A doença e recuperação de Ezequias (38:1-22)
Este capítulo trata de fatos extraordinários acontecidos antes dos relatados no capítulo 37.
O rei Ezequias apanhou uma doença séria e estava à morte. O profeta Isaías veio lhe informar que recebera uma ordem do Senhor para lhe dizer que puzesse a sua casa em ordem porque iria morrer sem se restabelecer.
Ezequias então orou ao Senhor diretamente pedindo que Ele levasse em conta a sua obediência e correção diante dEle, e chorou amargamente. O Senhor se compadeceu dele, concedeu-lhe mais quinze anos, prometeu-lhe livramento do rei da Assíria, tanto a ele como a cidade (Jerusalém), e proteção.
Como sinal, o Senhor prometeu fazer voltar atrás dez graus a sombra no relógio de sol de Acaz, pelos quais já havia declinado. O hebraico do versículo 8 é difícil, mas parece provável que Acaz havia construído um obelisco com degraus de acesso para verificar as horas do dia, e que Deus milagrosamente causou a sombra a declinar dez graus enquanto Ezequias observava.
Para celebrar a sua recuperação, Ezequias escreveu um poema ou salmo. Esta é a única parte da seção histórica que não tem paralelo em 2 Reis. Começou com a tristeza que teve quando soube que ia morrer no auge da sua vida. Ele não veria mais o Senhor, nem os homens, na terra dos viventes. Ele descreveu o seu sentimento de desolação, sua amargura, sua súplica sincera e sua impotência sob o golpe de Deus.
Mas uma mudança veio no versículo 16. Ezequias reconheceu que por estas aflições os homens passam, e que elas têm uma influência benéfica no seu caráter. Agora Deus libertou-o de morrer, uma indicação para o rei que o Senhor perdoou seus pecados. O versículo 18 reflete a visão indistinta sobre a situação dos espíritos dos mortos no Velho Testamento. Agora, porque continuava vivo, ele podia render graças ao Senhor e falar aos seus filhos sobre a fidelidade de Deus. Ezequias resolveu louvar o Senhor todos os dias da sua vida.
Os versículos 21 e 22 se encaixam cronologicamente entre os versículos 6 e 7.
Ezequias recebe os babilônios e Isaías profetiza o cativeiro (39)
Merodaque-Baladã, filho de Baladã, era o rei da Babilônia. Segundo os historiadores ele foi o adversário mais perigoso e inveterado de Senaqueribe, rei da Assíria, contra quem ele contestou e ganhou a posse da Babilônia imediatamente após a morte de Salmanazar, pai de Senaqueribe, em 721 A.C.
Sem dúvida Merodaque-Baladã tinha suas vistas nos tesouros contidos em Jerusalém, grande parte ainda conservada desde os tempos de Salomão. Vindo ao seu conhecimento a doença e convalescimento de Ezequias, aproveitou a ocasião para ostensivamente felicitar e enviar-lhe um presente através de uma comitiva. Era uma boa oportunidade para aproximação.
Ezequias se alegrou muito, abriu as portas e mostrou-lhes tudo o que tinha em seu domínio. Entendemos que, por terem um inimigo comum na Assíria, ele julgou que podia agora confiar numa amizade com o poderoso rei dos caldeus. Este seria um bom aliado para ajuda-lo contra a ameaça da Babilônia.
Quando Isaías ouviu o que tinha acontecido, da boca do próprio Ezequias, ele pronunciou o julgamento de Deus:
Viriam dias quando tudo que houvesse na casa real de Ezequias, inclusive tudo o que seus antepassados haviam entesourado, seriam levados para a Babilônia – não ficaria nada. Alguns dos descendentes de Ezequias seriam levados cativos, para serem eunucos no palácio do rei da Babilônia (significando que não teriam filhos).
Ezequias reconheceu que o julgamento viera de Deus, aceitou-o submisso, e demonstrou alívio porque entendeu que isso não aconteceria ainda e haveria “paz e verdade” em seus dias... realmente a invasão de Jerusalém por Nabucodonozor, rei da Babilônia, só aconteceu cerca de um século mais tarde.
1 Naqueles dias Ezequias adoeceu e esteve à morte. E veio ter com ele o profeta Isaías, filho de Amoz, e lhe disse: Assim diz o Senhor: Põe em ordem a tua casa, porque morrerás, e não viverás.
2 Então virou Ezequias o seu rosto para a parede, e orou ao Senhor,
3 e disse: Lembra-te agora, ó Senhor, peço-te, de que modo tenho andado diante de ti em verdade, e com coração perfeito, e tenho feito o que era reto aos teus olhos. E chorou Ezequias amargamente.
4 Então veio a palavra do Senhor a Isaías, dizendo:
5 Vai e dize a Ezequias: Assim diz o Senhor, o Deus de Davi teu pai: Ouvi a tua oração, e vi as tuas lágrimas; eis que acrescentarei aos teus dias quinze anos.
6 Livrar-te-ei das mãos do rei da Assíria, a ti, e a esta cidade; eu defenderei esta cidade.
7 E isto te será da parte do Senhor como sinal de que o Senhor cumprirá esta palavra que falou:
8 Eis que farei voltar atrás dez graus a sombra no relógio de Acaz, pelos quais já declinou com o sol. Assim recuou o sol dez graus pelos quais já tinha declinado.
9 O escrito de Ezequias, rei de Judá, depois de ter estado doente, e de ter convalescido de sua enfermidade.
10 Eu disse: Na tranqüilidade de meus dias hei de entrar nas portas do Seol; estou privado do resto de meus anos.
11 Eu disse: Já não verei mais ao Senhor na terra dos viventes; jamais verei o homem com os moradores do mundo.
12 A minha habitação já foi arrancada e arrebatada de mim, qual tenda de pastor; enrolei como tecelão a minha vida; ele me corta do tear; do dia para a noite tu darás cabo de mim.
13 Clamei por socorro até a madrugada; como um leão, assim ele quebrou todos os meus ossos; do dia para a noite tu darás cabo de mim.
14 Como a andorinha, ou o grou, assim eu chilreava; e gemia como a pomba; os meus olhos se cansavam de olhar para cima; ó Senhor, ando oprimido! fica por meu fiador.
15 Que direi? como mo prometeu, assim ele mesmo o cumpriu; assim passarei mansamente por todos os meus anos, por causa da amargura da minha alma.
16 ó Senhor por estas coisas vivem os homens, e inteiramente nelas está a vida do meu espírito; portanto restabelece-me, e faze-me viver.
17 Eis que foi para minha paz que eu estive em grande amargura; tu, porém, amando a minha alma, a livraste da cova da corrupção; porque lançaste para trás das tuas costas todos os meus pecados.
18 Pois não pode louvar-te o Seol, nem a morte cantar-te os louvores; os que descem para a cova não podem esperar na tua verdade.
19 O vivente, o vivente é que te louva, como eu hoje faço; o pai aos filhos faz notória a tua verdade.
20 O Senhor está prestes a salvar-me; pelo que, tangendo eu meus instrumentos, nós o louvaremos todos os dias de nossa vida na casa do Senhor.
21 Ora Isaías dissera: Tomem uma pasta de figos, e a ponham como cataplasma sobre a úlcera; e Ezequias sarará.
22 Também dissera Ezequias: Qual será o sinal de que hei de subir à casa do Senhor?
Isaías capítulo 38
Isa 39:1 Naquele tempo enviou Merodaque-Baladã, filho de Baladã, rei de Babilônia, cartas e um presente a Ezequias; porque tinha ouvido dizer que havia estado doente e que já tinha convalescido.
2 E Ezequias se alegrou com eles, e lhes mostrou a casa do seu tesouro, a prata, e o ouro, e as especiarias, e os melhores ungüentos, e toda a sua casa de armas, e tudo quanto se achava nos seus tesouros; coisa nenhuma houve, nem em sua casa, nem em todo o seu domínio, que Ezequias lhes não mostrasse.
3 Então o profeta Isaías veio ao rei Ezequias, e lhe perguntou: Que foi que aqueles homens disseram, e donde vieram ter contigo? Respondeu Ezequias: Duma terra remota vieram ter comigo, de Babilônia.
4 Ele ainda perguntou: Que foi que viram em tua casa? Respondeu Ezequias: Viram tudo quanto há em minha casa; coisa nenhuma há nos meus tesouros que eu deixasse de lhes mostrar.
5 Então disse Isaías a Ezequias: Ouve a palavra do Senhor dos exércitos:
6 Eis que virão dias em que tudo quanto houver em tua casa, juntamente com o que entesouraram teus pais até o dia de hoje, será levado para Babilônia; não ficará coisa alguma, disse o Senhor.
7 E dos teus filhos, que de ti procederem, e que tu gerares, alguns serão levados cativos, para que sejam eunucos no palácio do rei de Babilônia.
8 Então disse Ezequias a Isaías: Tua é a palavra do Senhor que disseste. Disse mais: Porque haverá paz e verdade em meus dias.
Isaías capítulo 39