Um menino nos nasceu (9:1-7)
A palavra "mas" faz uma conexão imediata com o encerramento do capítulo 8 de Isaías e marca um contraste com a escuridão judicial ali prevista. Deus providenciara (e forneceria) uma luz, se a nação rebelde estivesse disposta a recebê-la.
O distrito no norte de Israel, na região de Zebulon e Naftali, estava a sofrer com as invasões dos sírios e, em seguida, dos assírios. A profecia passa das calamidades imediatamente subsequentes à invasão, após um grande intervalo no tempo, para a luz brilhante de Cristo encarnado no meio do povo e especialmente na Galileia.
Em contraste com aqueles "primeiros tempos" de desprezo, "nos últimos tempos" Deus "faria glorioso o caminho do mar, além do Jordão, a Galileia dos gentios”. "O povo que andava [o tempo do verbo é profético presente] na escuridão viu uma grande luz: e sobre os que habitavam na terra de profunda escuridão resplandeceu a luz. ”
Essa primeira vinda, descrita na primeira frase do versículo 6: “Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu” fala da humanidade do Senhor Jesus: Ele traria luz para a Galileia. O cumprimento é descrito em Mateus 4:12-25, onde o escritor evangelista cita esta passagem. A manifestação da glória de Jesus em Caná da Galileia é registrada em João 2:1-11 (a casa da infância do Salvador estava situada na “Galileia dos gentios” e o cenário foi parte de seu ministério público).
Em seguida, a profecia passa por outro grande intervalo, ao fim do qual lemos a profecia do que acontecerá em seguida, a partir do restante do versículo 6, e 7 “e o governo estará sobre os seus ombros...”). Isto acontecerá depois de derrubado o opressor, o Anticristo, e o estabelecimento do Reino do Messias de paz e de justiça.
Então se cumprirá a profecia do versículo 3 a 5, pois o que está previsto no versículo 3 não aconteceu ainda. Apenas um remanescente retornou do cativeiro. Está havendo o domínio sucessivo dos gentios através desse intervalo. No final da grande tribulação futura, quando o Senhor vier pessoalmente para livrar seu povo terrestre, eles terão alegria pela suspensão da destruição e pelas bênçãos concedidas. O milênio verá um vasto aumento na população do país. Então será cumprida a profecia do versículo 7.
Em Sua segunda vinda o Senhor vai trazer alegria para a nação e pôr fim à escravidão e à guerra.
A segunda vinda é descrita no restante do versículo 6: “e o governo estará sobre os seus ombros ", falando-nos da Sua divindade. O restante do versículo aponta para a Sua segunda vinda:
Seu governo irá longe, pacífico e sem fim. Assentado no trono de Davi, governará com discernimento e justiça. Seu zeloso cuidado para com seu povo isso cumprirá. Seu zelo tem dois objetivos. É um fogo de indignação contra todos que maltratarem o seu povo escolhido terreno e um fogo que arde com um amor tão grande por eles e zelo pelo seu bem-estar que deve consumir toda infidelidade no meio deles (Cantares 8:6,7 e ver Deuteronômio 4:24, 5:9, 6:15).
O zelo do Apóstolo Paulo acerca da igreja em Corinto era apenas a expressão do zelo do Senhor pelo Seu nome. "Estou com ciúmes", diz ele, "Porque estou zeloso de vós com zelo de Deus; pois vos desposei com um só Esposo, Cristo, para vos apresentar a Ele como virgem pura. ” (2 Coríntios 11:2). A taça do zelo tinha sido posta na mão daquela igreja na primeira epístola.
O julgamento da arrogância e opressão (9:8 a 10:4)
As promessas de Isaías 9:6,7, agora são seguidas em Isaías 9:8-10:4 por mais denúncias do mal e avisos de castigo iminente. O país tinha que ser lembrado novamente que sua condição era tal que a escuridão e o mal e consequente dificuldade atingiriam seu clímax antes que fosse dada a bênção e luz prometidos. Apesar de Efraim ser especialmente mencionado, a passagem envolve toda a nação, como é evidente a partir de Isaías 9:9. Efraim era culpado de persistir na dureza do coração. Apesar do fracasso de sua aliança com a Síria, que quebrou sob os ataques dos assírios, Tiglate-Pileser, não houve qualquer arrependimento. Novamente o profeta se volta para os trovões de julgamento, dividindo a sua mensagem em quatro estrofes, cada uma terminando com o refrão, "Com tudo isso não se apartou a sua ira, mas ainda está estendida a sua mão” (vs. 12, 17, 21, 10:4).
Impassível diante da punição anterior, Israel ameaça com orgulho e arrogância reconstruir-se mais gloriosamente do que nunca. Mas o Senhor promete que eles serão atacados pelos sírios do Oriente e os filisteus do Ocidente.
Os anciãos e os homens de posição de destaque são descritos como a "cabeça", ou “ramo”. Atrás deles seguem os falsos profetas, ensinando mentiras. Estes últimos eram o “junco” ou a "cauda" (como o rabo do cão abanando), deliciando-se em seus afagos talentosos. Ambos os grupos foram "cortados em um dia." Em Isaías 9:16 os que guiam o povo os desencaminham, e os guiados são devorados.
Tal era o mal que o Senhor não poderia ter nenhuma alegria em seus jovens (que deveriam ter se tornado poderosos para manter a vitalidade espiritual da nação) e os órfãos e as viúvas (normalmente alvos especiais da compaixão divina (Deuteronômio 10:18) não obteriam piedade. Todos eram devassos, malfeitores e blasfemos. Daí uma segunda vez Isaías tem que dizer “Com tudo isso não se apartou a sua ira, mas ainda está estendida a sua mão” (Isaías 9:17).
E agora um terceiro aviso de tempo de vingança divina é dado. Maldade, seja em um indivíduo ou uma nação, traz seu próprio castigo. Ela destrói como o fogo queima uma floresta, iniciando pelos espinhos e abrolhos até queimar as maiores árvores. Com a guerra civil (ver Isaías 9:21) haverá crueldade, fome e autodestruição (Isaías 9:20). E uma terceira vez é pronunciada a declaração solene “Com tudo isso não se apartou a sua ira, mas ainda está estendida a sua mão. ” As circunstâncias levando a estas calamidades estão descritas em Neemias 9:9.
Um “ai” é pronunciado sobre os governantes que roubam os necessitados, oprimem os pobres e escrevem decretos injustos. Quando vier o julgamento de Deus, eles perderão toda a riqueza que ganharam, sem conseguir socorro. Pela quarta vez temos as palavras: “Com tudo isso não se apartou a sua ira, mas ainda está estendida a sua mão” (Isaías 10:4).
1 Mas para a que estava aflita não haverá escuridão. Nos primeiros tempos, ele envileceu a terra de Zebulom, e a terra de Naftali; mas nos últimos tempos fará glorioso o caminho do mar, além do Jordão, a Galiléia dos gentios.
2 O povo que andava em trevas viu uma grande luz; e sobre os que habitavam na terra de profunda escuridão resplandeceu a luz.
3 Tu multiplicaste este povo, a alegria lhe aumentaste; todos se alegrarão perante ti, como se alegram na ceifa e como exultam quando se repartem os despojos.
4 Porque tu quebraste o jugo da sua carga e o bordão do seu ombro, que é o cetro do seu opressor, como no dia de Midiã.
5 Porque todo calçado daqueles que andavam no tumulto, e toda capa revolvida em sangue serão queimados, servindo de pasto ao fogo.
6 Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; e o governo estará sobre os seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai Eterno, Príncipe da Paz.
7 Do aumento do seu governo e da paz não haverá fim, sobre o trono de Davi e no seu reino, para o estabelecer e o fortificar em retidão e em justiça, desde agora e para sempre; o zelo do Senhor dos exércitos fará isso.
8 O Senhor enviou uma palavra a Jacó, e ela caiu em Israel.
9 E todo o povo o saberá, Efraim e os moradores de Samária, os quais em soberba e altivez de coração dizem:
10 Os tijolos caíram, mas com cantaria tornaremos a edificar; cortaram-se os sicômoros, mas por cedros os substituiremos.
11 Pelo que o Senhor suscita contra eles os adversários de Rezim, e instiga os seus inimigos,
12 os sírios do Oriente, e os filisteus do Ocidente; e eles devoram a Israel à boca escancarada. Com tudo isso não se apartou a sua ira, mas ainda está estendida a sua mão.
13 Todavia o povo não se voltou para quem o feriu, nem buscou ao Senhor dos exércitos.
14 Pelo que o Senhor cortou de Israel a cabeça e a cauda, o ramo e o junco, num mesmo dia.
15 O ancião e o varão de respeito, esse é a cabeça; e o profeta que ensina mentiras, esse e a cauda.
16 Porque os que guiam este povo o desencaminham; e os que por eles são guiados são devorados.
17 Pelo que o Senhor não se regozija nos seus jovens, e não se compadece dos seus órfãos e das suas viúvas; porque todos eles são profanos e malfeitores, e toda boca profere doidices. Com tudo isso não se apartou a sua ira, mas ainda está estendida a sua mão.
18 Pois a impiedade lavra como um fogo que devora espinhos e abrolhos, e se ateia no emaranhado da floresta; e eles sobem ao alto em espessas nuvens de fumaça.
19 Por causa da ira do Senhor dos exércitos a terra se queima, e o povo é como pasto do fogo; ninguém poupa ao seu irmão.
20 Se colher da banda direita, ainda terá fome, e se comer da banda esquerda, ainda não se fartará; cada um comerá a carne de seu braço.
21 Manassés será contra Efraim, e Efraim contra Manassés, e ambos eles serão contra Judá. Com tudo isso não se apartou a sua ira, mas ainda está estendida a sua mão.
10:1 Ai dos que decretam leis injustas, e dos escrivães que escrevem perversidades;
2 para privarem da justiça os necessitados, e arrebatarem o direito aos aflitos do meu povo; para despojarem as viúvas e roubarem os órfãos!
3 Mas que fareis vós no dia da visitação, e na desolação, que há de vir de longe? a quem recorrereis para obter socorro, e onde deixareis a vossa riqueza?
4 Nada mais resta senão curvar-vos entre os presos, ou cair entre os mortos. Com tudo isso não se apartou a sua ira, mas ainda está estendida a sua mão.
Isaías, capítulo 9 até 10, versículo 4