O eterno tratado de paz – capítulo 54
Este é um capítulo repleto de encorajamento consequente à redenção (morte, sepultamento, ressurreição) feita pelo Servo do Senhor e a Sua exaltação e glória, relatados no capítulo 53.
O primeiro versículo contrasta a nação de Israel em estado de cativeiro, desterrada, árida e desolada, como uma mulher estéril, com a nação depois de restaurada e redimida, que é como se aquela mulher estéril se tornasse fértil e prolífica sem ter que sofrer as dores de parto: “verdadeiramente Ele tomou sobre Si as nossas enfermidades, e carregou com nossas dores” (capítulo 53:4). Ela tem motivo de exultar de prazer cantando alegremente, pois mesmo não tendo dado à luz, tem “mais filhos do que a casada, diz o Senhor”, em outras palavras, terá mais filhos do que antes do seu castigo quando estava casada.
Ela deve, portanto, expandir o seu território e aumentar as suas cidades, firmando o seu território, porque os seus lados vão transbordar e a “sua posteridade possuirá as nações e fará que sejam habitadas as cidades assoladas”. Nesta ocasião se cumprirá o que disse o Senhor Jesus “bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra”. (Mateus 5:5).
Tais são os caminhos do Senhor: alargamento segue cerceamento quando Sua mão punidora termina seu trabalho. Quando a alma disciplinada descobre melhor o que foi realizado no Calvário e se arrepende em autocrítica diante dEle, terá crescimento espiritual como resultado certo. A frutificação que foi perdida por causa do empobrecimento da alma, irrompe em abundância, para a glória do Senhor e para o enriquecimento e a bênção dos que o rodeiam.
A passagem que segue a partir do versículo 4 é cheia de promessas e consolo, revelando a benignidade de Deus, suas misericórdias e o futuro glorioso reservado para a nação. Israel não deve mais temer, pois não será envergonhada. O seu futuro será tão encantador que vai "esquecer a vergonha da sua mocidade," o tempo quando ainda estava na escravidão do Egito. Assim também “o opróbrio da sua viuvez”, quando foi deixada nas mãos dos povos gentíos (onde ainda está).
O Senhor a tomara por esposa, mas ela se afastara dEle, atraída pela idolatria dos outros povos e não deu ouvidos aos Seus chamados através dos profetas (veja a ilustração na vida do profeta Oséias AQUI), e ainda hoje, como nação, é como se fosse uma viuva. O seu marido é o Criador, o Senhor dos exércitos, o Santo de Israel, o seu Redentor, chamado o Deus de toda a terra – que conhecemos pelo Seu nome terreno: Senhor Jesus, o Messias (Cristo), o Filho de Deus.
Não obstante, o Senhor ainda irá chama-la de volta para si mesmo, "como a mulher desamparada e triste de espírito; como a mulher da mocidade, que fora repudiada” (versículo 6). A graça restauradora do Senhor é maravilhosa. Ele recebe Israel de volta assim como um marido acolhe novamente sua mulher que amou desde a sua juventude. Ela o desagradou, mas não foi odiada.
O Senhor considera o tempo do abandono de Israel, do cativeiro, como apenas “um breve momento" (versículo 7). Mas foi longo para os cativos e desterrados, como evidenciado na oração intercessora e nas súplicas feitas por Daniel, e nas Lamentações de Jeremias. Jeremias exclama: "Por que te esquecerias de nós para sempre, por que nos desampararias por tanto tempo? ” (Lamentações 5:20). Os séculos da Sua indignação são como um momento comparados com a eternidade da Sua inalterável benignidade diz o Senhor o seu Redentor (versículo 8).
O Senhor faz um solene juramento ao Seu povo que, assim como fez um pacto com Noé, declarando que nunca mais a terra seria encoberta pelas águas do dilúvio, agora promete que quando a nação de Israel for restabelecida por Ele (no milênio), ela nunca mais experimentará Sua ira ou ameaças (versículos 9 e 10). Promete ainda que:
Jerusalém será reconstruída com turquesas, sobre alicerces com safiras, e seus pináculos, portões e muros serão de pedras preciosas, indicando extrema beleza.
Todos os seus habitantes serão discípulos do Senhor.
Haverá grande paz.
Sua base será a justiça.
Sem opressão, não haverá temor nem terror.
Se for atacada, não será por Deus, e todo atacante cairá em suas mãos.
Todo adversário que se levantar contra Israel em julgamento será provado culpado.
Esta será a herança dos servos do Senhor, e é a defesa que o Senhor faz do nome deles. Considerando que Ele é "Jesus Cristo o Justo", a justiça é concedida por Ele mesmo ao Seu povo. É como Jerusalém será estabelecida. Israel não será capaz de reivindicar nada disto como sendo proveniente do seu próprio mérito, assim como nós também não podemos, pois somos "justificados gratuitamente, pela sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus" (Romanos 3:24).
NOTA: leia também AQUI
1 Canta, alegremente, ó estéril, que não deste à luz; exulta de prazer com alegre canto, e exclama, tu que não tiveste dores de parto; porque mais são os filhos da desolada, do que os filhos da casada, diz o Senhor.
2 Amplia o lugar da tua tenda, e estendam-se as cortinas das tuas habitações; não o impeças; alonga as tuas cordas, e firma bem as tuas estacas.
3 Porque trasbordarás para a direita e para a esquerda; e a tua posteridade possuirá as nações e fará que sejam habitadas as cidades assoladas.
4 Não temas, porque não serás envergonhada; e não te envergonhes, porque não sofrerás afrontas; antes te esquecerás da vergonha da tua mocidade, e não te lembrarás mais do opróbrio da tua viuvez.
Isa 54:5 Pois o teu Criador é o teu marido; o Senhor dos exércitos é o seu nome; e o Santo de Israel é o teu Redentor, que é chamado o Deus de toda a terra.
6 Porque o Senhor te chamou como a mulher desamparada e triste de espírito; como a mulher da mocidade, que fora repudiada, diz o teu Deus:
7 Por um breve momento te deixei, mas com grande compaixão te recolherei;
8 num ímpeto de indignação escondi de ti por um momento o meu rosto; mas com benignidade eterna me compadecerei de ti, diz o Senhor, o teu Redentor.
9 Porque isso será para mim como as águas de Noé; como jurei que as águas de Noé não inundariam mais a terra, assim também jurei que não me irarei mais contra ti, nem te repreenderei.
10 Pois as montanhas se retirarão, e os outeiros serão removidos; porém a minha benignidade não se apartará de ti, nem será removido ao pacto da minha paz, diz o Senhor, que se compadece de ti.
11 e aflita arrojada com a tormenta e desconsolada eis que eu assentarei as tuas pedras com antimônio, e lançarei os teus alicerces com safiras.
12 Farei os teus baluartes de rubis, e as tuas portas de carbúnculos, e toda a tua muralha de pedras preciosas.
13 E todos os teus filhos serão ensinados do Senhor; e a paz de teus filhos será abundante.
14 Com justiça serás estabelecida; estarás longe da opressão, porque já não temerás; e também do terror, porque a ti não chegará.
15 Eis que embora se levantem contendas, isso não será por mim; todos os que contenderem contigo, por causa de ti cairão.
16 Eis que eu criei o ferreiro, que assopra o fogo de brasas, e que produz a ferramenta para a sua obra; também criei o assolador, para destruir.
17 Não prosperará nenhuma arma forjada contra ti; e toda língua que se levantar contra ti em juízo, tu a condenarás; esta é a herança dos servos do Senhor, e a sua justificação que de mim procede, diz o Senhor.
Isaías capítulo 54