O conforto da paz e do perdão de Deus e Seus atributos (vs. 10-31)
Os primeiros dois versículos mostram a severidade e o cuidado do Senhor Deus— severidade para os que se recusam a reconhece-lo, mas cuidado ao seu rebanho e carinho aos que foram dispersados entre os gentios. Estes versículos retratam Sua vinda em poder e glória, e o Senhor Jesus declarou-se o Pastor do rebanho judeu e dos gentios (as “outras ovelhas que não são deste aprisco” (João 10:16).
Em seguida temos, até o fim do capítulo, uma passagem clássica sobre a grandeza de Deus em contraste com a absoluta vaidade dos ídolos. O Senhor mediu as águas do mar com os seus punhos, mediu o céu aos palmos (a distância da ponta do seu dedo polegar à ponta do seu dedo mínimo), recolheu numa medida o pó da terra, pesou os montes com pesos e os outeiros em balanças . Esta é evidentemente poesia, mas expressa a grandeza e o capricho de Deus.
Ninguém jamais dirigiu ou ensinou o Espírito do Senhor. Todas as Suas obras da criação e da providência foram e são originadas por Ele próprio, sem ajuda externa. Todas as nações são para Ele tão insignificantes como uma gota em um balde, ou o pó miúdo das balanças. As florestas do Líbano não são suficientes para combustível nem seus animais bastam para um holocausto. Todas as nações são como nada, menos que nada e coisa vã.
O Senhor Deus, o Santo, não se assemelha a ninguém, e ninguém ou mesmo qualquer figura de homem pode se comparar a Ele. O homem apenas pode fazer um ídolo de metal, cobri-lo com ouro e forjar cadeias de prata para ele. Qualquer um deve saber disto, mesmo desde a fundação da terra.
Deus está assentado sobre o círculo (ou circuito) da terra, cujos habitantes são como gafanhotos, estende os céus como cortina e a desenrola como tenda para nela habitar. Aniquila os prìncipes, faz de tolos os juízes, e sopra como um vento forte fazendo voar a vegetação. O Santo não se compara a ninguém.
Levantemos os olhos para o céu: Quem criou tudo aquilo? Foi Quem fez sair todos os astros pelo seu número, chamando-os todos pelos seus nomes, e nenhum faltará por ser Ele muito forte e poderoso. Se alguém disser que o Senhor não se apercebe da sua existência e do que pensa ou faz, não terá ele sabido ou ouvido que o eterno Deus, o Senhor, o Criador dos confins da terra, não se cansa nem se fatiga?
Qualquer um de nós que seja tentado ao desânimo por causa da pressão das circunstâncias adversas, devia lembrar-se dos fatos que aceitamos pela fé, bem como compreender pelas experiência compassivas de Deus conosco, que Ele, o Criador de todas as coisas, é "o mesmo, ontem, e hoje, e eternamente" (Hebreus 13:8) e, portanto, tem o mesmo poder à nossa disposição, como ele se manifesta em Seus atos criativos. Ele nunca sofre de esforço excessivo; e uma vez que sua compreensão é infinita, ele sabe tudo sobre nós. Nossas experiências mais difíceis, sejam externas ou internas, não são só conhecidos por Ele, mas estão sob Seu controle absoluto. Ele escolhe o tempo para a Sua interposição e a nossa libertação.
Tão longe de se tornarem fracos, "ele dá força ao cansado, e aumenta as forças ao que não tem nenhum vigor” (versículo 29). O que precisamos é da fé para abrir nossos corações para receber a força, pois Ele está sempre pronto a partilhar dela enquanto estivermos submetidos à provação. É sua maneira de tornar nossas provações em bênçãos. Ele visa fazer-nos perceber a nossa total incapacidade, para que possamos nos socorrer em Sua força ao invés de nos desesperar sob a aflição.
Os mais fortes nunca poderão ter certeza de estarem livres de cansaço, e um obstáculo colocado em seu caminho pode facilmente fazê-los tropeçar: "Os jovens se cansarão e se fatigarão, e os mancebos cairão, mas os que esperam no Senhor renovarão as suas forças; subirão com asas como águias; correrão, e não se cansarão; andarão, e não se fatigarão” (versículos 30,31).
“Esperar no Senhor” não é simplesmente uma questão de paciência, ou mesmo de desejo, mas significa confiança, e a espécie de confiança que caracteriza a nossa esperança. Ter esta experiência é ir de força em força, fazendo uso continuamente dos recursos de Seu poder. Subir com asas é superar dificuldades, voar acima das brumas e escuridão da terra para o sol claro da presença de Deus. Seria bom passarmos por essa maravilhosa experiência mais frequentemente. Nós o faremos, se Cristo for uma realidade para nós.
A águia é caracterizada por três coisas: rapidez do voo, poder do olfato, acuidade de visão. Então nossa subida não é apenas uma questão de superar dificuldades, mas envolve um discernimento gozoso e rápido da vontade e do caminho de Deus para nós e a aguda visão d’Ele mesmo pela fé.
No entanto estamos muito na terra, e daí a metáfora da corrida e caminhada: "Percorrerei o caminho dos teus mandamentos, quando dilatares o meu coração" (Salmo 119:32). "andarei em liberdade, pois tenho buscado os teus preceitos" (Salmo 119:45). Correr é sugestivo de esforço energético, mas também é necessário que haja o progresso contínuo no caminho cristão no gozo da tranquila comunhão com Deus.
10 Eis que o Senhor Deus virá com poder, e o seu braço dominará por ele; eis que o seu galardão está com ele, e a sua recompensa diante dele.
11 Como pastor ele apascentará o seu rebanho; entre os seus braços recolherá os cordeirinhos, e os levará no seu regaço; as que amamentam, ele as guiará mansamente.
12 Quem mediu com o seu punho as águas, e tomou a medida dos céus aos palmos, e recolheu numa medida o pó da terra e pesou os montes com pesos e os outeiros em balanças,
13 Quem guiou o Espírito do Senhor, ou, como seu conselheiro o ensinou?
14 Com quem tomou ele conselho, para que lhe desse entendimento, e quem lhe mostrou a vereda do juízo? quem lhe ensinou conhecimento, e lhe mostrou o caminho de entendimento?
15 Eis que as nações são consideradas por ele como a gota dum balde, e como o pó miúdo das balanças; eis que ele levanta as ilhas como a uma coisa pequeníssima.
16 Nem todo o Líbano basta para o fogo, nem os seus animais bastam para um holocausto.
17 Todas as nações são como nada perante ele; são por ele reputadas menos do que nada, e como coisa vã.
18 A quem, pois, podeis assemelhar a Deus? ou que figura podeis comparar a ele?
19 Quanto ao ídolo, o artífice o funde, e o ourives o cobre de ouro, e forja cadeias de prata para ele.
20 O empobrecido, que não pode oferecer tanto, escolhe madeira que não apodrece; procura para si um artífice perito, para gravar uma imagem que não se pode mover.
21 Porventura não sabeis? porventura não ouvis? ou desde o princípio não se vos notificou isso mesmo? ou não tendes entendido desde a fundação da terra?
22 E ele o que está assentado sobre o círculo da terra, cujos moradores são para ele como gafanhotos; é ele o que estende os céus como cortina, e o desenrola como tenda para nela habitar.
23 E ele o que reduz a nada os príncipes, e torna em coisa vã os juízes da terra.
24 Na verdade, mal se tem plantado, mal se tem semeado e mal se tem arraigado na terra o seu tronco, quando ele sopra sobre eles, e secam-se, e a tempestade os leva como à pragana.
25 A quem, pois, me comparareis, para que eu lhe seja semelhante? diz o Santo.
26 Levantai ao alto os vossos olhos, e vede: quem criou estas coisas? Foi aquele que faz sair o exército delas segundo o seu número; ele as chama a todas pelos seus nomes; por ser ele grande em força, e forte em poder, nenhuma faltará.
27 Por que dizes, ó Jacó, e falas, ó Israel: O meu caminho está escondido ao Senhor, e o meu juízo passa despercebido ao meu Deus?
28 Não sabes, não ouviste que o eterno Deus, o Senhor, o Criador dos confins da terra, não se cansa nem se fatiga? E inescrutável o seu entendimento.
29 Ele dá força ao cansado, e aumenta as forças ao que não tem nenhum vigor.
30 Os jovens se cansarão e se fatigarão, e os mancebos cairão,
31 mas os que esperam no Senhor renovarão as suas forças; subirão com asas como águias; correrão, e não se cansarão; andarão, e não se fatigarão.
Isaías capítulo 40, versícuilos 10 a 31