Israel é purificado para a glória de Deus (versículos 1 a 11)
Este capítulo é destinado especialmente aos cativos judeus que são fisicamente descendentes de Judá (donde o nome “judeus” que prevalece até hoje), juram pelo nome do Senhor e O mencionam como Deus de Israel (Ele governará como Deus), mas isto fazem "não em verdade, nem em justiça".
Isto significa que a maioria deles é provavelmente apóstata: apenas alguns são fiéis ao Senhor. Embora se chamem pelo nome de Israel eles não são líderes com Deus. São de fato descendentes de Judá (louvor), mas não O louvam. Dizem que adoram o Deus de Israel, mas não confessam os seus pecados. Chamam-se pela cidade santa, mas não se separaram das abominações do mundo. Eles dizem que se apoiam sobre o Deus de Israel, mas falta-lhes a reverência e submissão.
O Senhor tinha predito sua história antecipadamente, e aconteceu como previsto. Conhecendo sua teimosia e dureza, Deus lhes avisou com antecedência o que iria fazer para que não o atribuissem aos seus ídolos quando acontecesse.
Vemos aqui uma diferença das declarações anteriores semelhantes. Nos capítulos 41:22, 42:9 e 43:9 elas diziam respeito aos idólatras e aos ídolos pagãos. No capítulo 46:9 e 10 ela era concernente aos idólatras israelitas, mas com referência especial à chamada de Ciro. Aqui (versículos 3 a 5) ela se refere às profecias divinas sobre a apostasia e obstinação de Israel. Além disso, o Senhor vai lhes mostrar novas coisas que estava criando, não as antigas, embora todas fossem já do conhecimento dEle, como também foram suas relações traiçoeiras; os judeus foram transgressores desde seus primeiros dias (capítulo 48:6-8).
Mas as "coisas novas" do versículo 6 incluem a redenção de Israel. Se fossem tratados como mereciam, eles teriam sido cortados imediatamente. A misericórdia do Senhor é sempre consistente com Seu caráter; consequentemente Ele diz "por amor do Meu Nome [seu Nome expressa Sua natureza] retardo minha ira, e por causa do Meu louvor me contenho para contigo, para que eu não te extermine" (versículo 9).
O cativeiro terrível, assim como a grande tribulação vindoura e as suas experiências amargas atuais, constituem um processo de purificação: "Eis que te purifiquei, mas não como a prata; provei-te na fornalha da aflição” (versículo 10). O principal significado do verbo “provei” é provar com o objetivo de aprovar e, portanto, implica em escolha: o povo não foi escolhido para ser afligido, mas com a finalidade de ser finalmente aprovado.
Este é o propósito do Senhor em nossas provações e aflições. Elas nos permitirão apreciar e louvá-lo por Sua graça e amor nelas revelados e evitará o desânimo. Ele só pretende provar-nos pelo fogo a fim de que “nossa fé, mais preciosa do que o ouro que perece, embora provado pelo fogo, redunde para louvor, glória e honra na revelação de Jesus Cristo” (1 Pedro 1:7).
Isso terá um fim e uma consequência abençoada e será realizado para a Sua própria glória: "por amor de mim, por amor de mim (a repetição salienta a solenidade do fato), o faço (ou seja, trará a salvação); porque como seria profanado o meu nome? A minha glória não a darei a outrem” (versículo 11). Nunca será dado aos adversários do Senhor e Seu povo qualquer margem de dúvida para poderem zombar de Deus e dos Seus feitos. Seus caminhos e ações constituem a Sua glória, e esta nunca será renunciada.
O chamado do Senhor a Israel ( versículos 12 a 22)
Apresentando-se como o Deus eterno, absoluto (o primeiro e o último), imutável, o Criador e Sustentador do universo, o realizador da história e o Deus da profecia, o Senhor anuncia que vai levantar um a quem ama (Ciro) para derrotar os babilônios e libertar o povo de Israel.
Observe todas as três pessoas da Trindade no versículo 16—o Senhor Deus, Seu espírito e o Redentor (Eu, isto é, Cristo). Aqui o assunto gira quase imperceptivelmente de Ciro para o Senhor Jesus (versículo 16), que na sua segunda vinda ajuntará a nação dispersa pelo mundo.
Mais uma vez o Senhor apela para o povo de Israel como seu Redentor, seu Deus, seu Mestre e guia. Se lhe tivessem obedecido anteriormente, já teriam paz, justiça, descendência abundante e ininterrupta comunhão com Ele. Apresenta as seguintes razões para que O obedeçam:
Sua imutabilidade: “Eu sou o mesmo, eu o primeiro, eu também o último" versículo 12 (veja também capítulos 41:4 e 44:6 bem como Apocalipse 1:8,17, 22:13.
É o fundador da terra, autor dos céus, e seu proprietário: “a minha mão fundou a terra, e a minha destra estendeu os céus; quando eu os chamo, eles aparecem juntos” (versículo 13).
É o diretor dos acontecimentos: “Quem, dentre eles, tem anunciado estas coisas? Aquele a quem o Senhor amou executará a sua vontade contra Babilônia, e o seu braço será contra os caldeus. Eu, eu o tenho dito; também já o chamei; eu o trouxe, e o seu caminho será próspero. ” (versículos 14 e 15).
Sempre presente, é enviado pelo Senhor Deus juntamente com o seu Espírito: “Não falei em segredo desde o princípio; desde o tempo em que aquilo se fez, eu estava ali; e agora o Senhor Deus me enviou juntamente com o seu Espírito” (versículo 16).
O Senhor exorta os remanescentes para saírem da Babilônia, de entre os caldeus, e alegremente proclamar o Senhor como seu Redentor (veja Apocalipse 18:4). As promessas do versículo 21 foram cumpridas durante o êxodo do Egito. Se o Senhor fez isso uma vez, ele pode fazê-lo novamente. Os Israelitas ímpios que se recusam a obedecer ao Senhor não terão paz.
Este chamado a Israel é um exemplo da correção quer Deus nos dá: "nossos pais segundo a carne... por pouco tempo nos corrigiam como bem lhes parecia, mas este, para nosso proveito, para sermos participantes da sua santidade. ” (Hebreus 12:9-10). Quantas vezes deixamos de fazer "o que nos aproveitaria!" Aqui não se trata de mera orientação, mas da disciplina, às vezes penosa, que nos fornece a instrução para cessar de fazer o que não é justo e coloca nossos pés errantes no caminho certo em que devemos andar.
Segue-se uma nota de tristeza, porque o povo não dera ouvidos aos mandamentos do Senhor, e por isso não puderam gozar das bênçãos de Deus, em forma de paz, justiça e ampla descendência, e seu nome nunca teria sido cortado nem destruído de diante dEle. A paz e a prosperidade verdadeira estão subordinadas à contrição do coração e à consequente fé de quem aceitar e cumprir a palavra de Deus.
Para este fim, a separação do mal é essencial: "Saí de Babilônia, fugi de entre os caldeus”. Isso é muito significativo, bem como a instrução para acompanhar a separação e a libertação com a voz de júbilo e alegre testemunho. Israel foi instruído para levar a notícia de sua redenção "até o fim da terra”. Isso o remanescente piedoso vai fazer em um dia vindouro. Enquanto isso, o testemunho do Evangelho em todo o mundo está sobre nossos ombros. As bênçãos descritas nos versículos 20 e 21 sugerem os elementos do Evangelho.
Esta parte da profecia termina com a afirmação solene, "não há paz para os ímpios, diz o Senhor." Referindo-se aos ímpios de Israel, a palavra "ímpios" literalmente significa "solto", indicando uma condição moral descuidada que impede a experiência de paz e exclui tais bênçãos prometidas para os justos.
1 Ouvi isto, casa de Jacó, que vos chamais do nome de Israel, e saístes dos lombos de Judá, que jurais pelo nome do Senhor, e fazeis menção do Deus de Israel, mas não em verdade nem em justiça.
2 E até da santa cidade tomam o nome, e se firmam sobre o Deus de Israel; o Senhor dos exércitos é o seu nome.
3 Desde a antigüidade anunciei as coisas que haviam de ser; da minha boca é que saíram, e eu as fiz ouvir; de repente as pus por obra, e elas aconteceram.
4 Porque eu sabia que és obstinado, que a tua cerviz é um nervo de ferro, e a tua testa de bronze.
5 Há muito tas anunciei, e as manifestei antes que acontecessem, para que não dissesses: O meu ídolo fez estas coisas, ou a minha imagem de escultura, ou a minha imagem de fundição as ordenou.
6 Já o tens ouvido; olha bem para tudo isto; porventura não o anunciarás? Desde agora te mostro coisas novas e ocultas, que não sabias.
7 São criadas agora, e não de há muito, e antes deste dia não as ouviste, para que não digas: Eis que já eu as sabia.
8 Tu nem as ouviste, nem as conheceste, nem tampouco há muito foi aberto o teu ouvido; porque eu sabia que procedeste muito perfidamente, e que eras chamado transgressor desde o ventre.
9 Por amor do meu nome retardo a minha ira, e por causa do meu louvor me contenho para contigo, para que eu não te extermine.
10 Eis que te purifiquei, mas não como a prata; provei-te na fornalha da aflição,
11 Por amor de mim, por amor de mim o faço; porque como seria profanado o meu nome? A minha glória não a darei a outrem.
12 Escuta-me, ó Jacó, e tu, ó Israel, a quem chamei; eu sou o mesmo, eu o primeiro, eu também o último.
13 Também a minha mão fundou a terra, e a minha destra estendeu os céus; quando eu os chamo, eles aparecem juntos.
14 Ajuntai-vos todos vós, e ouvi: Quem, dentre eles, tem anunciado estas coisas? Aquele a quem o Senhor amou executará a sua vontade contra Babilônia, e o seu braço será contra os caldeus.
15 Eu, eu o tenho dito; também já o chamei; eu o trouxe, e o seu caminho será próspero.
16 Chegai-vos a mim, ouvi isto: Não falei em segredo desde o princípio; desde o tempo em que aquilo se fez, eu estava ali; e agora o Senhor Deus me enviou juntamente com o seu Espírito.
17 Assim diz o Senhor, o teu Redentor, o Santo de Israel: Eu sou o Senhor, o teu Deus, que te ensina o que é útil, e te guia pelo caminho em que deves andar.
18 Ah! se tivesses dado ouvidos aos meus mandamentos! então seria a tua paz como um rio, e a tua justiça como as ondas do mar;
19 também a tua descendência teria sido como a areia, e os que procedem das tuas entranhas como os seus grãos; o seu nome nunca seria cortado nem destruído de diante de mim.
20 Saí de Babilônia, fugi de entre os caldeus. E anunciai com voz de júbilo, fazei ouvir isto, e levai-o até o fim da terra; dizei: O Senhor remiu a seu servo Jacó;
21 e não tinham sede, quando os levava pelos desertos; fez-lhes correr água da rocha; fendeu a rocha, e as águas jorraram.
22 Não há paz para os ímpios, diz o Senhor.
Isaías capítulo 48