Isaías

Profecias messiânicas, e o remanescente de Israel

O contraste entre os hipócritas, os rebeldes, e os fiéis, os perseguidos

 A glória futura de Israel – capítulo 60

Em seguida à restauração do remanescente de Israel à sua terra, mencionada no fim do capítulo anterior, uma empolgante mensagem vem agora de Deus a Sião. Há muito tempo, Israel estivera nas trevas e desolação, mas a glória milenar está chegando e é dado o comando "Levanta-te" – implicando uma ordem procedente de Deus.

O próprio Messias está chegando pela segunda vez, o mundo ainda está em trevas espirituais e nas trevas da tribulação, mas o Senhor brilha sobre Israel e a Sua glória se verá surgindo sobre ele a tal ponto que as nações caminharão para Israel e os reis do mundo para o esplendor dessa extraordinária aurora.

Até que o Senhor venha buscar a sua igreja, a luz do testemunho do evangelho brilha nos corações individuais dos crentes, enquanto as nações jazem ainda na escuridão. No momento do arrebatamento da igreja, o poder enganador do diabo e o governo do “homem do pecado”, o Anticristo,  vão mergulhá-las na profunda escuridão. As Escrituras não justificam a teoria que o Evangelho vai se espalhar pelo mundo até que nações inteiras recebam sua luz. Somente quando Israel for restaurado é que todas as nações receberão a luz do testemunho divino e reconhecerão a verdade concernente ao Deus vivo e ao seu Filho, Jesus Cristo. Todo poder na terra será obrigado a se sujeitar ao Senhor e ao Seu povo glorificado.

Não só as nações se juntarão ao redor de Jerusalém, mas elas trarão o povo de Deus de todos os países onde foi disperso: “teus filhos vêm de longe, e tuas filhas se criarão a teu lado” (versículo 4 e  capítulo 49:22,23). Radiante, o povo terrestre de Deus, Israel, se encherá de alegria vendo isto, também porque voltará a usufruir da abundância do mar, e das riquezas das nações. Caravanas de camelos de longe e de perto vem com ouro e incenso, louvando o nome do Senhor. Grandes rebanhos chegarão em Jerusalém para serem usados nos sacrifícios no templo, comemorando o trabalho terminado pelo Messias no Calvário. Observe que a mirra não é mencionada no versículo 6. Mirra representa sofrimento. O sofrimentos expiatórios de Cristo acabaram para sempre! Na Sua segunda vinda só haverá ouro (glória) e incenso (fragrância).

A tremenda mudança nas circunstâncias da nação irá produzir não somente uma emoção feliz mas um alargamento do coração para apreender a bondade infinita de Deus. As nações dos gentios dedicarão as suas energias para o enriquecimento do povo de Deus e acima de tudo, glorificar e embelezar a casa da Sua glória, e sacrifícios comemorativos serão oferecidos sobre o altar erguido para Ele continuamente. Das tribos ismaelitas (árabes), Quedar deve ter sido uma das mais importantes, e, portanto, em tempos posteriores a Isaías, o nome veio a ser aplicado a todas as tribos selvagens do deserto. É através de Quedar que os genealogistas muçulmanos traçam a descendência de Maomé de Ismael.

O versículo 8, “quem são estes que vêm voando como nuvens e como pombas para as suas janelas?” é uma pergunta para a qual não é dada uma resposta. Seria o transporte aéreo que temos hoje mas era desconhecido naquele tempo? A transferência dos judeus dispersos para a sua terra poderia ser feita no decorrer de alguns dias por este meio.

A autoridade universal do Senhor é destacada com as palavras, "Certamente as ilhas me aguardarão" (v. 9). A expressão, "ilhas", é esclarecida em Gênesis 10:5: "Por estes foram repartidas as ilhas das nações nas suas terras, cada qual segundo a sua língua, segundo as suas famílias, entre as suas nações". O mundo vai esperar comandos e instruções divinos, o que significa que até as mais distantes nações agirão em obediência e sob a direção de Deus. As atividades dos gentios serão exercidas com o objetivo definitivo de honrar o Senhor".  No fim dos tempos, "adorá-lo-ão, cada uma desde o seu lugar, todas as ilhas das nações" (Sofonias 2:11).

A promessa no versículo 10 “estrangeiros edificarão os teus muros, e os seus reis te servirão" não se refere aos decretos pós-cativeiro de Ciro, Dario e os outros, mas ao início do Milênio e à atividade por parte das nações dos gentios na assistência para Israel. Que tal assistência será voluntária, em vez de por meio de sujeição é indicado no versículo 6. O Senhor contrasta Sua misericórdia com Sua ira, como em vários outros lugares nas Escrituras (veja, por exemplo, no capítulo 54:7,8).  Em um sentido especial misericórdia será glória contra juízo (Tiago 2:13).

Que os portões da cidade estarão abertos continuamente (versículo 11) implica num estado de paz, de inexistência de hostilidades, para que a riqueza das nações possa ter entrada gratuita, e para que os reis possam passar em procissão triunfal (ver Apocalipse 21:25,26). O versículo 12 mostra que os julgamentos de Deus serão exercidos durante o milênio sobre as nações que manifestarem um espírito de rebelião e se recusarem a prestar ajuda a Israel (veja também Zacarias 14:17-19).

A promessa deste ministério dos gentios é retomada no versículo 14. No entanto, há um interlúdio no versículo 13 em que o Senhor se agrada em predizer a glória de Seu santuário, o belo templo milenar e para indicar Sua presença lá, dizendo ser ele “o lugar em que se assentam os meus pés”. Que a glória do Líbano, com suas esplêndidas árvores (comparar com capítulo 41:19) será levada para embelezar o lugar do santuário, parece indicar que estas árvores serão plantadas no ambiente do templo, talvez por meio de avenidas. O que é referido aqui não é madeira para a estrutura em si, mas "o lugar", ou seja, nas proximidades.

Entre os que virão a Jerusalém estarão os descendentes dos seus opressores, inclinando-se, e todos os que a desprezaram, prostrando-se servilmente “junto às plantas dos seus pés”, e todos a chamarão de “a cidade do Senhor” e “a Sião do Santo de Israel” (o Senhor Jesus).  Ao invés de ser abandonada e odiada como uma esposa rejeitada, o Senhor fará com que a cidade seja “uma excelência perpétua, uma alegria de geração em geração”. As nações e seus reis concederão a sua energia vital ao povo de Deus, assim como uma mãe dá leite para uma criança. E acima de tudo, ao invés de estar em um estado de ignorância cega de Deus, eles irão reconhecer o Senhor (Jesus) como o Senhor, o seu Salvador, e o seu Redentor, o Poderoso de Jacó.

É possível que os materiais valiosos aqui mencionados sejam destinados à reconstrução de Jerusalém, tornando-a resistente aos elementos da natureza. A paz e justiça serão as características dos magistrados e dos oficiais de justiça. A violência, a desolação e a destruição não existirão mais, e os muros da cidade serão chamados "Salvação", pois a cidade será inexpugnável; os portões serão chamados "Louvor", pois Deus glorificará o Seu nome continuamente ali.

O seu sol e a sua lua ainda existirão permanentemente, mas os habitantes “não necessitarão de lâmpada nem de luz do sol, porque o Senhor Deus os alumiará” (versículo 19 e Apocalipse 22:5). Este será verdadeiramente o triunfo da luz sobre a escuridão. Sob tais condições, não poderá haver algo como luto: "alegria eterna haverá sobre as suas cabeças; gozo e alegria alcançarão, e deles fugirá a tristeza e o gemido” (Isaías 35:10). A alegria é intensificada pelo fato de se ter extinguido a tristeza trazida pelo juízo do qual foram libertados. O crente confiante sempre pode dizer das suas provações: “afundei, mas Ele socorreu-me~"

No estado milenar a fecundidade e a glória da natureza serão acompanhadas pela excelência moral da nação. “Todos do povo de Deus serão justos” (capítulo 60:21). A palavra "judeu" nunca mais será um termo de desprezo ou de reprovação moral e nacional. Israel estará em posse permanente da sua terra, é chamado metaforicamente de “árvores de justiça, plantação do Senhor” (capítulo 61:3,  Ezequiel 34:29).  Serão “renovos” (a mesma palavra é usada para o Senhor Jesus no capítulo 11:1), obra do Senhor para que Ele seja glorificado. “O mais pequeno virá a ser mil” se refere ao aumento da população, onde o “mais pequeno” é o que produz menor descendência, e “o mínimo uma nação forte” é a menor família. Além disso toda esta bem-aventurança será realizada com grande rapidez: "Eu, o senhor apressarei isso a seu tempo."

R David Jones

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