O apelo ao Israel desviado (versículo 12)
Enquanto o traiçoeiro afastamento da nação de Israel (do norte) poderia ter resultado numa declaração do Senhor anunciando a dissolução de sua aliança com essa parte do Seu povo, temos em seguida uma das mais maravilhosas manifestações da graça divina encontrada no Velho Testamento. O Senhor manda Jeremias ir e "apregoar estas palavras para a banda do norte, e diz: Volta, ó pérfida Israel, diz o Senhor. Não olharei em ira para ti; porque misericordioso sou, diz o Senhor, e não conservarei para sempre a minha ira" (versículo 12).
É importante notar que o apelo é dirigido à "pérfida Israel”, que, ao contrário de Judá, nada fez para tentar encobrir seu verdadeiro declínio moral e espiritual. Judá continuava sob o manto de engano espiritual e, por ter protestado sua inocência (versículo 35), estava fora do alcance deste apelo divino. Também é importante lembrar que o apelo a Israel foi feito na audiência de Judá. É possível que se tratava de uma maneira de procurar despertar o ciúme em Judá para estimular o seu retorno ao Senhor.
O reconhecimento do pecado (versículo 13)
"Somente reconhece a tua iniquidade: que contra o Senhor teu Deus transgrediste, e estendeste os teus favores para os estranhos debaixo de toda árvore frondosa, e não deste ouvidos à minha voz, diz o Senhor..." Isto se assemelha ao que temos no Novo Testamento: "Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça” (1 João 1:9). Não pode haver reconciliação ou restauração sem reconhecimento da falta cometida. Na palavra de Senhor, o perdão segue o arrependimento.
A garantia de restauração (versículo 14)
A promessa divina é clara,"vos tomarei... e vos levarei a Sião..." Essa promessa é feita somente em vista do reconhecimento por Israel da sua iniquidade (versículo 13), e da sua aliança com o Senhor: “eu sou como esposo para vós”. Isto é notável, tendo em conta o fato que Senhor já a tinha despedido, dando-lhe o libelo de divórcio (versículo 8): permanecia ainda o relacionamento pactual para ser cumprido. Notemos a linguagem precisa da promessa: "Vos tomarei, a um de uma cidade, e a dois de uma família, e vos levarei a Sião". Trata-se aqui do “remanescente” e do lugar. Cabe bem a interpretação de que aqui se trata do reino milenar de Cristo, depois da “grande tribulação”, quando o remanescente de todo o Israel estará a salvo novamente em sua própria terra. A plenitude dessa bênção da restauração divina é descrita nos versículos seguintes.
O pastoreio (versículo 15)
Sobre a situação de Israel, desde aquele tempo até o fim da Grande Tribulação, temos a descrição em Oseias capítulo 4 e versículos 1 e 6: “Ouvi a palavra do Senhor, vós, filhos de Israel; pois o Senhor tem uma contenda com os habitantes da terra; porque na terra não há verdade, nem benignidade, nem conhecimento de Deus” e “O meu povo está sendo destruído, porque lhe falta o conhecimento. Porquanto rejeitaste o conhecimento, também eu te rejeitarei, para que não sejas sacerdote diante de mim; visto que te esqueceste da lei do teu Deus, também eu me esquecerei de teus filhos.”
Mas no reino milenar de Cristo na terra, que virá em seguida, teremos o cumprimento do que encontramos neste versículo 15: "E vos darei pastores segundo o meu coração, os quais vos apascentarão com ciência e com inteligência”. O Senhor ama o Seu rebanho como um Pastor e atualmente o Espirito Santo constitui seus presbíteros (Atos 20:28), mas naquele dia o Rei de Israel... "cujas saídas são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade... permanecerá, e apascentará o povo na força do Senhor” (Miqueias 5:2 e 4).
A prosperidade na terra com a presença do Senhor (versículo 16)
"E isso acontecerá, quando vos tiverdes multiplicado e frutificado na terra, naqueles dias, diz o Senhor." A expressão, "naqueles dias", é significativa, pois tem implicações proféticas. Não pode haver dúvidas sobre a literalidade da promessa. Esta é confirmada mais tarde: "e multiplicá-los-ei, e não serão diminuídos; glorificá-los-ei, e não serão apoucados” (versículo 19). O aumento da população irá resultar em escassez de terra, e "e não se achará lugar bastante para eles” (Zacarias capítulo 10:10).
"Nunca mais se dirá: a arca do Pacto do Senhor: nem lhes virá ela ao pensamento: nem dela se lembrarão; nem a visitarão; nem se fará mais”. A ausência da Arca da Aliança não se fará sentir porque o próprio Senhor estará presente, governando em seu corpo glorioso de Cristo, tendo Jerusalém como seu trono ao invés da Arca.
Jerusalém, o “trono do Senhor” (versículo 17)
"Naquele tempo chamarão a Jerusalém ‘o Trono do Senhor’”. Será o lugar para todas as nações se reunirem em nome do Senhor, a idolatria estará eliminada, e não mais andarão obstinadamente segundo o propósito do seu coração maligno”. A terrível situação descrita em Romanos capítulo 1:21-32, à qual chegamos hoje, não mais se repetirá.
Toda Israel habitará na Terra Prometida (versículo 18)
"Naqueles dias andará a casa de Judá com a casa de Israel e virão juntas da terra do norte, para a terra que dei em herança a vossos pais." Outros profetas fornecem detalhes, por exemplo, Isaías 11:11 a 13 e Ezequiel 37:15 a 22.
12 Vai, pois, e apregoa estas palavras para a banda do norte, e diz: Volta, ó pérfida Israel, diz o Senhor. Não olharei em era para ti; porque misericordioso sou, diz o Senhor, e não conservarei para sempre a minha ira.
13 Somente reconhece a tua iniqüidade: que contra o Senhor teu Deus transgrediste, e estendeste os teus favores para os estranhos debaixo de toda árvore frondosa, e não deste ouvidos à minha voz, diz o Senhor.
14 Voltai, ó filhos pérfidos, diz o Senhor; porque eu sou como esposo para vós; e vos tomarei, a um de uma cidade, e a dois de uma família; e vos levarei a Sião;
15 e vos darei pastores segundo o meu coração, os quais vos apascentarão com ciência e com inteligência.
16 E quando vos tiverdes multiplicado e frutificado na terra, naqueles dias, diz o Senhor, nunca mais se dirá: A arca do pacto do Senhor; nem lhes virá ela ao pensamento; nem dela se lembrarão; nem a visitarão; nem se fará mais.
17 Naquele tempo chamarão a Jerusalém o trono do Senhor; e todas as nações se ajuntarão a ela, em nome do Senhor, a Jerusalém; e não mais andarão obstinadamente segundo o propósito do seu coração maligno.
18 Naqueles dias andará a casa de Judá com a casa de Israel; e virão juntas da terra do norte, para a terra que dei em herança a vossos pais.
Jeremias, capítulo 3 versículos 12 a 18