Este curto versículo ensina: "Qualquer, porém, que blasfemar contra o Espírito Santo, nunca obterá perdão, mas será réu do eterno juízo." Mateus, no capítulo 12 vers. 31 e 32, expande um pouco: "Eu vos digo: Todo o pecado e blasfêmia se perdoará aos homens; mas a blasfêmia contra o Espírito não será perdoada aos homens. E, se qualquer disser alguma palavra contra o Filho do homem, ser-lhe-á perdoado; mas, se alguém falar contra o Espírito Santo, não lhe será perdoado, nem neste século nem no futuro."
São palavras solenes, pois declaram que existe um pecado para o qual não existe perdão de Deus, nem no presente nem no futuro, por toda a eternidade. Muitos se preocupam temendo que o cometeram, pois não têm certeza do que se trata.
Quando uma passagem não é suficientemente clara em si mesma, a exegética manda que se procure o esclarecimento em paralelo com outras passagens, pois não pode haver contradição. Não há qualquer pecado cometido hoje em dia por alguém que o Senhor Jesus não possa perdoar, pois ele morreu na cruz para levar sobre Si todos os pecados: "Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça" (1 João 1:9). Isto está em sintonia com toda a Bíblia que nos ensina que Deus é misericordioso, e Sua justiça foi satisfeita no sangue de Cristo, permitindo assim a justificação de todo aquele que o recebe como Senhor e Salvador.
O pecado imperdoável não poderá ser cometido por aqueles que já receberam a vida eterna, mediante a fé no Senhor Jesus, pois esta nunca lhes será tirada: é eterna, e a vida eterna é comunhão com Deus diante de quem não pode haver pecado.
Haverá certamente uma condenação eterna, portanto sem possibilidade de perdão de Deus, para aqueles cujo nome não estiver escrito no "livro da vida" (Apocalipse 20:15). Entre estes estarão os que cometem o pecado imperdoável, como segue:
O contexto da declaração do Senhor Jesus foi a rejeição dos religiosos judeus à clara evidência que Ele expulsava demônios pelo Espírito de Deus. O pecado imperdoável tem a ver com a atitude que estavam tomando, ou com a decisão que haveriam de tomar de estar com Cristo ou contra Cristo mencionada logo antes.
O Espírito Santo testemunha a respeito de Cristo (1 João 5:6). Quem resiste a esse testemunho faz o Espírito Santo de mentiroso, e assim blasfema contra o Espírito. Rejeita a salvação que vem pelo testemunho da Palavra inspirada pelo Espírito Santo, e rejeita a regeneração do Espírito Santo.
Não só é uma blasfêmia contra o Espírito Santo, mas é falar contra Ele. Eis o pecado imperdoável neste século e no vindouro. Para este nunca haverá perdão. Sobre o assunto, recomendo uma leitura aqui.
O SENHOR preveniu Moisés, que ele deveria fazer diante do faraó todos os milagres que Ele havia posto em sua mão, "mas eu lhe endurecerei o coração para que ele não deixe ir o povo". Mais tarde veremos que dez vezes se diz que o faraó endureceu seu próprio coração (capítulo 7:13,14,22; 8:15,19,32; 9:7,34,35; 13:15), e também dez vezes Deus endureceu o coração do faraó (capítulo 4:21; 7:3; 9:12; 10:1,20,27; 11:10; 14:4,8,17).
Este é um exemplo do cumprimento da vontade soberana de Deus (Romanos 9:17-18). O faraó já havia endurecido seu coração sete vezes antes de Deus o fazer pela primeira vez, mas Deus já o havia previsto ante de Moisés sair de Midiã. O último sinal, o SENHOR esclareceu, seria feito por ele próprio (sem a atuação de Moisés), quando mataria o primogênito do faraó, porque ele recusava permitir a saída de Israel, o primogênito de Deus (a nação, não a pessoa). Primogênito literalmente significa o primeiro filho, mas passou a significar também a posição de alguém a quem é dado o privilégio que cabe ao primeiro filho (Gn.25:33, 1Cr.5:1) - esse é o significado aqui com respeito ao povo de Israel.
Moisés saiu com sua esposa e filhos para ir ao Egito, mas antes de servir a Deus era necessário que ele cumprisse o mandamento que Deus havia dado a Abraão, mediante o qual a sua descendência do lado masculino levaria em sua carne um sinal por toda a vida: a circuncisão (Gênesis 17:12-14). Moisés não havia cumprido esse mandamento, adiando esta operação por estar longe do seu povo e provavelmente por insistência de sua esposa, Zípora. Era necessário aprender que desobedecer a Deus, atraindo a sua ira sobre si, era mais sério do que qualquer coisa que o faraó lhe pudesse fazer.
O texto diz que, no caminho, numa estalagem (realmente apenas um acampamento), o SENHOR o encontrou e o quis matar: não sabemos como, mas isso nos lembra com o Anjo do SENHOR lutou com Jacó (Gênesis 32:24-30). Provavelmente Moisés se achava imobilizado, e ao saber do motivo, sua mulher Zípora teve que circuncidar seu filho, ela própria, para salvar a vida de Moisés. Seu gesto e comentário, chamando Moisés de esposo sanguinário, indica que ela não aprovava a prática.
É provável que, em seguida, ela deixou Moisés e voltou para casa com seu filho (capítulo 18:2-3). O relato bíblico é sempre muito objetivo, e às vezes não explica por completo os detalhes circunstanciais. Estes podem aguçar nossa curiosidade, mas são irrelevantes à mensagem que está sendo transmitida.
Na versão mais recente de Almeida, este versículo é traduzido para "... alguns homens ímpios ...", o oposto de "... homens de valor, aqueles cujo coração Deus tocara" no versículo anterior.
No hebraico, a expressão "filhos de ..." não significa necessariamente um grau de parentesco, mas frequentemente características morais similares às de um personagem ou coisa.
A palavra hebraica "belial" é traduzida como "mau" em Deuteronômio15:9, "ruim" no Salmo 41:8, "torpe" no Salmo 101:3 e Provérbios 6:12, etc. De uma maneira geral significa algo que é inútil e maligno.
Na expressão "filhos de Belial", a palavra "belial" foi usada como nome próprio sem tradução em algumas das nossas versões para o português, referindo-se a pessoas inúteis, desobedientes às leis, assim aparecendo 15 vezes no Velho Testamento na nova versão de Almeida, sendo a primeira em Deuteronômio 13:13 (aqui ela se refere a israelitas que incitassem os moradores de uma cidade a praticarem a idolatria, sujeitando todos à pena de morte).
No Novo Testamento só é encontrada em 2 Coríntios 6:15, onde é usada como um nome de Satanás, a personificação de tudo aquilo que é mau.