O julgamento de Moabe (15 e 16)
Estes dois capítulos contêm o oráculo divino sobre Moabe, um povo descendente de uma das filhas de Ló, sobrinho de Abraão. Ele deixou os israelitas passarem por seu território no tempo de Moisés, para conquistar a terra de Canaã, e se mostraram menos agressivos para os israelitas do que os outros povos vizinhos, embora fossem idólatras e tentassem introduzir a idolatria entre o povo de Israel, p.e. ao seu deus Baal-Peor conforme Números capítulo 25.
Suas duas cidades grandemente fortificadas, Ar e Quir, são destruídas de repente. O pranto resultante se estende até as fronteiras do seu território. O nome da cidade de Dibon (saudades) no versículo 2 é mudado para Dimon no versículo 9 (talvez seja um jogo de palavras, porque Dimon se assemelha à palavra hebraica dãm - sangue). Assim “as águas do Dimon estarão cheias de sangue." Mesmo aqueles que fogem vão ser caçados como por um leão.
A cena é mostrada detalhadamente no capítulo 48 do profeta Jeremias. As cidades e povoados estão mergulhados em luto. Mesmo Isaías é movido de compaixão pelos refugiados que fogem do país, em contraste com as suas declarações relativas à Assíria e Babilônia. Moabe foi destruído para que não seja mais povo, porque se engrandeceu contra o Senhor; mas o Senhor prometeu restaurar Moabe do cativeiro nos últimos dias (Jeremias 48:42-47).
A descrição da devastação de Moabe continua no capítulo 16, mas vê-se agora uma possível transição para os últimos dias da grande tribulação, quando os judeus, perseguidos como os moabitas, irão se refugiar no mesmo lugar onde se encontrava Sela (Petra).
O "governador da terra" é o ocupante do trono de Davi, a quem o tributo de cem mil cordeiros com a sua lã era pago anualmente pelo rei de Moabe (2 Reis 3:4). O tributo agora foi pago pelos moabitas que fugiram para Sela (Petra, capital de Edom) onde se refugiaram.
A partir do versículo 5, temos a exortação a Moab para que seja um refúgio para os desterrados de Israel, que são o seu remanescente piedoso. Isto é profundamente significativo em seu sentido profético. O tempo indicado é o da futura grande tribulação do povo de Israel (Mateus 24:21, etc.).
No final da batalha de Armagedom, o rei do Norte passará através da Palestina, "a terra gloriosa", em seu caminho para conquistar o Egito, mas Edom, Moabe e Amon escaparão (Daniel 11:41). Satanás vai instigar o Anticristo para liderar os exércitos do poder romano para esforçar-se para exterminar o povo judeu e particularmente o remanescente piedoso. Este fugirá de Jerusalém para as montanhas de Moabe, cumprindo a instrução do Senhor Jesus (Mateus 24:1).
Serão protegidos e nutridos ali por três anos e meio (Apocalipse 12:6 e 14). A serpente irá causar uma inundação, talvez simbólica de uma expedição militar, para apressar-se no esforço para destruí-los (Apocalipse 12:15), mas a terra (provavelmente a região desértica entre Israel e as montanhas) vai devorar o exército. A natureza arenosa daquela área poderia facilmente contribuir para isso.
A natureza dos desfiladeiros de fundo rochoso na região das montanhas, as enormes profundidades onde os reis da antiguidade tiveram seus palácios, como, por exemplo, em Petra, irá permitir um completo refúgio aos milhares deste remanescente de judeus, escolhido para formar o núcleo dos judeus no reino terreno de Cristo (versículo 4a).
“Quando o homem violento (o Anticristo) for derrotado, a destruição cessará e os opressores desaparecerão de sobre a terra. Então um trono será estabelecido em benignidade, e sobre ele no tabernáculo de Davi se assentará em verdade um que julgue, e que procure a justiça e se apresse a praticar a retidão” (versículo 4b e 5).
Assim, como vemos várias vezes, a profecia parece ser de cumprimento próximo mas é realizada no final do nosso tempo e por ocasião do estabelecimento do Reino do Messias.
Voltando ao perigo iminente de Moabe, resultado de seu orgulho, arrogância, soberba e insolência, “de nada valem as suas jactâncias” (versículo 6). "A soberba precede a destruição e a altivez do espírito precede a queda" (Provérbios 16:18).
Do versículo 7 até 11 temos os lamentos dos moabitas e de Isaías pelas consequências do pecado de Moabe. As orações de Moabe para seus ídolos seriam inúteis, conforme o Senhor já havia prevenido Moabe no passado.
Agora a Senhor declara a Moabe que o seu julgamento se cumprirá em três anos, "como os anos do jornaleiro," ou seja, exatamente no tempo previsto, pois o jornaleiro era contratado por um número fixo de dias. Depois deste castigo, ”os que lhe restarem serão poucos e débeis”.
1 Oráculo acerca de Moabe. Porque Ar foi destruída numa noite, Moabe está desfeita; porque Quir foi destruída numa noite, Moabe está desfeita.
2 Subiu a filha de Dibom aos altos para chorar; por Nebo e por Medeba pranteia Moabe; em todas as cabeças há calva, e toda barba é rapada.
3 Nas suas ruas cingem-se de saco; nos seus terraços e nas suas praças todos andam pranteando, e choram abundantemente.
4 Assim Hesbom como Eleale andam gritando; até Jaaz se ouve a sua voz; por isso os armados de Moabe clamam; estremece-lhes a alma.
5 O meu coração clama por causa de Moabe; fogem os seus nobres para Zoar, qual uma novilha de três anos; pois vão chorando pela encosta de Luíte; no caminho de Horonaim levantam um grito de destruição.
6 As águas de Ninrim são desoladas; secou-se a relva, definhou a erva verde, e não há verdura alguma.
7 Pelo que a abundância que ajuntaram, e o que guardaram, para além do ribeiro dos salgueiros o levam.
8 Pois o pranto já rodeou os limites de Moabe; até Eglaim chegou o seu clamor, e ainda até Beer-Elim o seu rugido.
9 Pois as águas de Dimom estão cheias de sangue; pelo que ainda acrescentarei mais a Dimom, um leão contra aqueles que escaparem de Moabe, e contra o restante que ficou na terra.
Isaías capítulo 15
1 Enviaram cordeiros ao governador da terra, desde Sela, pelo deserto, até o monte da filha de Sião.
2 Pois como pássaros que vagueiam, como ninhada dispersa, assim são as filhas de Moabe junto aos vaus do Arnom.
3 Dá conselhos, executa juízo; põe a tua sombra como a noite ao pino do meio-dia; esconde os desterrados, e não traias o fugitivo.
4 Habitem entre vós os desterrados de Moabe; serve-lhes de refúgio perante a face do destruidor. Quando o homem violento tiver fim, e a destruição tiver cessado, havendo os opressores desaparecido de sobre a terra,
5 então um trono será estabelecido em benignidade, e sobre ele no tabernáculo de Davi se assentará em verdade um que julgue, e que procure a justiça e se apresse a praticar a retidão.
6 Ouvimos da soberba de Moabe, a soberbíssima; da sua arrogância, da sua soberba, e da sua insolência; de nada valem as suas jactâncias.
7 portanto Moabe pranteará; prantearão todos por Moabe; pelos bolos de passas de Quir-Haresete suspirareis, inteiramente desanimados.
8 porque os campos de Hesbom enfraqueceram, e a vinha de Sibma; os senhores des nações derrubaram os seus ramos, que chegaram a Jazer e penetraram no deserto; os seus rebentos se estenderam e passaram além do mar.
9 Pelo que prantearei, com o pranto de Jazer, a vinha de Sibma; regar-te-ei com as minhas lágrimas, ó Hesbom e Eleale; porque sobre os teus frutos de verão e sobre a tua sega caiu o grito da batalha.
10 A alegria e o regozijo são tirados do fértil campo, e nas vinhas não se canta, nem há júbilo algum; já não se pisam as uvas nos lagares. Eu fiz cessar os gritos da vindima.
11 Pelo que minha alma lamenta por Moabe como harpa, e o meu íntimo por Quir-Heres.
12 E será que, quando Moabe se apresentar, quando se cansar nos altos, e entrar no seu santuário a orar, nada alcançará.
13 Essa é a palavra que o Senhor falou no passado acerca de Moabe.
14 Mas agora diz o Senhor: Dentro de três anos, tais como os anos do jornaleiro, será envilecida a glória de Moabe, juntamente com toda a sua grande multidão; e os que lhe restarem serão poucos e débeis.
Isaías capítulo 16