Os que foram justificados pela fé devem se sujeitar à autoridade humana pela simples razão de que não há autoridade exceto a que é dada por Deus. Deus introduziu governo humano, depois do dilúvio, quando determinou, "Quem derramar sangue de homem, pelo homem terá o seu sangue derramado" (Gênesis 9:6). Essemandamento concedeu autoridade aos homens para fazerem julgamentos em matéria criminal e castigar os infratores.
Em toda sociedade organizada deve haver autoridade e submissão a essa autoridade. Assim, Deus instituiu o governo humano, e nenhum governo existe fora da Sua vontade. Isso não quer dizer que aprova tudo que as autoridades humanas fazem. Ele certamente não aprova a brutalidade, a corrupção e a tirania! Mas o fato é que as autoridades que existem foram ordenadas por Deus.
O direito divino dos reis, ou de qualquer outra forma de governo não está sendo defendida aqui, mas em princípio Deus aprova o governo e a ordem de um modo geral, até mesmo se o governo atual for resultante de uma revolução para a mudança de governo, e Ele se opõe a todas as ilegalidades e desordem. Nenhum país pode sobreviver indefinidamente sob a anarquia. Qualquer governo é melhor do que nenhum governo.
Satanás reivindicou todos os reinos deste mundo para si diante de Jesus, quando o tentava. A injustiça e a corrupção de fato abundam em todos os governos: a história conta como um governo após o outro florescem por um tempo e se cobrem de pompa e orgulho, mas Deus sempre lhes dá um fim quando a corrupção e a ilegalidade se fazem excessivas. Deus ainda reina sobre a terra, e embora a fidelidade do cristão seja devida a Ele acima de tudo, seu relacionamento com o governo na Terra resulta de submissão à vontade de Deus.
Os crentes podem viver vitoriosamente numa democracia, numa monarquia constitucional, ou mesmo num regime totalitário. É de se notar que quando esta carta foi escrita, Nero era imperador romano e perseguia cruelmente os cristãos.
Assim, quem desobedece ou se rebela contra o governo está desobedecendo e se rebelando contra a autoridade que Deus ordenou. Nenhum governo terreno é melhor do que os homens que o compõem, e é por isso que nenhum dos nossos governos é perfeito.O único governo ideal é uma monarquia que está para vir e que terá o Senhor Jesus Cristo como Rei.
No entanto, um cristão não é obrigado diante de Deus a obedecer uma autoridade que o mande pecar ou falhar com a sua lealdade para com Jesus Cristo (Atos 5: 29). Ninguém deve ter autoridade para comandar a consciência de uma pessoa. Se, por este motivo, o cristão desobedecer à autoridade instituída, ele deverá se sujeitar à penalidade da lei, e receber o castigo devido. Em nenhuma circunstância deverá por causa disto se rebelar contra o governo ou participar em uma tentativa para derrubá-lo.
Em grandes momentos de crise na história, os crentes tiveram que tomar decisões difíceis. Muitos se opuseram a um mau governo e incentivaram um governo melhor, decidindo que esta era a vontade de Deus, pois pelo Seus atributos divinos, Deus favorece a legitimidade e a ordem face à ilegalidade e a anarquia, e a honestidade e a justiça em vez de corrupçãoe flagrante injustiça.
Mas o cristianismo nunca foi destinado a ser um partido político para melhorar o governo, ajudar a sociedade, ou mesmo limpar a cidade. O evangelho é o poder de Deus para a salvação do indivíduo, “por isso quem resiste à autoridade resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos a condenação." O crente não deve se opor ao seu governo, e deve afastar-se daqueles que pretenderem derrubá-lo sob o pretexto demelhorá-lo.
Regra geral, quem faz o bem não precisa temer as autoridades.Cumprirá a lei para evitar multas, julgamento e prisões, pois somente os que infringem a lei estão sujeitos à punição.
Quem exerce autoridade civil ou militar é ministro deDeus, no sentido de ser Seu servo erepresentante. Não somente devepromover a segurança, tranquilidade e bem-estar geral do povo, mas tem o direito de executar as sanções previstas na lei.Por sua vez, quem violar a lei, terá que carregar as consequências se a autoridade competente submetê-lo ajulgamento.
A expressão “não traz debalde a espada” demonstra o grande poder da autoridade que Deus delega a quem governa: não é só um símbolo, mas inclui até o poder de vida ou morte sobre os infratores da lei. Não se trata de assassinato, que é proibido por Deus, mas da execução da pena de morte prevista na lei.
A autoridade é assim ministro de Deus como umvingador para castigar o que pratica o mal.Em outras palavras, alémde ser um ministro de Deus para fazer o bem, “é vingador em ira (da parte de Deus) contra aquele que pratica o mal”. Ao crente é necessário obedecer à autoridade por dois motivos: o desejo de manter uma boa consciência e o medo do castigo.
O crente não só deve obediência à autoridade, mas também tem o dever de contribuir para a sua manutenção. É justo, portanto pagar os impostos e taxas pelos serviços que presta. O fato do crente ser cidadão do céu (Filipenses 3:20) não o isenta de responsabilidade pela manutenção do governo humano na terra.
Para o bem da ordem e melhor cumprimento do seu dever, as autoridades também têm direito ao respeito dos seus subordinados. Por isso o crente deve dispensar-lhes a honra apropriada, e nunca tomar parte em grupos para difamá-las, como lemos em Atos 23:5: “está escrito: Não dirás mal do príncipe do teu povo.”
As dívidas do crente
O versículo 8 compreende um mandamento singular, pois o ensino em toda a Bíblia visa o comportamento dos credores, com respeito à compaixão que devem ter para com os seus devedores. Este abrange o cumprimento de todas as obrigações do crente como devedor, sejam elas civis, morais, financeiras ou de qualquer outra espécie, em consonância com os versículos precedentes (as obrigações civis) e o restante do versículo (a obrigação moral).
Como exemplo, vejamos três espécies de dívidas:
As dívidas civis (*): como já vimos acima, o cumprimento das leis do país em que vive é uma obrigação de todo o crente (desde que não firam os mandamentos de Deus). “A quem temor, temor, a quem honra, honra” (Romanos 13:7). A regularização dos seus documentos, os serviços diversos como o militar, a participação em júri, eleições, e outros mais, são obrigações civis no Brasil que o crente precisa cumprir.
As dívidas financeiras: As obrigações financeiras exigem muita atenção, pois o seu cumprimento é geralmente uma das principais medidas para se avaliar a honestidade e integridade de uma pessoa. Empréstimos são parte da economia doméstica, geralmente necessários para se obter casa própria e aquisição de bens mediante cartão de crédito, bem como aos comerciantes, fazendeiros, produtores, etc, para desenvolverem as suas atividades. Não é pecado contrair um empréstimo, pois consiste em trocar um compromisso por um benefício, mas é a falta do pagamento na data contratada que o tornará “devedor” no sentido deste mandamento.
As dívidas morais: são dívidas que surgem em vista de nosso relacionamento pessoal com outras pessoas, por exemplo, promessas, o dever de proclamar o Evangelho ao mundo perdido.
A única dívida permitida é “o amor com que vos ameis uns aos outros”. Devemos estar sempre pagando esta dívida, mas ela nunca nos será quitada. É o amor que Jesus Cristo nos mostrou: profundo, altruísta, sacrificial, indiferente ao valor ou merecimento de quem é o seu objeto. Não é emotivo, mas prático. Todos os crentes devem este tipo de amor uns aos outros, sendo o cumprimento do grande mandamento: “Amarás ao teu próximo como a ti mesmo.” Alguns exemplos do não cumprimento deste mandamento são dados no versículo 9.
O crente deve estar sempre atento para cumprir prontamente todos estes deveres porque a sua salvação se aproxima cada dia mais: é a terceira fase da sua salvação, quando estará na presença do Senhor e livre da presença do pecado. Não convém que, neste momento, esteja ainda em dívida.
Deve livrar-se do pecado em sua vida, andar honestamente, agir segundo o exemplo do Senhor Jesus Cristo, e resistir fortemente contra o assédio do mal que o rodeia.
1 Toda alma esteja sujeita às autoridades superiores; porque não há autoridade que não venha de Deus; e as autoridades que há foram ordenadas por Deus.
Por isso, quem resiste à autoridade resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos a condenação.
3 Porque os magistrados não são terror para as boas obras, mas para as más. Queres tu, pois, não temer a autoridade? Faze o bem e terás louvor dela.
4 Porque ela é ministro de Deus para teu bem. Mas, se fizeres o mal, teme, pois não traz debalde a espada; porque é ministro de Deus e vingador para castigar o que faz o mal.
5 Portanto, é necessário que lhe estejais sujeitos, não somente pelo castigo, mas também pela consciência.
6 Por esta razão também pagais tributos, porque são ministros de Deus, atendendo sempre a isto mesmo.
7 Portanto, dai a cada um o que deveis: a quem tributo, tributo; a quem imposto, imposto; a quem temor, temor; a quem honra, honra.
8 A ninguém devais coisa alguma, a não ser o amor com que vos ameis uns aos outros; porque quem ama aos outros cumpriu a lei.
9 Com efeito: Não adulterarás, não matarás, não furtarás, não darás falso testemunho, não cobiçarás, e, se há algum outro mandamento, tudo nesta palavra se resume: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo.
10 O amor não faz mal ao próximo; de sorte que o cumprimento da lei é o amor.
11 E isto digo, conhecendo o tempo, que é já hora de despertarmos do sono; porque a nossa salvação está, agora, mais perto de nós do que quando aceitamos a fé.
12 A noite é passada, e o dia é chegado. Rejeitemos, pois, as obras das trevas e vistamo-nos das armas da luz.
13 Andemos honestamente, como de dia, não em glutonarias, nem em bebedeiras, nem em desonestidades, nem em dissoluções, nem em contendas e inveja.
14 Mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo e não tenhais cuidado da carne em suas concupiscências.
Romanos capítulo 13