"Pela fé Abel ofereceu a Deus mais excelente sacrifício do que Caim..." – Abel entendeu, seja por revelação direta de Deus, ou através de seu pai Adão, que era pecador e que Deus requeria o sacrifício da vida de um substituto para remissão do seu pecado. Abel “trouxe dos primogênitos das suas ovelhas, e da sua gordura” e ofereceu isto em sacrifício. Seu irmão Caim trouxe “do fruto da terra uma oferta ao Senhor”. O sacrifício de Abel foi aceito, mas o de Caim não foi, pois não correspondia ao símbolo de vida substitutiva. No sacrifício de Abel, ao matar a ovelha ele demonstrou reconhecer ser um pecador e oferecia este sacrifício para que Deus o perdoasse. Sua oferta foi um ato de fé na graça de Deus.
“... pelo qual alcançou testemunho de que era justo, dando Deus testemunho das suas oferendas, e por meio dela depois de morto, ainda fala” - A NVI nos fornece uma tradução mais esclarecedora “Pela fé Abel foi reconhecido como justo, quando Deus aprovou as suas ofertas. Embora esteja morto, por meio da fé ainda fala”. Por sua fé, fazendo com que viesse a Deus da forma divinamente escolhida, ele fala. Sua fé foi o instrumento básico; ele ainda fala pelo seu exemplo, que envolveu a sua morte de maneira trágica nas mãos do seu irmão Caim. A excelência da sua fé é vista de duas maneiras, uma na oferta que apresentou, outra no valor que Deus lhe dá desde a sua morte, de forma que ele ainda fala através das Escrituras.
“Pela fé Enoque foi trasladado para não ver a morte...” - A vida de Enoque foi uma vida de fé, uma vida em que ele agradou a Deus. A Septuaginta tem esta declaração duas vezes. O hebraico tem "Enoque andou com Deus"; agradar a Deus e andar com Deus são indissociáveis. O crente leva uma vida totalmente diferente da sua vida anterior, em que ele agradava a si próprio; ele tem um novo motivo, feito possível pelo dom do Espírito. Cristo "não se agradou a si mesmo" (Romanos 15:3), e Ele é nosso exemplo. Esse andar com Deus envolve o gozo da comunhão com Deus como o hábito na vida, completa submissão à sua autoridade, dependência na Sua orientação, a consciência de Sua aprovação.
Em sua trasladação, ele é um testemunho permanente para o fato de que para o crente o domínio e o direito da morte são destruídos. É um ganho para a vida de fé. Profeticamente, Enoque prenunciou a igreja. Ele testemunhou da vinda do julgamento sobre o mundo (Judas 14, 15), mas não passou por ele.
“... e não foi achado, porque Deus o trasladara; pois antes da sua trasladação alcançou testemunho de que agradara a Deus...” - O tempo perfeito, expresso em uma única palavra traduzida como “alcançou testemunho ", indica que o testemunho é o que é registrado na Escritura, que precede a declaração de sua trasladação. Este continua a ser um testemunho duradouro, que inclui o testemunho dado a ele por Deus durante a sua vida.
“... Ora, sem fé é impossível agradar a Deus...” - Tudo o que é agradável a Deus na vida é uma questão de fé. Caim tentou fazê-lo sem fé, dando um exemplo de religião na carne que nada é senão pecado. O presente do indicativo marca um só ato, e assim indica uma impossibilidade absoluta de agradar a Deus.
“... porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe...” - Vir a Deus aqui significa vir como um adorador (capítulo 7:19). O verbo traduzido por “crer " está no tempo presente, aqui indicando um ato decisivo , uma vez por todas . Crer que Deus "existe" significa que a fé apreende a realidade de que Ele é o único, verdadeiro e auto-existente “Eu Sou”, em contraste com todos os deuses falsos, dos quais isto nunca poderia se dizer. Enoque descansou nisto embora Deus fosse invisível para ele.
“... e que é galardoador dos que o buscam” - além disso, a fé aceita o fato de que Deus se torna (agora não o verbo “ser”, mas ginomai, tornar-se) o recompensador (misthapodotes), quem distribue recompensas, literalmente aquele que paga os salários (ver Gênesis 15:1). O verbo traduzido por "buscar " é uma forma reforçada do verbo simples “buscar” indicando uma busca diligente (ver Provérbios 8:17 ). Implica um profundo desejo de encontrar-se com Deus, como Enoque.
“Pela fé Noé, divinamente avisado das coisas que ainda não se viam...” – Em Gênesis 2:6 lemos que “um vapor ... porém, subia da terra, e regava toda a face da terra”, e a palavra “chuva” aparece pela primeira vez na Bíblia em Gênesis 7:12, o que pode indicar que Noé não tinha experiência anterior de chuva. Também não havia sinais visíveis de uma inundação iminente, mas Noé creu quando Deus o avisou que um dilúvio inundaria toda a terra.
“... sendo temente a Deus, preparou uma arca para o salvamento da sua família” - não foi só o medo de sofrer dano, mas também um temor reverente que o impeliram a cumprir as instruções de Deus (veja capítulo 5:7). Noé preparou uma arca para salvar a sua família (incluindo ele próprio) e assim “por esta fé condenou o mundo”: tanto a sua fé como a sua obediência contrastaram vivamentre com a incredulidade, zombaria, violência e corrupção do mundo do seu tempo, mesmo depois das suas advertências. Em consequência Noé e sua família foram salvos de morrer no dilúvio e Noé “tornou-se herdeiro da justiça que é segundo a fé”, pois a fé é a origem e o instrumento da justiça (Romanos 1:17, 9:30, 10:6).
R David Jones
4 Pela fé Abel ofereceu a Deus mais excelente sacrifício que Caim, pelo qual alcançou testemunho de que era justo, dando Deus testemunho das suas oferendas, e por meio dela depois de morto, ainda fala.
5 Pela fé Enoque foi trasladado para não ver a morte; e não foi achado, porque Deus o trasladara; pois antes da sua trasladação alcançou testemunho de que agradara a Deus.
6 Ora, sem fé é impossível agradar a Deus; porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe, e que é galardoador dos que o buscam.
7 Pela fé Noé, divinamente avisado das coisas que ainda não se viam, sendo temente a Deus, preparou uma arca para o salvamento da sua família; e por esta fé condenou o mundo, e tornou-se herdeiro da justiça que é segundo a fé.