Não temos muitos detalhes da crucificação de Cristo neste Evangelho. Era uma forma romana de execução da pena de morte, em que o condenado era obrigado a levar uma cruz de madeira pesada ao longo de uma estrada principal para o local de execução, e ali ser nela pendurado para sofrer uma morte horrível, lenta e dolorosa, através de sufocação, à medida que enfraquecia e o peso do seu corpo naquela posição tornava difícil a respiração. A ordem dos eventos descrita nos Evangelhos foi como segue:
A chegada ao Gólgota (Mateus 27:33; Marcos 15:22; Lucas 23:33; João 19:17).
A oferta de bebida como analgésico, que recusou tomar (Mateus 27:34; Marcos 15:23).
Jesus é crucificado entre dois ladrões (Mateus 27:35-38; Marcos 15:24-28; Lucas 23:33-38; João 19:18-24).
Seu primeiro pronunciamento, "Pai, perdoa-lhes..." (Lucas 23:34).
A distribuição da Sua roupa (Mateus 27:35; Marcos 15:24; Lucas 23:34; João 19:23).
Os judeus escarnecem de Jesus, blasfemando (Mateus 27:39-44; Marcos 15:29-32; Lucas 23:35-38).
Os ladrões também zombam d’Ele, mas um se arrepende e crê na Sua verdadeira identidade (Mateus 27:44; Marcos 15:32; Lucas 23:39-43).
O segundo pronunciamento ."..hoje estarás comigo no Paraíso" (Lucas 23:43).
O terceiro pronunciamento, "... eis aí o teu filho... eis aí tua mãe" (o João 19:26, 27).
A escuridão de três horas (Mateus 27:45; Marcos 15:33; Lucas 23:44).
O quarto pronunciamento, "Meu Deus, por que Me desamparaste!.." (Mateus 27:46, 47; Marcos 15:34-36).
O quinto pronunciamento, "tenho sede" (João 19:28).
O sexto pronunciamento, "está consumado" (João 19:30)
O sétimo pronunciamento, "Pai, nas Tuas mãos entrego o meu espírito!" (Lucas 23:46)
Cristo entrega o Seu espírito (Mateus 27:50; Marcos 15:37; Lucas 23:46; João 19:30).
O lugar onde o Senhor foi crucificado, chamado Gólgota (“lugar de um monte em forma de caveira” - não “lugar de crânios”), era uma colina fora de Jerusalém ao longo de uma estrada principal. Os romanos usavam lugares altos para a execução de criminosos, para que todo mundo os pudesse ver.
O Senhor Jesus não só cumpriu profecias sobre Sua Pessoa, mas também figuras que aparecem no Velho Testamento: assim como tudo que era sacrificado pelos pecados era levado para um lugar limpo fora do arraial (Levítico 4:12), Ele, que ofereceu-se pelos nossos pecados, também foi levado para fora da cidade. O escritor de Hebreus enfatiza o fato que Jesus “para santificar o povo pelo seu próprio sangue, sofreu fora da porta” (Hebreus 13:12).
Os tipos de cruzes e métodos de crucificação variavam; algumas pessoas eram amarradas com cordas, mas Cristo foi pregado à Sua cruz (capítulo 20:25 – Salmo 22:26). É provável que aquela cruz tenha sido originalmente destinada a Barrabás, e que os dois ladrões, crucificados com Ele, tenham sido companheiros daquele criminoso. Era de praxe escrever o crime do condenado em um rolo de pergaminho sobre a sua cabeça na cruz. Pilatos ordenou que fosse escrito: ESTE É JESUS DE NAZARÉ O REI DOS JUDEUS em hebraico, grego e latim na cruz do Senhor.
Foi escrito em hebraico para os judeus, o idioma próprio do povo de Deus, em grego para os gentios, sendo o idioma comum no comércio, cultura e educação entre as nações naquele tempo, e em latim que era o idioma das forças de ocupação romanas, do poder secular e da autoridade. Assim, foi escrito para que todos soubessem que Ele era o Rei dos judeus.
Os líderes religiosos protestaram, porque não aceitavam que o título fosse legalmente dele. Decerto se preocupavam com a zombaria que estava implícita e temiam o efeito que teria na multidão. Mas Pilatos recusou-se a mudar a inscrição: provavelmente estava apreciando a humilhação deles. Tecnicamente estava correto, porque condenara Jesus por essa acusação feita pelos principais sacerdotes (como um descendente direto da casa real de Davi, Jesus era filho legal de José e teria o direito de herdar o trono de Davi, não tivesse a nação perdido sua soberania séculos antes, por causa da sua idolatria).
Os que passavam blasfemavam do Senhor Jesus, desafiando O a descer da cruz; os sacerdotes principais também escarneciam junto com os escribas e os anciãos, dizendo “A outros salvou; a si mesmo não pode salvar. Rei de Israel é ele; desça agora da cruz, e creremos nele; confiou em Deus, livre-o ele agora, se lhe quer bem; porque disse: Sou Filho de Deus” (Mateus 27:42-43).
Até mesmo os ladrões que foram crucificados com Ele O insultaram com a mesma coisa (Mateus 27:39-44). Pouco sabiam que precisamente porque Ele é o Filho de Deus, Ele não desceria da Cruz: Ele não teve que provar qualquer coisa neste momento, mas estava dando a vida d’Ele para os pecados do mundo, como tinha sido planejado antes da fundação do mundo. Tão seguramente como Ele tomou o lugar de Barrabás, Ele tomou também o nosso..
Os soldados romanos responsáveis pela execução distribuíram entre si as Suas vestes, como era costume. Mas a peça de vestuário mais valiosa era Sua túnica, sendo toda tecida de alto a baixo e a sortearam entre eles para determinar quem receberia, assim inconscientemente cumprindo uma profecia (Salmo 22:18).
Um grupo de mulheres estava de pé assistindo à distância, e agora se achegaram até a cruz, entre elas estando estas quatro:
A mãe de Jesus,
A irmã dela (era Salomé, mãe dos filhos de Zebedeu - Mateus 27:55, Marcos 15:40)
Maria a mulher de Clopas (mãe de Tiago o menor e de Joses)
Maria Madalena
Dos discípulos, apenas João é mencionado como estando lá, e assim parece ter sido o único dos apóstolos com coragem suficiente para tomar a sua posição com as mulheres junto à Cruz.
O Senhor chamou a sua mãe simplesmente de “mulher”, tal como fez no casamento em Caná (capítulo 2:4). Sua hora tinha chegado: Ele ia morrer, mas iria ressuscitar e ser glorificado. Seu relacionamento com sua mãe ia ser cortado (Mateus 12:47-50) e para ela, assim como para nós, Ele passaria a ser o Cristo glorificado. A Sua ressurreição iria limpar o nome dela e a sua reputação seria inocentada, mas ela teve que vir a Cristo em fé assim como qualquer outro crente vem. No entanto, enquanto estava dando a Sua vida pelos pecados do mundo, Ele não se esqueceu dela.
Sabemos que Maria viria a acompanhar os discípulos quando se reuniam em oração no Cenáculo depois da ressurreição de Cristo (Atos 1:14), mas depois disto ela saiu do relato bíblico. João a manteria e cuidaria dela em seu lar, como o Senhor Jesus pediu que fizesse. Sendo o primeiro filho de Maria, o Senhor tinha sido seu arrimo enquanto vivia, desde a morte do Seu pai adotivo José. Assim cumpria o Seu dever ao entregá-la aos cuidados do seu discípulo (e primo) em quem confiava, João.
Os outros filhos de Maria não são mencionados como estando presentes, e provavelmente ainda não acreditavam n’Ele (capítulo 7:5), embora o tenham feito mais tarde: depois da Sua ressurreição Cristo apareceu a Tiago (1 Coríntios 15:7), todos se reuniram com os discípulos no cenáculo, antes do Pentecoste (Atos 1:14), e Tiago se tornou um dos líderes da igreja de Jerusalém (Atos 12:17, 15:13, 21:18).
O Senhor foi pregado na Cruz na hora terceira, nove horas da manhã para nós. Na hora sexta, meio dia, tendo os homens já feito tudo o que podiam contra o Filho de Deus, as trevas cobriram esta cena por três horas. Essa cruz tornou-se um altar no qual o Cordeiro que tira o pecado do mundo foi oferecido (Mateus 27:45).
Cerca da hora nona, 15:00 h, Jesus clamou com uma grande voz "Deus meu, Deus meu, por que Me desamparaste?" (Mateus 27:46). Estas são as palavras iniciais do Salmo 22, que também dá a resposta no versículo 3: "Contudo Tu és Santo, entronizado sobre os louvores de Israel”. Quando o nosso pecado foi colocado sobre Jesus Cristo, Deus tinha que se retirar, e o nosso Salvador teve de sofrer a penalidade do pecado: a morte.
O Salmo 22 é uma profecia muito clara do que aconteceria naquele dia, e é outra grande evidência que o Senhor Jesus é o Messias, pois a cumpriu (e também aqueles em torno dele, inconscientemente, inclusive seus inimigos) literalmente.
Veja mais detalhes sobre este assunto em
http://www.bible-facts.info/comentarios/nt/mateus/asuamorte.htm
17 Tomaram, pois, a Jesus; e ele, carregando a sua própria cruz, saiu para o lugar chamado Caveira, que em hebraico se chama Gólgota,
18 onde o crucificaram, e com ele outros dois, um de cada lado, e Jesus no meio.
19 E Pilatos escreveu também um título, e o colocou sobre a cruz; e nele estava escrito: JESUS O NAZARENO, O REI DOS JUDEUS.
20 Muitos dos judeus, pois, leram este título; porque o lugar onde Jesus foi crucificado era próximo da cidade; e estava escrito em hebraico, latim e grego.
21 Diziam então a Pilatos os principais sacerdotes dos judeus: Não escrevas: O rei dos judeus; mas que ele disse: Sou rei dos judeus.
22 Respondeu Pilatos: O que escrevi, escrevi.
23 Tendo, pois os soldados crucificado a Jesus, tomaram as suas vestes, e fizeram delas quatro partes, para cada soldado uma parte. Tomaram também a túnica; ora a túnica não tinha costura, sendo toda tecida de alto a baixo.
24 Pelo que disseram uns aos outros: Não a rasguemos, mas lancemos sortes sobre ela, para ver de quem será (para que se cumprisse a escritura que diz: Repartiram entre si as minhas vestes, e lançaram sortes). E, de fato, os soldados assim fizeram.
25 Estavam em pé, junto à cruz de Jesus, sua mãe, e a irmã de sua mãe, e Maria, mulher de Clôpas, e Maria Madalena.
26 Ora, Jesus, vendo ali sua mãe, e ao lado dela o discípulo a quem ele amava, disse a sua mãe: Mulher, eis aí o teu filho.
27 Então disse ao discípulo: Eis aí tua mãe. E desde aquela hora o discípulo a recebeu em sua casa.
Evangelho de Mateus, capítulo 19, versículos 17 a 27