Capítulo 42 a
O Servo escolhido do Senhor (42:1-9)
Em Isaías, a palavra “Servo” é usada para se referir:
Ao Messias (o Ungido) traduzida para Cristo (do grego) - no Novo Testamento. Originalmente a palavra “Messias” era usada em forma de adjetivo para um sacerdote ou, também como substantivo, para o rei como “o ungido (rei) do Senhor”.
A toda a nação de Israel,
Ao piedoso remanescente do povo.
Ao rei Ciro da Pérsia.
Geralmente o contexto deixa claro a quem se refere. Nos versículos 1 a 4 deste capítulo, o “Servo” a quem Deus escolheu e sustém, e em quem Sua alma se compraz é o Senhor Jesus. O Espírito Santo veio sobre Ele, e Ele trará justiça às nações.
Com esta revelação abre-se o caminho para a primeira grande revelação e profecia, sobre Cristo. Todas as promessas de restauração e Sua consequente benção são declaradas para centralizá-lo. Sua vinda ao mundo e morte redentora aconteceram sete séculos mais tarde. Agora estamos a ver o deleite de Deus o Pai na Sua pessoa, e que grandes coisas já foram e ainda serão realizadas por Ele. Temos uma visão de Sua vida e caráter nos dias em que assumiu humanidade, Sua ternura, bem como o Seu poder, e do grande livramento que ainda fará.
A luz da glória da Sua pessoa coloca Ciro na sombra para o momento, embora haja mais para ser dito ainda sobre Ciro. Mas é Cristo que agora entra em cena como o abençoador de Israel e o Salvador dos gentios.
É Cristo a quem o Senhor chama Seu servo no primeiro versículo: " Eis aqui o meu servo, a quem sustenho; o meu escolhido, em quem se compraz a minha alma”. A citação em Mateus 12:18 fala dele como "meu amado," dando o outro significado da palavra hebraica “escolhido” e harmonizando-se com a declaração do Pai em Mateus 3:17. Ele assumiu o caráter de Seu servo para o cumprimento da vontade do seu Pai na terra (veja Filipenses 2:7). Ele foi "escolhido" nos eternos planos de Deus no passado, para fins de propiciação.
A demonstração do prazer do Pai nEle foi a vinda do Espírito Santo sobre Ele, em cumprimento desta profecia (Mateus 3:16, Marcos 1:10, Lucas 3:22 e João 1:32 e 33). Esta declaração, "pus o Meu espírito sobre ele," é o centro de uma das três grandes declarações em Isaías sobre o Espírito Santo no contexto de Cristo. A primeira está no capítulo 11:2, que fala da Sua encarnação. A segunda, aqui, aponta para o Seu batismo. A última está no capítulo 61:1, apontando para o início do Seu ministério público.
Desta profecia Isaías salta para os efeitos da segunda vinda de Cristo, no Seu reinado milenar: "Ele trará justiça às nações." O modo do cumprimento foi dado em detalhe pelo profeta no capítulo 2:1-4).
No que se refere à aparente contradição entre “não clamará" (versículo 2) e “clamará e fará grande ruído” (versículo 13), a explicação é que o primeiro tem a ver com Seu povo, o segundo com Seus inimigos. O primeiro indica a Sua ternura, e a ausência de auto-promoção barulhenta; o segundo é a sua voz como um conquistador, "a voz do Senhor," pela qual os inimigos de Deus devem ser derrubados no final desta época atual.
Em seguida, nos versículos 3 e 4, temos uma série de promessas:
Não quebrará a cana trilhada nem apagará o pavio que fumega, mas trará a justiça
Não faltará nem será quebrantado até que ponha na terra a justiça
Os povos da terra (ilhas) aguardarão a Sua lei
Estas promessas têm muito incentivo para nós, os Seus servos, pelo carinho do Senhor conosco agora. Se nos julgarmos às vezes como uma cana trilhada que só serve para esmagamento, ou sentirmos que a nossa luz está se apagando, lembremos os Seus desejos a nosso respeito e apresentemo-nos a Ele para obter Sua renovação graciosa e Seu poder de restauração.
Tendo apresentado assim o Seu servo, Deus se dirige a Ele próprio. Descrevendo primeiro a Sua criação dos céus, da terra e do povo que nela está, toma isso tudo como base de uma garantia, promessa e revelação de Seus propósitos:
O Senhor Jesus Cristo afirmou que esta era a Sua missão, no início do Seu ministério (Lucas 4:18). Tudo isso foi feito por Ele e essa obra continúa através dos Seus servos.
Que conforto tudo é para nós como servos de Deus! Somos justificados na aplicação dos versículos 6 e 7, mesmo porque o Senhor Jesus usa linguagem semelhante ao Seu apóstolo Paulo, como informado em Atos 26:18. Foi Ele quem nos chamou, fazendo-nos ministros de seu Evangelho, permitindo-nos trazer luz e liberdade para aqueles que estão em escuridão espiritual e cativeiro.
Em seguida, o Senhor faz a afirmação solene "Eu sou o Senhor; este é o meu nome”: esse foi o nome pelo qual Ele se revelou a Moisés, como promessa de que cumpriria Sua palavra em relação à missão que lhe dera. Por meio deste título, ele declarou:
Segura e firme é a palavra do Senhor! Que incentivo ela provê à fé para nos assegurar das Suas promessas, mesmo na hora mais sombria e em meio às circunstâncias mais desconcertantes e angustiantes!
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1 Eis aqui o meu servo, a quem sustenho; o meu escolhido, em quem se compraz a minha alma; pus o meu espírito sobre ele. ele trará justiça às nações.
2 Não clamará, não se exaltará, nem fará ouvir a sua voz na rua.
3 A cana trilhada, não a quebrará, nem apagará o pavio que fumega; em verdade trará a justiça;
4 não faltará nem será quebrantado, até que ponha na terra a justiça; e as ilhas aguardarão a sua lei.
5 Assim diz Deus, o Senhor, que criou os céus e os desenrolou, e estendeu a terra e o que dela procede; que dá a respiração ao povo que nela está, e o espírito aos que andam nela.
6 Eu o Senhor te chamei em justiça; tomei-te pela mão, e te guardei; e te dei por pacto ao povo, e para luz das nações;
7 para abrir os olhos dos cegos, para tirar da prisão os presos, e do cárcere os que jazem em trevas.
8 Eu sou o Senhor; este é o meu nome; a minha glória, pois, a outrem não a darei, nem o meu louvor às imagens esculpidas.
9 Eis que as primeiras coisas já se realizaram, e novas coisas eu vos anuncio; antes que venham à luz, vo-las faço ouvir.
Isaías, capítulo 42, versículos 1 a 9