As cidades de refúgio eram destinadas à proteção daqueles que, por acidente, houvessem cometido um homicídio, conforme lemos em Números 35:11 (ver o comentário em "A Distribuição da Terra - b) As Demais Tribos" ou clique aqui). Tendo o povo de Israel agora entrado na terra prometida, e cada tribo recebido o seu território, o Senhor ordenou a Josué que fossem designadas as cidades de refúgio. Foram designadas seis, três de cada lado do rio Jordão.
As cidades de refúgio são uma figura do Senhor Jesus para nós (Hebreus 6:18), e os que se socorriam delas representam aqueles que se abrigam na obra redentora de Cristo para fugir ao juízo de Deus por causa do seu pecado. Ele deu voluntariamente a Sua vida na cruz: os que fisicamente crucificaram o Senhor Jesus não levaram a culpa da sua morte, tendo sido perdoados por Ele pois não sabiam o que faziam (Lucas 23:34, Atos 3:17-18, 1 Coríntios 2:6,8). Mas todos nós somos pecadores, e foi esse pecado que tornou necessário que Cristo desse a sua vida na cruz, e somos todos culpados por isso. Por outro lado, mediante a Sua morte Ele pagou o resgate e como que abriu uma cidade de refúgio para todos aqueles que nEle confiam.
Também foram designadas as 48 cidades dos levitas, mediante sorteio que incluía as cidades de refúgio.
Uma grande parte da terra prometida ainda estava para ser ocupada, mas Deus havia prometido que toda a terra onde eles pusessem os pés seria deles. A que eles agora possuíam estava livre dos inimigos e nela podiam descansar. Mas enquanto não expulsassem o inimigo do restante da terra (e eles nunca chegaram a fazê-lo completamente, por causa da sua incredulidade) não teriam tranqüilidade. Nosso descanso é o descanso da redenção, a paz que Cristo veio nos trazer, e também nele entramos pela fé (Hebreus 4:1-12).
Os rubenitas, os gaditas e a meia tribo de Manassés haviam recebido as suas heranças, a seu próprio pedido, de Moisés, ao oriente do rio Jordão mas com a condição de cederem seus combatentes às demais tribos até que a terra de Canaã fosse conquistada. Terminada agora a guerra de conquista, e tendo eles cumprido fielmente a sua obrigação, Josué permitiu que voltassem para suas terras além do Jordão.
Em seu discurso de despedida, Josué recordou sua obediência em tudo o que lhes fora ordenado, o amparo contínuo que deram aos demais israelitas, e o seu cuidado em guardar o mandamento do SENHOR Deus. Admoestou-os a continuar diligentes em sua obediência ao mandamento e à lei que Moisés havia ordenado, abençoou-os e os despediu permitindo que levassem consigo uma parte do rico despojo dos inimigos, para repartir com os que haviam ficado em seu território.
Ao voltar ao rio Jordão, e antes de atravessá-lo, eles construíram um altar grande e vistoso, ou seja, visível de longe. Uns estudiosos procuraram este altar do outro lado do rio, porque não prestaram atenção a este detalhe e, é claro, não acharam nada. Mais recentemente um arqueólogo tornou a procurá-lo, mas desta vez do lado ocidental do rio, e ali ele encontrou suas ruínas, num lugar de proeminência, aparentando ter sido um altar de grandes proporções. Era um monumento construído para memorial.
Quando as demais tribos souberam, ficaram apreensivas pensando que o altar tinha sido construído em honra de Baal, e se lembraram de como haviam sido castigadas pelo SENHOR quando se deixaram tentar pelas moabitas e juntaram-se a elas em idolatria. Elas se prepararam para batalhar contra as duas tribos e meia, mas primeiro mandaram representantes para exortá-las a se arrependerem em obediência à lei (Deuteronômio 13:12-19).
Mas as duas tribos e meia deram uma explicação satisfatória: não era um altar para sacrifícios, mas apenas para lembrar aos seus filhos e aos das outras nove e meia tribos, e sua posteridade, que pertenciam ainda à nação de Israel, e que o SENHOR era o seu Deus.
Os israelitas haviam sido vigilantes e obedientes à lei de Deus, pois deram oportunidade aos outros para se explicar e assim evitaram um grande mal. É uma lição para nós: não reagir antes de verificar todos os fatos. Às vezes falamos e agimos prematuramente e depois descobrimos que cometemos uma injustiça.
Parecia uma boa idéia construir este altar. Mas no tabernáculo estava o altar de sacrifícios e não podia haver outro (Deuteronômio 12:27). Todos os outros altares, existentes na terra, tinham que ser destruídos (Êxodo 34:13). Houve apenas uma exceção, o altar que o SENHOR mandou o povo construir de doze pedras tiradas do rio Jordão, quando o povo o atravessou a seco (Deuteronômio 27:4-8). O altar do tabernáculo, uma figura do trabalho de redenção de Cristo, o seu sacrifício na cruz, era um lugar de unidade, assim como há uma unidade orgânica daqueles que estão em Cristo (João 17:20-21).
Podemos comparar o altar das duas e meia tribos aos que dividem os crentes com uma teologia liberal que não leva a sério muito do que a Bíblia ensina. Enquanto chamam de "separatistas" os que são fiéis à Palavra, são eles que se afastam da mensagem da cruz a fim de se ajuntarem em um ecumenismo vago. Como não gostam de um altar com sangue, fazem ofertas num altar alto e vistoso, um Cristo "sem sangue", que nunca viveu, sem divindade, sem capacidade para salvar a humanidade. Mas, pelos seus frutos os conheceremos (Mateus 7:16).
No capítulo 23 Josué instruiu aos líderes do povo para que:
tivessem coragem e tomassem posse da terra,
se esforçassem para guardar e cumprir tudo o que estava escrito no livro da lei de Moisés,
se mantivessem separados das nações que ficaram entre eles e
continuassem no apego ao SENHOR seu Deus.
Deu-lhes também uma palavra de advertência: se eles se desviassem, apegando-se ao restante dos povos cananeus, misturando-se com eles, o SENHOR não expulsaria esses povos, e eles se tornariam uma praga para os israelitas, que viriam então a perecer ali.
O povo já havia enfrentado com sucesso o maior perigo de invadir a terra e conquistar o suficiente dela para se estabelecer, e isto o tinha mantido coeso e fiel. Josué estava percebendo que, ao entrar no descanso e gozar de abundância e prosperidade, eles seriam tentados a se afastar de Deus. É a velha história da natureza humana, repetida vez após vez! O que Josué temia, aconteceu, como o revela o livro dos Juizes.
No capítulo 24 Josué fala a todo o povo. Usando as palavras que lhe foram dadas pelo SENHOR, ele lembrou aos israelitas como foram abençoados a partir de Abraão, recebendo sem esforço a sua herança, pois fora o SENHOR quem derrotara os seus inimigos. Josué conclamou-os a temer ao SENHOR e servi-lo com integridade e fidelidade. Para isso era necessário que tomassem uma decisão definitiva: ou servir ao SENHOR ou servir aos falsos deuses da região. Era impossível servir ao SENHOR e também aos outros deuses! Ele próprio já tinha decidido: ele e a sua casa serviriam ao SENHOR.
O povo respondeu que, em vista do que o SENHOR havia feito por eles, eles O serviriam também. Mas Josué ponderou que, se tomassem essa decisão, corriam o risco de ser consumidos pelo SENHOR se mais tarde eles O deixassem para servir a deuses estranhos. Ele é um Deus santo e zeloso que não perdoaria a sua transgressão nem os seus pecados.
Mas o povo confirmou a sua decisão, e Josué mandou que jogassem fora os deuses estranhos que havia entre eles e se dedicassem ao SENHOR Deus de Israel. Tudo isto foi então escrito e juntado aos cinco livros de Moisés.
Josué faleceu aos cento e dez anos, sendo sepultado na sua própria herança. Também foram sepultados os ossos de José, que haviam sido trazidos do Egito, na herança de seus filhos. Faleceu também o sacerdote Eleazar, filho de Arão e foi sepultado na herança de seu filho Finéias.
Capítulo 20:
1 Falou mais o SENHOR a Josué, dizendo:
2 Fala aos filhos de Israel, dizendo: Apartai para vós as cidades de refúgio, de que vos falei pelo ministério de Moisés;
3 para que fuja para ali o homicida que matar alguma pessoa por erro e não com intento; para que vos sejam refúgio do vingador do sangue.
4 E, fugindo para alguma daquelas cidades, pôr-se-á à porta da cidade e proporá as suas palavras perante os ouvidos dos anciãos da tal cidade; então, tomarão consigo na cidade e lhe darão lugar, para que habite com eles.
5 E, se o vingador do sangue o seguir, não entregarão na sua mão o homicida; porquanto não feriu a seu próximo com intento e o não aborrecia dantes.
6 E habitará na mesma cidade, até que se ponha a juízo perante a congregação, até que morra o sumo sacerdote que houver naqueles dias; então, o homicida voltará e virá à sua cidade e à sua casa, à cidade de onde fugiu.
7 Então, apartaram Quedes, na Galiléia, na montanha de Naftali, e Siquém, na montanha de Efraim, e Quiriate-Arba (esta é Hebrom), na montanha de Judá.
8 E, dalém do Jordão, de Jericó para o oriente, apartaram Bezer, no deserto, na campina da tribo de Rúben, e Ramote, em Gileade, da tribo de Gade; e Golã, em Basã, da tribo de Manassés.
9 Estas são as cidades que foram designadas para todos os filhos de Israel e para o estrangeiro que andasse entre eles; para que se acolhesse a elas todo aquele que ferisse alguma pessoa por erro; para que não morresse às mãos do vingador do sangue, até se pôr diante da congregação.
...
Capítulo 24:
1 Depois, ajuntou Josué todas as tribos de Israel em Siquém e chamou os anciãos de Israel, e os seus cabeças, e os seus juízes, e os seus oficiais, e eles se apresentaram diante de Deus.
2 Então, Josué disse a todo o povo: Assim diz o SENHOR, Deus de Israel: Dalém do rio, antigamente, habitaram vossos pais, Tera, pai de Abraão e pai de Naor, e serviram a outros deuses.
3 Eu, porém, tomei a Abraão, vosso pai, dalém do rio e o fiz andar por toda a terra de Canaã; também multipliquei a sua semente e dei-lhe Isaque.
4 E a Isaque dei Jacó e Esaú; e a Esaú dei a montanha de Seir, para a possuir; porém Jacó e seus filhos desceram para o Egito.
5 Então, enviei Moisés e Arão e feri ao Egito, como o fiz no meio dele; e depois vos tirei de lá.
6 E, tirando eu vossos pais do Egito, viestes ao mar; e os egípcios perseguiram vossos pais, com carros e com cavaleiros, até ao mar Vermelho.
7 E clamaram ao SENHOR, que pôs uma escuridão entre vós e os egípcios, e trouxe o mar sobre eles, e os cobriu, e os vossos olhos viram o que eu fiz no Egito; depois, habitastes no deserto muitos dias.
8 Então, eu vos trouxe à terra dos amorreus, que habitavam dalém do Jordão, os quais pelejaram contra vós; porém os dei na vossa mão, e possuístes a sua terra; e os destruí diante de vós.
9 Levantou-se também Balaque, filho de Zipor, rei dos moabitas, e pelejou contra Israel; e enviou e chamou a Balaão, filho de Beor, para que vos amaldiçoasse.
10 Porém eu não quis ouvir a Balaão, pelo que, abençoando-vos ele, vos abençoou; e livrei-vos da sua mão.
11 E, passando vós o Jordão e vindo a Jericó, os habitantes de Jericó pelejaram contra vós, os amorreus, e os ferezeus, e os cananeus, e os heteus, e os girgaseus, e os heveus, e os jebuseus; porém os dei na vossa mão.
12 E enviei vespões diante de vós, que os expeliram de diante de vós, como a ambos os reis dos amorreus, e isso não com a tua espada, nem com o teu arco.
13 E eu vos dei a terra em que não trabalhastes e cidades que não edificastes, e habitais nelas; e comeis das vinhas e dos olivais que não plantastes.
14 Agora, pois, temei ao SENHOR, e servi-o com sinceridade e com verdade, e deitai fora os deuses aos quais serviram vossos pais dalém do rio e no Egito, e servi ao SENHOR.
15 Porém, se vos parece mal aos vossos olhos servir ao SENHOR, escolhei hoje a quem sirvais: se os deuses a quem serviram vossos pais, que estavam dalém do rio, ou os deuses dos amorreus, em cuja terra habitais; porém eu e a minha casa serviremos ao SENHOR.
16 Então, respondeu o povo e disse: Nunca nos aconteça que deixemos o SENHOR para servirmos a outros deuses;
17 porque o SENHOR é o nosso Deus; ele é o que nos fez subir, a nós e a nossos pais, da terra do Egito, da casa da servidão, e o que tem feito estes grandes sinais aos nossos olhos, e nos guardou por todo o caminho que andamos e entre todos os povos pelo meio dos quais passamos.
18 E o SENHOR expeliu de diante de nós a todas estas gentes, até ao amorreu, morador da terra; também nós serviremos ao SENHOR, porquanto é nosso Deus.
19 Então, Josué disse ao povo: Não podereis servir ao SENHOR, porquanto é Deus santo, é Deus zeloso, que não perdoará a vossa transgressão nem os vossos pecados.
20 Se deixardes o SENHOR e servirdes a deuses estranhos, então, se tornará, e vos fará mal, e vos consumirá, depois de vos fazer bem.
21 Então, disse o povo a Josué: Não; antes, ao SENHOR serviremos.
22 E Josué disse ao povo: Sois testemunhas contra vós mesmos de que vós escolhestes o SENHOR, para o servir. E disseram: Somos testemunhas.
23 Agora, pois, deitai fora os deuses estranhos que há no meio de vós: e inclinai o vosso coração ao SENHOR, Deus de Israel.
24 E disse o povo a Josué: Serviremos ao SENHOR, nosso Deus, e obedeceremos à sua voz.
25 Assim, fez Josué concerto, naquele dia, com o povo e lho pôs por estatuto e direito em Siquém.
26 E Josué escreveu estas palavras no livro da Lei de Deus; e tomou uma grande pedra e a erigiu ali debaixo do carvalho que estava junto ao santuário do SENHOR.
27 E disse Josué a todo o povo: Eis que esta pedra nos será por testemunho; pois ela ouviu todas as palavras que o SENHOR nos tem dito; e também será testemunho contra vós, para que não mintais a vosso Deus.
28 Então, Josué despediu o povo, cada um para a sua herdade.
29 E, depois destas coisas, sucedeu que Josué, filho de Num, o servo do SENHOR, faleceu, sendo da idade de cento e dez anos.
30 E sepultaram-no no termo da sua herdade, em Timnate-Sera, que está no monte de Efraim, para o norte do monte de Gaás.
31 Serviu, pois, Israel ao SENHOR todos os dias de Josué e todos os dias dos anciãos que ainda viveram muito depois de Josué e que sabiam toda a obra que o SENHOR tinha feito a Israel.
32 Também enterraram em Siquém os ossos de José, que os filhos de Israel trouxeram do Egito, naquela parte do campo que Jacó comprara aos filhos de Hamor, pai de Siquém, por cem peças de prata, porquanto foram em herança para os filhos de José.
33 Faleceu também Eleazar, filho de Arão, e o sepultaram no outeiro de Finéias, seu filho, que lhe fora dado na montanha de Efraim.
Josué capítulos 20 a 24