Após refletir sobre os componentes do santuário e do serviço levítico e suas limitações, começamos agora com uma exposição da sublime realização do verdadeiro sacrifício, feito uma vez por todas, do qual aqueles eram simples sombras e símbolos.
Neste sacrifício, o Filho de Deus exerceu a Sua função de Sumo Sacerdote e também, encarnado como homem, deu Seu corpo e sangue (vida) como vítima do sacrifício. Cristo apareceu como Sumo Sacerdote “dos benefícios agora presentes” (NVI), isto é, as bênçãos tremendas que Ele concede àqueles que O recebem. Seu tabernáculo é maior e mais perfeito. Não foi feito com as mãos pelo homem, nem está aqui na terra como estava o tabernáculo da primeira aliança (v. 1). Não foi construído com materiais de construção do mundo, mas é o santuário celeste, no lugar da morada de Deus. Nenhum templo aqui na terra pode agora representar ou substituí-lo: o Senhor Jesus Cristo serve no céu como Sumo Sacerdote no único templo legítimo, que é o celestial.
Jesus Cristo é o cumprimento do “dia da expiação”. Nos capítulos 2, 7, 9 e 10 deste livro são demonstradas as duas facetas desta conexão:
A obra do Sumo Sacerdote: O cumprimento inicial do “dia da expiação” é através de Jesus, servindo como sumo-sacerdote perfeito de Deus (cap. 2:17).
Assim como o sumo sacerdote trocava as suas ricas vestes formais por vestes humildes, também, o Filho de Deus trocou a Sua glória por carne humana humilde (Filipenses 2:5-8). Não precisou de uma semana de sessões de estudo antes de servir, pois não tinha necessidade de memorizar a palavra de Deus. Ele é a Palavra encarnada de Deus.
Não houve necessidade do Senhor Jesus fazer um sacrifício prévio pelos Seus próprios pecados antes do Seu ministério sacerdotal, como os sacerdotes levíticos eram obrigados a fazer, pois Ele nunca pecou. Cristo foi, Ele próprio, a inocente vítima do sacrifício, mas levou voluntariamente sobre Si os pecados de todos os que nEle crêm.
No momento da sua ascensão, o Messias Jesus foi até a presença de Deus, tendo terminado o trabalho da redenção no Calvário. Nunca devemos cessar de nos alegrar com essas palavras: “uma vez por todas”. O trabalho foi concluído. Louvado seja o Senhor! O Santo dos Santos em que Ele entrou era a verdadeira presença divina de Deus.
O sangue expiatório que este Sumo Sacerdote levou à presença de Deus não era sangue inferior de touros e bodes, mas Seu próprio sangue, o sangue do Messias. O sangue dos animais não tinha qualquer poder para cobrir pecados; era apenas simbólico dentro de um ritual religioso que representava o que realmente viria a acontecer um dia. Mas o sangue de Cristo é de valor infinito; seu poder é suficiente para limpar todos os pecados de todas as pessoas que viveram no passado, todas as pessoas que estão vivendo agora e todas as pessoas que ainda vierem a viver. Claro, seu poder é aplicável somente para aqueles que venham a Ele pela fé, mas o potencial não tem limites. Por Seu sacrifício ele obteve eterna redenção, em contraste com os antigos sacerdotes que tinham que fazer expiação anualmente.
O sacrifício: A segunda faceta do cumprimento tipológico de Jesus do “dia da expiação”, foi como o sacrifício perfeito de Deus.
O Senhor Jesus não só foi o Sumo Sacerdote perfeito, mas Ele ofereceu o Seu próprio sangue, infinitamente superior ao dos "touros e bodes". Ele é o “Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” como exclamou João (João 1:29). O sangue de animais poderia apenas simbolicamente encobrir o pecado, mas nunca removê-lo. O sacrifício do Messias, no entanto, é perfeito pois realmente nos purifica e santifica completamente na presença de Deus.
Ninguém poderia sequer fingir que seus pecados eram definitivamente cobertos pelo sacrifício levítico, feito para obedecer a lei no “dia da expiação”. O sumo sacerdote levita só os cobria simbolicamente, sendo figura do que estava para vir. O fato que os sacrifícios do dia da expiação eram repetidos anualmente provava que eram insuficientes e não definitivos. Os rituais continham uma validade muito curta. No entanto, Cristo, oferecendo este sacrifício perfeito, limpa permanentemente o coração também (Hebreus 10:1-10).
Finalmente, existe também uma conexão tipológica entre Jesus e o bode expiatório. Assim como era necessário que o bode, levando o pecado da nação, fosse levado para longe do acampamento, Cristo foi levado para fora dos muros de Jerusalém para ser crucificado (Hebreus 13:12-13).
As sombras da lei foram todas efetivadas, portanto estão superadas e não têm mais valor.
11 Mas Cristo, tendo vindo como sumo sacerdote dos bens já realizados, por meio do maior e mais perfeito tabernáculo (não feito por mãos, isto é, não desta criação),
12 e não pelo sangue de bodes e novilhos, mas por seu próprio sangue, entrou uma vez por todas no santo lugar, havendo obtido uma eterna redenção.
Hebreus, capítulo 9, versículos 11 e 12