Introdução. A igreja em Filipos, cidade da Grécia, foi a primeira igreja fundada por Paulo na Europa (Atos 16:11-40). Ali foram convertidas as famílias de Lídia e do carcereiro; depois da partida de Paulo e Silas, parece que Lucas ficou em Filipos para continuar o trabalho evangélico.
Esta epístola foi escrita alguns anos depois, quando Paulo estava na prisão em Roma, esperando o resultado do seu apelo para César (Atos 25:12; 28:16-31). A igreja em Filipos tinha crescido bastante e sempre se manteve em contato com Paulo. O motivo da epístola não é doutrinário e nem correcional, mas sim, o encorajamento de todos os crentes na sua vida espiritual, mostrando-nos Cristo como nossa Vida (capítulo 1), nosso Exemplo (capítulo 2, nosso Alvo (capítulo 3) e nossa Provisão (capítulo 4).
Saudação. Paulo une-se com Timóteo como "servos" de Cristo - para servir tanto ao Senhor como aos crentes. Os "bispos" (isto é, os presbíteros) e "diáconos" (servos) naquela igreja estão incluídos na saudação (não "o bispo de Filipos", mas sim "os bispos de Filipos").
"Graça e paz" - note a ordem: é pela graça de Deus que podemos ter paz com Ele.
Agradecimentos e orações. Os filipenses continuaram sempre a sua comunhão com Paulo, por meio de orações e dádivas, durante os oito ou dez anos desde o começo. Eles continuariam assim progredindo na sua vida espiritual (versículo 6). Em todas as suas circunstâncias, Paulo os tinha no seu coração, amando-os na "terna misericórdia de Cristo Jesus" (versículos 7 e 8).
Ele ora sempre por eles, que o seu amor cresça na medida que eles crescem no conhecimento (sabedoria espiritual) e no discernimento em todas as situações, para sempre escolherem o bem; assim seriam "sem mancha" - sinceros - preparados para a Vinda do Senhor. Assim seriam plantas frutíferas (João 15:8) em Cristo, mostrando sempre a perfeição de Deus, o Redentor (versículos 9 - 11).
O Evangelho em Roma. O aprisionamento de Paulo estava ajudando o progresso do Evangelho na Capital do mundo! Pois:
a) A guarda pretoriana (regimento especial) do exército romano tinha ouvido o Evangelho por meio dele.
b) A maior parte dos crentes em Roma foram animados a pregar o Evangelho; alguns por inveja (versículos 15,17), mas os outros por amor (versículos 14,16); em qualquer caso, o Evangelho estava sendo pregado e isto lhe dava bastante regozijo (versículo 18).
c) Ele tinha esperança de ser libertado, pelas orações dos crentes e pelo poder do Espírito Santo. Porém, libertado ou não, tudo seria para a glória de Cristo (versículos 19-20).
Viver ou morrer? Qualquer destes seria bom para ele! "Viver" seria glorificar a Cristo; "morrer" seria ganho para Paulo. Se continuasse a viver, ele poderia obter mais fruto para Cristo pelo Evangelho; se morresse, ele estaria eternamente com Cristo (o que seria muito melhor para Paulo!).
Mas para a igreja era necessário que ele continuasse aqui no mundo (versículo 24), então ele teria a certeza de continuar a viver e de ser libertado da prisão para poder ficar novamente com as igrejas, para ajudá-las a progredir na fé e na comunhão com Cristo.
A luta cristã. Os filipenses estavam sendo constantemente perseguidos pelos inimigos do Evangelho. Paulo queria que, estando ele com eles ou ausente deles, os crentes continuassem firmes na fé, lutando "em um só espírito e com uma só alma" - sem brigas, seitas, divisões nem partidos.
Sem medo dos adversários, os cristãos devem viver "como cidadãos dignos" do reino dos céus. Eles tinham "a graça de sofrer" por Cristo - isto é, o privilégio e o poder, no Espírito, de serem perseguidos e maltratados pelos inimigos do Senhor, assim, como Paulo mesmo tinha sofrido em Filipos (Atos 16:19-24) e ainda continuava a sofrer.
Eles o tinham visto aprisionado em Filipos (Atos 16:22-40) e viram o bom resultado daquele acontecimento - a salvação do carcereiro e de sua família. Semelhantemente, este período na prisão romana estava dando bons frutos para Deus (como vimos nos versículos 12-20 deste capítulo).
Também sabemos que o apóstolo foi, de fato libertado daquela prisão e continuou por muitos anos os seus trabalhos no Evangelho.
1 Paulo e Timóteo, servos de Jesus Cristo, a todos os santos em Cristo Jesus que estão em Filipos, com os bispos e diáconos:
2 graça a vós e paz, da parte de Deus, nosso Pai, e da do Senhor Jesus Cristo.
3 Dou graças ao meu Deus todas as vezes que me lembro de vós,
4 fazendo, sempre com alegria, oração por vós em todas as minhas súplicas,
5 pela vossa cooperação no evangelho desde o primeiro dia até agora.
6 Tendo por certo isto mesmo: que aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até ao Dia de Jesus Cristo.
7 Como tenho por justo sentir isto de vós todos, porque vos retenho em meu coração, pois todos vós fostes participantes da minha graça, tanto nas minhas prisões como na minha defesa e confirmação do evangelho.
8 Porque Deus me é testemunha das saudades que de todos vós tenho, em entranhável afeição de Jesus Cristo.
9 E peço isto: que a vossa caridade aumente mais e mais em ciência e em todo o conhecimento.
10 Para que aproveis as coisas excelentes, para que sejais sinceros e sem escândalo algum até ao Dia de Cristo,
11 cheios de frutos de justiça, que são por Jesus Cristo, para glória e louvor de Deus.
12 E quero, irmãos, que saibais que as coisas que me aconteceram contribuíram para maior proveito do evangelho.
13 De maneira que as minhas prisões em Cristo foram manifestas por toda a guarda pretoriana e por todos os demais lugares;
14 e muitos dos irmãos no Senhor, tomando ânimo com as minhas prisões, ousam falar a palavra mais confiadamente, sem temor.
15 Verdade é que também alguns pregam a Cristo por inveja e porfia, mas outros de boa mente;
16 uns por amor, sabendo que fui posto para defesa do evangelho;
17 mas outros, na verdade, anunciam a Cristo por contenção, não puramente, julgando acrescentar aflição às minhas prisões.
18 Mas que importa? Contanto que Cristo seja anunciado de toda a maneira, ou com fingimento, ou em verdade, nisto me regozijo e me regozijarei ainda.
19 Porque sei que disto me resultará salvação, pela vossa oração e pelo socorro do Espírito de Jesus Cristo,
20 segundo a minha intensa expectação e esperança, de que em nada serei confundido; antes, com toda a confiança, Cristo será, tanto agora como sempre, engrandecido no meu corpo, seja pela vida, seja pela morte.
21 Porque para mim o viver é Cristo, e o morrer é ganho.
22 Mas, se o viver na carne me der fruto da minha obra, não sei, então, o que deva escolher.
23 Mas de ambos os lados estou em aperto, tendo desejo de partir e estar com Cristo, porque isto é ainda muito melhor.
24 Mas julgo mais necessário, por amor de vós, ficar na carne.
25 E, tendo esta confiança, sei que ficarei e permanecerei com todos vós para proveito vosso e gozo da fé,
26 para que a vossa glória aumente por mim em Cristo Jesus, pela minha nova ida a vós.
27 Somente deveis portar-vos dignamente conforme o evangelho de Cristo, para que, quer vá e vos veja, quer esteja ausente, ouça acerca de vós que estais num mesmo espírito, combatendo juntamente com o mesmo ânimo pela fé do evangelho.
28 E em nada vos espanteis dos que resistem, o que para eles, na verdade, é indício de perdição, mas, para vós, de salvação, e isto de Deus.
29 Porque a vós vos foi concedido, em relação a Cristo, não somente crer nele, como também padecer por ele,
30 tendo o mesmo combate que já em mim tendes visto e, agora, ouvis estar em mim.
Filipenses capítulo 1