Aos hebreus, a quem foi dirigido este livro, é recomendado nesta passagem que se lembrem dos seus guias, os mestres que lhes ensinaram a palavra de Deus. Observando o êxito que tiveram em sua carreira cristã, a sua fé deve ser imitada. Temos para nós os exemplos dados no Novo Testamento de alguns, como Paulo e seus companheiros, que pela fé levaram o Evangelho ao mundo descrente. Alguns dos campeões da fé na antiguidade são bons exemplos, como vemos no capítulo 11. Todos mantiveram a sua confissão firme até o fim da vida, e vários foram até martirizados.
Essa é a fé que se apega a Cristo e à doutrina cristã, que traz Deus para nosso lado em cada passo da vida neste mundo. Não somos todos chamados para as mesmas formas de serviço, mas todos somos chamados a uma vida de fé.
Jesus Cristo é o Filho de Deus, “ontem” chamado Javé, o Senhor e hoje o Messias, ou Senhor Jesus Cristo em nosso idioma, eternamente imutável. Que Jesus Cristo é o mesmo ontem, hoje e para sempre foi o foco do ensino, do objetivo e da fé desses guias dos hebreus.
Em seguida vem uma advertência contra os falsos ensinos. Os judaizantes insistiam que a santidade estava ligada a coisas externas, tais como cerimônias, rituais e alimentos, por exemplo. A verdade é que a santidade é produzida pela graça, não pela lei. Os estatutos relativos a alimentos “limpos” e “imundos” visavam produzir uma limpeza ritual. Mas não produziam santidade espiritual.
Um homem pode estar cerimonialmente limpo e ainda estar cheio de ódio e hipocrisia. Só a graça de Deus pode inspirar e capacitar os crentes a viver vidas santas. O amor pelo Salvador que morreu por causa de nossos pecados nos motiva a "viver sobriamente, com retidão e tementes a Deus na época presente" (Tito 2:12). Afinal de contas, as regras infinitas com respeito aos alimentos e bebidas não têm sido úteis para a santificação dos seus adeptos.
Não percamos o triunfo das palavras "Temos um altar". São a resposta confiante do crente às repetidas provocações dos judaizantes. Nosso altar é Cristo, e, portanto, inclui todas as bênçãos que se encontram nEle. Os que estiverem ligados ao sistema Levítico não têm o privilégio de participar dos privilégios melhores do Evangelho. Primeiro devem se arrepender de seus pecados e crer em Jesus Cristo como seu único Senhor e Salvador.
Sob o sistema sacrificial, certos animais eram mortos e seu sangue era trazido para o lugar Santo dos Santos pelo sumo sacerdote como um sacrifício pelo pecado. Os corpos desses animais eram transportados para um lugar longe dos arredores do Tabernáculo e queimados. “Fora do arraial” significa fora da cerca exterior que rodeava o Tabernáculo.
Os animais queimados fora do arraial foram um tipo; o Senhor Jesus foi o antítipo. Ele foi crucificado fora dos muros da cidade de Jerusalém. Foi fora do arraial do judaísmo organizado que Ele santificou o povo com seu próprio sangue.
A aplicação para os primeiros leitores da epístola foi esta: eles deviam romper com o judaísmo. Eles deviam de uma vez por todas virar as costas aos sacrifícios do templo e apropriarem-se da obra terminada de Cristo como seu sacrifício suficiente. A aplicação para nós é semelhante: o “arraial” de hoje é todo o sistema religioso que ensina a salvação pelas obras, pelo caráter, pelo ritual ou por ordenanças. É o sistema das igrejas modernas com seu sacerdócio ordenado humanamente, seus instrumentos físicos para adorar e sua pompa cerimonial. É a cristandade corrupta, uma igreja sem Cristo. O Senhor Jesus está lá fora e temos de sair para estar com Ele, levando a Sua ignomínia.
Jerusalém era amada pelos que serviam no templo. Era o centro geográfico do seu “arraial”. O crente não tem uma cidade assim na terra. Seu coração está dirigido à cidade celestial, a nova Jerusalém, onde está o Cordeiro em toda a Sua glória. O sacrifício de louvor é o fruto de lábios que reconhecem o Seu nome. A única adoração que Deus recebe é a que procede das almas redimidas.
No Novo Testamento todos os crentes são sacerdotes. São sacerdotes santos, indo para o santuário de Deus para a adoração (1 Pedro 2:5), e são sacerdotes reais, saindo ao mundo para testemunharem (1 Pedro 2:9). Há pelo menos três sacrifícios que um crente-sacerdote oferece.
O primeiro é o sacrifício de sua própria pessoa (Romanos 12:1).
Em seguida, neste versículo 15, está o segundo: o sacrifício de louvor.
É oferecido a Deus através do Senhor Jesus. Todo nosso louvor e adoração passa por Ele antes de chegar a Deus Pai; nosso grande Sumo Sacerdote remove todas as impurezas e imperfeições e acrescenta sua própria virtude a eles. O sacrifício de louvor é o “fruto dos lábios que confessam o Seu nome” (versículo 15).
O terceiro sacrifício é a oferta de nossas posses. Devemos usar nossos recursos materiais para fazer o bem e na partilha com aqueles que estão em necessidade. Deus se agrada com esse sacrifício. É o oposto de acumular para si.
Os leitores foram instruídos, nos versículos 7 e 8, a se lembrarem dos seus guias no passado. Agora eles são ensinados a obedecer aos seus líderes presentes. Isso diz respeito principalmente aos que estão na direção da igreja local. Esses homens agem como servos de Deus na igreja. Receberam essa autoridade, e os crentes devem ser submissos a eles. Como “subpastores”, os superintendentes cuidam pelas almas do rebanho. Um dia eles terão que prestar contas a Deus pelo seu desempenho. Farão isso com alegria ou tristeza, dependendo do progresso espiritual do seu rebanho. Se for com tristeza, isto significará perda de galardão pelos santos em causa. Portanto é para benefício de todos respeitar as linhas de autoridade que Deus estabeleceu.
7 Lembrai-vos dos vossos guias, os quais vos falaram a palavra de Deus, e, atentando para o êxito da sua carreira, imitai-lhes a fé.
8 Jesus Cristo é o mesmo, ontem, e hoje, e eternamente.
9 Não vos deixeis levar por doutrinas várias e estranhas; porque bom é que o coração se fortifique com a graça, e não com alimentos, que não trouxeram proveito algum aos que com eles se preocuparam.
10 Temos um altar, do qual não têm direito de comer os que servem ao tabernáculo.
11 Porque os corpos dos animais, cujo sangue é trazido para dentro do santo lugar pelo sumo sacerdote como oferta pelo pecado, são queimados fora do arraial.
12 Por isso também Jesus, para santificar o povo pelo seu próprio sangue, sofreu fora da porta.
13 Saiamos pois a ele fora do arraial, levando o seu opróbrio.
14 Porque não temos aqui cidade permanente, mas buscamos a vindoura.
15 Por ele, pois, ofereçamos sempre a Deus sacrifício de louvor, isto é, o fruto dos lábios que confessam o seu nome.
16 Mas não vos esqueçais de fazer o bem e de repartir com outros, porque com tais sacrifícios Deus se agrada.
Heb 13:17 Obedecei a vossos guias, sendo-lhes submissos; porque velam por vossas almas como quem há de prestar contas delas; para que o façam com alegria e não gemendo, porque isso não vos seria útil.
Hebreus capítulo 13, versículos 7 a 17