A situação ao fim do reinado do rei Uzias, de Judá, era lamentável, conforme vemos no capítulo precedente. Esta visão de Isaías aconteceu durante o último ano desse reino (759 a.C.).
Conforme o relato de Isaías, ele teve a visão do “Senhor assentado sobre um alto e sublime trono, e as orlas do seu manto enchiam o templo”. Em João 12:39-41 temos a confirmação que o “Senhor dos exércitos” é Deus o Filho, que mais tarde, se encarnou como Jesus Cristo, e “é sobre todas as coisas, Deus, bendito eternamente" (Romanos 9:5). A magnificência do Senhor é o tema do lindo Salmo 104.
O “alto e sublime trono” onde se assentava ilustra a sua suprema posição e autoridade sobre todo o universo, inclusive sobre o mundo em que vivemos, criado por Ele, e “as orlas do seu manto enchiam o templo”. Sua vestimenta é composta de luz (Salmo 104) e enche o templo celestial, tal como a nuvem enchia o tabernáculo (Êxodo 40:35).
O Senhor estava rodeado de “serafins”: “serafim” é uma palavra que já está no plural no hebraico, e só aparece aqui neste capítulo em toda a Bíblia. Esses seres celestiais, cujas formas não são descritas, tinham rostos, pés, mãos e asas. As seis asas, em três pares, cobriam seus rostos e pés em humildade e reverência e os sustentavam em suas posições junto ao trono do Senhor. No Novo Testamento lemos sobre quatro “seres viventes” (Apocalipse 4:1-11, 5:1-14, etc.). Seriam os mesmos? Como os “serafins”, tinham seis asas, e parecem ser os seres mais próximos do trono de Deus.
Os serafins proclamavam a santidade do “Senhor dos exércitos” uns aos outros, e que “a terra toda está cheia da Sua glória” (ou melhor “sua glória é a plenitude de toda a terra”): em Números 14:21 o Senhor promete que a Sua glória encherá toda a terra, em Isaías 11:9 que no milênio a terra se encherá do conhecimento do Senhor e em Habacuque 2:14 que no milênio a terra se encherá do conhecimento da glória do Senhor. A glória do Senhor se revela pelos seus feitos, a beleza do universo por exemplo, e ela se revela pela Sua justiça vista através do tempo, culminando no milênio.
Os limiares da porta do templo se moviam com a voz do serafim que assim proclamava, e o templo se enchia de fumaça. Seu efeito foi produzir profunda convicção do pecado em Isaías e, em seguida, levá-lo à confissão da sua impureza. Sua purificação foi imediata, ao serem tocados os seus lábios por uma brasa viva tirada do altar por um dos serafins, que, em seguida, declarou que sua iniquidade havia sido tirada e o seu pecado perdoado.
A visão toda era a preparação indicada para o testemunho solene que Isaías iria dar ao povo. Não foi o início do seu testemunho, mas uma ocasião especial. Se quisermos participar de qualquer serviço específico para o Senhor, só podemos torná-lo efetivo depois que aceitarmos o sacrifício expiatório de Cristo para a limpeza de nossos corações do pecado.
A missão dada a Isaías pelo Senhor (6:8-13)
Depois de ser purificado com a brasa incandescente do altar, Isaías ouviu a voz do Senhor que indagava a quem enviaria para ser Seu mensageiro. Ele rapidamente se prontificou para a obra, e recebeu sua missão: declarar a Palavra do Senhor para um povo já cego e endurecido pela rejeição da mensagem.
Os versículos 9 e 10 não descrevem o objetivo do ministério de Isaías, mas o seu resultado inevitável. Estes versículos são citados no Novo Testamento para explicar a rejeição do Messias por parte de Israel. O povo tinha pervertido os seus caminhos de tal forma que já estava além da possibilidade de conversão e cura. Um homem pode endurecer-se tanto com o mal que rejeitará a salvação mediante a fé em Jesus Cristo (assim pecando contra o Espírito Santo), e sua condição se tornará irremediável, trazendo então o juízo punitivo de Deus sobre si (Mateus 13:15, Atos 28:27, Romanos 11:8).
Isaías então perguntou “até quando, Senhor? ”, isto é, por quanto tempo ainda iriam os juízos de Deus cair sobre o Seu povo? A resposta foi "Até que ... o Senhor tenha removido para longe da sua terra os homens, e sejam muitos os lugares abandonados no meio da terra. ”
Deus poupará um remanescente (menos de um décimo), mas mesmo este remanescente terá que passar pela grande tribulação. Esta Santa semente é como o coto de vida de uma grande árvore que sobrevive após o resto da árvore ter sido destruído.
1 No ano em que morreu o rei Uzias, eu vi o Senhor assentado sobre um alto e sublime trono, e as orlas do seu manto enchiam o templo.
2 Ao seu redor havia serafins; cada um tinha seis asas; com duas cobria o rosto, e com duas cobria os pés e com duas voava.
3 E clamavam uns para os outros, dizendo: Santo, santo, santo é o Senhor dos exércitos; a terra toda está cheia da sua glória.
4 E as bases dos limiares moveram-se à voz do que clamava, e a casa se enchia de fumaça.
5 Então disse eu: Ai de mim! pois estou perdido; porque sou homem de lábios impuros, e habito no meio dum povo de impuros lábios; e os meus olhos viram o rei, o Senhor dos exércitos!
6 Então voou para mim um dos serafins, trazendo na mão uma brasa viva, que tirara do altar com uma tenaz;
7 e com a brasa tocou-me a boca, e disse: Eis que isto tocou os teus lábios; e a tua iniqüidade foi tirada, e perdoado o teu pecado.
8 Depois disto ouvi a voz do Senhor, que dizia: A quem enviarei, e quem irá por nós? Então disse eu: Eis-me aqui, envia-me a mim.
9 Disse, pois, ele: Vai, e dize a este povo: Ouvis, de fato, e não entendeis, e vedes, em verdade, mas não percebeis.
10 Engorda o coração deste povo, e endurece-lhe os ouvidos, e fecha-lhe os olhos; para que ele não veja com os olhos, e ouça com os ouvidos, e entenda com o coração, e se converta, e seja sarado.
11 Então disse eu: Até quando, Senhor? E respondeu: Até que sejam assoladas as cidades, e fiquem sem habitantes, e as casas sem moradores, e a terra seja de todo assolada,
12 e o Senhor tenha removido para longe dela os homens, e sejam muitos os lugares abandonados no meio da terra.
13 Mas se ainda ficar nela a décima parte, tornará a ser consumida, como o terebinto, e como o carvalho, dos quais, depois de derrubados, ainda fica o toco. A santa semente é o seu toco.
Isaías capítulo 6