não tenha comunhão com ele (1 Coríntios 5:11), logo faz bem em não permitir que participe com a igreja na comunhão da Ceia do Senhor.
Recomendo que leia o artigo “Amor e Comunhão”.
Não é correto permitir que eles participem de uma reunião da igreja, pois não são membros. Quando muito, poderão assistir em silêncio apenas como visitantes, na esperança que os seus olhos sejam abertos à verdade, reconheçam o seu pecado e se convertam a Cristo.
Quanto a cantar os hinos, junto com a congregação, não nos compete proibi-los. Muitos dos nossos hinos têm doutrinas que não são aceitas pelos adventistas e ele não poderá cantar com sinceridade. Mas a responsabilidade é dele. A nossa é de impedir que ele ore, fale ou ensine e assim evitar que ele espalhe as suas heresias dentro da igreja.
Para se informar melhor sobre o que são, veja aqui.
É natural que os que estão acostumados com o uso de vinho no cálice da Ceia do Senhor julguem estranho ser alertados ao fato que o conteúdo do cálice nessa ocasião não é especificado em nenhum lugar da Bíblia, e o simples cálice sempre seja declarado como sendo o símbolo do sangue do Senhor.
É curioso, também, que nas diferentes ocasiões em que cálice com vinho é mencionado na Bíblia, nos dois Testamentos, ele tem sempre uma conotação de maldição - veja a começar da primeira referência em Gênesis 9:21, e outros exemplos como o Salmo 75:8 e Jeremias 25:15; em Lamentações 4:21, Ezequiel 23:32 e Habacuque 2:16 só é mencionado o cálice, mas pode-se deduzir que é vinho por causa das suas consequências: embriaguez e vergonha. O povo costumava ferver o vinho para diminuir o teor alcoólico ou diluí-lo com água.
Não é de se negar que provavelmente havia vinho na cerimônia da celebração da Páscoa, afinal ao que saibamos não havia refrigerantes naquele tempo, mas havia suco de fruta e, naturalmente, de uva. A palavra "vinho" que temos em nossas Bíblias traduz várias palavras do grego e hebraico que abrangem desde simples suco de uva até vinho de forte teor alcoólico. Eram alternativas à simples água.
Segundo somos informados por escritores judeus e historiadores, o vinho "novo" era suco de uva ainda puro. O que era guardado em odres acabava fermentando, porque não tinham geladeiras naquele tempo... assim "piorava", ao contrário do que se pensa hoje, pois causava embriaguez. O vinho que o Senhor transformou a partir de água nas bodas de Caná era "novo", portanto melhor e mais caro do que o fermentado que estavam usando antes. Isto faz sentido, não é?
As referências ao "fruto da videira" em Mateus, Marcos e Lucas obviamente evitam cuidadosamente mencionar "vinho" que também poderia ser suco de uva fermentado, assim como todas as outras referências ao conteúdo do copo da Santa Ceia. Será que isto não nos salta aos olhos?
Infelizmente o vinho se tornou tradicional durante séculos para uso dentro do cálice, e temos até hinos, especialmente em inglês, que cantamos na ceia do Senhor e falam em pão e vinho ao invés de pão e cálice, que seria o correto e é a expressão que o Espírito Santo usa em Sua Palavra.