Isaías enviado ao rei Acaz de Judá (7:1-9)
Os capítulos 7 até 12 têm sido chamados “o livro de Emanuel” por causa de suas profecias claras sobre Cristo.
O rei Jotão sucedeu ao seu pai Uzias, e fez o que era reto aos olhos do Senhor. Reinou dezesseis anos em Jerusalém, mas o povo ainda se corrompia (2 Crônicas 27). Não houve profecias por Isaías registradas em seu livro durante esse período.
Isaías volta à narrativa durante o reinado de Acaz, sucessor de Jotão. Este se tornou idólatra, e esta profecia começa no momento em que a Síria e o reino de Israel (Efraim) fizeram uma aliança contra o reino de Judá e ameaçaram Jerusalém.
Isaías e seu filho Sear-Jasube saíram ao encontro do rei Acaz... no final do aqueduto da piscina superior, na estrada do campo do Lavandeiro. Talvez o rei tivesse ido lá para garantir a segurança do abastecimento de água da cidade. O campo do Lavandeiro era onde o povo espalhava suas roupas recém-lavadas para branquear ao sol.
O Senhor, em Sua longanimidade, assegurou a Acaz, por intermédio do profeta Isaías, que não havia nada a temer. Os reis da Síria e Israel (Rezim e o filho de Remalias) não eram mais do que “pedaços de tições fumegantes”. Embora esses aliados pretendessem amedrontar e dominar Judá, para colocar sobre ele o filho de Tabeel, seu plano não seria concretizado. (A Síria e Israel chegaram a invadir Judá, mas a pressão foi levantada quando os assírios avançaram). Rezim era o governador de Damasco e esta cidade controlava a Síria; dentro de sessenta e cinco anos Efraim (Israel) seria quebrado em pedaços e deixaria de ser povo. Samaria, governada pelo filho de Remalias, passaria a governar Efraim (Ver o cumprimento em 2 Reis 17).
O sinal do Emanuel (7:10-25)
O Senhor instruiu Acaz para pedir um sinal, na terra ou nos céus, que a aliança Síria-Israel não iria prevalecer contra Judá. Não querendo abandonar sua confiança na Assíria para sua proteção, Acaz recusou, com humildade e piedade fingida.
Quando o Senhor convidou Acaz para lhe pedir um sinal e afirmou que, como garantia do cumprimento da sua palavra, o daria “em baixo nas profundezas” (talvez uma referência à necromancia da qual Acaz seria adepto) “ou em cima nas alturas” (no céu), ele respondeu “Não o pedirei nem porei à prova o Senhor”. Era fingimento de piedade de sua parte, e recebeu a repreensão do Senhor através da resposta de Isaías, "Ouvi agora, ó casa de Davi: Pouco vos é afadigardes os homens, que ainda afadigareis também ao meu Deus? ” Ele tornaria impossível para que Deus concedesse misericórdia mediante arrependimento e restauração?
Mesmo descontente com a atitude do rei, representante da casa de Davi, Isaías lhe disse que o Senhor mesmo lhe daria um sinal de Sua escolha e um sinal do intervalo que se estenderia a acontecimentos muito além da época de Acaz e traria o cumprimento das profecias e promessas relativas à "casa de Davi". Acaz e homens como ele não teriam nenhuma participação nas bênçãos e glórias do cumprimento do sinal.
Este era o sinal “eis que uma virgem conceberá, e dará à luz um filho, e será o seu nome Emanuel...”
Como muitas profecias, esta parece ter tido uma realização precoce (nos dias de Acaz) e mais tarde, o completo cumprimento (no primeiro advento de Cristo). O versículo 4 aponta infalivelmente a Cristo, o filho da virgem cujo nome indica que ele é o Emanuel, o Deus-conosco. As palavras "eis que", em Isaías, sempre apresentam alguma coisa relativa a circunstâncias futuras. A escolha da palavra almah (para virgem) é significativa, pois a distingue de bethulah (solteira morando com os pais, cujo casamento não é iminente); denota que está madura e pronta para o casamento.
As diferentes situações relacionadas com a profecia são tais que o cumprimento só é possível como registrado em Mateus 1:22, 23 e Lucas 1:31-35. Uma característica marcante das profecias do Velho Testamento é que elas ligam eventos separados pelo tempo. As condições mais imediatamente aplicáveis à Assíria foram desenvolvidas sob poderes subsequentes sucessivamente, culminando com o romano, sob o qual Emanuel nasceu. As circunstâncias descritas por Isaías como sendo prevalecentes na terra continuaram até e no dia do Emanuel.
Este sinal seria "nas profundezas”, de Emanuel (“Deus conosco”, ou, como na ordem do original, “conosco é Deus”). Seria Alguém condescendendo em tornar-se homem e ir até as profundezas do julgamento vicário e morte. Seria também "em cima nas alturas”, pois Emanuel seria "verdadeiro Deus" (ver Isaías 7:11 e Isaías 8:10). " As diferentes situações relacionadas com a profecia são tais que o cumprimento só é possível conforme encontramos em Mateus 1:22, 23 e Lucas 1:31-35.
"Manteiga e mel comerá, quando ele souber rejeitar o mal e escolher o bem." (Isaías 7:15). Isso é indicativo de empobrecimento. Leite engrossado e mel eram a comida dos errantes no deserto. Evidentemente não eram os únicos artigos do alimento, mas havia pouca variedade e relativa escassez. Estas eram as condições por ocasião da infância de Cristo, fugindo e voltando do Egito e vivendo em Nazaré sem luxo algum. "... por amor de vós se fez pobre...” (2 Coríntios 8:9).
A desolação começou no tempo de Acaz. Os dois reis da Síria e de Israel, de quem Acaz estava com medo, foram dominados pelos assírios. Seguiu-se o seu ataque contra Judá (Isaías 7:17), e apesar da recuperação que foi concedida no reinado de Ezequias, ela foi apenas provisória. Os egípcios ("as moscas") e os assírios ("as abelhas") conjuntamente devastaram a terra, cumprindo Isaías 7:18 e 19. O rei da Assíria é citado como uma “navalha alugada” (Isaías 7:20). Acaz havia determinado contratá-lo para obter ajuda. Deus o iria alugar (o sarcasmo é digno de nota) para destruição.
Com essa “navalha” Judá seria tosquiada para ser humilhada. Tanto a cabeça, como o cabelo dos pés seriam tosquiados e a barba arrancada, indicando, respectivamente, a remoção da autoridade real, a independência nacional e o sacerdócio. Rapar os cabelos do corpo era uma espécie de purificação em Israel: o nazireu (pessoa separada com voto para o serviço do Senhor) tinha que rapar sua cabeça se fosse contaminado (Números 6:9); o leproso tinha que rapar todo o cabelo, barba e sobrancelhas quando sarado (Levítico 14:9); o levita tinha que passar a navalha sobre todo o seu corpo para se purificar (Números 8:7).
Ainda como resultado da destruição causada pelos inimigos nacionais, haveria pobreza; ao invés de abundância de leite, só o leite engrossado, ou coalhada e mel silvestre; ao invés de um vinhedo florescente, "sarças e espinhos." Quanto às colinas anteriormente cavadas com enxadas, elas seriam abandonadas por medo das sarças e dos espinheiros, passando a ser úteis apenas como pasto para gado e ovelhas.
1 Sucedeu, pois, nos dias de Acaz, filho de Jotão, filho de Uzias, rei de Judá, que Rezim, rei da Síria, e Peca, filho de Remalias, rei de Israel, subiram a Jerusalém, para pelejarem contra ela, mas não a puderam conquistar.
2 Quando deram aviso à casa de Davi, dizendo: A Síria fez aliança com Efraim; ficou agitado o coração de Acaz, e o coração do seu povo, como se agitam as árvores do bosque à força do vento.
3 Então disse o Senhor a Isaías: saí agora, tu e teu filho Sear-Jasube, ao encontro de Acaz, ao fim do aqueduto da piscina superior, na estrada do campo do lavandeiro,
4 e dize-lhe: Acautela-te e aquieta-te; não temas, nem te desfaleça o coração por causa destes dois pedaços de tições fumegantes; por causa do ardor da ira de Rezim e da Síria, e do filho de Remalias.
5 Porquanto a Síria maquinou o mal contra ti, com Efraim e com o filho de Remalias, dizendo:
6 Subamos contra Judá, e amedrontemo-lo, e demos sobre ele, tomando-o para nós, e façamos reinar no meio dele o filho de Tabeel.
7 Assim diz o Senhor Deus: Isto não subsistirá, nem tampouco acontecerá.
8 Pois a cabeça da Síria é Damasco, e o cabeça de Damasco é Rezim; e dentro de sessenta e cinco anos Efraim será quebrantado, e deixará de ser povo.
9 Entretanto a cabeça de Efraim será Samária, e o cabeça de Samária o filho de Remalias; se não o crerdes, certamente não haveis de permanecer.
10 De novo falou o Senhor com Acaz, dizendo:
11 Pede para ti ao Senhor teu Deus um sinal; pede-o ou em baixo nas profundezas ou em cima nas alturas.
12 Acaz, porém, respondeu: Não o pedirei nem porei à prova o Senhor.
13 Então disse Isaías: Ouvi agora, ó casa de Davi: Pouco vos é afadigardes os homens, que ainda afadigareis também ao meu Deus?
14 Portanto o Senhor mesmo vos dará um sinal: eis que uma virgem conceberá, e dará à luz um filho, e será o seu nome Emanuel.
15 Manteiga e mel comerá, quando ele souber rejeitar o mal e escolher o bem.
16 Pois antes que o menino saiba rejeitar o mal e escolher o bem, será desolada a terra dos dois reis perante os quais tu tremes de medo.
17 Mas o Senhor fará vir sobre ti, e sobre o teu povo e sobre a casa de teu pai, dias tais, quais nunca vieram, desde o dia em que Efraim se separou de Judá, isto é, fará vir o rei da Assíria.
18 Naquele dia assobiará o Senhor às moscas que há no extremo dos rios do Egito, e às abelhas que estão na terra da Assíria.
19 E elas virão, e pousarão todas nos vales desertos e nas fendas das rochas, e sobre todos os espinheirais, e sobre todos os prados.
20 Naquele dia rapará o Senhor com uma navalha alugada, que está além do Rio, isto é, com o rei da Assíria, a cabeça e os cabelos dos pés; e até a barba arrancará.
21 Sucederá naquele dia que um homem criará uma vaca e duas ovelhas;
22 e por causa da abundância do leite que elas hão de dar, comerá manteiga; pois manteiga e mel comerá todo aquele que ficar de resto no meio da terra.
23 Sucederá também naquele dia que todo lugar, em que antes havia mil vides, do valor de mil siclos de prata, será para sarças e para espinheiros.
24 Com arco e flechas entrarão ali; porque as sarças e os espinheiros cobrirão toda a terra.
25 Quanto a todos os outeiros que costumavam cavar com enxadas, para ali não chegarás, por medo das sarças e dos espinheiros; mas servirão de pasto para os bois, e serão pisados pelas ovelhas.
Isaías capítulo 7