Aqui temos o início da terceira e última parte do livro de Isaías (Caps. 40-66), em que o profeta aguarda o arrependimento do povo, com a expectativa de retorno de Judá do cativeiro babilônico e, depois, a futura restauração da nação inteira no segundo advento de Cristo.
Pode ser dividida em três partes, cada uma terminando com uma advertência solene aos ímpios:
A consolação para o povo de Deus (vs. 1 a 5)
Neste capítulo, a promessa de livramento do povo de Israel se inicia com a ordem "Consolai, consolai o meu povo, diz o vosso Deus," que, com o que se segue até o versículo 11, forma um prólogo para o resto do livro. A palavra traduzida "consolo" aqui significa fazer respirar novamente e assim é expressiva não somente de consolo mas de um poder duradouro, como resultado da revivificação e alívio. A repetição é indicativa de urgência.
Três razões são dadas para o consolo, prevendo bênçãos que seriam futuras no tempo de Isaías, mas em grande parte cumpridas na vinda pessoal do Senhor, Jesus Cristo.
(1) “Sua malícia é acabada": a palavra hebraica mal traduzida como “malícia” por Almeida, e um pouco melhor como “trabalho” na NVI, denota principalmente o serviço militar ou o serviço feudal, e também algum outro estado de submissão forçada miserável e infeliz; os israelitas foram subjugados dessa forma (como todo pecador é escravizado pelo pecado).
(2) "Sua iniquidade está expiada"; o verbo hebraico traduzido “expiar” significa “satisfeita”, como a satisfação de uma dívida mediante o seu pagamento; isso aponta para o sacrifício do Calvário, quando a justiça de Deus foi satisfeita pela expiação feita;
(3) "Recebeu em dobro da mão do Senhor, por todos os seus pecados"; esta última razão afirma mais plenamente a substância das duas razões anteriores. Tendo antes descrito os pecados e o castigo que viria sobre Jerusalém, a mensagem agora é benigna, pois prediz o tempo futuro quando terá acabado a sua escravidão e sua iniquidade terá sido expiada, pois terá recebido a medida perfeita e completa (“em dobro”) por todos os seus pecados.
A instrução para "preparar no deserto o caminho do Senhor..." é moral e espiritual, não topográfica. Ela foi obedecida por João Batista na primeira vinda de Cristo ao mundo (Mateus 3:3), e será por Elias no segundo advento (Malaquias 4:5-6). No intervalo em que nos encontramos, tanto o remanescente de Israel como os crentes em Cristo precisam de consolo e cada um de nós pode fazer a sua parte consolando o povo de Deus no meio das tribulações.
As montanhas e colinas do versículo 4 podem representar os desníveis e asperezas de caráter da humanidade, como o orgulho, arrogância, o alcoolismo, a dependência química, etc. Tudo será aplanado, tudo o que dificulta uma condição correta do povo de Deus diante dEle é agora enfrentado e removido, conforme o versículo 3, e o caminho está aberto para a benção a ele destinado.
A glória do Senhor será revelada, e todo olho O verá (veja Apocalipse 1:7). Esta é a manifestação da volta triunfal do Senhor Jesus (2 Tessalonicenses 2:8). Nada e ninguém pode impedir este acontecimento “pois a boca do Senhor o disse”.
Quantas vezes Deus intervém quando as coisas parecem estar desesperadoras, e a oposição e dificuldades se agigantam diante de nós! Nestes casos, a resistência pela fé recebe o prêmio devido.
A Palavra de Deus permanece eternamente (vs. 6 a 9)
Nesse ponto uma voz ordena a Isaías: Clama! O profeta indaga, “Que hei de clamar? ” argumentando que a humanidade é transitória como a erva. Em contraste, “a palavra de nosso Deus subsiste eternamente”.
A palavra divina é como Ele mesmo. O que Deus diz, ela é. Como Ele é eterno, também a Sua palavra permanecerá para sempre. Desde que o Senhor Jesus é a Palavra de Deus, o Verbo divino (João 1:1), essa declaração é confirmada em sua Pessoa, e é especialmente declarada na Sua resposta aos judeus em João 8:25: Ele próprio era exatamente o que dissera a eles desde o início. Seu ensino era a expressão de Sua natureza e caráter.
A realidade do que Isaías diz tem sido provada, através dos muitos séculos em que a Bíblia tem permanecido viva e eficaz entre nós, apesar das mudanças dos tempos e costumes, e das investidas poderosas e frequentes que o inimigo tem feito procurando destruí-la.
Os opressores de Israel se desvanecerão e morrerão como a grama, sob os juízos retributivos de Deus. Temos o exemplo recente de Hitler e seus capangas.
1 Consolai, consolai o meu povo, diz o vosso Deus.
2 Falai benignamente a Jerusalém, e bradai-lhe que já a sua malícia é acabada, que a sua iniqüidade está expiada e que já recebeu em dobro da mão do Senhor, por todos os seus pecados.
3 Eis a voz do que clama: Preparai no deserto o caminho do Senhor; endireitai no ermo uma estrada para o nosso Deus.
4 Todo vale será levantado, e será abatido todo monte e todo outeiro; e o terreno acidentado será nivelado, e o que é escabroso, aplanado.
5 A glória do Senhor se revelará; e toda a carne juntamente a verá; pois a boca do Senhor o disse.
6 Uma voz diz: Clama. Respondi eu: Que hei de clamar? Toda a carne é erva, e toda a sua beleza como a flor do campo.
7 Seca-se a erva, e murcha a flor, soprando nelas o hálito do Senhor. Na verdade o povo é erva.
8 Seca-se a erva, e murcha a flor; mas a palavra de nosso Deus subsiste eternamente.
9 Tu, anunciador de boas-novas a Sião, sobe a um monte alto. Tu, anunciador de boas-novas a Jerusalém, levanta a tua voz fortemente; levanta-a, não temas, e dize às cidades de Judá: Eis aqui está o vosso Deus.
Isaías capítulo 40, versículos 1 a 9