O julgamento da Babilônia (13)
A segunda parte do livro de Isaías vai do capítulo 13 a 23, e contém várias profecias dirigidas às nações dos gentios em volta de Israel. Estas vêm apropriadamente após o grande assunto das profecias messiânicas nos capítulos sete a doze. Nelas foi previsto que a autoridade do Messias será exercida sobre todos os reinos do mundo, e foram dadas mensagens de consolação no que se refere à bênção final e à glória de Israel. Conformemente, nesta segunda parte é prevista a desgraça destes poderes gentios um após o outro.
A primeira nação é a Babilônia, que esmagaria a Assíria (cerca de 609 a.C.). Neste capítulo 13, Deus usa o exército Medo-Persa (“meus consagrados” e “meus valentes”) ou seja, aqueles escolhidos por Deus para o cumprimento de seus propósitos contra a Babilônia, para entrar pelas “portas dos príncipes”) na cidade de Babilônia (539 a.C.), e para destruir a terra inteira. No entanto, algumas das profecias só se cumprirão quando da destruição final da Babilônia no fim da grande tribulação (Apocalipse 17, 18).
Que eles “exultam arrogantemente” não implica necessariamente que estão conscientes de estarem agindo para a glória de Deus. No entanto os persas consideravam a destruição de ídolos como parte da sua vocação, e Ciro, o persa, regozijou-se no reconhecimento de Deus e cumpria o que Lhe aprazia (44:28, 45:1, e Esdras 1:1-4). Os poderes da Medo-Pérsia eram “os instrumentos da Sua indignação, para destruir toda aquela terra” (ou seja, Caldéia).
Do versículo 6 a 13, a profecia passa do destino fatal da Babilônia para os futuros julgamentos de Deus sobre o mundo inteiro no final desta era, na época do próximo “dia do Senhor”. Isto é indicado pela menção da “terra” (“eretz”) no versículo 9, em contraste com o “mundo“ (“tebel”) no versículo 11. Com esta passagem devem ser comparadas as seguintes: Isaías 34:1-8, Joel 2:31, 3:15, Mateus 24:29; Marcos 13:24; Lucas 21:25. O versículo 12 anuncia a redução da população do mundo, ao tempo do fim, como o próprio Senhor Jesus previu em Mateus 24:22.
O versículo 14 nos leva outra vez para a destruição da Babilônia, como o resto do capítulo deixa claro: “E como a corça quando é perseguida, e como a ovelha que ninguém recolhe, assim cada um voltará para o seu povo. E cada um fugirá para a sua terra”. Isso significa que todos os estrangeiros fugirão dessa cidade que os havia atraído por ser o mais importante centro comercial internacional. Os versículos 15 a 18 descrevem o trabalho de destruição da cidade pelos medos, sob Dario, com o morticínio indiscriminado suscitado pelo Senhor. Alexandre o Grande teve o nobre propósito de reconstruí-la, mas a sua morte o impediu. Em 6 a.C. o geógrafo grego Strabo descreveu o território ocupado pela cidade como “uma vasta desolação”.
No entanto, os versículos 19 a 22 sugerem que a destruição não foi completa. Não foi como a de Sodoma e Gomorra. Aqui novamente temos o exemplo de uma profecia cujo cumprimento é feito em duas fases separadas por um longo período de tempo. A chave para o seu entendimento consiste em saber se a Babilônia ainda está para reviver para depois receber sua completa e definitiva destruição, como o foram Sodoma e Gomorra.
Esta chave é fornecida no início do capítulo quatorze, que começa com a palavra “pois”, indicando que, em seguida, vem uma explicação sobre o que a precede. O capítulo quatorze introduz o dia da libertação de Israel e a bênção milenar, e neste dia o Senhor lhe dá descanso da tristeza, do medo e da escravidão, e o povo vai alegrar-se com a destruição da Babilônia e proferir seu motejo contra o seu opressor.
Haveria pouco ou nenhum motivo para o motejo glorioso e triunfal sobre a destruição do inimigo que ocorre já há mais de dois mil anos. Lembremos também da profecia em Zacarias 5:11. É bem possível que parte da política de provocação a Deus pelo Anticristo seja o ressurgimento daquela grande cidade, e que a profecia nesta passagem em Isaías terá seu cumprimento ainda no futuro (ver também Apocalipse 18).
1 Oráculo acerca de Babilônia, que Isaías, filho de Amoz, recebeu numa visão.
2 Alçai uma bandeira sobre o monte escalvado; levantai a voz para eles; acenai-lhes com a mão, para que entrem pelas portas dos príncipes.
3 Eu dei ordens aos meus consagrados; sim, já chamei os meus valentes para executarem a minha ira, os que exultam arrogantemente.
4 Eis um tumulto sobre os montes, como o de grande multidão! Eis um tumulto de reinos, de nações congregadas! O Senhor dos exércitos passa em revista o exército para a guerra.
5 Vêm duma terra de longe, desde a extremidade do céu, o Senhor e os instrumentos da sua indignação, para destruir toda aquela terra.
6 Uivai, porque o dia do Senhor está perto; virá do Todo-Poderoso como assolação.
7 Pelo que todas as mãos se debilitarão, e se derreterá o coração de todos os homens.
8 E ficarão desanimados; e deles se apoderarão dores e ais; e se angustiarão, como a mulher que está de parto; olharão atônitos uns para os outros; os seus rostos serão rostos flamejantes.
9 Eis que o dia do Senhor vem, horrendo, com furor e ira ardente; para pôr a terra em assolação e para destruir do meio dela os seus pecadores.
10 Pois as estrelas do céu e as suas constelações não deixarão brilhar a sua luz; o sol se escurecerá ao nascer, e a lua não fará resplandecer a sua luz.
11 E visitarei sobre o mundo a sua maldade, e sobre os ímpios a sua iniqüidade; e farei cessar a arrogância dos atrevidos, e abaterei a soberba dos cruéis.
12 Farei que os homens sejam mais raros do que o ouro puro, sim mais raros do que o ouro fino de Ofir.
13 Pelo que farei estremecer o céu, e a terra se movera do seu lugar, por causa do furor do Senhor dos exércitos, e por causa do dia da sua ardente ira.
14 E como a corça quando é perseguida, e como a ovelha que ninguém recolhe, assim cada um voltará para o seu povo, e cada um fugirá para a sua terra.
15 Todo o que for achado será traspassado; e todo o que for apanhado, cairá à espada.
16 E suas crianças serão despedaçadas perante os seus olhos; as suas casas serão saqueadas, e as suas mulheres violadas.
7 Eis que suscitarei contra eles os medos, que não farão caso da prata, nem tampouco no ouro terão prazer.
18 E os seus arcos despedaçarão aos mancebos; e não se compadecerão do fruto do ventre; os seus olhos não pouparão as crianças.
19 E Babilônia, a glória dos reinos, o esplendor e o orgulho dos caldeus, será como Sodoma e Gomorra, quando Deus as transtornou.
20 Nunca mais será habitada, nem nela morará alguém de geração em geração; nem o árabe armará ali a sua tenda; nem tampouco os pastores ali farão deitar os seus rebanhos.
21 Mas as feras do deserto repousarão ali, e as suas casas se encherão de horríveis animais; e ali habitarão as avestruzes, e os sátiros pularão ali.
22 As hienas uivarão nos seus castelos, e os chacais nos seus palácios de prazer; bem perto está o seu tempo, e os seus dias não se prolongarão.
Isaías capítulo 13