Este capítulo começa com uma introdução simples, recordando os regulamentos de culto estabelecidos sob a Aliança Mosaica. Estes eram conduzidos no Tabernáculo, aqui referido como "o santuário terrestre" (em contraste com “o santuário, o verdadeiro Tabernáculo, que o Senhor fundou, e não o homem – cap.8:2).
O Tabernáculo era um santuário em que a "glória de Deus" poderia fixar residência permanente dentro da nação, concebido como uma representação do verdadeiro Tabernáculo no céu como divinamente revelado para Moisés. Ao Tabernáculo são dados cinco nomes no Velho Testamento, cada nome refletindo um propósito específico ou a função:
"O Tabernáculo" (Êxodo 25:9), que ressalta a sua finalidade principal como o lugar onde Deus habita entre o seu povo.
"O Santuário" (Êxodo 25:8), que acentua o seu carácter sagrado.
“A Tenda” (Êxodo 26:36), que caracteriza a sua natureza temporária.
“A Tenda do Encontro” (Êxodo 27:21 NVI), que enfatiza sua função.
“O Tabernáculo, ou Tenda, do Testemunho” (Êxodo 38:23 e Números 9:15), destacando a Arca da Aliança que continha as tâbuas da lei.
Vejamos primeiro uma breve descrição de como era o Tabernáculo onde se conduzia o culto ao Senhor:
O Tabernáculo era uma tenda portátil, feita para a habitação de Deus entre os israelitas desde a época de seu acampamento no Monte Sinai, ao saírem da sua escravidão no Egito, até a construção e inauguração de um templo pelo rei Salomão, 486 anos mais tarde. O Tabernáculo consistia de uma estrutura de tábuas de madeira medindo cerca de 15m de comprimento, 5m de largura e 5m de altura. O topo, o fundo e lados da tenda eram revestidos por cortinas de peles de cabras à prova de intempéries. Um véu bordado fechava a frente. Era dividido em dois compartimentos, separados por um segundo véu:
o primeiro, chamado “o Santo Lugar”, tinha 10m de comprimento e continha três móveis:
O candeeiro de ouro batido, inteiriço com seis braços em ordem, segurava sete lâmpadas viradas para cima com lampadas que queimavam óleo.
A mesa dos pães, no qual eram colocados doze pães asmos, representando as doze tribos de Israel. Esses pães eram chamados de "pães da presença" porque eram arrumados diante do rosto ou da presença de Deus.
O altar dourado de incenso, no qual o incenso de especiarias era queimado, manhã e noite, situado diante do segundo véu que fechava o caminho para o Santo dos Santos. Ele era levado para dentro do "Santo dos Santos" pelo sumo sacerdote como vemos em seguida.
O segundo, o “Santo dos Santos”, separado do Lugar Santo pelo segundo véu, se destinava à manifestação de Deus numa nuvem brilhante. Só o sumo sacerdote podia entrar ali, uma vez por ano, trazendo com ele o “sangue da expiação” e o incensário de ouro. Aqui estava unicamente a Arca da Aliança, que consistia de uma grande caixa de madeira, cujos lados eram cobertos de ouro. No seu interior estavam guardados um vaso dourado contendo maná, a vara de Arão que brotou e as duas tábuas da lei. A tampa de ouro da Arca da Aliança era conhecida como o Propiciatório. Sobre ela estavam dois querubins de ouro frente à frente, com asas estendidas e cabeças curvadas sobre a tampa. Este foi o único móvel no Santo dos Santos e era o mais importante dos elementos do Tabernáculo porque servia como trono de Deus (2 Samuel 6:2).
A área em que se montava o Tabernáculo media cerca de 1,250m2. A parte que ficava fora do Tabernáculo chamava-se “Pátio Exterior”, e era cercada por uma série de postes de bronze com tecido de linho esticado entre eles. Os israelitas entravam por um portão ao leste do Tabernáculo para chegar até o altar do holocausto, onde os animais trazidos para sacrifício eram mortos e queimados; próximo a ele ficava uma pia de bronze contendo água, sobre uma base de bronze, em que os sacerdotes lavavam as mãos e os pés.
Esta breve descrição, sem grandes pormenores, é dada em Hebreus apenas para demonstrar como o povo se aproximava da presença de Deus, representado pelo seu sumo sacerdote.
É de se observar que os elementos do Tabernáculo, com todos os seus detalhes, têm importante significado tipológico quando aplicados ao Senhor Jesus Cristo.
NOTA: A Arca da Aliança desapareceu após a destruição do templo em 586 a.c.. Quando o templo foi reconstruído, o Santo dos Santos permaneceu vazio. A ausência da arca gerou especulações imensuráveis, várias dezenas de livros e um filme extraordinariamente fantástico. Muitas vezes passa despercebida, em meio a toda a teorização imaginativa, a declaração em Jeremias 3:16 que afirma: "... nunca mais se dirá: A arca do pacto do Senhor; nem lhes virá ela ao pensamento; nem dela se lembrarão; nem a visitarão; nem se fará mais.”
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1 Ora, também o primeiro pacto tinha ordenanças de serviço sagrado, e um santuário terrestre.
2 Pois foi preparada uma tenda, a primeira, na qual estavam o candeeiro, e a mesa, e os pães da proposição; a essa se chama o santo lugar;
3 mas depois do segundo véu estava a tenda que se chama o santo dos santos,
4 que tinha o incensário de ouro, e a arca do pacto, toda coberta de ouro em redor; na qual estava um vaso de ouro, que continha o maná, e a vara de Arão, que tinha brotado, e as tábuas do pacto;
5 e sobre a arca os querubins da glória, que cobriam o propiciatório; das quais coisas não falaremos agora particularmente.
Hebreus capítulo 9, versículos 1 a 5