As palavras de abertura deste último capítulo de Isaías são dirigidas ao povo apóstata e mundano de Israel. Essa gente não deve pensar que, nessa condição, podem agradar a Deus com a construção de um templo para Ele. Afinal, Ele é o criador e proprietário do universo, está entronizado no céu e tem a terra como seu banquinho para os pés. Sua atenção é dada para quem é humilde e contrita de espírito, que treme ao ouvir a Sua palavra.
Os impenitentes ofendem a Deus por suas observâncias religiosas. Quando se divorciam da santidade prática, seus sacrifícios e ofertas são crimes e abominações. Eles podem escolher seus caminhos de hipócritas, mas não podem escolher as consequências. Deus fará isso. Os que recusam Seu chamado ao arrependimento, e que seguem por caminhos que Ele odeia, provarão a Sua ira.
No versículo 5 o Senhor se dirige à minoria, constituída pelos que, com reverência e respeito, tremem ao ouvir a Sua palavra. Ele promete que vai lidar com os seus irmãos que os odiavam e os expulsaram para longe por causa do Seu nome, reforçando assim o caráter grave do seu pecado, e que com incredulidade escarnecedora se atreveram a usar o nome do Senhor em vão, dizendo “Seja glorificado o Senhor, para que vejamos a vossa alegria”. Estes apóstatas consideram qualquer esperança em Deus como mero engano, mas o Senhor determinou que eles “serão confundidos."
Enquanto a cidade e o templo estiverem em ruínas, chegará a ocasião em que haverá uma voz saindo do tumulto da cidade, uma voz do templo, que é a voz do Senhor proclamando “retribuição aos Seus inimigos”: isto é, os apóstatas judeus e também os inimigos entre as nações dos gentios, que doravante se reunirão "contra o Senhor e contra o seu Ungido” (Salmo 22 – para a “voz” consulte o versículo 5 e compare com o capítulo 63:1, Joel 2:11, 3:16, Amós 1:2, e 2 Tessalonicenses 2:8).
O versículo 7 tem duas declarações espantosas: “deu à luz antes de estar de parto e deu à luz um filho antes que lhe viessem as dores”, indicando algo inesperado, acontecendo sem aviso prévio, sem obedecer ao curso natural das coisas.
O que é representado nessas declarações tem sido discutido e interpretado de diversas formas, mas o esclarecimento do que se trata só pode estar no que vem em seguida, e mediante comparação com outros textos paralelos, como segue:
A referência no versículo 7 a “dar à luz um filho antes de estar de parto e antes que lhe viessem as dores” nos lembra a primeira vinda do Senhor Jesus, que aconteceu antes do sofrimento de Israel nas mãos dos gentios e da grande tribulação nas mãos do Anticristo ainda por vir, que seriam as dores (Mateus 24:8 e Marcos 13:8). Um nascimento antes das dores do parto foge à ordem natural, e assim também foi o nascimento do Senhor Jesus.
No versículo 8 lemos “Poder-se-ia fazer nascer uma terra num só dia? Nasceria uma nação de uma só vez? Mas logo que Sião esteve de parto, deu à luz seus filhos. ” O reino do Senhor Jesus será formado rapidamente na Sua segunda vinda, Jerusalém será ocupada pelo remanescente fiel de Israel (“seus filhos”) e toda a estrutura governamental tomará posse quase que instantaneamente (um só dia).
As duas perguntas feitas em seguida, no versículo 8, concernem o efeito e a questão do trabalho árduo da nação. Estas duas questões exigem uma resposta positiva (ao contrário das primeiras duas cujas respostas foram negativas):
“Poder-se-ia fazer nascer uma terra num só dia?” e “Nasceria uma nação de uma só vez?” O reino do Senhor Jesus será formado rapidamente na Sua segunda vinda, Jerusalém será ocupada pelo remanescente fiel de Israel (“seus filhos”) e toda a estrutura governamental tomará posse quase que instantaneamente. A garantia disto vem logo em seguida: “Mas logo que Sião esteve de parto, deu à luz seus filhos.” Primeiro as dores de parto e, em seguida, o nascimento e, portanto, diferentes das circunstâncias anteriores!
Assim, o resultado imediato da grande tribulação será a formação do povo terreno de Deus em uma nação em paz, alegria e justiça debaixo da potente mão de seu Messias libertador. A nação assim livrada não pode ser identificada como sendo o “filho” do versículo 7 como pareceria à primeira vista.
Tendo em conta a certeza de que Seu povo será livrado a partir do seu tempo de tribulação sem precedentes e rapidamente (versículo 9), Deus apela a todos que amam Jerusalém e pranteiam por ela para regozijar e encherem-se de alegria, deleitando-se com a abundância da sua glória e serem felizes com ela (versículo 10). Aqueles que na terra choravam por ela, nessa ocasião receberão eles próprios benefícios quando ela é estabelecida na terra.
No versículo 11 Jerusalém é retratada como mãe nutrindo seus filhos com seu leite abundante, tanto que distribuirá também para os outros. O Senhor também declara: “estenderei sobre ela a paz como um rio, e a glória das nações como um ribeiro que trasborda” (versículo 12): Israel receberá as riquezas dos gentios, que cuidarão da nação com a maior dedicação e atenção (comparar com capítulo 49:23 e 60:4). Isso é o que está indicado na promessa: “então mamareis, ao colo vos trarão, e sobre os joelhos vos afagarão”.
No capítulo 13 o Senhor declara como Ele próprio cuidará de seu povo, "Como alguém a quem consola sua mãe, assim eu vos consolarei; e em Jerusalém vós sereis consolados.” “Seu coração se alegrará e seus ossos reverderão como a erva tenra”, uma descrição vívida da condição florescente de Israel, quando o Senhor estiver reinando sobre a terra (versículo 14), e assim “a mão do Senhor será notória aos Seus servos, e Ele se indignará contra os seus inimigos”.
Em seguida, a partir do versículo 15 até o fim dessa profecia de Isaías, temos uma descrição do julgamento sobre os inimigos de Deus sobre a terra antes dos novos céus e nova terra: “O Senhor virá com fogo, e os seus carros serão como o torvelinho, para retribuir a sua ira com furor, e a sua repreensão com chamas de fogo. Porque com fogo e com a sua espada entrará o Senhor em juízo com toda a carne; e os que forem mortos pelo Senhor serão muitos. ” (Versículos 15 e 16).
No versículo 17 o Senhor lida com aqueles entre Seu povo que terão se corrompido, tornando-se como os pagãos. Eles devem ser mortos, compartilhando o castigo dos seguidores do Anticristo.
Agora, por meio de contraste, a profecia se volta novamente para o futuro de Israel e para o tratamento favorável dele pelas nações dos gentios no milênio. A declaração que o Senhor conhece suas obras e seus pensamentos, constitui uma transição dos apóstatas no versículo 17 para a nação remida e a maneira em que os povos gentíos irão ajudá-los.
Todos os povos e línguas se reunirão na terra de Israel e lá verão a glória do Senhor (versículo 18). O Senhor irá por um sinal entre os gentios (versículo 19) para a recuperação de seu povo em lugares distantes. A natureza do sinal não é informada, mas a exemplo de Êxodo 10:2, Salmo 78:43 e 105:27, onde o sinal são os milagres realizados por Deus para livrar o Seu povo do Egito, podemos deduzir que haverá alguma forma de intervenção sobrenatural nos assuntos do mundo. Além disso, Deus deixa claro aqui que Ele enviará judeus como Seus mensageiros para as nações em todas as partes do mundo, para Társis no oeste, Pul e Lude no Sul, a Tubal e Javã no norte e ilhas distantes, tais como os da Ásia e outros continentes, para os povos que não tenham ouvido a Sua fama nem visto a Sua glória, a fim de apresentarem Sua glória em toda a terra (versículo 19).
Os povos gentios trarão os judeus “dentre todas as nações, como oblação ao Senhor“. Eles serão levados para Seu santo monte em Jerusalém, assim como os filhos de Israel estavam acostumados a trazer as suas ofertas em vasos limpos à casa do Senhor. Uma considerável variedade de meios de transporte será usada, e é bem possível que veículos de transporte modernos, como automóveis, aviões, etc., são representados pela menção das carruagens e liteiras do tempo de Isaías. Além disso, o que foi dito no versículo 8, passagem semelhante a esta, sobre aqueles que "voarão como núvens e como pombas para as suas janelas," é indicativo de uma viagem aérea. A menção do vaso limpo mostra que todos os israelitas que são trazidos na glória terão sido purgados dos seus velhos pecados e ensinados a andar nos caminhos do Senhor, e consequentemente Ele vai tomar alguns deles para serem “sacerdotes e levitas” (versículo 21).
As profecias de Isaías acabam com um contraste marcante. Primeiro vem a promessa de que “como os novos céus e a nova terra, que hei de fazer, durarão diante de mim, diz o Senhor, assim durará a vossa posteridade e o vosso nome” (versículo 22). Porque Cristo, que é de Israel segundo a carne, e quem é "sobre todas as coisas, Deus bendito eternamente" (Romanos 9:5), será identificado com Seu povo terrestre. Devido à sua presença no meio deles toda a carne virá para adoração diante dele em cada lua nova e em todos os sábados. Naquele dia haverá todas as facilidades para viagens rápidas e frequentes de todas as partes do mundo.
As nações terão assim uma lembrança vívida da natureza grave e das consequências da rebelião contra Deus. Quando elas se reunirem na terra nas ocasiões determinadas, eles “sairão, e verão os cadáveres dos homens que transgrediram contra Mim” e o Senhor declara que “o seu verme nunca morrerá, nem o seu fogo se apagará; e eles serão um horror para toda a carne”. A região parece ser o vale de Hinom, fora de Jerusalém.
No entanto, apesar disso, tal será o espírito de insatisfação com o reinado justo e firme do Senhor, que as nações vão sair em rebelião no final dos mil anos, quando, sob a permissiva vontade de Deus, Satanás vai ser libertado de sua prisão para enganá-los (Apocalipse 20:7,8).
Nenhuma condição meramente natural, não importa quão pacífica e benéfica, pode regenerar o coração humano. Isto, com sua consequente fidelidade a Cristo, deve sempre ter como base a eficácia do Seu sangue expiatório.
1 Assim diz o Senhor: O céu é o meu trono, e a terra o escabelo dos meus pés. Que casa me edificaríeis vós? e que lugar seria o do meu descanso?
2 A minha mão fez todas essas coisas, e assim todas elas vieram a existir, diz o Senhor; mas eis para quem olharei: para o humilde e contrito de espírito, que treme da minha palavra.
3 Quem mata um boi é como o que tira a vida a um homem; quem sacrifica um cordeiro, como o que quebra o pescoço a um cão; quem oferece uma oblação, como o que oferece sangue de porco; quem queima incenso, como o que bendiz a um ídolo. Porquanto eles escolheram os seus próprios caminhos, e tomam prazer nas suas abominações,
4 também eu escolherei as suas aflições, farei vir sobre eles aquilo que temiam; porque quando clamei, ninguém respondeu; quando falei, eles não escutaram, mas fizeram o que era mau aos meus olhos, e escolheram aquilo em que eu não tinha prazer.
5 Ouvi a palavra do Senhor, os que tremeis da sua palavra: Vossos irmãos, que vos odeiam e que para longe vos lançam por causa do meu nome, disseram: Seja glorificado o Senhor, para que vejamos a vossa alegria; mas eles serão confundidos.
6 uma voz de grande tumulto vem da cidade, uma voz do templo, ei-la, a voz do Senhor, que dá a recompensa aos seus inimigos.
7 Antes que estivesse de parto, deu à luz; antes que lhe viessem as dores, deu à luz um filho.
8 Quem jamais ouviu tal coisa? quem viu coisas semelhantes?
Poder-se-ia fazer nascer uma terra num só dia? nasceria uma nação de uma só vez? Mas logo que Sião esteve de parto, deu à luz seus filhos.
9 Acaso farei eu abrir a madre, e não farei nascer? diz o Senhor. Acaso eu que faço nascer, fecharei a madre? diz o teu Deus.
10 Regozijai-vos com Jerusalém, e alegrai-vos por ela, vós todos os que a amais; enchei-vos por ela de alegria, todos os que por ela pranteastes;
11 para que mameis e vos farteis dos peitos das suas consolações; para que sugueis, e vos deleiteis com a abundância da sua glória.
12 Pois assim diz o Senhor: Eis que estenderei sobre ela a paz como um rio, e a glória das nações como um ribeiro que trasborda; então mamareis, ao colo vos trarão, e sobre os joelhos vos afagarão.
13 Como alguém a quem consola sua mãe, assim eu vos consolarei; e em Jerusalém vós sereis consolados.
14 Isso vereis e alegrar-se-á o vosso coração, e os vossos ossos reverdecerão como a erva tenra; então a mão do Senhor será notória aos seus servos, e ele se indignará contra os seus inimigos.
Final Judgment and Glory of the Lord
15 Pois, eis que o Senhor virá com fogo, e os seus carros serão como o torvelinho, para retribuir a sua ira com furor, e a sua repreensão com chamas de fogo.
16 Porque com fogo e com a sua espada entrará o Senhor em juízo com toda a carne; e os que forem mortos pelo Senhor serão muitos.
17 Os que se santificam, e se purificam para entrar nos jardins após uma deusa que está no meio, os que comem da carne de porco, e da abominação, e do rato, esses todos serão consumidos, diz o Senhor.
18 Pois eu conheço as suas obras e os seus pensamentos; vem o dia em que ajuntarei todas as nações e línguas; e elas virão, e verão a minha glória.
19 Porei entre elas um sinal, e os que dali escaparem, eu os enviarei às nações, a Társis, Pul, e Lude, povos que atiram com o arco, a Tubal e Javã, até as ilhas de mais longe, que não ouviram a minba fama, nem viram a minha glória; e eles anunciarão entre as nações a minha glória.
20 E trarão todos os vossos irmãos, dentre todas as nações, como oblação ao Senhor; sobre cavalos, e em carros, e em liteiras, e sobre mulas, e sobre dromedários, os trarão ao meu santo monte, a Jerusalém, diz o Senhor, como os filhos de Israel trazem as suas ofertas em vasos limpos à casa do Senhor.
21 E também deles tomarei alguns para sacerdotes e para levitas, diz o Senhor.
22 Pois, como os novos céus e a nova terra, que hei de fazer, durarão diante de mim, diz o Senhor, assim durará a vossa posteridade e o vosso nome.
23 E acontecerá que desde uma lua nova até a outra, e desde um sábado até o outro, virá toda a carne a adorar perante mim, diz o Senhor.
24 E sairão, e verão os cadáveres dos homens que transgrediram contra mim; porque o seu verme nunca morrerá, nem o seu fogo se apagará; e eles serão um horror para toda a carne.
Isaías capítulo 66