A salvação que vem do Senhor – Isaías capítulo 52 versículos 1 a 12
Novamente a chamada do Senhor vem a Sião, ou Jerusalém, para despertar e vestir-se com sua força e com seus vestidos formosos. Aqui, como em duas instâncias anteriores, a chamada é o resultado do seu resgate e livramento. Como cidade santa (dedicada a Deus) nunca mais entraria nela o estranho e o ímpio (Joel 3:17, Naum 1:15).
Ela estava prostrada e coberta de pó, impotente sob a fúria dos seus inimigos que roubaram seu manto real e sacerdotal, e puseram as correntes do cativeiro em volta do seu pescoço. Ela seria livrada de todos os que a tinham profanado e degradado.
Jerusalém não ia apenas ser levantada do pó, mas ia tomar seu assento em posição de autoridade e dignidade no seu trono de glória. Isso contrastava com a Babilônia, que se sentava como uma rainha, mas seria derrubada ao pó.
O povo israelita, escravizado antigamente pelo Egito, foi libertado pela graça de Deus. Da mesma forma será também resgatado do cativeiro, pela graça de Deus. Como ilustrações, a opressão dos dois poderes gentios é mencionada, Egito e Assíria. Israel desceu para o Egito "no princípio" simplesmente para ficar ali até acabar a fome em Canaã. Depois da sua escravidão, sua libertação foi realizada pelo braço estendido do Senhor. Isso ficou em sua lembrança ao longo da sua história. Por outro lado, os assírios invadiram seu território e os conduziram ao cativeiro como realizadores de uma ação disciplinar de Deus. Mas a Assíria os oprimiu sem razão e blasfemaram incessantemente o Seu nome. A libertação de Israel virá.
A redenção do poder do pecado e de Satanás também é feita gratuitamente. O homem nada pode fazer para se salvar da escravidão do pecado, mas seu resgate foi feito pelo Senhor Jesus, "de acordo com as riquezas da sua graça" (Efésios 1:7, Colossenses 1:14 e 1 Pedro 1:18,19.
A pergunta de retórica feita pelo próprio Senhor no versículo 5: "E agora, que acho Eu aqui?” tem sido interpretada de várias maneiras. O significado parece ser "o que é isso para Mim no meio do Meu povo?" Como indicado pela cláusula seguinte, "pois que o meu povo foi tomado sem nenhuma razão, os seus dominadores dão uivos sobre ele”: Isto não é o uivo de sofrimento, como entendem alguns, mas é o grito de guerra vociferante dos opressores, e foi nesse sentido que o nome do Senhor foi blasfemado continuamente por eles.
O grito e a blasfêmia serão obrigados a cessar mediante o poder direto de Deus. O nome tão desprezado pelos gentios é conhecido pelo Seu povo. Sua natureza, caráter e poder, representados pelo Seu nome serão revelados aos gentíos no dia da sua redenção.
A Sua manifestação fará com que reconheçam a voz do seu Redentor: veja o primeiro versículo do capítulo 63, onde, em resposta à pergunta espantada do seu povo sobre quem Ele é, responde, "sou Eu, que falo em justiça, poderoso para salvar." Aqui, no capítulo 52:6, tendo em vista esse acontecimento, Ele diz "sou Eu" ou, "aqui eu sou." Isso foi como Ele se identificou a Moisés: “EU SOU O QUE SOU” (Êxodo 3:14). Ele se fará conhecido não só pelo caráter de Sua pessoa e atributos, mas pela Sua presença como Seu libertador.
Isto é como o Senhor se revela nos nossos tempos de tribulação e dificuldade. Ele usa essas circunstâncias para aumentar o nosso conhecimento de Si mesmo, Seu caráter, Seu poder e Sua graça. É quando chegamos ao fim de nossos próprios recursos que Ele se faz conhecido por nós, provando ser o Todo-poderoso em nossa debilidade. Quantas vezes em meio aos problemas de Seus discípulos, Ele disse "Sou Eu!"
Os versículos 7 a 10 consistem de uma exultação triunfante pela notícia da grande libertação preparada para o povo do Senhor aos olhos de todas as nações. Não haverá mais guerras e a paz prevalecerá porque Deus reina e o Senhor está retornando a Sião.
" Quão formosos sobre os montes são os pés do que anuncia as boas-novas, que proclama a paz!” Os pés dos mensageiros são lindos de se ver, não tanto por sua aparência física, mas pela beleza da mensagem benigna que trazem: boas-novas ( ou evangelho) proclamando a paz, anunciando coisas boas, a salvação, e diz a Sião que Seu Deus reina.
Os montes são as alturas de onde os arautos proclamam o Evangelho, o reino de Deus e contemplam a volta do Senhor a Sião. Não se poderia interpretar mais claramente esses conceitos do que como uma revelação dos nossos tempos, vinte e oito séculos depois que foram profetizados por Isaías. O mundo vai exclamar "paz e segurança" (1 Tessalonicenses 5:3) - a velha ilusão, que o homem é seu próprio salvador! A destruição virá sobre ele, confundindo a sua política e afugentando seus sonhos acarinhados. Jesus Cristo em breve voltará ao mundo para trazer libertação final ao Seu povo, e estabelecer o Seu reino milenar na terra.
Assim será. Mas agora temos mensageiros do Evangelho, e as boas novas são confirmadas pela citação desta profecia por Paulo em sua carta aos Romanos 10:15. O apóstolo exulta em ser ele próprio um mensageiro, e temos o privilégio de compartilhar com ele desta atividade, e da consequente alegria. Os pés de quem vai para a frente com o evangelho, em casa ou no exterior, são lindos aos olhos de Quem morreu para fornecer a mensagem e os mensageiros.
Existem três bênçãos pronunciadas na mensagem: paz, coisas boas e salvação:
Os atalaias (ou sentinelas) no versículo 8, que “de perto contemplam a volta do Senhor a Sião” são os profetas, como Isaías, a quem foram revelados pelo Espírito Santo os importantes acontecimentos que se realizarão no tempo e no espaço concernentes ao relacionamento entre Deus e os homens, com destaque a Israel. O apóstolo Pedro se referiu a esses profetas quando escreveu “... diligentemente inquiriram e indagaram sobre a salvação que nos veio através de Jesus Cristo, quando predisseram os sofrimentos que a Cristo haviam de vir (Isaías 53, por exemplo), e a glória que se lhes havia de seguir” (1 Pedro 1:10-12).
No versículo 9 as ruínas de Jerusalém são também chamadas a cantar e exultar porque "O Senhor consolou o seu povo e remiu a Jerusalém." Conforto e libertação, estas são a constante ministração do Espírito Santo em nossas tristezas, angústias, provações e perigos: conforto em meio a eles, libertação deles! Podemos regozijar na consolação e confiar na libertação.
No versículo 10 temos a metáfora de um guerreiro que remove todos os revestimentos e acessórios do braço, a fim de exercer sua força ao máximo. Os tolos equívocos que as nações têm feito sobre Deus serão dissipados poderosamente. Sua recusa em reconhecer a Pessoa, fatos e declarações de Seu Filho vão encontrar a força da sua interposição direta: "Todos os confins da terra verão a salvação de nosso Deus."
Os últimos dois versículos tratam de outro lado das circunstâncias e dão uma visão da configuração do livramento dos exilados. Eles são comandados a sair do local do cativeiro. A linguagem do comando tem referência à Babilônia, mas aqui significa mais do que a própria cidade, fala das condições do mundo, como mostra o contexto anterior. Eles são ordenados a não tocar em qualquer coisa impura. Não devem levar com eles os deuses babilônicos, como fizeram quando levaram os despojos do Egito. Os vasos que vão levar para casa serão "os vasos do Senhor." Isto aponta para o retorno sob o decreto de Ciro, quando os vasos tomados por Nabucodonosor iam ser restaurados (Esdras 1:7-11).
Novamente, ao contrário do êxodo do Egito, eles não sairiam às pressas. Ao invés de uma atitude de fugitivos, deveriam fazer uma preparação completa para a retomada do culto do Senhor no Seu templo. Por isso, o requisito é de pureza absoluta. Ainda precisariam da orientação e proteção do Senhor, que lhes assegurou: “o Senhor irá diante de vós, e o Deus de Israel será a vossa retaguarda”.
Encontramos aqui lições para os que se separam do mundo para servir ao Senhor (2 Timóteo 2:21). Existe uma responsabilidade sagrada de manter-se imaculado do mundo e purificar-se de toda a impureza da carne e do espírito, aperfeiçoando a santidade no temor do Senhor. E quanto às promessas, podemos lembrar, acima de todas "Eu serei para vós Pai, e vós sereis para mim filhos e filhas, diz o Senhor todo-poderoso" (2 Coríntios 6:18). A relação divinamente estabelecida no novo nascimento encontra sua expressão prática da parte do Senhor em nossas experiências e circunstâncias, que será impossível se as condições acima não forem satisfeitas.
1 Desperta, desperta, veste-te da tua fortaleza, Sião; veste-te dos teus vestidos formosos, ó Jerusalém, cidade santa; porque nunca mais entrará em ti nem incircunciso nem imundo.
2 Sacode-te do pó; levanta-te, e assenta-te, ó Jerusalém; solta-te das ataduras de teu pescoço, ó cativa filha de Sião.
3 Porque assim diz o Senhor: Por nada fostes vendidos; e sem dinheiro sereis resgatados.
4 Pois assim diz o Senhor Deus: O meu povo desceu no princípio ao Egito, para peregrinar lá, e a Assíria sem razão o oprimiu.
5 E agora, que acho eu aqui? diz o Senhor, pois que o meu povo foi tomado sem nenhuma razão, os seus dominadores dão uivos sobre ele, diz o Senhor; e o meu nome é blasfemado incessantemente o dia todo!
6 Portanto o meu povo saberá o meu nome; portanto saberá naquele dia que sou eu o que falo; eis-me aqui.
Isa 52:7 Quão formosos sobre os montes são os pés do que anuncia as boas-novas, que proclama a paz, que anuncia coisas boas, que proclama a salvação, que diz a Sião: O teu Deus reina!
8 Eis a voz dos teus atalaias! eles levantam a voz, juntamente exultam; porque de perto contemplam a volta do Senhor a Sião.
9 Clamai cantando, exultai juntamente, desertos de Jerusalém; porque o Senhor consolou o seu povo, remiu a Jerusalém.
10 O Senhor desnudou o seu santo braço à vista de todas as nações; e todos os confins da terra verão a salvação do nosso Deus.
11 Retirai-vos, retirai-vos, saí daí, não toqueis coisa imunda; saí do meio dela, purificai-vos, os que levais os vasos do Senhor.
12 Pois não saireis apressadamente, nem ireis em fuga; porque o Senhor irá diante de vós, e o Deus de Israel será a vossa retaguarda.
Isaías 52 versículos 1 a 12