Capítulo 41, versículos 1 a 20
Neste capítulo, o Senhor convoca as nações a um confronto com Ele; elas devem renovar suas forças, ou seja, produzir seus argumentos mais fortes. Não se trata de um tribunal onde serão submetidas a um julgamento, mas uma oportunidade para ouvir os fatos e tirar conclusões.
O Senhor primeiro descreve Seu chamado de Ciro, “um do Oriente”. O passado do indicativo é usado para descrever a certeza disto, que era ainda futuro para Isaías. Deve ser mencionado aqui que alguns comentaristas acreditam que os versículos 2 e 3 se referem à chamada de Abraão, mas as vitórias militares do homem descrito aqui agora ofuscam as realizações de Abraão.
Este homem (Ciro, rei da Pérsia) teve uma sequência notável de vitórias. No caminho do seu rolo compressor, a resistência foi fraca, como poeira e restolho. Ele avançou rapidamente em lugares que eram novos para ele. Quem levantou Ciro e chamou uma geração para que outra tivesse sucesso? Foi o Senhor, Ele foi o primeiro e continúa sendo o mesmo com os últimos (a última geração).
Em outras palavras, o Senhor é "o primeiro", preexistente a toda a história humana, tudo está sob seu controle ao trazer uma geração após a outra, e conduz todas as coisas ao seu fim designado. As ilhas (povos distantes) o vêem e até os mais distantes tremerão ao perceberem o perigo que os ameaça. Assim seria sua situação em relação a Ciro e também será no final desta época.
As nações estão aterrorizadas ao ouvir sobre a aproximação do conquistador, e as pessoas tentam encorajar-se umas às outras dizendo que não há nada a temer. Apressadamente moldam um ídolo para salvá-los da destruição e o prendem com pregos para firmá-lo. A total incapacidade do ídolo assim se destaca contra as demonstrações dos atributos e autoridade do Senhor.
Em seguida, o Senhor se dirige a Israel como Seu servo, o Jacó a quem escolhera, a descendência de Abraão, tomado desde os confins da terra e chamado desde os seus cantos, com as palavras encorajadoras encontradas nos versículos 9 a 20:
Vistos de Israel, os caldeus eram suficientemente remotos para ser “os confins” e “os cantos” da terra. O Senhor chamou Abraão dentre eles, tendo em vista o aumento de sua semente como uma nação, que era preexistente em Seus planos.
Sua vocação era a de ser o servo escolhido pelo Senhor.
O Senhor era o seu Deus, e três razões são dadas pelo Senhor para libertá-los do medo e do desespero:
Sua presença: "Porque eu sou contigo";
Seu relacionamento: "Eu sou o teu Deus";
Suas garantias e estas são três (o "e" que as liga é cumulativo, reúne o que precede e, assim, transmite a garantia adicional para o que se segue):
Do poder: "Eu te fortaleço" fortalecendo-se em fraqueza, dificuldade e oposição; a palavra também combina o significado de tomando conta de;
Da assistência: "e te ajudo" dando orientação, direção e proteção;
Apoio: "e te sustento com a destra da minha justiça”, sugerindo a fidelidade no cumprimento de suas promessas; a palavra hebraica para destra (a mão direita) está associada com a ideia de poder, sucesso e sugere a prosperidade.
Como servos de Cristo, podemos receber também para nós o mesmo conforto dessas promessas, não as considerando como aplicáveis apenas para Israel.
Israel, como povo de Deus, já teve e ainda tem inúmeros e poderosos inimigos, e seu poder, perseguição e antagonismo crescem e crescerão mais intensos à medida que se aproxima o fim destes tempos. As promessas reconfortantes que encontramos aqui são a garantia da ajuda de Deus e da derrubada final dos seus inimigos.
Todos os que se irritassem contra Israel seriam envergonhados, confundidos e tornados em nada, e quem contendesse com ele pereceria, porque o Senhor seu Deus o seguraria pela mão direita prometendo “não temas, Eu te ajudarei”. Não só existe a promessa da derrota esmagadora de todos os seus inimigos, mas da mesma forma a promessa de proteção e força. Não só vai haver libertação, mas Israel em si vai ser retomado e utilizado para a realização dos propósitos de Deus. A garantia de ajuda do versículo 10 é repetida aqui. A mão direita é a que a maioria de nós usamos para fazer nosso trabalho, é o emblema de nossas atividades.
O "não temas" é repetido como uma introdução para a promessa de que Israel terá poder sobre aqueles que se opuseram a ele. Temos aqui dois símiles:
Em primeiro lugar, "ó verme de Jacó" (a mesma larva de inseto de Jonas 4:7), sugere algo fraco, indefeso, objeto de desprezo e aversão. Seu Messias colocou-se assim em seus sofrimentos no Calvário, para ser seu Redentor (Salmo 22:6).
Em segundo lugar, "Vós povozinho de Israel"; a palavra hebraica é sugestiva de uma condição de diminuição, como "homens em número reduzido" (a mesma palavra se encontra em Gênesis 34:30 e Deuteronômio 4:27); isto será após a grande tribulação.
O Senhor nos abaixa porque também pode nos levantar. Pela terceira vez, ele diz, "eu te ajudo" e garante que, primeiro por seu nome de Senhor e em seguida pela promessa "e o teu Redentor é o Santo de Israel". Ele acrescenta, por assim dizer, a sua assinatura para sua declaração. O Senhor é o Ser sem origem, auto-existente, sempre presente, e outra vez Ele anuncia Seu título como o fundamento da garantia de sua obra redentora (ver, por exemplo, Isaías 43:14, 44:6,24, 48:17, 49:26, 54:5,8, 60:16, Jeremias 50:34, e compare com Isaías 29:22, 51:11, 62:12, e Jeremias 31:11). Em cada lugar a palavra usada "Redentor" é o verbo relativo ao substantivo goel, um vingador parente-redentor. A redenção é sempre baseada em seu gracioso cumprimento da obrigação de um parente (Levítico 25:48,49), ao se encarnar a fim de fazer o Seu sacrifício expiatório.
Os versículos 15 e 16 retratam vividamente a nação como instrumento do Senhor para aniquilar os seus inimigos. Israel será um debulhador afiado, novo com facas de dois gumes, como um instrumento que corta até a palha para as forragens e separa os grãos do joio. Os montes e outeiros (figura dos inimigos orgulhosos e poderosos) serão espicaçados e moídos, e espalhados pelo vento. Um turbilhão irresistível do Senhor suprimirá o último vestígio deles.
A nação se alegrará no Senhor e renderá glória ao Santo de Israel. Mas o Senhor, olhando para o futuro, também se lembra compassivamente dos “pobres e necessitados” que estão carentes de água: não só os exilados na Babilônia, mas todo o Seu povo em suas privações e sofrimentos em todas as épocas. O Senhor promete lembrar-se deles e responder à sua oração. Ele vai " abrir rios nos altos desnudados, e fontes no meio dos vales; tornar o deserto num lago d`água, e a terra seca em mananciais”.
Enquanto tudo isto retrata uma mudança da condição miserável de Israel para a de receptor de uma bênção abundante no milênio (compare com Isaías 35:6,7), uma passagem que confirma o fato de que Isaías escreveu ambas as partes deste livro), essa promessa também contêm um significado espiritual. Isto por causa da referência à água fornecida sobrenaturalmente nas viagens no deserto ao saírem do Egito, e isto é aplicado espiritualmente em 1 Coríntios 10:4 (compare com João 4:14, 7:37-39 e veja Apocalipse 22:17).
No versículo 19, Isaías passa a descrever simbolicamente a provisão variada de refrigério e conforto para a nação no porvir. Sua abundância é indicada na menção das sete árvores que o Senhor diz que vai plantar no deserto, que será transformado em um verdadeiro paraíso. Lindos ramos serão fornecidos para a festa dos Tabernáculos. As árvores são todas perfumadas, bem como duráveis e novamente este caráter duplo é figurativo da fragrância espiritual e da permanência do gozo da comunhão do Espírito Santo.
Além disso, será evidenciado que este plantio e abundância não é resultado de mera produção natural. O povo descobrirá em quatro passos progressivos, que tudo será feito pela "mão do Senhor" com o poder criativo do “Santo de Israel”: eles vão ver, e saber, e considerar, e juntamente entender. Esta sequência de quatro verbos é notável e significativa. Ela também descreve o que deve ser o resultado de nossas meditações nas Escrituras sobre o relacionamento do Senhor conosco. Aprenderemos que Javê, ou Senhor, é Quem fez o universo, encarnou-se como o homem Jesus, deu Seu corpo e sangue humano em resgate dos pecadores que se arrependem e se submetem a Ele, rege o universo e oportunamente enviará todos os seus inimigos, carnais e espirituais, para o lugar de perdição eterna.
1 Calai-vos diante de mim, ó ilhas; e renovem os povos as forças; cheguem-se, e então falem; cheguemo-nos juntos a juizo.
2 Quem suscitou do Oriente aquele cujos passos a vitória acompanha? Quem faz que as nações se lhe submetam e que ele domine sobre reis? Ele os entrega à sua espada como o pó, e ao seu arco como pragana arrebatada pelo vento.
3 Ele os persegue, e passa adiante em segurança, até por uma vereda em que com os seus pés nunca tinha trilhado.
4 Quem operou e fez isto, chamando as gerações desde o princípio? Eu, o Senhor, que sou o primeiro, e que com os últimos sou o mesmo.
5 As ilhas o viram, e temeram; os confins da terra tremeram; aproximaram-se, e vieram.
6 um ao outro ajudou, e ao seu companheiro disse: Esforça-te.
7 Assim o artífice animou ao ourives, e o que alisa com o martelo ao que bate na bigorna, dizendo da coisa soldada: Boa é. Então com pregos a segurou, para que não viesse a mover-se.
8 Mas tu, ó Israel, servo meu, tu Jacó, a quem escolhi, descendência de Abraão,
9 tomei desde os confins da terra, e te chamei desde os seus cantos, e te disse: Tu és o meu servo, a ti te escolhi e não te rejeitei;
10 não temas, porque eu sou contigo; não te assombres, porque eu sou teu Deus; eu te fortaleço, e te ajudo, e te sustento com a destra da minha justiça.
11 Eis que envergonhados e confundidos serão todos os que se irritam contra ti; tornar-se-ão em nada; e os que contenderem contigo perecerão.
12 Quanto aos que pelejam contigo, buscá-los-ás, mas não os acharás; e os que guerreiam contigo tornar-se-ão em nada e perecerão.
13 Porque eu, o Senhor teu Deus, te seguro pela tua mão direita, e te digo: Não temas; eu te ajudarei.
14 Não temas, ó verme de Jacó, nem vós, povozinho de Israel; eu te ajudo, diz o Senhor, e o teu redentor é o Santo de Israel.
15 Eis que farei de ti um trilho novo, que tem dentes agudos; os montes trilharás e os moerás, e os outeiros tornarás como a pragana.
16 Tu os padejarás e o vento os levará, e o redemoinho os espalhará; e tu te alegrarás no Senhor e te gloriarás no Santo de Israel.
17 Os pobres e necessitados buscam água, e não há, e a sua língua se seca de sede; mas eu o Senhor os ouvirei, eu o Deus de Israel não os desampararei.
Isa 41:18 Abrirei rios nos altos desnudados, e fontes no meio dos vales; tornarei o deserto num lago d`água, e a terra seca em mananciais.
19 Plantarei no deserto o cedro, a acácia, a murta, e a oliveira; e porei no ermo juntamente a faia, o olmeiro e o buxo;
20 para que todos vejam, e saibam, e considerem, e juntamente entendam que a mão do Senhor fez isso, e o Santo de Israel o criou.
Isaías. capítulo 41, versículos 1 a 20