Capítulo 6 - versículos 1 a 9
O capítulo anterior declara uma coisa espantosa e horrenda que acontecia na terra: os profetas profetizavam falsamente, os sacerdotes dominavam por intermêdio deles e o povo se agradava com isso ((capítulo 5:31). Ficou a pergunta: “que fareis no fim disso?”
O "seu fim" é descrito no capítulo atual que pode ser dividido da seguinte forma:
A invasão iminente (versículos 1 a 9)
Os ouvidos incircuncisos que não podem ouvir (versículos 10 a 17)
O inimigo implacável (versículos 18 a 26)
A prata rejeitada pelo refinador (versículos 27 a 30).
Vejamos agora a primeira parte, que trata da invasão iminente.
Esta passagem mostra a determinação e resolução do invasor do Norte. A identificação exata do executante do “grande mal do norte” não é dada nos primeiros capítulos da profecia. Encontramos também sua menção no livro do Apocalipse (17:15) referindo-se à Grande Babilônia espiritual, que atualmente está expandindo o seu poder e influência e gradualmente adquirindo o novo território. Em alguns casos, ela está recuperando antigas possessões. A degeneração espiritual dos cristãos em nome somente os torna presas fáceis.
Nesta profecia distinguimos três fases no assalto de Jerusalém:
O avanço sobre Jerusalém (versículos 1-5)
Tendo em conta a vinda do cerco e queda de Jerusalém, a única esperança para a segurança pessoal estava em fugir da cidade. Ninguém poderia alegar que não tinha sido avisado do desastre pendente, e hoje ainda é a obrigação dos servos de Deus a aconselhar homens e mulheres para "fugir da ira vindoura” (Lucas 3:7).
Geograficamente, Jerusalém estava dentro do território da tribo de Benjamim, na fronteira com Judá, e os benjamitas junto com os judeus compunham o reino de Judá. Jerusalém foi colonizada por judeus e benjamitas (1 Crônicas 9:3), separados pelo vale de Hinom. Jeremias foi um benjamita e tinha fortes laços com a sua própria tribo.
O aviso que o inimigo estava avançando seria dado pela buzina em Tecoa e o sinal de fogo em Bete-Haquerem. Tecoa foi a cidade onde morava o profeta Amós (Amós 1:1), cerca de dezoito quilômetros ao sul de Jerusalém. Era a última cidade de Judá e estava na orla do deserto. As pessoas evidentemente se sentiriam mais seguras em sua área montanhosa do que na capital fortificada. Beth-Haquerem significa "casa da vinha", e julga-se que estava a três milhas ao nordeste de Tecoa. Assim, o sinal de fogo seria usado para mostrar o caminho ao invés de avisar do perigo próximo.
A filha de Sião é descrita como "mulher formosa e delicada" (versículo 2). O Senhor amava os israelitas que no início, como uma noiva, regara com presentes nupciais; mas esse povo se virou contra Ele com a mais vil ingratidão, e agora o Senhor se prepara para cumprir Sua ameaça (Deuteronômio 32:9 a 25). O invasor será como "pastores com seus rebanhos", levantando suas tendas ao redor dela em posições estratégicas e desnudando o seu solo com suas ovelhas. É uma figura do invasor que sitia a cidade e devasta a terra tornando-a num deserto.
A palavra hebraica traduzida como “preparai” também significa significa “santificai” ou “consagrai” e pode referir-se à oferta de sacrifícios antes da batalha. A determinação implacável do inimigo é descrita: "Levantai-vos e subamos ao meio dia... ai de nós, já declina o dia... levantai-vos e subamos de noite... e destruamos seus palácios.” Geralmente, a hora de meio-dia abrasador naquelas regiões são apropriadas mais para repouso, relaxamento e descanso. Aqui não! Passa o meio-dia, passam-se as horas da tarde, e ainda não alcançaram seu objetivo. Portanto continuam a pelejar. As sombras da noite se aproximam. Em vez de uma pausa para renovar suas forças, são incitados a um esforço ainda maior: “subamos de noite”.
O cerco de Jerusalém (versículos 6 a 8)
O Senhor estava usando os babilônios para exercer o Seu castigo sobre os judeus. Ele, o Senhor dos Exércitos, manda os babilônios levantar o cerco de Jerusalém, porque no meio dela só há opressão.
Ele se cansou da maldade, violência, estrago, enfermidade e feridas permanentes como a água em um poço se mantém fresca, e previne os habitantes de Jerusalém do que está para vir. Mas o Senhor ainda manifesta a sua longanimidade em Seu apelo ao povo frente ao horror desta profecia: "Sê avisada, ó Jerusalém, para que não me aparte de ti; para que eu não te faça uma assolação, uma terra não habitada” (versículo 8).
A queda de Jerusalém (versículo 9)
Já prevendo que este apelo não será atendido, o Senhor agora anuncia a destruição completa daquela terra. Os remanescentes de Israel serão recolhidos, como as últimas uvas são recolhidas dos ramos da videira ao cesto. Entende-se que Judá é aqui chamado de "últimas uvas", sendo a deportação anterior das tribos do Norte considerada a principal colheita de uvas. O movimento repetido dos respigadores até que todas as uvas tenham sido colhidas fortemente sugere deportação e invasão repetida. O pecado deve ser punido completamente.
1 Fugi para segurança vossa, filhos de Benjamim, do meio de Jerusalém! Tocai a buzina em Tecoa, e levantai o sinal sobre Bete- Haquerem; porque do norte vem surgindo um grande mal, sim, uma grande destruição.
2 A formosa e delicada, a filha de Sião, eu a exterminarei.
Jer 6:3 Contra ela virão pastores com os seus rebanhos; levantarão contra ela as suas tendas em redor e apascentarão, cada um no seu lugar.
4 Preparai a guerra contra ela; levantai-vos, e subamos ao meio-dia. Ai de nós! que ja declina o dia, que já se vão estendendo as sombras da tarde.
5 Levantai-vos, e subamos de noite, e destruamos os seus palácios.
6 Porque assim diz o Senhor dos exércitos: Cortai as suas árvores, e levantai uma tranqueira contra Jerusalém. Esta é a cidade que há de ser castigada; só opressão há no meio dela.
7 Como o poço conserva frescas as suas águas, assim ela conserva fresca a sua maldade; violência e estrago se ouvem nela; enfermidade e feridas há diante de mim continuadamente.
8 Sê avisada, ó Jerusalém, para que não me aparte de ti; para que eu não te faça uma assolação, uma terra não habitada.
9 Assim diz o Senhor dos exércitos: Na verdade respigarão o resto de Israel como uma vinha; torna a tua mão, como o vindimador, aos ramos.
Isaías, capítulo 6, versículos 1 a 9