A segunda mensagem de Jeremias é introduzida com as palavras, "disse-me mais o Senhor nos dias do rei Josias” ... (Jeremias 3:6) e continua até o fim do capítulo 6.
Na primeira mensagem (Jeremias 2:1 a 3:5), o Senhor acusava Seu povo de trocar a sua glória por algo sem proveito (Jeremias 2:10-13, 21). Agora o reino de Judá é acusado do pecado de fingimento. Isto está implícito no início da segunda mensagem, e mais tarde quando declarou: “Contudo, apesar de tudo isso a sua aleivosa irmã Judá não voltou para mim de todo o seu coração, mas fingidamente, diz o Senhor" (versículo 10). Este é um comentário triste sobre o resultado das reformas excelentes de Josias. A sinceridade e a piedade de Josias são inquestionáveis, mas a nação era superficial em sua lealdade, e isto é confirmado pela velocidade com que Judá voltou à idolatria depois da sua morte.
A segunda mensagem começa com a hipocrisia de Judá. Ela não conseguiu aprender com a experiência de Israel ao norte, mas, pior ainda, enquanto Israel não fez segredo da sua apostasia, Judá cobriu sua apostasia com uma profissão vazia. O Senhor deixa claro que Ele prefere lidar com pessoas abertamente pecaminosas, do que com as que se esforçam por cobrir seus pecados com um verniz religioso. Tendo isto em mente, a passagem pode ser dividida como segue:
O exemplo do afastamento de Israel (versículos 6 a 11)
O apelo resultante do afastamento de Israel (versículos 12 a 18)
A confissão do afastamento de Israel (versículos 19 a 25).
O Senhor instrui Jeremias a apelar ao Israel que se afastava de forma a ser ouvido também por Judá, e em seguida apelar aos “homens de Judá e Jerusalém” (versículo 3). Assim parece que o apelo a Israel (reino do norte) inclui os dois primeiros versículos do capítulo 4, após o que Judá receberá sua exortação diretamente.
O exemplo de Israel infiel (versículos 6 a 11)
O Reino do Norte é chamado "Israel infiel" três vezes nesta passagem (versículos 6, 8 e 11 NVI). É tradução do original hebraico “mechubó” que também significa “apóstata” e “desertora”. O Reino do Sul chama-se "Judá traidora” (versículos 7, 8, 10, 11 NVI).
Esta seção ilustra pelo menos três lições:
A importância de aprender com a experiência de outras pessoas. Judá não tinha aprendido nada da história de Israel, então "Exterminei as nações, as suas torres estão assoladas; fiz desertas as suas praças...certamente me temerás e aceitarás a correção; e assim a sua morada não seria destruída” (Sofonias 3:6 e 7).
A importância de lembrar que essa censura não só se aplica aos que dão um mau exemplo, mas também aos que os seguem, como exclamou Paulo “Estou admirado de que tão depressa estejais desertando daquele que vos chamou na graça de Cristo, para outro evangelho” (Gálatas 1:6).
A importância de sempre lembrar que o pecado progride em gravidade. “Israel (o Reino do Norte) persistiu na idolatria apesar dos avisos do Senhor, e Judá a observou, interessada e desejando emulá-la, a despeito das advertências feitas pelo Senhor a Israel. Judá em seguida se foi e também ela mesma se prostituiu.” Ela praticou a idolatria mesmo após o castigo que veio sobre Israel. Não houve nenhum "temor do Senhor" e, portanto, nenhum ódio do mal (Provérbios 8:13).
As tentações e fascinações do mundo persistentemente chamam a atenção do povo do Senhor hoje, e é impossível evitar ver e ouvir coisas que promovem o mal. Os santos devem ter o cuidado de se precaverem contra um segundo olhar ou pensamento. Lembremo-nos de Eva, que "viu que aquela árvore era boa para se comer..." (Gênesis 3:6) e cometeu um pecado fatal para si, seu marido, e toda a sua descendência. O povo do Senhor não deve se interessar, ou mesmo ter curiosidade, sobre as obras fatais das trevas.
O reino de Judá presenciou o pecado e punição de Israel, contudo não voltou-se para o Senhor “de todo o coração, mas fingidamente”, disse o Senhor. A linguagem simbólica, "... ela adulterou com a pedra e com o pau” (referindo-se às imagens de escultura) nos lembra a declaração em Tiago 4:4 NVI “Adúlteros, vocês não sabem que a amizade com o mundo é inimizade com Deus? Quem quer ser amigo do mundo faz-se inimigo de Deus”. A profunda idolatria de Judá foi enfatizada pelo fracasso das vigorosas reformas feitas por Josias em converter a nação. Judá dava a impressão de ter se arrependido, mas o Senhor não podia ser enganado.
A hipocrisia de Judá leva à conclusão solene que: "A pérfida Israel mostrou-se mais justa do que a aleivosa Judá” (versículo 11). Por sua pretensão, Judá tinha afundado ainda mais do que Israel. O Senhor não tolera a hipocrisia. É desagradável para Ele: " O que encobre as suas transgressões nunca prosperará; mas o que as confessa e deixa, alcançará misericórdia" (Provérbios 28:13). Israel tinha se apresentado em suas verdadeiras cores; era pelo menos consistente, enquanto Judá tinha se esforçado para mascarar seu verdadeiro caráter.
6 Disse-me mais o Senhor nos dias do rei Josias: Viste, porventura, o que fez a apóstata Israel, como se foi a todo monte alto, e debaixo de toda árvore frondosa, e ali andou prostituindo-se?
7 E eu disse: Depois que ela tiver feito tudo isso, voltará para mim. Mas não voltou; e viu isso a sua aleivosa irmã Judá.
8 Sim viu que, por causa de tudo isso, por ter cometido adultério a pérfida Israel, a despedi, e lhe dei o seu libelo de divórcio, que a aleivosa Judá, sua irmã, não temeu; mas se foi e também ela mesma se prostituiu.
9 E pela leviandade da sua prostituição contaminou a terra, porque adulterou com a pedra e com o pau.
10 Contudo, apesar de tudo isso a sua aleivosa irmã Judá não voltou para mim de todo o seu coração, mas fingidamente, diz o Senhor.
11 E o Senhor me disse: A pérfida Israel mostrou-se mais justa do que a aleivosa Judá.
Isaías capítulo 3, versículos 6 a 11