Céu
1. É correto dizer que lá no céu vamos nos conhecer? Vamos ter lembranças daqui?
Fazem-se conjecturas, pois pouco se acha na Bíblia sobre o assunto. Mas, o que encontramos, parece indicar que tanto vamos nos conhecer como vamos ter lembranças daqui. Vejamos:
- O relato do Senhor Jesus sobre o rico e Lázaro: Lucas 16:19-31. Muitos pensam que se trata de uma parábola, mas a linguagem usada e o fato que Lázaro é mencionado pelo seu nome nos convencem que foi um fato histórico. Os dois se encontravam no Hades, lugar das almas dos mortos, em dois compartimentos separados por um abismo: um era o "seio de Abraão" (nome dado pelos judeus ao paraíso), e o outro era o inferno. O rico, localizado no inferno, podia ver e reconhecer Lázaro do outro lado, e se lembrava da sua família na terra. Como o rico, os que vão para o inferno não vão se esquecer daqui. O paraíso agora está no céu, e Lázaro não indicou se ele se lembrava da terra, como o rico fez. Fica a dúvida.
- Num episódio do Velho Testamento, Samuel, depois de morto, apareceu em espírito ao rei Saul que ainda estava vivo (1 Samuel 28:7-20). Os dois se reconheceram.
- Por ocasião da Sua transfiguração num monte diante de três dos Seus discípulos, apareceram os espíritos de Moisés e Elias para conversar com o Senhor (Mateus 17:3-8). Evidentemente tinham conhecimento do que acontecia com Ele na terra.
- Em uma cena de visão no livro do Apocalipse (capítulo 6:9,10) João viu debaixo do altar as almas dos mártires clamando por julgamento e vingança contra os que os haviam matado. Mesmo sendo apenas uma visão, está retratando a realidade de que as almas no céu têm memória do que lhes ocorreu na terra.
2. Por favor, me expliquem a passagem de II Coríntios 12:1-6. Principalmente as expressões "o terceiro céu" e "se no corpo ou fora do corpo não sei, Deus o sabe".
O apóstolo Paulo tinha estado a defender a sua missão de apóstolo imediatamente antes desta passagem, relacionando as suas credenciais, particularmente as tribulações por que havia já passado em seu testemunho através das suas viagens missionárias. Ele é modesto dizendo "se devo orgulhar-me, que seja nas coisas que mostram a minha fraqueza" (v.30). Embora a contragosto, ele em seguida (nesta passagem) se sente obrigado a fazer uma rápida referência a uma experiência extraterrestre, e trata dessa experiência na terceira pessoa para que ninguém o acuse de estar se gabando dela, mas não deixa de ser óbvio que se trata dele próprio.
Um homem (Paulo) foi arrebatado ao "terceiro céu". Existem três "céus" (Veja AQUI) :
- o céu onde se encontram os pássaros, que conhecemos atualmente como a atmosfera terrestre;
- o céu onde se acham as estrelas, que conhecemos como o universo;
- o céu onde está a morada de Deus, e onde está agora o paraíso.
Os homens já conseguiram ultrapassar o primeiro céu para penetrar ligeiramente no segundo, indo até a lua. Mas sabemos apenas de três homens que já estiveram no terceiro céu e vieram nos contar a respeito dele:
- o Senhor Jesus, que veio de lá (João 3:13) e foi quem mais disse sobre ele, embora pouco;
- o apóstolo João que foi elevado até lá em espírito, e contou a sua experiência (Apocalipse 4:1,2), falando bem menos;
- e o apóstolo Paulo, que não teve certeza se foi para lá no corpo ou fora do corpo, ou seja, em uma visão ou se seu espírito foi para lá e voltou: ele não disse nada sobre o que viu, pois eram "coisas indizíveis que ao homem não é permitido falar" (v.4). Paulo menciona quando isso aconteceu: fora catorze anos antes de escrever esta epístola. Cerca daquela época, na sua primeira viagem missionária, Paulo havia sido apedrejado por judeus em Listra e arrastado para fora da cidade, pensando que estivesse morto (Atos 14:19). Teria sido nessa ocasião? Talvez, mas não há certeza.
R David Jones