O julgamento dos governantes de Efraim e Jerusalém (28: 1-13)
Este capítulo introduz uma nova série de desgraças (ais). Havia seis no capítulo cinco. Há seis mais a partir deste capítulo até o capítulo trinta e três. As cinco primeiras são pronunciadas contra Israel e, especialmente, Judá e Jerusalém. A sexta é contra a Assíria.
Samaria era a coroa de orgulho, a flor de desvanecimento dos bêbados de Israel (Efraim). A cidade da colina era como uma coroa olhando sobre os vales verdejantes do povo enfraquecido pelo vinho, prazer, materialismo e imoralidade. O exército assírio, como o “valente e poderoso do Senhor”, está pronto para devorar a cidade como se fosse um figo maduro em junho, em vez de agosto, facilmente arrancado e imediatamente engolido. (Depois que os figos são colhidos e levados para ser armazenados em agosto ou setembro, ainda há seiva na árvore, que permite uma segunda colheita de figos durante o inverno. Eles começam a amadurecer na primavera e podem ser comidos, mas não servem para guardar. Isto esclarece o incidente da figueira, registrado em Mateus 21 e Marcos 11).
Então o SENHOR dos Exércitos será por coroa de glória... para o fiel remanescente do povo quando voltar para estabelecer seu reino. Ele irá capacitar seus líderes dando-lhes espírito de juízo para julgar, e força para expulsar os invasores.
O Profeta volta-se para o reino de Judá. Como em Israel, o povo anda bêbado, cambaleiando e se desencaminhando, tropeçando no juízo sem poder ver direito, cercado de sujeira. Até mesmo o sacerdote e o profeta foram contaminados. Eles também devem receber sua retribuição, e isso é confirmado em seguida.
As perguntas feitas no versículo 9 são um protesto contra o povo hipócrita e ímpio de Judá e, especialmente, seus sacerdotes e profetas. Ao invés de superiores em conhecimento e realização como pensavam ser, na realidade eram como crianças pequenas, que devem ser ensinadas os elementos básicos do conhecimento. Assim como com crianças, um preceito deve ser ensinado sobre outro preceito, regra sobre regra, “um pouco aqui e um pouco ali”.
Em consequência, Deus falará a esse povo “por lábios estranhos e por outra língua”: um invasor estrangeiro (Assíria). Sua língua estrangeira será um sinal de julgamento sobre as pessoas que se recusaram a voltar a Deus quando Ele lhes ofereceu, em vão, descanso e a capacidade de ministrar o descanso para os outros.
Quanto ao SENHOR, Ele vai continuar a falar com palavras mais simples, mais claras. Mas é para que toda a responsabilidade pela sua rejeição seja assumida, não pela obscuridade da mensagem, mas por aqueles que a rejeitaram.
A pedra preciosa colocada em Sião como alicerce (28:14-29)
Os governantes de Judá se gabavam de sua aliança com o Egito (morte) como se fosse livrá-los do ataque assírio (Seol), mas sua aliança significaria morte... e Seol para eles. Estavam confiantes em refugiar-se na mentira e esconder-se debaixo da falsidade. (A aliança com a morte e o pacto com Seol não era um tratado literal, claro. O pensamento parece ser que Judá julgou estar em bons termos com a morte e a sepultura e nada ter que temer, por causa da sua aliança com o Egito. Alguns comentaristas consideram que esta seria a aliança prevista entre Israel e a besta em Daniel 9:27).
Deus novamente lhes dá atenção, oferecendo-lhes conselhos sábios, mas mostrando-lhes para onde sua conduta os conduzirá. Deus estabeleceu o Messias como o único Ser digno de confiança, um alicerce seguro. Aqueles que confiam nEle nunca precisam correr com medo. Sob Seu reinado, tudo atenderá aos requisitos da justiça. Sejam quais forem as circunstâncias, aqueles que temem a Deus e colocam sua confiança nEle, não terão necessariamente um tempo fácil, mas há um fim e Deus nunca vai além do necessário em sua disciplina. Ele promete instrução e orientação se formos fieis e o invocarmos em todas as circunstâncias.
Mas os governantes de Jerusalém tinham ido mais longe em seu desafio de Deus. Eles com desprezo imaginavam que não precisavam ter medo da morte e do Seol. Frente a uma invasão dos assírios, propuseram uma aliança secreta com o Egito, ostentando uma falsa atitude para com Deus e Seus mensageiros.
Em contraste com isto, o Senhor novamente aponta para a libertação futura a ser realizada por Cristo e para a glória de Sua pessoa e obra. Ele vai pô-lo “em Sião como uma pedra de alicerce, uma pedra provada, pedra preciosa de esquina, de firme fundamento”. Ele não só provará ser o legítimo Filho de Deus, mas será capaz de suportar e sustentar os que confiam nEle, como a pedra angular de um edifício. A última promessa também foi cumprida, "aquele que crer não se apressará", ou, melhor, "não terá que se mover." O juízo e a justiça darão as medidas para testar tudo, ao invés de injustiça e iniquidade. O “refúgio da mentira” e o “esconderijo” serão anulados.
Voltando à proteção em que confiavam esses governantes de ,Judá, ela se provará inútil quando o invasor chegar. Cada incursão inimiga terá sucesso. O povo vai perceber tarde demais a verdade do que Deus lhes avisava. A cama é muito curta e o cobertor muito estreito, ou seja, o tratado não fornecia a proteção e o conforto desejado. Deus o Senhor se levantará em juízo contra o Seu povo como havia feito anteriormente contra Seus inimigos— um julgamento que era completamente estranho para ele. Se eles zombarem, eles só vão aumentar sua servidão.
Como exemplo de como Deus lida com Seus filhos, temos em seguida três aspectos do trabalho do agricultor. Primeiro, ele declara que o lavrador não continua indefinidamente a lavrar para semear, mas pára quando a terra está pronta para o plantio (v. 24). Da mesma forma, nossas provações terminam tão logo tenham realizado seus propósitos em nossas vidas. O agricultor semeia sua semente com discernimento, debulhando a nigela com uma vara e o cominho com um pau. Isto nos assegura que o Senhor cuidadosamente seleciona a disciplina adequada especialmente à nossa necessidade específica. Finalmente, Isaías retrata o trabalhador debulhando a sua colheita. Com extremo cuidado ele debulha a nigela com uma vara leve e usa um pau mais pesado para o cominho. Ele não esmiuça o trigo. Assim, o Todo-poderoso usa o toque mais suave possível para nossa condição, nunca permitindo que a aflição seja maior do que podemos suportar.
1 Ai da vaidosa coroa dos bêbedos de Efraim, e da flor murchada do seu glorioso ornamento, que está sobre a cabeça do fértil vale dos vencidos do vinho.
2 Eis que o Senhor tem um valente e poderoso; como tempestade de saraiva, tormenta destruidora, como tempestade de impetuosas águas que transbordam, ele a derrubará violentamente por terra.
3 A vaidosa coroa dos bêbedos de Efraim será pisada aos pés;
4 e a flor murchada do seu glorioso ornamento, que está sobre a cabeça do fértil vale, será como figo que amadurece antes do verão, que, vendo-o alguém, e mal tomando-o na mão, o engole.
5 Naquele dia o Senhor dos exércitos será por coroa de glória e diadema de formosura para o restante de seu povo;
6 e por espírito de juízo para o que se assenta a julgar, e por fortaleza para os que fazem recuar a peleja até a porta.
7 Mas também estes cambaleiam por causa do vinho, e com a bebida forte se desencaminham; até o sacerdote e o profeta cambaleiam por causa da bebida forte, estão tontos do vinho, desencaminham-se por causa da bebida forte; erram na visão, e tropeçam no juizo.
8 Pois todas as suas mesas estão cheias de vômitos e de sujidade, e não há lugar que esteja limpo.
9 Ora, a quem ensinará ele o conhecimento? e a quem fará entender a mensagem? aos desmamados, e aos arrancados dos seios?
10 Pois é preceito sobre preceito, preceito sobre preceito; regra sobre regra, regra sobre regra; um pouco aqui, um pouco ali.
11 Na verdade por lábios estranhos e por outra língua falará a este povo;
12 ao qual disse: Este é o descanso, dai descanso ao cansado; e este é o refrigério; mas não quiseram ouvir.
13 Assim pois a palavra do Senhor lhes será preceito sobre preceito, preceito sobre preceito; regra sobre regra, regra sobre regra; um pouco aqui, um pouco ali; para que vão, e caiam para trás, e fiquem quebrantados, enlaçados, e presos.
14 Ouvi, pois, a palavra do Senhor, homens escarnecedores, que dominais este povo que está em Jerusalém.
15 Porquanto dizeis: Fizemos pacto com a morte, e com o Seol fizemos aliança; quando passar o flagelo trasbordante, não chegará a nós; porque fizemos da mentira o nosso refúgio, e debaixo da falsidade nos escondemos.
:16 Portanto assim diz o Senhor Deus: Eis que ponho em Sião como alicerce uma pedra, uma pedra provada, pedra preciosa de esquina, de firme fundamento; aquele que crer não se apressará.
17 E farei o juízo a linha para medir, e a justiça o prumo; e a saraiva varrerá o refúgio da mentira, e as águas inundarão o esconderijo.
18 E o vosso pacto com a morte será anulado; e a vossa aliança com o Seol não subsistirá; e, quando passar o flagelo trasbordante, sereis abatidos por ele.
19 Todas as vezes que passar, vos arrebatará; porque de manhã em manhã passará, de dia e de noite; e será motivo de terror o só ouvir tal notícia.
20 Pois a cama é tão curta que nela ninguém se pode estender; e o cobertor tão estreito que com ele ninguém se pode cobrir.
21 Porque o Senhor se levantará como no monte Perazim, e se irará como no vale de Gibeão, para realizar a sua obra, a sua estranha obra, e para executar o seu ato, o seu estranho ato.
22 Agora, pois, não sejais escarnecedores, para que os vossos grilhões não se façam mais fortes; porque da parte do Senhor Deus dos exércitos ouvi um decreto de destruição completa e decisiva, sobre toda terra.
23 Inclinai os ouvidos, e ouvi a minha voz; escutai, e ouvi o meu discurso.
24 Porventura lavra continuamente o lavrador, para semear? ou está sempre abrindo e esterroando a sua terra?
25 Não é antes assim: quando já tem nivelado a sua superfície, então espalha a nigela, semeia o cominho, lança o trigo a eito, a cevada no lugar determinado e a espelta na margem?
26 Pois o seu Deus o instrui devidamente e o ensina.
27 Porque a nigela não se trilha com instrumento de trilhar, nem sobre o cominho passa a roda de carro; mas a nigela é debulhada com uma vara, e o cominho com um pau.
28 Acaso é esmiuçado o trigo? não; não se trilha continuamente, nem se esmiúça com as rodas do seu carro e os seus cavalos; não se esmiúça.
29 Até isso procede do Senhor dos exércitos, que é maravilhoso em conselho e grande em obra.
Isaías capítulo 28