Isaías 11 é uma das maiores passagens sobre o milênio na Bíblia. Em uma das transições rápidas frequentemente encontradas nos livros dos profetas, somos levados agora à segunda vinda de Cristo. Primeiro Jesus é identificado como o Filho de Davi, um renovo do tronco de Jessé, que foi o pai de Davi (1 Samuel 17:12).
Há um contraste marcante com o que se encontra no encerramento do capítulo dez: é o contraste entre um orgulhoso cedro do Líbano e um rebento de um toco de árvore, ou um renovo das suas raízes. O cedro é simbólico, tanto da Assíria como do Anticristo, o rebento ou renovo é descritivo do Messias (Cristo), seu nascimento humilde, seu crescimento sob os olhos encantados de Deus o Pai e eventualmente do seu imenso poder para derrotar o Anticristo e reinar com justiça e paz.
"Então brotará um rebento do toco de Jessé, e das suas raízes um renovo frutificará” (Isaías 11:1). A casa de Davi se tornou tão degenerada que se assemelhava ao tronco de uma árvore que tinha sido derrubada. No entanto, brotaria um rebento que tomaria o lugar do tronco. Para confirmar esta promessa é usada outra figura. Surgindo das raízes cobertas de terra surgiria um renovo (netzer, de natzer, brilho ou flor e daí a palavra "Nazareno", Mateus 2:23) que iria crescer e frutificar (compare com Filipenses 2:7-9).
Em seguida temos uma descrição gloriosa de Cristo, perfeito em caráter e virtudes. " E repousará sobre ele o Espírito do Senhor" e a expressão do prazer do Pai em Sua pessoa, como Filho amado. A declaração contém uma menção das três pessoas da Trindade. O espírito do Senhor é o Espírito Santo, operando na plenitude dos poderes divinos.
Após o Espírito do Senhor são mencionados seis espíritos em três pares:
O primeiro par, "o espírito de sabedoria e de entendimento," se refere aos poderes da mente: a sabedoria que discerne a natureza das coisas, o entendimento que discerne as suas diferenças.
O segundo par, "o espírito de conselho e de fortaleza," refere-se à atividade prática: conselho é a capacidade de chegar a conclusões corretas, fortaleza é o poder exercido na realização delas.
O terceiro par, "o espírito de conhecimento e de temor do Senhor," trata-se da comunhão que leva ao conhecimento do Pai: o próprio Senhor Jesus disse "vós não O conheceis [ginosko, ou seja, vós não tendes começado a conhecê-lo], mas eu o conheço [oida, ou seja, eu O conheço, intuitiva e totalmente]" (João 8:55); o “temor” é de desagradar o Pai, ao conhece-lo. Cristo disse "faço sempre o que é do seu agrado" (João 8:29).
São assim sete espíritos na unidade do Espírito Santo, correspondendo ao candelabro do tabernáculo construído por ordem do Senhor a Moisés (Êxodo 25:31 e 32 – ver também Apocalipse 1:4; 4:5; 5:6), com seu eixo principal e os três pares de ramos de seus lados (Êxodo 25:31, 32; ver também Apocalipse 1:4; 4:5; 5:6).
Com esses poderes e virtudes o Senhor Jesus "deleitar-se-á [rewach, perfumar] no temor do Senhor” (Isaías 11:3), ou seja, apreciará rapidamente como uma fragrância “tudo o que vem do temor de Deus," ou, em outras palavras, "o temor do Senhor será fragrância para Ele." Consequentemente Ele não julgará pela aparência, mas com justiça, nem passará sentença movido por boatos, mas com equidade.
Antes de estabelecer a paz, Ele "ferirá a terra com a vara de sua boca, e com o sopro dos seus lábios matará o ímpio” (Isaías 11:4), ou seja, o Anticristo. Essa profecia é expandida em Isaías 34:1-10 (prova da unidade do livro de Isaías). A vara da boca do Senhor e o sopro de Seus lábios são descritos em outros lugares como "a voz do Senhor" (Gênesis 3:8, Êxodo 15:26, Deuteronômio 5:25, Isaías 30:30, etc.).
O restante deste capítulo mostra algumas condições no milênio. Na nova era que Cristo introduzirá "a justiça será o cinto dos seus lombos, e a fidelidade o cinto dos seus rins”, emblemático da atividade energética dos Seus poderes e atributos no cumprimento da vontade divina.
Os versículos 6 até 9 não devem ser considerados como simbólicos. O cumprimento das condições no mundo animal serão o resultado natural da presença e autoridade de Cristo. No versículo 8 a “áspide” é, provavelmente, a víbora. No versículo 9 "santo monte" representa a terra, com Sião como seu centro governamental. A frase "como as águas cobrem o mar" significa a cobertura do leito do oceano por suas águas, um símbolo da profundidade e plenitude do conhecimento experimental de Jeová.
O versículo 10 descreve novamente a humildade e a exaltação de Cristo. Ele, que tinha estado na obscuridade como broto da raiz de Jessé, figura do seu nascimento humilde, "será posto por estandarte dos povos, à qual recorrerão as nações” (plural), um estandarte convocando-os, não para a guerra, mas como o governante benigno, para exercer Sua autoridade com justiça e em paz. A Ele virão as nações, em Seu lugar de descanso, a sede da Sua autoridade, "gloriosa." Assim foi com a glória do Senhor no Tabernáculo (Êxodo 40:34, Números 14:10, etc.)
Então o Senhor reunirá "uma segunda vez" os remanescentes dispersos de Israel (Isaías 11:11, 12). Houve uma reunião de seu povo no retorno do cativeiro no tempo de Esdras. Haverá paz e unidade da nação (Isaías 11:13) e eles irão subjugar inimigos circundantes (Isaías 11:14, 15).
Vai haver mudanças geográficas, para o bem-estar de Israel. O mar entre o Egito e a Arábia será destruído (literalmente, "estar sob uma proibição") e o rio Eufrates vai ser partido em sete para facilidade de transporte. Do Egito e da Assíria, haverá uma estrada para Israel para permitir o retorno dos exilados.
1 Então brotará um rebento do toco de Jessé, e das suas raízes um renovo frutificará.
2 E repousará sobre ele o Espírito do Senhor, o espírito de sabedoria e de entendimento, o espírito de conselho e de fortaleza, o espírito de conhecimento e de temor do Senhor.
3 E deleitar-se-á no temor do Senhor; e não julgará segundo a vista dos seus olhos, nem decidirá segundo o ouvir dos seus ouvidos;
4 mas julgará com justiça os pobres, e decidirá com eqüidade em defesa dos mansos da terra; e ferirá a terra com a vara de sua boca, e com o sopro dos seus lábios matará o ímpio.
5 A justiça será o cinto dos seus lombos, e a fidelidade o cinto dos seus rins.
6 Morará o lobo com o cordeiro, e o leopardo com o cabrito se deitará; e o bezerro, e o leão novo e o animal cevado viverão juntos; e um menino pequeno os conduzirá.
7 A vaca e a ursa pastarão juntas, e as suas crias juntas se deitarão; e o leão comerá palha como o boi.
8 A criança de peito brincará sobre a toca da áspide, e a desmamada meterá a sua mão na cova do basilisco.
9 Não se fará mal nem dano algum em todo o meu santo monte; porque a terra se encherá do conhecimento do Senhor, como as águas cobrem o mar.
10 Naquele dia a raiz de Jessé será posta por estandarte dos povos, à qual recorrerão as nações; gloriosas lhe serão as suas moradas.
11 Naquele dia o Senhor tornará a estender a sua mão para adquirir outra vez e resto do seu povo, que for deixado, da Assíria, do Egito, de Patros, da Etiópia, de Elão, de Sinar, de Hamate, e das ilhas de mar.
12 Levantará um pendão entre as nações e ajuntará os desterrados de Israel, e es dispersos de Judá congregará desde os quatro confins da terra.
13 Também se esvaecerá a inveja de Efraim, e os vexadores de Judá serão desarraigados; Efraim não invejará a Judá e Judá não vexará a Efraim.
14 Antes voarão sobre os ombros des filisteus ao Ocidente; juntos despojarão aos filhos do Oriente; em Edom e Moabe porão as suas mãos, e os filhos de Amom lhes obedecerão.
15 E o Senhor destruirá totalmente a língua do mar do Egito; e vibrará a sua mão contra o Rio com o seu vento abrasador, e, ferindo- o, dividi-lo-á em sete correntes, e fará que por ele passem a pé enxuto.
16 Assim haverá caminho plano para e restante do seu povo, que voltar da Assíria, como houve para Israel no dia em que subiu da terra do Egito.
Isaías capítulo 11