A humilhação da Babilônia (capítulo 47)
Tendo pronunciado o julgamento dos deuses da Babilônia (capítulo 46), a profecia de Isaías agora declara o castigo da própria cidade da Babilônia.
Babilônia é retratada como se fosse uma linda e orgulhosa jovem rainha virgem que é forçada a sair do seu trono, tomar o lugar de serva e sentar-se na poeira do chão. Nunca mais será chamada de mimosa nem delicada pois foi convertida em uma serva, e em consequência foi removido o seu véu, para moer farinha, suspendida a cauda da sua vestidura e descobertas as pernas para vadear pelos rios em cativeiro, expondo assim a sua nudez à opinião pública.
Esta queda lhe é causada pelo Redentor do povo de Deus, que conquista seus inimigos, chamado o Senhor dos exércitos, com autoridade absoluta nos céus e na terra, o Santo de Israel que se destaca contra o caráter profano dos inimigos de Israel.
A Babilônia havia se assemelhado a uma imperatriz, "a senhora dos reinos" (o rei da Babilônia era um “rei dos reis," - Ezequiel 26:7 - compare com Daniel 2:37). Quando o Senhor a usou como instrumento para o castigo do seu povo ela abusou da sua autoridade, tratando impiedosamente o envelhecido e indefeso.
Assim têm agido todos os potentados a quem Deus permitiu que dominassem sobre a terra de Israel, e mantiveram o Seu povo em cativeiro, e o mesmo acontecerá com o Anticristo no futuro. Podemos distinguir aqui quatro pecados pelos quais a Babilônia será castigada:
1. Embora Deus a designasse para levar Seu povo para o exílio, Ele não ordenou que fosse cruel e impiedosa com o povo. Ela excedeu seus limites. Quando agora ela diz, "Eu serei senhora para sempre", Deus diz, "Você vai perder marido e filhos, tudo no mesmo dia”.
2. Ela era orgulhosa e arrogante, supondo que nada pudesse destruir sua prosperidade. Além do marido e filhos, tudo o que tem lhe será tirado também, e nenhum dos seus feitiços será capaz de evitar a calamidade que virá.
3. Ela se considerava imune da deteção e da punição. Mas sua presunção e orgulhosa auto-suficiência resultarão em destruição e desolação.
4. Ela confiava em encantamentos, feitiçarias, magos e astrólogos para prognosticar o que lhe iria acontecer. Eles são como restolho para alimentar o fogo destruidor que virá. Os que se divertiam e negociavam com ela seguirão seu próprio caminho, incapazes de salvá-la.
Sobre isto, lembremos que Babel foi restabelecida por Ninrode, “poderoso caçador diante do Senhor” (Gênesis 10:10) e encantos e feitiçarias tinham sido praticados lá "desde a sua mocidade” (versículo 12). A Assíria era da descendência dela (Miqueias 5:6). A prática da magia negra não evitará o castigo da Babilônia. O traficantes andarão vagueando, cada um à sua maneira (versículo 15), isto é, fugindo para suas próprias localidades, deixando Babilônia para sua perdição (veja Apocalipse 18).
1 Desce, e assenta-te no pó, ó virgem filha de Babilônia; assenta-te no chão sem trono, ó filha dos caldeus, porque nunca mais seras chamada a mimosa nem a delicada.
2 Toma a mó, e mói a farinha; remove o teu véu, suspende a cauda da tua vestidura, descobre as pernas e passa os rios.
3 A tua nudez será descoberta, e ver-se-á o teu opróbrio; tomarei vingança, e não pouparei a homem algum.
4 Quanto ao nosso Redentor, o Senhor dos exércitos é o seu nome, o Santo de Israel.
5 Assenta-te calada, e entra nas trevas, ó filha dos caldeus; porque não serás chamada mais a senhora de reinos.
6 Muito me agastei contra o meu povo, profanei a minha herança, e os entreguei na tua mão; não usaste de misericórdia para com eles, e até sobre os velhos fizeste muito pesado o teu jugo.
7 E disseste: Eu serei senhora para sempre; de sorte que até agora não tomaste a peito estas coisas, nem te lembraste do fim delas.
8 Agora pois ouve isto, tu que és dada a prazeres, que habitas descuidada, que dizes no teu coração: Eu sou, e fora de mim não há outra; não ficarei viúva, nem conhecerei a perda de filhos.
9 Mas ambas estas coisas virão sobre ti num momento, no mesmo dia, perda de filhos e viuvez; em toda a sua plenitude virão sobre ti, apesar da multidão das tuas feitiçarias, e da grande abundância dos teus encantamentos.
10 Porque confiaste na tua maldade e disseste: Ninguém me vê; a tua sabedoria e o teu conhecimento, essas coisas te perverteram; e disseste no teu coração: Eu sou, e fora de mim não há outra.
11 Pelo que sobre ti virá o mal de que por encantamentos não saberás livrar-te; e tal destruição cairá sobre ti, que não a poderás afastar; e virá sobre ti de repente tão tempestuosa desolação, que não a poderás conhecer.
12 Deixa-te estar com os teus encantamentos, e com a multidão das tuas feitiçarias em que te hás fatigado desde a tua mocidade, a ver se podes tirar proveito, ou se porventura podes inspirar terror.
13 Cansaste-te na multidão dos teus conselhos; levantem-se pois agora e te salvem os astrólogos, que contemplam os astros, e os que nas luas novas prognosticam o que há de vir sobre ti.
14 Eis que são como restolho; o fogo os queimará; não poderão livrar-se do poder das chamas; pois não é um braseiro com que se aquentar, nem fogo para se sentar junto dele.
15 Assim serão para contigo aqueles com quem te hás fatigado, os que tiveram negócios contigo desde a tua mocidade; andarão vagueando, cada um pelo seu caminho; não haverá quem te salve.
Isaías capítulo 47