Voltando aos crentes verdadeiramente regenerados (como no capítulo 6:9), encontramos nesta passagem três motivos de conforto e encorajamento para prosseguirem firmemente em sua fidelidade a Cristo:
Suas experiências anteriores deviam estimulá-los, pois depois de professarem a sua fé em Cristo, eles se tornaram alvo de vitupério da parte dos que rejeitavam a Cristo, tanto familiares como amigos (além dos inimigos), mas ao suportar estas aflições eles foram fortalecidos em sua fé. Como os apóstolos, que “regozijaram-se de terem sido julgados dignos de sofrer afronta pelo nome de Jesus” (Atos 5:41).
Tornaram-se companheiros dos outros que assim foram tratados, compadecendo-se dos que sofriam aprisionamento.
Aceitaram a espoliação dos seus bens, sabendo que tinham uma possessão melhor e permanente: a vida eterna, a benignidade Deus e “uma herança incorruptível, incontaminável e imarcescível, reservada nos céus para eles” (1 Pedro 1:4).
A proximidade da recompensa devia fortalecê-los: já tendo sofrido tanto no passado, não deviam ceder agora que estavam mais perto ainda do cumprimento da promessa de Deus. A sua confiança (ou fé) não devia ser desperdiçada, porque ela aguardava uma grande recompensa. Eles precisavam de perseverança, a vontade de permanecer sob as perseguições ao invés de escapar repudiando Cristo. Em seguida, depois de ter feito a vontade de Deus, iriam receber a recompensa prometida.
Nota: A recompensa se sincroniza com o retorno do Senhor Jesus; essa ocasião é prevista já em Habacuque 2:3 “Pois a visão é ainda para o tempo determinado, e se apressa para o fim. Ainda que se demore, espera-o; porque certamente virá, não tardará."
Um incentivo final para uma inabalável resistência é o medo do desagrado de Deus. Continuando em Habacuque, vemos no versículo seguinte que a vida que agrada a Deus é a vida de fé: “o justo pela sua fé viverá”. Esta é a vida que valoriza as promessas de Deus, que vê o invisível, e que persevera até o fim.
Quem recuar da fé no Senhor Jesus a fim de escapar da vergonha e sofrimento que o Seu nome lhe traz, incorre no desagrado de Deus. O autor de Hebreus declara que ele próprio e os irmãos a quem está se dirigindo não são “daqueles que recuam para a perdição, mas daqueles que crêem para a conservação da alma” (v.39). Essa é a diferença entre os falsos e os verdadeiros crentes. O apóstolo Paulo declarou: “na verdade, tenho também como perda todas as coisas pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; pelo qual sofri a perda de todas estas coisas, e as considero como refugo, para que possa ganhar a Cristo” (Filipenses 3:8).
32 Lembrai-vos, porém, dos dias passados, em que, depois de serdes iluminados, suportastes grande combate de aflições;
33 pois por um lado fostes feitos espetáculo tanto por vitupérios como por tribulações, e por outro vos tornastes companheiros dos que assim foram tratados.
34 Pois não só vos compadecestes dos que estavam nas prisões, mas também com gozo aceitastes a espoliação dos vossos bens, sabendo que vós tendes uma possessão melhor e permanente.
35 Não lanceis fora, pois, a vossa confiança, que tem uma grande recompensa.
36 Porque necessitais de perseverança, para que, depois de haverdes feito a vontade de Deus, alcanceis a promessa.
37 Pois ainda em bem pouco tempo aquele que há de vir virá, e não tardará.
38 Mas o meu justo viverá da fé; e se ele recuar, a minha alma não tem prazer nele.
39 Nós, porém, não somos daqueles que recuam para a perdição, mas daqueles que crêem para a conservação da alma.
Hebreus, capítulo 10, versículos 32 a 39